Riscos da Febre Tifoide no Vale de Catmandu
Pesquisas mostram que a água dos rios é uma grande fonte de bactérias da febre tifoide.
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Índice
- Vacinas e Tratamentos Atuais
- A Importância de Identificar os Caminhos de Transmissão
- Fontes de Contaminação
- Processo de Amostragem de Água Potável
- Identificando Bactérias nas Amostras de Água
- Testando Água de Rio
- Resultados dos Testes de Água Potável
- Descobertas dos Testes de Água de Rio
- Observações da Interação Humana com a Água do Rio
- Considerações Finais
- Fonte original
- Ligações de referência
A febre tifóide é uma doença séria transmitida principalmente por comida e água contaminadas. Ela é causada por uma bactéria chamada Salmonella Enterica, mais especificamente pelos tipos Typhi e Paratyphi. Todo ano, a febre tifóide resulta em milhões de casos e milhares de mortes ao redor do mundo. Com uma sanitação melhor em lugares como Europa e América do Norte, o número de casos de tifóide caiu bastante nessas regiões. Mas, em muitos países, especialmente na África e no Sul da Ásia, a febre tifóide ainda é um problemão. Por exemplo, no Nepal, que tem uma taxa alta de infecção por tifóide, há muitos casos todo ano.
Vacinas e Tratamentos Atuais
Para prevenir a febre tifóide, existem vacinas disponíveis. As opções atuais incluem vacinas inativadas de células inteiras e vacinas orais. No entanto, essas vacinas não são totalmente eficazes; funcionam apenas cerca de 55% das vezes. Além disso, crianças bem pequenas não podem receber essas vacinas, o que as deixa em maior risco da doença. Os antibióticos podem tratar a febre tifóide, mas a resistência a esses medicamentos está se tornando mais comum, dificultando o tratamento.
Uma vacina, chamada TyVAC, mostrou resultados promissores em testes, provando ser cerca de 85% eficaz. Mesmo assim, a vacinação sozinha não eliminou a transmissão da febre tifóide, especialmente em regiões como Bangladesh, onde áreas vacinadas ainda relatam altas taxas da doença. Para realmente parar a propagação da tifóide, é necessário um enfoque mais amplo que também trate questões de higiene e políticas.
A Importância de Identificar os Caminhos de Transmissão
Para controlar a febre tifóide de forma eficaz, é importante entender como a doença se espalha. Estudos mostraram que a bactéria que causa a tifóide pode existir em vários ambientes, incluindo fontes de água. Monitorando de perto esses ambientes, conseguimos descobrir onde as bactérias são encontradas e como os humanos entram em contato com elas.
Pesquisas apontaram que a Água potável contaminada é uma rota significativa para a disseminação da febre tifóide. Muitos estudos indicaram que usar fontes de água não tratadas aumenta as chances de adoecer. No Nepal, estudos anteriores encontraram uma alta presença de bactérias tifóides na água potável pública. Testes mostraram que a água municipal em Katmandu carrega as bactérias, tornando-se uma fonte principal de transmissão. Contudo, desde os estudos originais, mudanças no abastecimento de água e na infraestrutura, devido a fatores como terremotos, tornaram necessário buscar novas fontes de transmissão.
Fontes de Contaminação
Além da água potável, pesquisas mostraram que a água de rio pode também ser uma fonte de bactérias tifóides. Estudos passados em diferentes países indicaram que usar água de rio para várias finalidades, como cozinhar e lavar, pode levar a taxas de infecção mais altas. No Nepal, um estudo recente indicou que usar água de rio pode aumentar bastante o risco de pegar febre tifóide.
Nossa pesquisa busca descobrir quanto de água de rio e outras fontes na região do Vale de Katmandu e áreas ao redor contêm bactérias causadoras de tifóide. Vamos analisar amostras de água potável e água de rio para ver como elas contribuem para a propagação da doença.
Processo de Amostragem de Água Potável
Para entender melhor a situação, fizemos uma pesquisa em lares em Katmandu e áreas próximas para identificar as fontes de água potável. Selecionamos aleatoriamente casas e coletamos amostras de água potável. Em cada casa, pegamos um litro de água de torneiras ou recipientes de uma forma segura para evitar contaminação. A água foi coletada de diferentes fontes, incluindo abastecimento municipal, vendedores privados e rios.
Após coletar essas amostras, armazenamos com cuidado e transportamos para um laboratório para testes. Ao mesmo tempo, registramos informações sobre como cada lar coleta e purifica sua água potável.
Identificando Bactérias nas Amostras de Água
Para verificar a presença de bactérias causadoras de tifóide em nossas amostras, usamos testes laboratoriais específicos. Determinamos a sensibilidade dos nossos métodos de teste para garantir resultados precisos. Criando um ambiente controlado, adicionamos algumas amostras de água com quantidades conhecidas de bactérias e testamos nossos métodos para descobrir o nível mínimo de bactérias que conseguimos detectar.
Nossos testes mostraram que conseguimos detectar as bactérias em quantidades muito pequenas de água. Aplicamos esse conhecimento em nossas amostras de água potável e água de rio.
Testando Água de Rio
Nós também coletamos amostras diretamente de rios no Vale de Katmandu. Ao longo de vários meses, pegamos amostras de diferentes locais para ver quão contaminada estava a água do rio. Olhamos especialmente para áreas acima e abaixo do centro da cidade para entender como a poluição das áreas urbanas pode afetar a qualidade da água dos rios.
Nos nossos testes, procuramos sinais de contaminação fecal e a presença de bactérias tifóides. Também coletamos informações sobre as condições em cada ponto de amostragem, incluindo quaisquer sinais de poluição ou drenagem de esgoto.
Resultados dos Testes de Água Potável
Coletamos um total de 370 amostras de água potável e as analisamos. Os resultados mostraram alguma contaminação, mas foi bem menor em comparação com a água do rio. As casas tinham diferentes fontes de água potável, com algumas dependendo do abastecimento municipal e outras usando água de superfície de rios ou vendedores privados.
Apenas um pequeno número das amostras de água potável testou positivo para bactérias tifóides, indicando que, embora existam riscos, a água potável não é a principal fonte de contaminação que observamos nos rios.
Descobertas dos Testes de Água de Rio
Quando analisamos a água dos rios, encontramos uma taxa de contaminação muito maior. Entre quase 400 amostras de rio coletadas, 45% testaram positivas para S. Typhi e 40% para S. Paratyphi A. Esses resultados foram preocupantes e destacaram a necessidade de mais atenção na qualidade da água dos rios.
Os maiores níveis de contaminação foram encontrados em áreas abaixo e perto de regiões populacionais. Isso sugere que a atividade humana, incluindo o escoamento de resíduos, contribui significativamente para a presença dessas bactérias na água dos rios.
Observações da Interação Humana com a Água do Rio
Nossa equipe também observou como as pessoas interagem com a água do rio. Em muitos pontos de amostragem, notamos atividades como banho, lavagem de roupas e limpeza de vegetais no rio. Essas práticas levantam preocupações importantes sobre como essas atividades podem expor os indivíduos a bactérias tifóides.
Em instâncias onde as pessoas estavam lavando vegetais, descobrimos que a água contaminada poderia ser um caminho para a disseminação das bactérias, especialmente porque alguns vegetais são consumidos crus.
Considerações Finais
O estudo mostra que, enquanto as fontes de água potável estão relativamente menos contaminadas com bactérias causadoras de tifóide, a água dos rios no Vale de Katmandu apresenta um risco maior. As descobertas indicam que a água de rio contaminada provavelmente está contribuindo para a propagação contínua da febre tifóide na área. Abordar a poluição nos rios e melhorar a infraestrutura de saneamento é crucial para controlar a transmissão da febre tifóide.
Há uma necessidade de pesquisa mais extensa para entender melhor a relação entre a contaminação ambiental e a disseminação da doença. Esse entendimento pode ajudar a moldar estratégias de saúde pública eficazes que incluem monitoramento e melhoria da qualidade da água e práticas de saneamento. Enfrentando esses problemas, as comunidades podem trabalhar para reduzir o peso da febre tifóide e melhorar a saúde pública.
Título: Environmental surveillance for typhoidal Salmonellas in household and surface waters in Nepal identifies potential transmission pathways
Resumo: IntroductionSalmonella Typhi and Salmonella Paratyphi, fecal-oral transmitted bacterium have temporally and geographically heterogeneous pathways of transmission. Previous work in Kathmandu Nepal implicated stone waterspouts as a dominant transmission pathway after 77% of samples tested positive for S. Typhi and 70% for S. Paratyphi. Due to a falling water table, these spouts no longer provide drinking water, but typhoid fever persists, and the question of the diseases dominant pathway of transmission remains unanswered. MethodsWe used environmental surveillance to detect S. Typhi and Paratyphi DNA from potential sources of transmission. We collected 1L drinking water samples from a population-based random sample of households between February and October 2019 Between November 2019 and July 2021, we collected monthly 50 mL river water samples from 19 sites along the rivers leading through the Kathmandu and Kavre Districts of Nepal. We processed drinking water samples using a single qpcr and processed river water samples using differential centrifugation and qPCR at time 0 and after 16 hours of culture enrichment. A 3-cycle threshold (Ct) decrease of S. Typhi or S. Paratyphi, pre- and post-enrichment, was used as evidence of growth. We also performed structured observations of human-environment interactions to understand pathways of potential exposure. ResultsAmong 370 drinking water samples, S. Typhi was detected in 7 samples (1.8%) and S. Paratyphi A was detected in 4 (1.0%) samples. Among 381 river water samples, S. Typhi was detected in 171 (45%) and S. Paratyphi A was detected in 152 (42%) samples. Samples located upstream of the Kathmandu city center were positive for S. Typhi 12% of the time while samples from locations in and downstream the city had bacterial DNA detected 58% and 67% of the time respectively. Individuals were observed bathing in the rivers, washing clothes, and washing vegetables for sale in Kathmandu markets. ImplicationsThese results suggest that drinking water was not the dominant pathway of transmission of S. Typhi and S. Paratyphi A in the Kathmandu Valley in 2019. The high degree of river water contamination and its use for washing vegetables raises the possibility that river systems srepresent an important source of typhoid exposure in Kathmandu. Author SummaryUnderstanding the dominant route of transmission of a pathogen is important for designing and implementing effective control strategies. Salmonella Typhi and Paratyphi which cause typhoid and paratyphoid fever infect an estimated 10 million people and kill more than 100,000 annually. In Kathmandu prior work suggested that stone spouts where people collected drinking water were contaminated and driving transmission of the diseases. However, many of these spouts no longer function, and people are still getting sick. We tested drinking water from households in this area as well as local river water and found that 13 drinking water samples were positive for S.Typhi and 15 were positive for S. Paratyphi and many river samples tested positive for these bacterium. River water samples were not often positive upstream of Kathmandu city center (12% positive for S.Typhi) but were often positive within the city center (58% positive for S.Typhi) and in rural areas up to 10 km downstream of the city (67% positive for S.Typhi). During sample collection, individuals were observed interacting with rivers by walking in them, washing clothes and washing vegetables for sale in markets. This study shows that drinking water may not be primary driver of typhoid transmission in the Kathmandu valley, but that sewage contaminated river water may be a foci of transmission into the wider population.
Autores: Christopher LeBoa, S. Shrestha, J. Shakya, S. R. Naga, M. Shakya, A. T. Yu, R. Shrestha, K. Vaidya, N. Katuwal, K. Aiemjoy, I. I. Bogoch, C. B. Uzzell, D. O. Garrett, S. P. Luby, J. R. Andrews, D. Tamrakar
Última atualização: 2023-05-02 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.02.23289369
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.02.23289369.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
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