A Realidade da Gravidez na Adolescência em Uganda
Um estudo revela tendências alarmantes na gravidez na adolescência durante o lockdown da COVID-19.
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Índice
A gravidez na adolescência é um problema sério que afeta muitos jovens ao redor do mundo, especialmente em países de baixa e média renda. Nesses lugares, cerca de 95% das gestações adolescentes acontecem, com um número significativo ocorrendo na África Subsaariana. Atualmente, a taxa média de gravidez na adolescência na África Subsaariana é de aproximadamente 18,8%, mas isso varia bastante entre as diferentes regiões.
Diferenças Regionais na Gravidez na Adolescência
Na África Oriental, a taxa é a mais alta, em torno de 21,5%. A África Austral vem logo em seguida, com uma taxa de 20,4%. A África Ocidental tem uma taxa mais baixa de 17,7%, enquanto a África Central tem uma taxa ainda menor, de 15,8%. A região norte da África apresenta a menor taxa, com apenas 9,2%.
Analisando países individualmente, as taxas podem ser particularmente altas. Por exemplo, na África Ocidental, a Libéria tem uma taxa de gravidez de 38,9%, enquanto Gabão e Mali têm taxas de 38,0% e 36,3%, respectivamente. Na África Oriental, Uganda apresenta a maior taxa, com 26,1%, seguida pela Tanzânia com 25,1%. Na África Austral, Angola mostra uma taxa alta de 39,4%, Namíbia 21% e África do Sul 16,9%.
Causas das Gravidezes na Adolescência
Muitos fatores contribuem para as gravidezes na adolescência, especialmente na África. Pesquisas mostram que ser vítima de abuso sexual, se envolver em comportamentos sexuais de risco, como começar a transar muito jovem, e não usar contraceptivos são influências principais.
As gravidezes na adolescência podem levar a sérios problemas de saúde. Elas são uma das principais causas de morte para garotas de 15 a 19 anos. Complicações de saúde associadas a essas gestações podem incluir parto prematuro, baixo peso ao nascer, anemia e hipertensão. Fatores sociais e econômicos, como falta de apoio dos pais e má nutrição, podem agravar esses problemas. A pandemia de COVID-19 intensificou ainda mais essas questões.
Impacto nas Mães Jovens e Seus Bebês
Os efeitos da gravidez na adolescência são variados. Mães jovens enfrentam vários desafios, incluindo níveis de educação mais baixos, problemas de saúde, violência doméstica e oportunidades de emprego limitadas. Seus bebês também correm riscos, com maiores chances de enfrentar problemas de saúde mental e física.
Com a chegada da COVID-19, a situação ficou mais complicada. Em Uganda, por exemplo, antes da pandemia, a taxa de gravidez na adolescência estava diminuindo gradualmente, apesar de ser alta, com 25% em 2016. Os lockdowns e restrições trazidos pela pandemia podem ter aumentado o risco de gravidezes na adolescência, especialmente no Distrito de Pakwach, em Uganda.
Visão Geral do Estudo
Para entender os efeitos da COVID-19 nas gravidezes na adolescência, foi realizado um estudo no Distrito de Pakwach. Essa área está situada no Norte de Uganda e, em 2014, tinha uma população de cerca de 158.000 pessoas, principalmente jovens mulheres.
O estudo adotou uma abordagem de caso-controle, analisando dois grupos: adolescentes grávidas (casos) e aquelas que não estavam (controles). Dados foram coletados de unidades de saúde, onde havia registros de adolescentes buscando atendimento pré-natal.
Participantes e Coleta de Dados
Os participantes incluíram 362 garotas adolescentes de 10 a 19 anos. A maioria eram adolescentes mais velhas, com uma idade média de 17,7 anos. A maioria dessas jovens (99,7%) era alfabetizada e 82,6% estavam na escola. Notavelmente, 91,7% eram solteiras.
Durante o lockdown da COVID-19, muitas participantes visitaram unidades de saúde para serviços. Cerca de 68,2% foram a unidades de saúde, principalmente públicas. Essas visitas geralmente buscavam serviços relacionados à gravidez, e uma grande maioria das garotas relatou ter recebido informações de saúde, especialmente sobre como evitar gravidez.
Amizades e Relacionamentos
Os círculos sociais dos adolescentes também foram analisados. A maioria das participantes tinha amigas que eram predominantemente mulheres. Curiosamente, aquelas que tinham apenas amigas do sexo feminino estavam mais propensas a engravidar durante o lockdown. Embora essa descoberta pareça contraditória, indica que a influência dos pares pode desempenhar um papel significativo em comportamentos de risco.
Além disso, ter irmãos mais velhos em casa reduziu a chance de engravidar, enquanto estar em um relacionamento romântico aumentou significativamente o risco.
Fatores socioeconômicos
O estudo também analisou fatores socioeconômicos. Jovens que tinham um rádio ou televisão durante o lockdown tinham menos chances de engravidar em comparação com aquelas sem acesso a essas tecnologias. Além disso, como e quando voltavam para casa depois de assistir TV ou ouvir rádio influenciava a probabilidade de engravidar.
Curiosamente, receber presentes como celulares de amigos estava ligado a uma maior probabilidade de gravidez. Adolescentes que achavam que a gravidez na adolescência era arriscada também eram menos propensas a engravidar.
Resultados das Gravidezes na Adolescência
O estudo revelou estatísticas alarmantes sobre os resultados das gravidezes na adolescência durante o lockdown. Impressionantes 94,4% das gravidezes foram não planejadas, e 95% das jovens mães não eram casadas.
Entre as gravidezes relatadas, 88,3% resultaram em nascimentos vivos, enquanto 11,1% terminaram em morte neonatal. Poucas resultaram em aborto. A taxa de evasão escolar devido à gravidez também foi preocupante, com 71,3% das participantes que engravidaram saindo da escola.
Atendimento em Unidade de Saúde vs. Parto em Casa
O local de parto foi crucial. Uma alta porcentagem de adolescentes (95%) deu à luz em unidades de saúde, o que foi associado a melhores resultados. No entanto, mortes neonatais foram mais comuns em partos em casa do que em unidades de saúde.
Principais Descobertas e Implicações
Este estudo destaca a necessidade urgente de enfrentar a gravidez na adolescência, especialmente durante emergências de saúde pública como a COVID-19. As descobertas sugerem que ter amigas do sexo feminino pode ser um fator de risco para gravidezes na adolescência, e que o acesso à educação em saúde pode ajudar a reduzir esse risco.
Além disso, os dados indicam que visitas a unidades de saúde e sentir-se à vontade para buscar atendimento podem diminuir as chances de gravidez. Essas percepções são essenciais para desenvolver intervenções eficazes com o objetivo de reduzir as taxas de gravidez na adolescência, especialmente em comunidades vulneráveis.
Conclusão
A gravidez na adolescência continua sendo uma questão urgente, com consequências profundas para jovens mulheres e seus filhos. Abordar as causas e efeitos das gravidezes na adolescência é vital para melhorar os resultados de saúde e as oportunidades educacionais para os jovens. As descobertas deste estudo servem como um chamado à ação para comunidades, formuladores de políticas e organizações de saúde se unirem e desenvolverem estratégias para combater esse problema persistente.
Título: Factors associated with teenage pregnancies during the Covid-19 period in Pakwach district, Northern Uganda: a case-control study
Resumo: BackgroundTeenage pregnancy rates have globally decreased over the years, but remain high, especially in low- and middle-income countries (LMICs). Among girls aged 15-19, teenage pregnancy remains the leading cause of death and a significant barrier to education and productivity. Its prevalence underscores concern about the sexual and reproductive health of youth. However, limited data exist regarding factors contributing to its rise during the COVID-19 pandemic in Uganda. This study explores the factors associated with teenage pregnancy in Pakwach district during this period. MethodsWe conducted a matched case-control study, enrolling 362 teenage girls aged 10-19 years, divided into two groups: 181 pregnant teenagers and 181 not pregnant teenagers. We collected exposure data from both groups using questionnaires to evaluate factors associated with teenage pregnancy. The study period covered March 2020 to January 2021, coinciding with lockdown measures. ResultsDuring the COVID-19 lockdown, teenage pregnancies were only associated with having exclusively female peers (AOR 3.0, 95% CI: 0.1-104.4). Conversely, having a Radio/TV at home (AOR 0.2, 95% CI: 0.1-0.6), age at first sexual encounter (AOR 0.1, 95% CI: 0.03-0.9), considering teenage pregnancy as sexual abuse (AOR 0.1, 95% CI: 0.02-0.4), feeling comfortable asking questions during consultations (AOR 0.5, 95% CI: 0.2-1.3), and ensuring sufficient privacy during consultations were protective against teenage pregnancy. ConclusionThe factors contributing to increased teenage pregnancies during the COVID-19 pandemic were consistent with long-standing contextual factors associated with teenage pregnancy. The lockdown environment may have slightly exacerbated these factors, but no direct association was observed. Only having female peers was linked to teenage pregnancy during the lockdown. Conversely, having access to a radio/TV at home and other healthcare system-related factors offered protection. Therefore, interventions should prioritize providing comprehensive information on the risks of teenage pregnancy during any lockdown scenario.
Autores: Jimmy Patrick Alunyo, D. Mukunya, A. Napyo, J. K. Matovu, D. Okia, B. Wanume, F. Okello, A. H. Tuwa, D. Wenani, A. Okibure, G. Omara, P. Olupot Olupot
Última atualização: 2023-09-14 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.09.13.23295521
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.09.13.23295521.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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