Revelando as defesas das bactérias contra vírus
Pesquisas mostram como as bactérias usam produtos naturais pra resistir a infecções virais.
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Bactérias são coisinhas minúsculas que conseguem produzir compostos químicos pra se dar bem em diferentes ambientes. Alguns desses compostos são chamados de Produtos Naturais, que têm usos importantes na medicina e na indústria. Por exemplo, antibióticos e remédios contra o câncer são feitos a partir desses produtos naturais. Mas, a gente ainda não sabe o que a maioria desses produtos naturais faz pras bactérias.
Uma interação interessante rola entre bactérias e vírus chamados Fagos. Fagos infectam bactérias, e entender como as bactérias se defendem contra os fagos é importante pra saber mais sobre a sobrevivência delas. Antigamente, já tinha sido notado que certas bactérias podiam barrar a replicação dos fagos, mas só recentemente encontramos alguns compostos específicos nas bactérias que ajudam a protegê-las desses vírus. Mesmo assim, ainda tem muito que a gente não sabe sobre quão espalhadas e diferentes essas defesas químicas são entre as várias bactérias.
Avanços recentes na ciência tornaram possível prever quais genes podem estar envolvidos na produção desses produtos naturais ou na proteção contra os fagos. Ao procurar padrões nesses genes, os cientistas esperam descobrir novas formas de defesa das bactérias. A maioria dos produtos naturais produzidos pelas bactérias vem de um grupo de genes chamados clusters de genes biossintéticos (BGCs). A maioria desses BGCs ainda não foi estudada, então existe a chance de que eles levem a novas descobertas de compostos que protejam contra os fagos.
Um tipo de produto natural são os lanthipeptídeos, que também são feitos pelas bactérias. Eles são formados a partir de um peptídeo precursor que passa por várias mudanças pra criar um produto final ativo. Apesar de mais lanthipeptídeos terem sido encontrados recentemente, as funções específicas deles, incluindo se ajudam na defesa contra fagos, ainda são bem desconhecidas. Esse artigo explora um novo conjunto de BGCs de lanthipeptídeos encontrados em um grupo de bactérias chamado Actinobactérias, que parecem funcionar em conjunto com sistemas de defesa contra fagos já conhecidos.
Descoberta dos Clusters de Genes de Lanthipeptídeos
Pra descobrir mais sobre lanthipeptídeos e seu potencial papel na defesa contra fagos, os pesquisadores analisaram um monte de genomas bacterianos. Eles identificaram milhares de BGCs que provavelmente estão envolvidos na produção de lanthipeptídeos. Usando um software especial, os cientistas verificaram a relação entre esses BGCs e sistemas de defesa contra fagos conhecidos, descobrindo algumas conexões interessantes.
Na pesquisa, descobriram que uma classe específica de BGCs de lanthipeptídeos, chamada classe I, estava mais comumente localizada perto de sistemas de defesa em comparação com outras classes de BGCs. Isso levou à hipótese de que esses BGCs de lanthipeptídeos poderiam ajudar as bactérias a resistirem a ataques de fagos.
Através de uma análise mais profunda, os pesquisadores encontraram um grupo específico de BGCs de lanthipeptídeos da classe I que aparecia frequentemente ao lado de sistemas de defesa. Eles chamaram esse grupo de "lanthifagos" pra destacar o potencial papel deles na proteção das bactérias contra fagos.
Testando a Atividade dos Lanthifagos
Pra ver se os lanthifagos realmente podiam proteger as bactérias dos fagos, os cientistas olharam pra uma linhagem modelo de bactéria conhecida como Streptomyces coelicolor. Eles descobriram que essa linhagem tem um lanthifago em seu genoma, que contém os genes necessários pra produzir lanthipeptídeos. O próximo passo foi descobrir se a expressão desses genes poderia levar à proteção contra fagos.
Ajustando os genes das bactérias, fizeram algumas linhagens expressarem o lanthifago enquanto outras não. Elas foram expostas a vários fagos pra ver como se defendiam. Os resultados mostraram que as linhagens que expressavam o lanthifago tinham significativamente menos placas, que são marcas deixadas pela infecção viral, em comparação com as linhagens que não expressavam.
Pra garantir que a proteção vinha do lanthifago, os pesquisadores testaram derrubar a expressão de genes específicos do lanthifago. Quando reduziram a atividade desses genes, as bactérias perderam a resistência aos fagos, confirmando que o lanthifago era crucial pra defesa contra a infecção por fagos.
Presença de Lanthifagos em Outras Bactérias
Depois de confirmar o papel protetor dos lanthifagos em Streptomyces coelicolor, os pesquisadores queriam saber se essas defesas genéticas estavam presentes em outras bactérias. Eles analisaram milhares de genomas bacterianos e descobriram que os lanthifagos existem predominantemente nas Actinobactérias. Observaram que várias espécies de Streptomyces continham lanthifagos, destacando o potencial dessas defesas químicas serem uma característica comum entre bactérias que vivem em ambientes semelhantes.
Pra investigar mais a diversidade dos lanthifagos, os pesquisadores analisaram a composição genética desses compostos e encontraram vários tipos distintos baseados nas sequências genéticas e enzimas associadas. Eles classificaram esses tipos em um sistema claro, que poderia ajudar a entender suas funções e possíveis usos.
Entendendo o Mecanismo de Ação
Em seguida, os cientistas estavam interessados em como os lanthifagos realmente protegem as bactérias. Começaram analisando os lanthipeptídeos produzidos pela expressão do lanthifago em Streptomyces coelicolor. Usaram técnicas avançadas pra identificar um novo e único lanthipeptídeo produzido apenas na presença do lanthifago. Esse novo composto tinha um peso molecular diferente de qualquer lanthipeptídeo conhecido até então, sugerindo que ele pode ter propriedades ou modificações únicas.
Estudando como esse lanthipeptídeo interage com os fagos, os pesquisadores hipotetizaram que ele poderia atrapalhar a capacidade do fago de replicar ou funcionar. Descobriram também que fagos que desenvolviam mutações, conhecidos como "mutantes de escape", conseguiam driblar as proteções oferecidas pelos lanthifagos. Esses mutantes de escape tinham alterações em um gene específico que poderiam afetar o comportamento dos fagos durante a infecção.
Impacto na Transcrição do Fago
Pra entender mais a fundo a interação entre lanthifagos e fagos, os pesquisadores olharam como a presença dos lanthifagos alterava a transcrição dos fagos. Eles fizeram experimentos pra medir o nível de transcrição dos genes dos fagos ao infectar linhagens bacterianas normais e as que expressavam lanthifagos.
Os resultados indicaram que a expressão dos lanthifagos reduzia significativamente a transcrição de certos genes dos fagos, especialmente aqueles relacionados às fases mais avançadas do ciclo de vida do fago. Isso significa que os compostos produzidos pelos lanthifagos podem mirar diretamente em processos do fago, dificultando a capacidade deles de se replicar eficientemente.
Conclusão
A descoberta dos lanthifagos revela uma nova camada de complexidade nas interações entre bactérias e seus vírus. Esses achados sugerem que certos tipos de produtos naturais bacterianos, especificamente lanthipeptídeos, desempenham um papel significativo na defesa contra infecções por fagos. A capacidade desses compostos de modificar o comportamento dos fagos e inibir a transcrição abre possibilidades empolgantes pra pesquisa sobre adaptações bacterianas e seus usos potenciais.
Com o conhecimento adquirido ao estudar os lanthifagos, pesquisas futuras podem revelar ainda mais sobre a função e a diversidade das defesas bacterianas. Isso levanta a possibilidade de que pode haver muitos outros tipos de BGCs que contribuem pra proteção não só contra fagos, mas também contra outras ameaças ambientais.
As implicações dessa descoberta podem ir muito além do laboratório. Entender como as bactérias se defendem pode ajudar a desenvolver novos tratamentos e estratégias pra gerenciar infecções, especialmente à medida que a resistência a antibióticos se torna uma preocupação crescente. A busca por novos e eficazes produtos naturais de bactérias pode levar a soluções inovadoras em medicina e biotecnologia, abrindo caminho pra novos avanços em terapias antibióticas e antivirais.
Resumindo, o estudo dos lanthifagos ilumina a relação intrincada entre bactérias e vírus e destaca a importância dos produtos naturais nos sistemas de defesa microbiana. À medida que a pesquisa avança, vai ser fascinante ver quais outros segredos esses minúsculos organismos guardam e como eles podem um dia beneficiar a saúde humana e a sociedade.
Título: A family of lanthipeptides with anti-phage function
Resumo: Bacteria synthesize natural products to adapt to their environment, where phage-bacteria interactions play a crucial role in bacterial ecology. Although a few natural products have been shown to protect bacteria from phage infection, the prevalence and diversity of chemical anti-phage defense remain largely unexplored. Here, we uncover a novel family of over 2000 lanthipeptide biosynthetic gene clusters from Actinobacteria that participate in anti-phage defense, which we named lanthiphages. Lanthiphages colocalize with other anti-phage systems in defense islands. We demonstrate that native lanthiphage expression protects the model strain Streptomyces coelicolor against diverse phages. Heterologous expression of four additional lanthiphage pathways shows that the anti-phage function is conserved across this family of biosynthetic gene clusters. Finally, we demonstrate that lanthiphage expression leads to the production of a novel compound and alters phage transcription. Our findings highlight that biosynthetic gene clusters with anti-phage functions can be successfully identified through genomic analysis. This work paves the way for the systematic mining of anti-phage natural products, which could constitute a novel reservoir of antiviral drugs.
Autores: Aude Bernheim, H. Shomar, F. Tesson, M. Guillaume, V. Ongenae, M. Le Bot, H. Georjon, E. Mordret, L. Zhang, G. P. van Wezel, D. Rozen, A. Briegel, S. Zirah, D. Claessen, Y. Li
Última atualização: 2024-06-27 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.26.600839
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.26.600839.full.pdf
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