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E. coli: Descobertas de um Estudo de 20 Anos

Estudo de longo prazo revela comportamentos diversos de E. coli e tendências de resistência a antibióticos.

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Escherichia coli, mais conhecido como E. Coli, é um tipo de bactéria que normalmente vive nos intestinos de pessoas e animais. Enquanto a maioria das cepas de E. coli são inofensivas, algumas podem causar problemas de saúde sérios, como diarreia, infecções do trato urinário e pneumonia. Essas cepas prejudiciais estão se tornando mais resistentes aos antibióticos, o que torna o tratamento mais difícil. Essa situação tem gerado preocupações entre os especialistas em saúde no mundo todo.

Normalmente, o E. coli é encontrado no intestino como parte da flora corporal normal, ou seja, está lá sem causar danos. Mas pode se tornar um patógeno oportunista, o que significa que pode causar doenças quando surge a oportunidade, como quando o sistema imunológico está fraco ou quando se espalha para outras partes do corpo. A resistência aos antibióticos geralmente se desenvolve no intestino, onde o E. coli vive como uma bactéria inofensiva, e essa resistência pode ser piorada pelo uso de antibióticos.

Apesar da necessidade de entender como o E. coli se comporta nos intestinos para evitar que cepas prejudiciais apareçam, pouco se sabe sobre sua vida típica no intestino, especialmente como a população de E. coli muda ao longo do tempo. Também falta sequências de genoma completas de cepas inofensivas de E. coli bem documentadas.

A Diversidade do E. coli

As pesquisas sobre E. coli nos intestinos focaram principalmente em humanos e usaram várias técnicas para estudar as bactérias ao longo dos anos. Os métodos tradicionais incluíam identificar as bactérias por serotipagem e usar técnicas mais avançadas como sequenciamento de DNA para entender sua composição genética. A maioria dos estudos envolveu apenas um pequeno número de sujeitos e foram realizados em períodos curtos. Desde então, ficou claro que o E. coli mostra comportamentos diferentes no intestino. Algumas cepas ficam por um tempo curto, enquanto outras podem persistir muito mais. Geralmente, há uma cepa dominante nas amostras, mas outras cepas menos comuns também podem estar presentes. Além disso, os tipos de cepas que permanecem mais tempo tendem a estar ligados a linhagens genéticas específicas que têm mais chances de causar infecções fora do intestino.

Padrões semelhantes foram observados em animais como possums e gado. Estudos mais recentes usaram sequenciamento de genoma completo para acompanhar a evolução do E. coli em domicílios ao longo de vários anos. Pesquisas anteriores também analisaram o E. coli de um indivíduo saudável vivendo em Paris durante um ano, revelando uma certa taxa de mutação que correspondia às observações de laboratório de E. coli.

Estudo de Longo Prazo de E. coli

Neste estudo atual, os pesquisadores queriam obter mais insights sobre o E. coli estendendo seu trabalho anterior ao longo de 20 anos. Eles coletaram amostras de fezes de um homem saudável, chamado ED, em intervalos irregulares de 2001 a 2020. Durante esse período, eles analisaram 22 amostras de fezes, incluindo amostras coletadas mensalmente e semanalmente durante anos específicos. Após isolar colônias de E. coli das amostras, eles sequenciaram seus genomas, permitindo comparações com outras coleções de E. coli de indivíduos saudáveis em toda a França.

Métodos Usados

Coleta de Amostras

Durante o período de 20 anos, amostras de fezes foram coletadas de ED, que tinha entre 44 e 64 anos na época. Algumas amostras foram coletadas com mais frequência nos anos recentes, permitindo uma avaliação detalhada do E. coli ao longo do tempo. Para isolar o E. coli, os pesquisadores colocaram as amostras de fezes em um meio de crescimento específico e armazenaram as amostras para análises posteriores.

Sequenciamento de Genoma

As cepas de E. coli isoladas foram sequenciadas usando tecnologias modernas para construir e analisar seus genomas completos. Após o sequenciamento, os pesquisadores compararam as cepas de ED com uma grande coleção de outras cepas de indivíduos saudáveis para encontrar traços únicos.

Análise de Dados

Os pesquisadores usaram várias técnicas para estudar a composição genética das cepas de E. coli que coletaram. Eles determinaram os tipos de E. coli presentes e analisaram suas sequências genéticas para identificar quaisquer conexões entre as cepas e sua capacidade de persistir no intestino.

Descobertas

Diversidade Clonal

A pesquisa identificou uma ampla variedade de cepas de E. coli nas amostras de fezes de ED. Vários tipos de E. coli foram encontrados, indicando um microbioma diversificado no intestino. As cepas foram classificadas com base em suas características genéticas. Curiosamente, os pesquisadores notaram que certas cepas associadas a uma presença mais duradoura no intestino também estavam frequentemente ligadas a comportamentos mais prejudiciais.

Genes de Virulência e Resistência

Os pesquisadores também examinaram os fatores genéticos que contribuem para o comportamento do E. coli no intestino. Certos genes que permitem que as bactérias resistam ao tratamento ou causem infecção foram analisados. Eles descobriram que clones de E. coli de ED tinham menos genes de virulência em comparação com um grupo maior de cepas de outros indivíduos saudáveis. No entanto, a ocorrência de genes de resistência começou a aumentar por volta de 2010.

Sistemas de Defesa

O E. coli possui vários sistemas para se defender contra ameaças como vírus da faga. A pesquisa revelou que certos sistemas de defesa apareceram com mais frequência nas cepas encontradas nas amostras de ED em comparação com o grupo de controle. Isso poderia sugerir que algumas cepas de E. coli eram melhores em sobreviver e multiplicar no ambiente intestinal.

Dinâmicas Ecológicas

A persistência de diferentes cepas de E. coli no intestino de ED foi estudada. A maioria das cepas vistas nas amostras eram transitórias, ou seja, não ficavam muito tempo. No entanto, algumas cepas conseguiram persistir mais, e sua capacidade de dominar nas amostras estava ligada a antecedentes genéticos específicos. Cepas pertencentes a certas linhagens genéticas, como B2 e F, foram frequentemente observadas permanecendo mais tempo no intestino.

Taxas de Colonização

A pesquisa avaliou quão bem essas cepas podiam colonizar o intestino. Resultou que havia contrastes nas taxas em que diferentes cepas de E. coli conseguiram se estabelecer nos intestinos de ED. Algumas cepas apareceram com frequência, enquanto outras eram raras, indicando que nem todas as cepas de E. coli são igualmente capazes de colonizar o intestino.

Recursos Genéticos Únicos

Ao examinar as distribuições de genes nas cepas de E. coli, o estudo também focou em identificar genes que podem estar presentes de forma única nas cepas de E. coli de ED. Certos genes relacionados ao metabolismo e defesa contra vírus foram encontrados enriquecidos nessas cepas, sugerindo que podem ter uma função especializada que lhes permite prosperar no intestino de ED.

Adaptação a Longo Prazo

Ao longo dos 20 anos estudados, as cepas de E. coli não mostraram sinais óbvios de mudanças evolutivas associadas a uma forte pressão seletiva. Isso sugere que, embora o E. coli possa se adaptar a novos ambientes, as cepas específicas encontradas em um indivíduo saudável podem não necessariamente evoluir rapidamente quando vivem em um ambiente estável como o intestino.

Conclusão

O E. coli representa um grupo complexo e diverso de bactérias que podem ter efeitos tanto benéficos quanto prejudiciais na saúde humana. Entender como essas bactérias se comportam no intestino ao longo de longos períodos pode ajudar os cientistas a compreender a dinâmica por trás da resistência aos antibióticos e o surgimento de cepas patogênicas. As descobertas deste estudo fornecem uma visão sobre as relações ecológicas do E. coli no intestino humano, revelando detalhes significativos sobre a persistência de cepas, diversidade genética e fatores que contribuem tanto para sua sobrevivência quanto para seu potencial de causar danos. A pesquisa contínua nessa área é crucial para melhorar nossa compreensão do E. coli e suas implicações para a saúde pública.

Fonte original

Título: Strain intrinsic properties and environmental constraints together shape Escherichia coli dynamics and diversity over a twenty-year human gut time series

Resumo: Escherichia coli is an increasingly antibiotic-resistant opportunistic pathogen. Few data are available on its ecological and evolutionary dynamics in its primary commensal niche, the vertebrate gut. Using Illumina and/or Nanopore technologies, we sequenced whole genomes of 210 E. coli isolates from 22 stools sampled during a 20-year period from a healthy man (ED) living in Paris, France. All phylogroups, except C, were represented, with a predominance of B2 (34.3%), followed by A and F (19% each) phylogroups. Thirty-five clones were identified based on their haplogroup and pairwise genomic single nucleotide polymorphism distance and classified in three phenotypes according to their abundance and residence time: 25 sub-dominant/transient (52 isolates), five dominant/transient (48 isolates) and five dominant/resident (110 isolates). Four over five dominant/resident clones belonged to B2 and closely related F phylogroups, whereas sub-dominant/transient clones belonged mainly to B1, A and D phylogroups. The long residence times of B2 clones seemed to be counterbalanced by lower colonization abilities. Clones with larger within-host frequency persisted for longer in the host. By comparing ED strain genomes to a collection of commensal E. coli genomes from 359 French individuals, we identified ED-specific genomic properties including a set of genes involved in a metabolic pathway (mhp cluster) and a very rare antiviral defense island. The E. coli colonization within the gut microbiota was shaped by both the intrinsic properties of the strain lineages, in particular longer residence of phylogroup B2, and the environmental constraints such as diet or phages.

Autores: Erick Denamur, B. Condamine, T. Morel-Journel, F. Tesson, G. Royer, M. Magnan, A. Bernheim, F. Blanquart, O. Clermont

Última atualização: 2024-06-27 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.21.581337

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.21.581337.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

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