Monitorando a Resistência à Malária em Gestantes
Estudo mostra que mulheres grávidas são um grupo chave para monitorar a resistência à malária.
― 8 min ler
Índice
- Desenho do Estudo e População
- Considerações Éticas
- Coleta de Amostras e Recolhimento de Dados
- Análise Genômica
- Resultados do Estudo
- Identificação de Espécies de Malária
- Comparando Frequências Genéticas
- Marcadores de Resistência a Medicamentos
- Tendências Temporais na Resistência
- Complexidade da Infecção
- Conclusão
- Fonte original
A malária é uma doença grave causada por parasitas que são transmitidos por picadas de mosquito. Um grande problema para controlar e acabar com a malária é a resistência a medicamentos, que rola quando os parasitas param de responder aos remédios usados para tratar a doença. Na África subsaariana, um tipo específico de parasita da malária chamado Plasmodium falciparum mostrou resistência à artemisinina, um remédio chave nas opções de tratamento atuais.
Essa resistência é preocupante porque a artemisinina é uma parte fundamental das terapias combinadas usadas como tratamentos de primeira linha em muitos países da África. No Sudeste Asiático, os cientistas têm acompanhado de perto esses parasitas resistentes por muitos anos. Eles usam testes Genéticos para rastrear a propagação dessas linhagens resistentes e para detectar qualquer mudança na eficácia dos tratamentos.
Estudando os genes desses parasitas, os especialistas conseguem reunir informações importantes que ajudam os responsáveis pela saúde pública a tomarem decisões rápidas sobre estratégias de tratamento. Esse método de rastreamento é mais eficiente do que os estudos tradicionais, que frequentemente exigem mais tempo e recursos e só conseguem avaliar a eficácia geral dos tratamentos.
Na República Democrática do Congo (RDC), a situação é crítica, já que o país tem um número alto de casos e mortes por malária. Implementar sistemas de teste e monitoramento eficazes em uma área tão vasta é desafiador, especialmente devido a conflitos em andamento e estruturas sociais frágeis. Uma solução Potencial é usar Mulheres Grávidas que visitam as unidades de saúde para cuidados maternos como um grupo para monitorar a malária, já que essas mulheres são mais fáceis de alcançar do que outros grupos, como crianças.
Neste estudo, nosso objetivo foi descobrir se amostras de mulheres grávidas que frequentam o pré-natal (ANC) poderiam oferecer informações semelhantes às coletadas de crianças. Coletamos dados de ambos os grupos ao longo de dois anos em Kinshasa, a capital da RDC, e analisamos as informações genéticas dos parasitas.
Desenho do Estudo e População
Criamos um estudo focado em mulheres grávidas de todas as idades e crianças menores de 14 anos na mesma área. As mulheres foram convidadas a participar durante suas visitas rotineiras ao pré-natal. Para as crianças, inicialmente planejamos fazer pesquisas em escolas, mas a pandemia de COVID-19 mudou esses planos. Em vez disso, montamos postos de triagem em centros de saúde locais e incentivamos as famílias a virem quando fosse conveniente. Pesquisadores treinados realizaram todos os procedimentos, garantindo que cada participante fosse incluído apenas uma vez.
O estudo foi realizado em duas áreas de Kinshasa-um ambiente urbano e outro mais rural-onde a malária é comum durante todo o ano.
Considerações Éticas
A pesquisa seguiu diretrizes éticas para garantir a segurança e os direitos dos participantes. Todos os indivíduos, ou seus pais no caso de menores, forneceram consentimento por escrito após serem informados sobre o estudo em uma linguagem que entendiam. Recebemos aprovação de vários comitês de saúde e agências governamentais antes de começar a pesquisa.
Coleta de Amostras e Recolhimento de Dados
Os participantes foram testados para malária usando um teste diagnóstico rápido, e seus níveis de hemoglobina foram medidos. Uma pequena amostra de sangue foi retirada dos que testaram positivo para malária para verificar o tipo e a quantidade de parasitas presentes. Também coletamos dados demográficos e de saúde de todos os envolvidos no estudo. Essas informações foram registradas com uma ferramenta de dados eletrônica.
Nosso objetivo era coletar dados de cerca de 650 amostras de cada grupo para estimar com precisão a prevalência de mutações de resistência a medicamentos com um alto nível de confiança. Considerando que a prevalência de malária na área é entre 15% e 30%, planejamos rastrear pelo menos 3.540 indivíduos em cada grupo ao longo de um ano.
Análise Genômica
As amostras de sangue foram analisadas para procurar variações genéticas específicas nos parasitas da malária. Focamos em genes ligados à resistência a medicamentos e outras características, comparando as informações genéticas de mulheres grávidas e crianças para ver se os resultados eram semelhantes entre os dois grupos.
Descobrimos que as frequências genéticas de certos marcadores de resistência a medicamentos eram muito semelhantes entre os dois grupos. Poucas diferenças foram notadas, sugerindo que ambos os grupos tinham populações de parasitas semelhantes.
Resultados do Estudo
Entre novembro de 2021 e junho de 2023, recrutamos um total de 2.794 crianças e 4.001 mulheres grávidas para o estudo. Os testes mostraram que 49% das crianças e 19% das mulheres grávidas tinham malária. Alguns casos que deram positivo para malária pelos testes rápidos não apareceram nos testes laboratoriais mais detalhados, especialmente entre as crianças. Essa discrepância ocorreu porque as crianças frequentemente tinham infecções recentes que ainda apresentavam sinais mas podem não estar ativas.
Em ambos os grupos, os participantes mais jovens tinham densidades de parasitas mais altas, e as mulheres tinham níveis semelhantes de infecções por malária tanto em ambientes urbanos quanto rurais, enquanto níveis mais altos de parasitas foram encontrados na área rural.
Identificação de Espécies de Malária
Das amostras de sangue analisadas, conseguimos identificar parasitas da malária em quase todos os casos, confirmando que eram principalmente Plasmodium falciparum. Também encontramos alguns casos com outras espécies de malária, mas estas eram muito menos comuns.
Comparando Frequências Genéticas
Comparamos os dados genéticos entre mulheres grávidas e crianças para ver se havia diferenças significativas. Os resultados indicaram uma correlação muito forte nas variações genéticas entre os dois grupos, o que significa que a natureza das infecções era semelhante. Apenas algumas variantes específicas mostraram diferenças significativas, mas estas não foram substanciais.
Marcadores de Resistência a Medicamentos
O estudo também examinou genes específicos conhecidos por estarem ligados à resistência a medicamentos. Não encontramos mutações significativas associadas à resistência à artemisinina nas amostras estudadas. No entanto, algumas tendências preocupantes foram observadas em genes relacionados à resistência a anticorpos antifolato, particularmente em mulheres grávidas.
Muitas infecções mostraram combinações de mutações ligadas à redução da sensibilidade aos tratamentos de prevenção da malária comumente usados. Isso levanta preocupações sobre a eficácia desses tratamentos em mulheres grávidas, destacando a necessidade de considerar tratamentos alternativos.
Tendências Temporais na Resistência
Ao comparar dados atuais de resistência genética com dados históricos coletados entre 2012 e 2016, encontramos algumas mudanças notáveis nos perfis de resistência da malária. Por exemplo, a frequência de certos marcadores genéticos resistentes diminuiu significativamente ao longo dos anos, enquanto a resistência a tratamentos antifolato aumentou.
Complexidade da Infecção
Analisamos também a complexidade da infecção, que se refere à presença de múltiplas linhagens de parasitas em um único indivíduo. Os níveis de complexidade foram semelhantes em mulheres grávidas e crianças, indicando que as infecções eram igualmente diversas.
Conclusão
Esse estudo destaca o potencial de usar mulheres grávidas que frequentam cuidados pré-natais como um grupo confiável para monitorar a malária e rastrear a resistência aos medicamentos. Os dados genéticos coletados tanto de mulheres grávidas quanto de crianças mostraram tendências semelhantes, o que poderia simplificar e melhorar a implementação de esforços de vigilância em áreas de alta carga como a RDC.
É importante entender que, embora muitas mulheres tenham sido encontradas infectadas com malária, suas densidades de parasitas mais baixas podem resultar em desafios durante a análise genética. Para resolver isso, os métodos de vigilância podem precisar estabelecer limiares mínimos de parasitas para melhor eficiência.
No geral, essa pesquisa indica que aproveitar os serviços de pré-natal pode ser uma maneira eficaz de monitorar a malária e melhorar as estratégias de tratamento, abordando a questão crítica da resistência a medicamentos em uma população vulnerável. Os esforços contínuos serão essenciais para orientar futuros programas de controle da malária e reduzir o peso dessa doença.
Título: Pregnant women as a sentinel population for genomic surveillance of malaria in the Democratic Republic of Congo
Resumo: Genomic surveillance is a valuable tool for detecting changes in the drug susceptibility of malaria parasites, allowing early modification of treatment strategies. However, implementation can be costly and problematic to set up in fragile and high-burden countries, especially when targeting cohorts of children. To address these challenges, we investigated whether in the Democratic Republic of Congo pregnant women attending antenatal care (ANC) services could act as a surrogate sentinel population. Between 2021 and 2023, we conducted a study in Kinshasa, targeting 4,001 pregnant women attending ANCs, and 2,794 children living in the same area. Blood samples from malaria-positive cases were genotyped using an amplicon sequencing platform, to allow comparisons of Plasmodium falciparum genomes between the two cohorts and estimations of drug-resistance mutations prevalence. Parasite populations sampled from the two cohorts exhibited highly similar allele frequencies at all tested loci, including drug resistance markers potentially under selection. Pregnant women did not have higher frequencies of sulphadoxine-pyrimethamine resistant haplotypes, which undermine preventive treatments, than children, and we did not find any kelch13 mutation at significant frequency. Although parasite densities were lower in adults, the complexity of infection was similar to that in children. There was no evidence of Plasmodium vivax infections in the study. A cohort of pregnant women produces highly similar results to those from children, allowing the implementation of simple and efficient genomic surveillance systems integrated into routine ANC activities, while benefitting women with diagnosis and treatment. ClinicalTrials.gov Identifier: NCT05072613.
Autores: Caterina Fanello, M. Onyamboko, V. Wasakul, S. B. Bakomba, D. K. Kayembe, B. K. Nzambiwishe, P. E. Ekombolo, B. B. Badjanga, J.-R. M. Maindombe, J. N. Ngavuka, B. N. Lwadi, E. Drury, C. Ariani, S. Goncalves, V. Chamsukhee, T. Verschuuren, N. Waithira, S. J. Lee, O. Miotto
Última atualização: 2024-05-27 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.05.27.24307472
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.05.27.24307472.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao medrxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.