Vínculo Entre Tromboembolismo Venoso e Risco de Câncer
Este estudo revela conexões entre VTE e riscos específicos de câncer.
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Índice
A Tromboembolismo Venoso (TEV) é um problema sério de saúde que inclui duas condições principais: Trombose Venosa Profunda (TVP) e Embolia Pulmonar (EP). A TVP acontece quando um coágulo de sangue se forma em uma veia profunda, geralmente nas pernas, enquanto a EP ocorre quando um coágulo viaja para os pulmões, que pode ser fatal. A TEV é uma causa significativa de morte relacionada a doenças do coração e vasos sanguíneos em todo o mundo.
Uma parte notável do problema da TEV é sua associação com o Câncer. Pesquisas mostram que cerca de 20% de todos os casos de TEV ocorrem em pessoas que já têm câncer. Quem tem câncer tem um risco muito maior de desenvolver TEV em comparação com quem não tem. Esse risco aumentado se deve a vários fatores relacionados ao câncer, incluindo como os tumores podem causar mudanças no sangue e nos vasos que promovem a coagulação.
Cânceres ativos podem levar o corpo a um estado que incentiva a coagulação. Alguns tumores podem ativar diretamente células que ajudam o sangue a coagular ou liberar proteínas que promovem a coagulação. Além disso, tratamentos para câncer, como cirurgia e quimioterapia, também podem aumentar as chances de coágulos sanguíneos. Por exemplo, esses tratamentos podem levar a infecções e hospitalizações, que são fatores de risco conhecidos para TEV.
No entanto, ainda há muitas incógnitas sobre a relação entre TEV e câncer. Não está claro se ter um risco maior de TEV está relacionado ao desenvolvimento de câncer. Curiosamente, uma pequena porcentagem de pessoas que recebe o diagnóstico de TEV pela primeira vez é posteriormente diagnosticada com câncer no ano seguinte. Além disso, alguns estudos sugerem que indivíduos com histórico de TEV podem enfrentar um risco maior de desenvolver câncer ao longo do tempo.
Estudos em animais mostraram que certas proteínas associadas à coagulação do sangue podem ajudar os tumores a crescer e se espalhar. No entanto, pesquisas sobre se o uso de medicamentos anticoagulantes pode reduzir o risco de câncer produziram resultados mistos. Estudos observacionais, que analisam dados do mundo real, têm dificuldade em determinar se a TEV causa câncer ou se o câncer causa TEV. Isso porque ambas as condições compartilham fatores de risco comuns, incluindo obesidade e tabagismo.
Para investigar as possíveis conexões entre TEV e câncer de forma mais rigorosa, os pesquisadores podem usar uma técnica chamada randomização mendeliana (RM). Este método usa informações genéticas para ajudar a determinar se uma condição pode causar outra. Ao olhar para variações genéticas específicas relacionadas ao risco de TEV, os pesquisadores podem explorar como essas variações afetam o risco de câncer, e vice-versa.
Coleta de Dados
Para realizar uma análise de RM, os pesquisadores coletam dados Genéticos de grandes estudos que focam em TEV e vários tipos de câncer. Eles extraem informações importantes desses estudos, incluindo como as variações genéticas estão ligadas ao aumento do risco de TEV e câncer.
O primeiro passo é identificar marcadores genéticos para TEV. Os pesquisadores buscam variações genéticas específicas que estão fortemente associadas ao risco de TEV e que podem servir como "instrumentos" para análise. Após coletar esses dados, eles também coletam informações de estudos que focam em diferentes tipos de câncer.
Os pesquisadores garantem que os marcadores genéticos usados para analisar o risco de TEV não estejam relacionados a outros fatores que possam afetar o risco de câncer. Assim, eles podem isolar melhor os efeitos da TEV ao considerar seu impacto no câncer.
Análises Estatísticas
Ao realizar a análise de RM, os pesquisadores devem atender a um conjunto de condições para garantir resultados confiáveis. As variações genéticas devem ser fortemente ligadas à TEV, não deve haver outros fatores confundidores afetando o resultado, e as variações devem impactar o risco de câncer apenas por meio de sua relação com a TEV.
Para verificar se os marcadores genéticos são instrumentos eficazes, os pesquisadores usam medidas estatísticas. Eles avaliam se as variações genéticas explicam mais sobre o resultado do que a exposição, garantindo assim que sejam utilizadas adequadamente.
O método principal para análise envolve calcular estimativas que mostram a relação entre TEV e vários cânceres. Essas estimativas revelam como um aumento no risco de TEV geneticamente está ligado a mudanças no risco de câncer.
Resultados da Análise
Os pesquisadores descobriram que um risco genético mais alto para TEV estava vinculado a um aumento no risco de câncer de pâncreas. Essa conexão se alinha com estudos anteriores que mostraram uma relação entre TEV e câncer de pâncreas na população geral. Por outro lado, a análise também sugeriu uma leve redução no risco de câncer oral entre aqueles geneticamente predispostos à TEV.
No entanto, a associação entre TEV e câncer de pâncreas foi significativamente influenciada por um marcador genético específico. Quando esse marcador foi removido da análise, a ligação entre TEV e câncer de pâncreas enfraqueceu consideravelmente. O marcador em questão estava associado a um tipo sanguíneo específico, sugerindo que a conexão entre TEV e câncer de pâncreas pode vir de fatores relacionados ao tipo sanguíneo, em vez de uma relação direta.
Curiosamente, não havia evidências fortes que indicassem que o câncer em si leva a um risco maior de TEV. A análise não encontrou uma ligação clara entre estar geneticamente predisposto a diferentes tipos de câncer e desenvolver TEV. Essa falta de evidências foi surpreendente, já que muitos esperam que ter câncer aumente naturalmente o risco de coágulos.
Limitações e Considerações
Várias limitações precisam ser consideradas ao interpretar essas descobertas. O estudo usou apenas dados genéticos, o que significa que pode não capturar as mudanças complexas que ocorrem no corpo durante condições de câncer ativo. Além disso, se a TEV relacionada ao câncer opera por meio de diferentes vias biológicas do que a TEV que ocorre sem câncer, a análise pode perder essas nuances.
Outro fator a considerar é que o estudo se baseou em dados existentes de grupos diversos de pessoas. Diferentes populações podem apresentar diferenças genéticas que podem influenciar os resultados observados. Embora este estudo incluísse participantes de ascendência europeia, variações em outras populações poderiam resultar em resultados diferentes.
Os pesquisadores também notaram desafios em usar filtros estatísticos que removeram alguns marcadores genéticos da análise. Esses filtros podem excluir dados importantes para certos cânceres, afetando as descobertas gerais.
Comparação com Pesquisas Anteriores
Pesquisas anteriores frequentemente analisaram a relação entre TEV e câncer por meio de estudos observacionais mais tradicionais. Esta nova análise fornece uma maneira mais robusta de explorar relações causais usando dados genéticos. Enquanto estudos passados sugeriram que alguns cânceres estavam associados a riscos mais altos de TEV, os achados desta análise genética não replicaram essas associações.
Alguns estudos anteriores sugeriram que variações genéticas específicas poderiam aumentar o risco de câncer, mas esta análise atual não encontrou evidências fortes que apoiassem essas alegações. Por exemplo, alguns estudos menores mostraram que certos fatores genéticos relacionados à coagulação do sangue poderiam se conectar ao risco de câncer, mas este estudo mais amplo não confirmou essa ligação.
Conclusão
Em resumo, esta pesquisa forneceu insights sobre a relação entre tromboembolismo venoso e vários cânceres. Ela encontrou um risco aumentado de câncer de pâncreas entre indivíduos geneticamente predispostos à TEV, enquanto também indicou um risco reduzido para câncer oral. No entanto, os resultados sugerem que não há evidências fortes de que a predisposição ao câncer aumenta o risco de TEV.
Mais exploração é necessária para entender totalmente como essas relações funcionam e se vias biológicas específicas estão em jogo, especialmente em relação a fatores como tipo sanguíneo. Este estudo serve como um ponto de partida para pesquisas mais aprofundadas que esclareçam essas interações complexas entre TEV e câncer.
Título: Causal relationships between risk of venous thromboembolism and 18 cancers: a bidirectional Mendelian randomisation analysis
Resumo: Background: People with cancer experience high rates of venous thromboembolism (VTE). Additionally, risk of subsequent cancer is increased in people experiencing their first VTE. The causal mechanisms underlying this association are not completely understood, and it is unknown whether VTE is itself a risk factor for cancer. Methods: We used data from large genome-wide association study meta-analyses to perform bi-directional Mendelian randomisation analyses to estimate causal associations between genetically-proxied lifetime risk of VTE and risk of 18 different cancers. Results: We found no conclusive evidence that genetically-proxied lifetime risk of VTE was causally associated with an increased incidence of cancer, or vice-versa. We observed an association between VTE and pancreatic cancer risk (odds ratio for pancreatic cancer 1.23 (95% confidence interval 1.08 - 1.40) per log-odds increase in risk of VTE, P = 0.002). However, sensitivity analyses revealed this association was predominantly driven by a variant proxying non-O blood group, with inadequate evidence from Mendelian randomisation to suggest a causal relationship. Conclusions: These findings do not support the hypothesis that genetically-proxied lifetime risk of VTE is a cause of cancer. Existing observational epidemiological associations between VTE and cancer are therefore more likely to be driven by pathophysiological changes which occur in the setting of active cancer and anti-cancer treatments. Further work is required to explore and synthesise evidence for these mechanisms. Key messages1) There is strong observational evidence that active cancer is associated with venous thromboembolism. 2) It is currently unknown whether venous thromboembolism is a risk factor for cancer. 3) We applied a bi-directional Mendelian randomisation framework to appraise the causal relationships between genetically-proxied risk of venous thromboembolism and 18 different cancers. 4) Overall, there was no clear evidence from Mendelian randomisation that lifetime-elevated risk of venous thromboembolism is causally associated with an increased risk of cancer, or visa versa.
Autores: Naomi Cornish, P. Haycock, H. Brenner, J. C. Figueiredo, T. Galesloot, R. C. Grant, InterLymph Consortium, INVENT-MVP consortium, M. Johansson, D. Mariosa, J. McKay, R. Pai, A. J. Pellatt, N. J. Samadder, J. Shi, F. Thibord, D.-A. Tregouët, C. Voegele, C. Thirlwell, A. Mumford, R. Langdon
Última atualização: 2023-05-18 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.16.23289792
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.16.23289792.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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