O Papel do Exercício Aeróbico na Reabilitação Pós-AVC

Depois de um AVC, muita gente tem dificuldade com atividades do dia a dia porque muitas vezes não tem um bom condicionamento cardiorrespiratório. Isso pode tornar tarefas como carregar compras ou fazer serviços de casa bem desafiadoras. Pesquisas mostraram que fazer exercícios aeróbicos após um AVC pode ajudar a melhorar os níveis de condicionamento físico e reduzir riscos relacionados ao coração, como pressão alta e glicemia alta. Além disso, exercícios aeróbicos podem melhorar as habilidades de raciocínio, ajudar na caminhada e facilitar a realização de tarefas diárias. Por causa desses benefícios, as diretrizes de saúde sugerem que exercícios aeróbicos deveriam fazer parte da Reabilitação regular após um AVC.

No Canadá, diversas hospitais que oferecem serviços de reabilitação para Pacientes de AVC relataram que estão incluindo exercícios aeróbicos em seus programas. A maioria dos Fisioterapeutas que trabalham com pacientes de AVC também dizem que prescrevem exercícios aeróbicos. No entanto, um número significativo de pacientes de AVC não participa, de fato, dos exercícios aeróbicos recomendados. Em uma instalação canadense, apenas cerca de 37-42% dos pacientes de AVC participaram de exercícios, mesmo quando os fisioterapeutas eram responsáveis por criar e supervisionar suas rotinas de exercícios.

Muitos estudos investigaram por que os fisioterapeutas implementam ou não exercícios aeróbicos na reabilitação. Uma revisão recente focou especificamente nas barreiras e facilitadores do ponto de vista dos fisioterapeutas. Encontrou várias razões pelas quais o Exercício Aeróbico nem sempre é utilizado. Algumas dessas razões incluem a falta de Recursos, como equipamentos e pessoal, conhecimento e habilidades insuficientes sobre práticas de exercício seguras, e incerteza sobre como avaliar adequadamente a segurança dos pacientes para exercícios. Por outro lado, o acesso a programas de exercícios estruturados e educação continuada foram identificados como fatores que incentivam a implementação de exercícios aeróbicos.

Este artigo tem o objetivo de explorar as opiniões dos fisioterapeutas sobre o uso de exercícios aeróbicos para pacientes individuais com AVC, discutindo casos específicos com os quais trabalharam. Entender o raciocínio deles pode esclarecer os fatores que influenciam suas decisões.

#Desenho e Estrutura do Estudo

Este estudo adotou uma abordagem qualitativa guiada por uma visão prática. A pesquisa foi informada por dois principais frameworks: o modelo de Comportamento de Capacidade Oportunidade Motivação (COM-B) e o Framework de Domínio Teórico (TDF). O COM-B é projetado para entender comportamentos com o objetivo de promover mudanças, enquanto o TDF reúne várias teorias relacionadas à mudança de comportamento para ajudar a avaliar questões de implementação e informar intervenções.

#Seleção de Participantes e Configuração

Os pesquisadores contataram fisioterapeutas que trabalham com pacientes de AVC em quatro centros de reabilitação urbanos em Ontário, Canadá. Esses centros foram escolhidos porque ofereciam programas estruturados de exercícios aeróbicos. Os fisioterapeutas receberam treinamento em avaliação de capacidade aeróbica e criação de prescrições de exercícios para pacientes de AVC. Isso significava que eles provavelmente enfrentavam menos barreiras comuns relacionadas ao conhecimento ou limitações de recursos.

Os fisioterapeutas foram identificados por seus gerentes clínicos e convidados a participar do estudo por e-mail. Todos os participantes forneceram consentimento informado, e o estudo foi aprovado pelos comitês de ética de cada um dos hospitais envolvidos.

#Coleta de Dados

Entrevistas detalhadas foram conduzidas com os fisioterapeutas usando um formato semi-estruturado. As entrevistas ocorreram online, durante as quais os participantes foram questionados sobre suas opiniões gerais sobre exercícios aeróbicos e, em seguida, convidados a discutir casos específicos de seus registros recentes de pacientes. O objetivo era extrair insights sobre seus processos de decisão e os fatores que influenciam suas escolhas para cada paciente específico.

Cada entrevista durou cerca de uma hora, e um segundo assistente de pesquisa estava presente para anotar importantes sinais não verbais demonstrados pelos participantes. As entrevistas foram gravadas e transcritas para análise.

#Análise de Dados

Os pesquisadores usaram uma abordagem sistemática para analisar os dados qualitativos coletados. As transcrições das entrevistas foram lidas e codificadas sistematicamente. Usando software especializado, os pesquisadores desenvolveram um livro de códigos para categorizar temas e analisar os dados. Isso envolveu uma combinação de análise dedutiva e indutiva, onde o framework guiou algumas partes da análise, enquanto outros temas surgiram organicamente dos dados.

Os temas finais foram revisados e aprimorados por meio de discussões entre a equipe de pesquisa para garantir que representassem com precisão as descobertas.

#Visão Geral dos Temas

A análise identificou três temas principais sobre o uso de exercícios aeróbicos na reabilitação de pacientes de AVC:

1. Perspectivas e práticas dos fisioterapeutas em relação aos exercícios aeróbicos.

   • Este tema incluiu subtemas como a variabilidade nas práticas de exercícios aeróbicos entre os fisioterapeutas, suas expectativas sobre os resultados desses exercícios e o uso limitado de medidas objetivas para avaliar a intensidade dos exercícios.

2. Perfis de pacientes de AVC e seus objetivos.

   • Este tema explorou como os perfis únicos dos pacientes, preferências e objetivos de reabilitação influenciaram a probabilidade de incorporar exercícios aeróbicos em seus planos de tratamento.

3. Influência das políticas e recursos do sistema de saúde.

   • Este tema examinou como políticas de saúde, recursos disponíveis e colaboração interdisciplinar afetaram a implementação de exercícios aeróbicos na reabilitação.

A pandemia de COVID-19 também impactou muitos aspectos do processo de reabilitação, introduzindo desafios adicionais.

#Perspectivas e Práticas dos Fisioterapeutas

#Variabilidade na Prática

Os comportamentos dos fisioterapeutas em relação aos exercícios aeróbicos não eram simplesmente categorizados em prescrever ou não prescrever. Em vez disso, foram observados em um espectro. Em uma extremidade, alguns fisioterapeutas não usavam exercícios aeróbicos de jeito nenhum, enquanto na outra extremidade, havia aqueles que os prescreviam com diretrizes específicas sobre intensidade e duração. Muitos fisioterapeutas relataram usar exercícios aeróbicos de forma mais casual, às vezes tratando-os como atividades adicionais sem definições rigorosas.

#Resultados Esperados

Quando perguntados sobre os benefícios esperados dos exercícios aeróbicos, os fisioterapeutas geralmente acreditavam que poderia melhorar a saúde geral, resistência e habilidades físicas de seus pacientes. No entanto, alguns expressaram dúvida sobre a eficácia dos exercícios aeróbicos para pacientes que consideravam com função muito baixa ou aqueles com sérios desafios cognitivos. O exercício aeróbico muitas vezes era visto como uma atividade complementar, em vez de um componente central da reabilitação.

#Uso de Medidas Objetivas

O uso de medidas objetivas para determinar a intensidade dos exercícios aeróbicos era limitado entre os fisioterapeutas. Alguns se baseavam em observar as reações dos pacientes ou utilizavam avaliações informais, como a percepção de esforço, em vez de seguir métodos padronizados. Por causa dessa abordagem, alguns pacientes podem não ter recebido exercícios suficientes para atender às suas necessidades.

#Perfis de Pacientes de AVC e Seus Objetivos

#Fatores do Paciente

Os fisioterapeutas notaram vários fatores relacionados aos pacientes que afetaram suas decisões sobre exercícios aeróbicos. Isso incluía o nível de compreensão do paciente sobre os benefícios do exercício, prazer na atividade física, níveis de fadiga e habilidades funcionais gerais. As condições médicas específicas dos pacientes, suas motivações e a idade também desempenharam papéis importantes na determinação de se o exercício aeróbico seria prescrito.

#Objetivos do Paciente

Os objetivos estabelecidos pelos pacientes muitas vezes moldavam o foco de sua reabilitação. Quando os pacientes tinham como objetivo principal melhorar a resistência ou stamina, os fisioterapeutas eram mais propensos a incorporar exercícios aeróbicos. No entanto, muitos pacientes estavam mais focados em recuperar mobilidade e independência do que em melhorar especificamente a aptidão cardiovascular.

#Considerações para Alta

Os planos feitos para os pacientes na alta também influenciavam o tratamento durante a reabilitação. Alguns fisioterapeutas pretendiam prescrever exercícios que poderiam ser facilmente continuados em casa. No entanto, muitas vezes consideravam se os pacientes tinham acesso aos recursos ou equipamentos necessários após deixarem a reabilitação.

#Influência das Políticas e Recursos do Sistema de Saúde

#Acesso a Recursos

A disponibilidade de recursos, como equipamentos de exercício, era um fator significativo que facilitava ou dificultava a prescrição de exercícios aeróbicos. Enquanto muitos fisioterapeutas relataram ter acesso a equipamentos, a pressão para compartilhar esses recursos limitava o tempo dedicado a atividades aeróbicas.

#Políticas de Intensidade de Reabilitação

Políticas relacionadas à intensidade da reabilitação visavam garantir que os pacientes recebessem uma quantidade suficiente de terapia durante sua estadia. No entanto, muitos fisioterapeutas sentiram que essas políticas inadvertidamente limitavam a capacidade de focar em áreas importantes como exercícios aeróbicos. A falta de diretrizes claras sobre se os exercícios aeróbicos contavam para a intensidade da terapia aumentou a confusão.

#Colaboração da Equipe

Trabalhar em equipe multidisciplinar influenciou como os fisioterapeutas abordavam os cuidados. O apoio de outros profissionais de saúde e uma comunicação eficaz foram cruciais para implementar com sucesso exercícios aeróbicos na reabilitação. Esses elementos podiam atuar como barreiras ou facilitadores na prática, dependendo da dinâmica de cada equipe.

#Impacto da COVID-19

A pandemia de COVID-19 trouxe desafios adicionais na reabilitação de AVC. Restrições e mudanças nas operações dos hospitais limitaram a disponibilidade de pessoal e recursos, tornando ainda mais difícil para os fisioterapeutas implementarem programas de exercícios aeróbicos. Protocolos de distanciamento social significavam que os equipamentos eram frequentemente limitados, e muitos programas comunitários que apoiavam a prática contínua de exercícios para pacientes de AVC estavam fechados.

A pandemia também mudou o foco dos cuidados, com uma ênfase maior em dar alta aos pacientes o mais rápido possível. O acesso limitado a programas ambulatoriais após a alta interrompeu a continuidade do cuidado, o que teve implicações significativas para os hábitos de exercício a longo prazo dos sobreviventes de AVC.

#Conclusão

O estudo destacou as complexidades que envolvem a implementação de exercícios aeróbicos na reabilitação de AVC. As perspectivas dos fisioterapeutas, os objetivos individuais dos pacientes e as restrições impostas pelas políticas de saúde desempenharam papéis vitais na formação do uso de exercícios aeróbicos. Para melhorar os resultados para pacientes de AVC, é crucial que os sistemas de saúde reavaliem as políticas em vigor e promovam um ambiente onde o exercício aeróbico possa ser uma parte integral da reabilitação.

Incentivar uma melhor colaboração entre os profissionais de saúde, aumentar a disponibilidade de recursos e abordar as preocupações levantadas sobre segurança do paciente e objetivos de reabilitação são passos críticos para otimizar a implementação de exercícios aeróbicos pós-AVC. Focando nessas áreas, podemos trabalhar para melhorar a experiência de reabilitação e os resultados de saúde para sobreviventes de AVC.