Melhorando a Gestão de Dados Cirúrgicos na Etiópia
Um olhar sobre as práticas de coleta de dados cirúrgicos na Etiópia.
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Índice
Criar programas de cirurgia global eficazes começa com entender como tá a situação da assistência cirúrgica em várias regiões, principalmente onde os recursos são limitados. Nos últimos anos, o interesse em melhorar a assistência cirúrgica no mundo todo aumentou, mas ainda falta uma boa base de dados sobre cirurgia em lugares com poucos recursos. Essa falta de informação atrapalha nossa capacidade de saber como os sistemas cirúrgicos estão funcionando e o que precisa ser melhorado.
O esforço pra juntar dados globais sobre cirurgia começou com um grupo de especialistas que identificou seis indicadores importantes pra medir o acesso a Cuidados Cirúrgicos seguros e acessíveis. Esses indicadores foram depois refinados pra cinco pontos principais: o total de cirurgias realizadas, a taxa de mortes após a cirurgia, o número de profissionais cirúrgicos treinados, proteções financeiras para os pacientes, e a facilidade com que os pacientes chegam aos serviços cirúrgicos. Diferentes métodos, como revisões de literatura e questionários, foram usados pra coletar informações sobre esses indicadores. No entanto, ainda há uma necessidade forte de os países desenvolverem seus próprios sistemas pra rastrear dados cirúrgicos de forma eficaz.
Na Etiópia, uma estratégia nacional foi criada pra melhorar a assistência cirúrgica. Esse plano inclui monitoramento e avaliação pra acompanhar o progresso nas práticas cirúrgicas. O país tem indicadores de desempenho específicos que são coletados dos hospitais pra avaliar como a cirurgia tá sendo feita. Desde 2018, esses indicadores têm sido reportados usando uma plataforma eletrônica que ajuda a coletar e analisar os dados. A fase mais recente dessa estratégia visa melhorar ainda mais as práticas cirúrgicas, estabelecendo metas claras a serem alcançadas até 2025.
Objetivo do Estudo
Esse estudo foi feito pra investigar como os dados cirúrgicos são gerenciados na Etiópia e avaliar a qualidade desses dados. Especificamente, o objetivo é descobrir como os indicadores cirúrgicos estão sendo coletados e reportados no nível hospitalar desde que foram implementados nacionalmente.
Desenho do Estudo
O estudo usou uma abordagem de revisão retroativa, olhando registros e visitando hospitais. Um total de dez hospitais foram visitados em duas regiões da Etiópia ao longo de dois meses. A equipe de pesquisa observou como os dados cirúrgicos eram tratados, focando no fluxo de informações desde os registros hospitalares até os relatórios eletrônicos. As práticas de dados foram avaliadas pra ver como a comunicação entre diferentes instituições de saúde e seus sistemas de relatórios estavam funcionando.
Os hospitais escolhidos para o estudo já tinham participado de iniciativas pra melhorar a assistência cirúrgica. Registros de pacientes que passaram por cirurgias maiores durante o período de estudo foram revisados pra coletar dados.
Métodos de Medição
O estudo focou em cinco indicadores específicos relacionados ao desempenho cirúrgico. Esses indicadores incluíram o total de cirurgias feitas, a taxa de mortes após a cirurgia, o uso de listas de verificação de segurança durante as cirurgias, a taxa de Infecções Cirúrgicas, e a taxa de complicações da anestesia. Definições para esses indicadores foram estabelecidas pra garantir consistência na coleta de dados.
Os dados foram coletados a partir de registros hospitalares, formulários de relatório e do banco de dados nacional. Os investigadores usaram planilhas simples pra organizar as informações coletadas durante as visitas aos hospitais.
Análise de Dados
Os dados coletados foram comparados com o banco de dados nacional pra avaliar sua qualidade. Duas principais questões foram avaliadas: quão completos eram os dados e quão consistentes eram entre diferentes fontes. A completude foi medida verificando se os dados para cada indicador estavam presentes no período de relato. A consistência foi avaliada procurando por quaisquer diferenças significativas entre os registros hospitalares e os dados nacionais.
Visão Geral dos Hospitais
Os hospitais incluídos no estudo variaram em tamanho e recursos, com uma população média atendida de cerca de 375.000 e uma média de 45 leitos disponíveis. A maioria da assistência cirúrgica foi prestada por oficiais especialmente treinados que ofereciam cirurgias de emergência e essenciais.
Processo de Coleta de Dados
Em todos os dez hospitais, a equipe de pesquisa observou como os dados eram coletados e reportados. A equipe do hospital registrava os dados em diários, depois os oficiais de melhoria da qualidade calculavam os indicadores de desempenho chave e os enviavam pro sistema nacional. O processo envolvia a entrada de dados cirúrgicos em diários específicos e a revisão regular desses registros. No entanto, alguns hospitais usavam métodos diferentes pra relatar, levando a inconsistências nos dados.
Indicadores de Desempenho
Os dados foram coletados para cinco indicadores de desempenho ao longo de um período de seis meses. Em média, os hospitais realizaram cerca de 57 cirurgias por mês, e listas de verificação de segurança foram usadas 93% do tempo. As variações nos volumes cirúrgicos foram notadas, com alguns hospitais realizando significativamente menos cirurgias que outros. Em todos os hospitais, houve um total de 13 mortes pós-operatórias, resultando em uma baixa taxa de mortalidade de 0,38%. As infecções cirúrgicas foram relatadas a uma taxa de 0,79%, e complicações da anestesia foram muito baixas, a 0,15%.
Descobertas sobre a Qualidade dos Dados
O estudo mostrou que a qualidade geral dos dados era relativamente boa, com uma completude média de 72% e consistência entre os hospitais de cerca de 70%. No entanto, houve inconsistências em certos indicadores como volume cirúrgico e taxas de infecção, indicando que alguns dados poderiam estar faltando ou registrados incorretamente. Foi observado que fatores como diferentes ferramentas de registro e práticas do pessoal poderiam levar a essas discrepâncias.
Resultados dos Indicadores Específicos
Infecções em Local Cirúrgico
A taxa de infecções no local cirúrgico nesse estudo foi encontrada em 0,79%, que é mais baixa que em alguns estudos anteriores. Isso sugere que as infecções podem não estar sendo totalmente capturadas se os pacientes são liberados antes que sinais de infecção apareçam.
Resultados Adversos da Anestesia
A taxa de resultados adversos da anestesia também foi baixa, a 0,15%, em comparação com taxas mais altas em outros estudos. Isso pode indicar uma necessidade de melhor rastreamento dessas complicações ou a possibilidade de que muitos eventos não sejam reportados.
Taxa de Mortalidade Perioperatória
A taxa de mortalidade de 0,38% encontrada nesse estudo foi menor que relatórios anteriores, possivelmente devido a contar apenas as mortes de pacientes internados. Isso ressalta a necessidade de melhor rastreamento de todas as mortes cirúrgicas.
Volume Cirúrgico
O volume cirúrgico calculado indicou que os hospitais ainda não atingiram as metas internacionais de cirurgias realizadas por população. Isso sugere que ainda há trabalho a ser feito pra melhorar a capacidade cirúrgica na Etiópia.
Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica
O estudo encontrou que as listas de verificação de segurança cirúrgica foram usadas efetivamente na maioria dos casos. No entanto, os processos de coleta de dados variaram entre os hospitais, o que pode afetar a precisão do uso reportado das listas.
Conclusão e Recomendações
O estudo mostrou desafios contínuos relacionados à coleta de dados sobre práticas cirúrgicas na Etiópia. Apesar da criação de um sistema de dados nacional, ainda existem lacunas na captura de informações precisas sobre complicações cirúrgicas e a qualidade geral dos cuidados.
As recomendações incluem criar métodos de coleta de dados mais uniformes, treinamento contínuo para a equipe de saúde, e auditorias regulares pra melhorar a qualidade dos dados. É crucial continuar rastreando os resultados cirúrgicos e garantir que sistemas estejam em vigor pra capturar todos os dados relevantes aos cuidados cirúrgicos.
Ao melhorar essas áreas, a Etiópia pode trabalhar em direção a melhores serviços cirúrgicos que sejam seguros, eficazes e acessíveis a todos os pacientes.
Título: Quality and sustainability of Ethiopias national surgical indicators
Resumo: In 2015, the Ethiopian Federal Ministry of Health (FMOH) developed the Saving Lives through Safe Surgery (SaLTS) initiative to improve national surgical care. Previous work led to development and implementation of 15 surgical key performance indicators (KPIs) to standardize surgical data practices. The objective of this project is to investigate current practices of KPI data collection and assess quality to improve data management and strengthen surgical systems. The first portion of the study documented the surgical data collection process including methods, instruments, and effectiveness at 10 hospitals across 2 regions in Ethiopia. Secondly, data for KPIs of focus [1. Surgical Volume, 2. Perioperative Mortality Rate (POMR), 3. Adverse Anesthetic Outcome (AAO), 4. Surgical Site Infection (SSI), and 5. Safe Surgery Checklist (SSC) Utilization] were compared between registries, KPI reporting forms, and the DHIS2 (district health information system) electronic database for a 6-month period (January - June 2022). Quality was assessed based on data completeness and consistency. The data collection process involved hospital staff recording data elements in registries, quality officers calculating KPIs, completing monthly KPI reporting forms, and submitting data into DHIS2 for the national and regional health bureaus. Data quality verifications revealed discrepancies in consistency at all hospitals, ranging from 1-3 indicators. For all hospitals, average monthly surgical volume was 57 cases, POMR was 0.38% (13/3399), inpatient SSI rate was 0.79% (27/3399), AAO rate was 0.15% (5/3399), and mean SSC utilization monthly was 93% (100% median). Half of the hospitals had incomplete data within the registries, ranging from 2-5 indicators. AAO, SSC, and SSI were commonly missing data in registries. Non-standardized KPI reporting forms contributed significantly to the findings. Facilitators to quality data collection included continued use of registries from previous interventions and use of a separate logbook to document specific KPIs. Delayed rollout of these indicators in each region contributed to issues in data quality. Barriers involved variable indicator recording from different personnel, data collection tools that generate false positives (i.e. completeness of SSC defined as paper form filled out prior to patient discharge) or missing data because of reporting time period (i.e. monthly SSI may miss infections outside of one month), inadequate data elements in registries, and lack of standardized monthly KPI reporting forms. As the FMOH introduces new indicators and changes, we recommend continuous and consistent quality checks and data capacity building, including the use of routinely generated health information for quality improvement projects at the department level.
Autores: Kayleigh Cook, Z. B. Zeleke, E. Gebrehana, D. Burssa, B. Yeshanew, A. Michael, Y. Tediso, T. Jaraczewski, C. Dodgion, A. Beyene, K. R. Iverson
Última atualização: 2023-10-25 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.23.23297433
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.23.23297433.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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