Relação Entre Baixo Peso ao Nascer e Mortalidade Neonatal no Norte de Uganda
Estudo mostra altas taxas de mortalidade neonatal entre bebês de baixo peso ao nascer no norte de Uganda.
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Índice
Em 2014, nasceram 140 milhões de bebês no mundo todo. Desses, cerca de 20 milhões, que é mais ou menos 13%, nasceram pesando menos de 2,5 quilos. A maioria desses bebês com Baixo peso ao nascer (BPN) veio de países de baixa e média renda. Na África Subsaariana, a taxa de bebês BPN variou entre 7% e 18%, com as maiores taxas encontradas em áreas afetadas pela malária, como a Tanzânia. Em Uganda, em 2011, cerca de 10,4% dos recém-nascidos eram BPN, e esse número foi ainda maior, 11,4%, na região norte.
Bebês que nascem com baixo peso ou prematuros são grandes causas de morte em recém-nascidos e bebês. Eles também são uma das principais causas de morte em crianças com menos de cinco anos. Quase metade dos bebês que morrem no primeiro mês de vida o fazem por problemas relacionados ao nascimento prematuro, como infecções ou dificuldades para respirar.
Este estudo tinha como objetivo ver se o BPN estava ligado a uma chance maior de morrer no período Neonatal, que é os primeiros 28 dias após o nascimento. O foco foi especificamente em bebês do norte de Uganda.
Design do Estudo
Essa pesquisa foi parte de um ensaio maior que buscava melhorar o cuidado de saúde para mulheres Grávidas e seus bebês. O ensaio, chamado Survival Pluss, analisou como diferentes métodos de apoio ajudaram as mães a dar à luz em unidades de saúde. Mulheres grávidas foram incluídas no estudo quando estavam com pelo menos 28 semanas de gestação e acompanhadas até o parto e pelos primeiros 28 dias após o nascimento.
O estudo ocorreu no Distrito de Lira, no norte de Uganda, de janeiro de 2018 a fevereiro de 2019. O Distrito de Lira tem uma população de cerca de 400.000 pessoas e foi escolhido para o estudo porque enfrentava muitos desafios de saúde, incluindo altas taxas de Mortalidade neonatal e indicadores ruins de saúde materna e infantil. Três áreas em Lira com os piores indicadores de saúde foram selecionadas para esta pesquisa.
Um total de 1.877 mulheres grávidas participaram do ensaio. Desses, 1.556 bebês tiveram seu peso medido dentro de dois dias após o nascimento.
Medindo Resultados
O principal objetivo do estudo era descobrir quantos bebês morreram nos primeiros 28 dias após o nascimento. Se um bebê morresse, informações eram coletadas para entender as circunstâncias da morte. Os resultados foram relatados como o número de mortes por 1.000 nascimentos vivos.
Baixo peso ao nascer foi definido como um bebê pesando menos de 2,5 quilos. Informações foram coletadas sobre cada mãe, incluindo seu nível de escolaridade, riqueza, número de gestações anteriores e qualquer problema de saúde conhecido durante a gravidez. A riqueza das famílias foi avaliada com base em bens como itens do lar.
No estudo, 1.839 bebês foram acompanhados até o parto, e o peso ao nascer foi registrado para 1.556 deles, que é cerca de 85% do total. Deste grupo, 121 bebês foram identificados como BPN, e 21 desses bebês morreram durante o período neonatal.
Resultados
O estudo descobriu que, de 1.556 bebês, 121 ou 7,8% eram BPN. Um total de 21 bebês morreram, o que representa cerca de 1,3% do total. Muitos dos bebês que morreram nasceram em unidades de saúde, e um número significativo deles era BPN. Na verdade, mais da metade das mortes no período neonatal foram entre bebês BPN.
A taxa de mortalidade neonatal geral neste estudo foi de 32,6 por 1.000 nascimentos vivos. Entre os bebês BPN, a taxa de mortalidade foi muito maior, de 103 por 1.000 nascimentos vivos. Em comparação, a taxa de mortalidade entre bebês com peso normal foi de apenas 5,4 por 1.000 nascimentos vivos.
Os achados sugeriram que bebês BPN tinham cerca de 13 vezes mais chances de morrer no período neonatal do que aqueles com peso normal ao nascer. Bebês cujo peso ao nascer não foi registrado tinham taxas de mortalidade ainda mais altas, sendo aproximadamente 15 vezes mais propensos a morrer do que seus colegas com peso normal.
O estudo também destacou que mães adolescentes e mães de primeira viagem enfrentavam um risco maior de perder seus bebês em comparação com mães na faixa dos vinte e trinta anos, assim como aquelas com mais gestações anteriores.
Implicações dos Resultados
Este estudo oferece insights essenciais sobre os desafios de saúde enfrentados pelos recém-nascidos no norte de Uganda. Mostra que o BPN é um fator crítico que contribui para as mortes neonatais e que atenção significativa deve ser dada a esse grupo de risco. Muitas mortes ocorreram entre bebês BPN que foram liberados das unidades de saúde logo após o nascimento, enfatizando a necessidade de acompanhamento.
As taxas gerais de mortalidade neonatal neste estudo foram muito mais altas do que as metas estabelecidas por alvos internacionais de saúde. Isso indica que mais esforços são necessários para melhorar a saúde dos recém-nascidos em regiões assim.
Importância das Intervenções
Para lidar com as altas taxas de mortalidade neonatal, é crucial implementar intervenções eficazes. Identificar todos os recém-nascidos ao nascimento e pesá-los deve se tornar uma prática padrão. Oferecer apoio às mães e seus bebês, como o método canguru (manter o bebê perto da pele), também é sugerido. Essas medidas poderiam reduzir significativamente as complicações para bebês BPN e prematuros, salvando vidas no final.
Limitações e Forças do Estudo
Uma limitação desse estudo é que alguns partos, especialmente os que aconteceram antes do início da pesquisa, não foram incluídos na análise. Isso significa que os resultados para essas mães e seus bebês podem ser piores do que os relatados. No entanto, a força deste estudo está em sua abordagem comunitária e na alta taxa de acompanhamento, garantindo que os dados sejam representativos da população.
O estudo mostra que a taxa de mortalidade neonatal nesta área foi de 12,5 por 1.000 nascimentos vivos. Os achados enfatizam a necessidade de os sistemas de saúde se concentrarem em bebês BPN e não pesados para melhorar os resultados.
Em conclusão, esta pesquisa enfatiza a necessidade de intervenções direcionadas para prevenir o baixo peso ao nascer e seus riscos associados. Ao focar na saúde dos recém-nascidos, especialmente aqueles que pesam menos de 2,5 quilos, é possível fazer grandes avanços na redução das mortes neonatais em regiões que enfrentam tais desafios.
Título: Low birthweight increased the risk of neonatal death twenty-folds in Northern Uganda: a community-based cohort study.
Resumo: BackgroundLow birthweight (LBW) is the leading cause of neonatal mortality and hospitalization worldwide. This study specifically aimed to: 1) determine the frequency of a) neonatal deaths and 2) assess their association with LBW in Northern Uganda. MethodsA cohort study, nested in the Survival Pluss cluster randomized trial (NCT02605369), was conducted from January 2018 to February 2019 in Lira district, Northern Uganda. Out of 1877 pregnant women, 1556 live-born infants had their birthweight measured and were followed up to 28 days after birth. Generalized estimation equation regression models of the Poisson family with a log link were used to calculate the risk ratios between LBW and death. ResultsThe risk of neonatal death was: 21/1,556 or 13.5 (95% CI: 8.8 - 20.6) per 1,000 live births. The respective sex and cluster adjusted proportion of neonatal death per 1000 live births among LBW, normal weight and not-weighed infants were 103 (95% CI: 47.2 - 212), 5.4 (95% CI: 2.1 - 13.9) and 167 (95% CI: 91.1-285). Compared to normal birthweight, LBW and not-weighed infants were each associated with a 20- and 30-folds increased risk of neonatal death. ConclusionIn this community-based cohort study in Northern Uganda, neonatal mortality was 13.5/1000 live births. In the LBW and not-weighed groups, the risk of a neonatal death were more than twenty-times that of non-LBW infants. Efforts to reduce the number of LBW infants and/or prevent adverse outcomes in this patient group urgently are needed. In addition, all babies with should have birthweight recorded to facilitate early risk identification and management.
Autores: Beatrice Odongkara, V. Nankabirwa, V. Achora, A. Napyo, A. A. Arach, M. Musaba, D. Mukunya, G. Ndeezi, J. K. Tumwine, T. Tylleskar
Última atualização: 2024-04-26 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.04.25.24306373
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.04.25.24306373.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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