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# Biologia# Neurociência

Adaptando Nossos Padrões de Caminhada: Um Estudo

Essa pesquisa explora como a gente ajusta a caminhada por meio de recalibração e mapeamento.

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Índice

Quando a gente anda, geralmente não pensa nos pequenos detalhes de como nosso corpo se move. Por exemplo, não decidimos conscientemente como dobrar os tornozelos a cada passo ou quão rápido balançar as pernas pra frente. Em vez disso, nosso movimento é automático e flexível. A gente consegue ajustar a caminhada com base em superfícies diferentes, como lama, grama ou gelo, sem nem perceber. Mas, quando algo dá errado, tipo quando torcemos um tornozelo, começamos a perceber mais como nos movemos e pode ser que a gente precise focar em ajustar o movimento pra evitar dor ou mais lesões.

Apesar de termos essa habilidade automática de nos mover, não entendemos completamente como aprendemos a adaptar nossos movimentos e torná-los flexíveis. Uma parte importante dessa adaptação acontece por meio de um processo chamado adaptação sensorimotora, que nos ajuda a corrigir com base no que esperamos sentir ao nos mover versus o que realmente sentimos. Isso pode acontecer quando o ambiente muda ou quando cometemos um erro ao nos mover.

O Processo de Adaptação Sensorimotora

Quando tentamos nos adaptar a um novo movimento, nosso cérebro usa uma parte chamada cerebelo. Essa área nos ajuda a recalibrar nossas expectativas sobre o movimento. Por exemplo, se estamos andando em uma superfície escorregadia como gelo, nosso cérebro pode precisar atualizar suas previsões sobre quão bem nossos pés conseguem agarrar o chão. Essa Recalibração acontece sem a gente nem perceber.

O lado ruim desse processo de recalibração é que ele pode ser lento. Não nos permite ajustar instantaneamente nossos movimentos; em vez disso, leva tempo para ajustá-los aos poucos. Esse ajuste gradual pode levar a erros persistentes em nossos movimentos, conhecidos como “efeitos colaterais”. Esses efeitos colaterais mostram que mesmo depois que nos adaptamos a um novo ambiente, podemos levar um tempo pra voltar ao nosso jeito normal de andar quando as condições mudam novamente.

Tipos de Mecanismos de Aprendizado

Além da recalibração dependente do cerebelo, existem outras maneiras que nossos cérebros ajudam a adaptar os movimentos, especialmente em tarefas onde temos um objetivo, como alcançar um objeto. Por exemplo, algumas abordagens de adaptação incluem estratégias em que ajustamos deliberadamente nosso alvo ou respostas com base no que aprendemos sobre nosso ambiente.

Os pesquisadores identificaram três tipos bem conhecidos dessas estratégias:

  1. Estratégias Explícitas: Quando as pessoas decidem conscientemente mudar o lugar onde miram ao alcançar algo.

  2. Cache Baseado em Memória: Aprender respostas que ficam ligadas a pistas do ambiente. As pessoas conseguem lembrar essas respostas quando enfrentam situações semelhantes.

  3. Aprendizado Estrutural: Reconhecer padrões entre o que acontece em nosso ambiente e como devemos responder. Por exemplo, quando usamos um mouse de computador, aprendemos como seus movimentos correspondem ao que vemos na tela.

Essas estratégias permitem que façamos ajustes rápidos sem o atraso associado ao processo de recalibração.

Objetivos do Estudo

Neste estudo, nosso objetivo foi descobrir se as adaptações na caminhada incluem essas estratégias rápidas junto com o processo de recalibração mais lento. Testamos isso em uma esteira especial que podia fazer um lado se mover mais rápido que o outro, criando uma situação onde os participantes precisavam ajustar seu padrão de caminhada.

Nosso primeiro experimento testou se os participantes poderiam rapidamente adaptar sua caminhada com base em diferentes velocidades da esteira. Acreditamos que eles mudariam entre diferentes padrões de caminhada mais rápido do que o que seria esperado apenas do processo de recalibração.

Nosso segundo experimento tinha como objetivo investigar mais a fundo como essas estratégias de ajuste funcionavam de uma maneira diferente. Queríamos ver se as pessoas precisavam pensar sobre seus movimentos enquanto caminhavam ou se esses ajustes poderiam acontecer automaticamente.

Experimento 1: Testando Estratégias de Adaptação

Pra testar se as pessoas poderiam rapidamente adaptar seus padrões de caminhada, projetamos uma tarefa chamada "Ramp Down". Depois que os participantes andaram na esteira com um cinto se movendo mais rápido que o outro, diminuímos gradualmente a velocidade do cinto mais rápido. Enquanto fazíamos isso, medimos como os padrões de caminhada deles mudaram.

Esperávamos ver dois resultados diferentes:

  1. Apenas Recalibração: Se os participantes se baseassem apenas na recalibração, esperaríamos que seus ajustes fossem lentos e intencionais, levando a efeitos colaterais notáveis em seu padrão de caminhada.

  2. Recalibração + Mapeamento: Se eles pudessem responder rapidamente a mudanças de velocidade através de uma estratégia de mapeamento flexível, esperaríamos que eles adaptassem seus padrões de caminhada rapidamente sem efeitos colaterais notáveis.

Os resultados da primeira parte deste experimento mostraram que os participantes realmente conseguiram ajustar rapidamente seus padrões de caminhada, apoiando nossa ideia de que uma estratégia de mapeamento flexível estava em ação.

Experimento 1B: Medindo as Contribuições de Cada Mecanismo

Depois de estabelecer que ajustes rápidos estavam provavelmente ocorrendo, a próxima fase envolveu desenvolver uma maneira de medir as contribuições da recalibração e do mapeamento durante a adaptação. Baseamos isso em descobertas anteriores sobre algo chamado "realinhamento perceptual". Isso acontece quando a percepção das pessoas sobre a velocidade da esteira muda ao longo do tempo enquanto elas se adaptam.

Nossa hipótese era que a extensão dessa mudança perceptual estaria relacionada a quanta recalibração tinha ocorrido. Partimos pra medir isso com cuidado.

Resultados do Experimento 1B

A primeira metade da tarefa Ramp Down mostrou que os participantes não tiveram efeitos colaterais significativos, sugerindo que ajustes rápidos estavam realmente ocorrendo através do mecanismo de mapeamento. Em contraste, a segunda metade, onde as diferenças de velocidade eram menores, produziu efeitos colaterais notáveis. Isso indicou que os participantes passaram de usar estratégias de mapeamento rápidas para depender mais do processo de recalibração mais lento.

As descobertas gerais do primeiro experimento confirmaram nossa hipótese inicial de que tanto a recalibração quanto os mecanismos de mapeamento desempenham um papel em como adaptamos nossos padrões de caminhada na esteira.

Experimento 2: Explorando a Automaticidade no Ajuste

Com base em nossas descobertas, conduizemos um segundo experimento para examinar se esses ajustes de mapeamento eram automáticos ou se os participantes precisavam controlá-los conscientemente.

Queríamos ver se os participantes poderiam rapidamente adaptar seus padrões de caminhada mesmo quando diferenças de velocidade maiores eram introduzidas, além do que eles tinham experimentado anteriormente durante a adaptação.

Resultados do Experimento 2

Os resultados do segundo experimento mostraram uma diferença clara entre os participantes. Alguns conseguiram se adaptar com sucesso a perturbações maiores, indicando que esses indivíduos provavelmente estavam usando a abordagem de aprendizado estrutural que discutimos antes. Outros tiveram dificuldade, sugerindo que dependeram da abordagem baseada em memória.

Além disso, descobrimos que, quando perguntados, a maioria dos participantes não conseguiu descrever com precisão como ajustaram sua caminhada. Isso indicou que o mecanismo de mapeamento opera sem a necessidade de controle consciente, diferente das estratégias normalmente utilizadas em tarefas de alcance.

Conclusão

Nosso estudo revelou os dois principais mecanismos de aprendizado envolvidos na adaptação da caminhada: recalibração e mapeamento. O mecanismo de recalibração funciona gradualmente, o que pode levar a efeitos colaterais, enquanto o mecanismo de mapeamento permite ajustes rápidos sem contribuir para esses erros. Os participantes mostraram diferenças individuais em como empregaram esses mecanismos, com alguns dependendo de estratégias baseadas em memória e outros de aprendizado estrutural.

Essas descobertas têm implicações importantes, especialmente considerando a flexibilidade natural e a automaticidade da adaptação do movimento. Entender como esses mecanismos funcionam pode ser benéfico para reabilitação e melhorar as estratégias de mobilidade para diferentes ambientes e tarefas.

Em resumo, essa pesquisa ilumina como adaptamos nossos padrões de caminhada e oferece novos insights sobre os mecanismos de aprendizado que nos permitem nos mover de forma eficaz em condições em mudança. Trabalhos futuros continuarão a investigar esses mecanismos em mais detalhes e suas potenciais aplicações terapêuticas.

Fonte original

Título: Automatic learning mechanisms for flexible human locomotion.

Resumo: Movement flexibility and automaticity are necessary to successfully navigate different environments. When encountering difficult terrains such as a muddy trail, we can change how we step almost immediately so that we can continue walking. This flexibility comes at a cost since we initially must pay deliberate attention to how we are moving. Gradually, after a few minutes on the trail, stepping becomes automatic so that we do not need to think about our movements. Canonical theory indicates that different adaptive motor learning mechanisms confer these essential properties to movement: explicit control confers rapid flexibility, while forward model recalibration confers automaticity. Here we uncover a distinct mechanism of treadmill walking adaptation - an automatic stimulus-response mapping - that confers both properties to movement. The mechanism is flexible as it learns stepping patterns that can be rapidly changed to suit a range of treadmill configurations. It is also automatic as it can operate without deliberate control or explicit awareness by the participants. Our findings reveal a tandem architecture of forward model recalibration and automatic stimulus-response mapping mechanisms for walking, reconciling different findings of motor adaptation and perceptual realignment.

Autores: Amy J Bastian, C. Rossi, K. Leech, R. T. Roemmich

Última atualização: 2024-07-24 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.09.25.559267

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.09.25.559267.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.

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