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Chlamydia trachomatis: Impacto na Cromatina e Expressão Gênica

Chlamydia trachomatis altera a estrutura da cromatina, afetando a expressão gênica e as respostas imunológicas.

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O Impacto da Clamídia naO Impacto da Clamídia naDinâmica da Cromatinae a resposta imune.Infecção altera a metilação de histonas
Índice

Chlamydia trachomatis é uma bactéria que causa infecções sexualmente transmissíveis e pode também infectar os olhos. Ela afeta células em várias partes do corpo, principalmente aquelas que revestem os genitais e os olhos. Quando essa bactéria infecta uma célula, não só ela se multiplica, mas também afeta o material genético da célula e como ela funciona. Uma das áreas mais afetadas é a cromatina, que é um complexo de DNA e proteínas encontrado no núcleo da maioria das células. Essas mudanças podem impactar a expressão gênica, que é como as células usam as informações de seus genes para produzir proteínas que realizam funções específicas.

Estrutura e Modificações da Cromatina

A cromatina pode existir em um estado compacto ou relaxado, que influencia se os genes podem ser acessados e ativados. A estrutura da cromatina é influenciada por modificações químicas do DNA e das histonas, que são as proteínas que ajudam a embalar o DNA. Duas modificações bem conhecidas são a metilação do DNA e a metilação das histonas.

  • Metilação do DNA: Esse processo geralmente silencia genes, tornando-os menos acessíveis para expressão.
  • Metilação das Histonas: Isso pode ativar ou silenciar genes, dependendo de qual histona é modificada e onde.

O comportamento geral da cromatina afeta diretamente como as células reagem a vários estímulos, incluindo infecções.

O Papel do Metabolismo na Dinâmica da Cromatina

Descobertas recentes indicam que o metabolismo de uma célula pode influenciar a estrutura da cromatina. Alguns Metabólitos-substâncias produzidas durante o metabolismo-são necessários para os processos que modificam a cromatina. Por exemplo, S-adenosilmetionina (SAM) é necessária para certas reações de metilação, enquanto substâncias como 2-oxoglutarato (aK-G) e ferro também desempenham papéis cruciais. Mudanças na disponibilidade desses metabólitos podem, portanto, afetar como a cromatina é modificada.

Quando a Chlamydia trachomatis infecta células, ela altera o cenário de metabolitos, o que pode impactar a atividade de proteínas que modificam a cromatina. Isso pode levar a mudanças significativas em como os genes são expressos dentro das células infectadas.

Infecção Bacteriana e Mudanças na Metilação das Histonas

Estudos mostraram que, quando as células são infectadas com Chlamydia trachomatis, há um aumento em certas marcas de metilação de histonas. Esse aumento não é uniforme em todas as células, mas varia dependendo do nível de infecção. Células infectadas podem mostrar diferentes níveis de metilação, e conforme a infecção avança, mais células apresentam altos níveis dessas modificações.

Surpreendentemente, dentro de células individuais, diferentes modificações de histonas costumam se correlacionar. Isso significa que quando uma marca de histona está presente em altos níveis, outras provavelmente estarão também. Esse padrão sugere uma mudança ampla em como a cromatina é estruturada durante a infecção.

Os Efeitos da Metilação das Histonas na Expressão Gênica

A metilação das histonas durante a infecção por Chlamydia foi encontrada para influenciar a expressão de genes relacionados à resposta imunológica. Alguns genes que normalmente são ativados durante uma infecção podem não responder corretamente devido ao estado alterado da cromatina.

Por exemplo, em células infectadas, histonas marcadas para ativação (como H3K4me3) e para repressão (como H3K9me3) podem mostrar ambos aumento de metilação. Isso torna difícil prever o efeito geral na expressão gênica, já que sinais opostos podem levar a resultados conflitantes.

Desequilíbrio Metabólico e Atividade das Demetilases

Os altos níveis de metilação de histonas observados em células infectadas sugerem uma falha na demetilação, o processo que remove grupos metil dos histonas e permite a ativação gênica. Essa falha pode decorrer da falta de metabólitos essenciais necessários para o funcionamento adequado das demetilases, as enzimas que realizam a demetilação.

Durante as fases finais da infecção, as concentrações de metabólitos como SAM e aK-G caem significativamente, provavelmente devido ao consumo dessas substâncias pelas bactérias. Essa queda prejudica a atividade das demetilases e resulta na acumulação de histonas metiladas.

Evidências Experimentais de Mudanças nas Histonas

Pesquisas envolvendo vários tipos de células cultivadas, incluindo células primárias de indivíduos infectados, mostraram padrões consistentes de metilação de histonas durante a infecção por Chlamydia. Quando essas células foram analisadas, um aumento claro nos níveis de metilação foi notado, particularmente para marcas específicas associadas tanto à ativação quanto à repressão gênica.

Experimentos adicionais envolvendo análise proteômica revelaram um aumento global na metilação de proteínas, além das histonas. Isso sugere que a infecção dispara uma resposta metabólica que impacta muitas proteínas celulares, não apenas aquelas envolvidas na dinâmica da cromatina.

Impacto da Atividade Bacteriana nas Mudanças de Histonas

A presença de bactérias vivas foi mostrada para correlacionar com o aumento da metilação das histonas. Quando o crescimento da Chlamydia foi inibido através de antibióticos, os níveis de metilação das histonas diminuíram, confirmando a ligação entre a atividade bacteriana e as mudanças na estrutura da cromatina.

Curiosamente, uma proteína bacteriana específica conhecida como Nue foi suspeita de contribuir para a metilação das histonas. No entanto, mesmo na ausência de Nue, a hipermetilação das histonas ainda ocorreu, indicando que outros fatores relacionados à infecção e às mudanças metabólicas estavam em jogo.

Reparando a Atividade das Demetilases

Considerando que o estado de infecção reduz a atividade das demetilases, os pesquisadores buscaram explorar opções para restaurar essa atividade. Eles testaram os efeitos de fornecer ferro adicional e aK-G para células infectadas. Esses compostos são conhecidos por apoiar a função das demetilases.

A suplementação com esses compostos mostrou uma reversão parcial da hipermetilação das histonas, sugerindo que o acesso a esses metabólitos críticos pode ajudar a restaurar a função normal das demetilases durante a infecção.

Efeitos na Expressão Gênica do Hospedeiro

As mudanças na modificação das histonas foram ligadas à resposta transcricional das células hospedeiras durante a infecção. Quando o ambiente foi alterado através da adição de aK-G, diferenças significativas nos padrões de expressão gênica emergiram. Muitos genes que foram aumentados durante a infecção foram diminuídos com o tratamento com aK-G, indicando que as mudanças na cromatina tiveram um impacto direto em como o sistema imunológico respondeu.

Particularmente, os níveis de expressão de vários marcadores inflamatórios importantes, como CCL20 e IL-6, foram modulados pelo estado metabólico das células. Isso destaca o potencial de intervenções metabólicas para afetar como as células respondem a infecções.

Supressão das Respostas Anti-inflamatórias

Conforme a infecção avança, uma resposta anti-inflamatória frequentemente se desenvolve, levando a uma diminuição na sinalização imunológica. Esse fenômeno foi observado em camundongos infectados com Chlamydia, onde os níveis de várias citocinas diminuíram com o tempo.

Os dados sugeriram que uma atividade adequada das demetilases era necessária para a resolução adequada da inflamação. Quando a atividade das demetilases foi inibida através do uso de inibidores específicos, a resposta inflamatória aguda foi diminuída, indicando um papel potencial para essas enzimas na gestão da resposta imunológica durante a infecção.

Conclusão

A infecção por Chlamydia trachomatis leva a mudanças significativas na estrutura e dinâmica da cromatina, principalmente através de alterações nos padrões de metilação das histonas. Essas mudanças surgem de uma complexa interação entre o metabolismo bacteriano e as respostas celulares do hospedeiro.

As descobertas gerais sugerem que as mudanças metabólicas durante a infecção podem ter consequências de longo alcance nas modificações da cromatina, impactando potencialmente a expressão gênica e a resposta imunológica do hospedeiro. Ao direcionar metabólitos envolvidos nas modificações das histonas, pode ser possível influenciar como as células respondem à infecção por Chlamydia, abrindo caminho para novas estratégias terapêuticas.

A pesquisa continua a desvendar as intrincadas relações entre infecção bacteriana, metabolismo e dinâmica da cromatina, oferecendo insights que podem ser cruciais para desenvolver intervenções eficazes contra a Chlamydia e patógenos semelhantes.

Fonte original

Título: Metabolic imprint of an intracellular pathogen drives histone hypermethylation and tunes the host transcriptional response to infection

Resumo: Chlamydia trachomatis, an intracellular bacterium, highjacks metabolites from the host cell. We provide evidence of global hypermethylation of the host proteome, including histones, during the late stages of infection and that histone hypermethylation is the result of metabolic imbalance favoring the activity of lysine methyl transferases over demethylases. We find that histones hypermethylated at residues H3K4 and H3K9 are distributed throughout the chromatin. Inhibition of bacterial growth, or supplementation of the culture medium with iron or with dimethyl-ketoglutarate (DMKG) reduced histone hypermethylation. DMKG supplementation modified the transcription of about one third of the infection-responsive genes, including genes involved in the innate response to infection. Transfer RNA (tRNA) levels decreased late in infection and DMKG supplementation prevented this phenomenon. Finally, we uncovered a robust, histone demethylase dependent shut-down of the innate response in the mouse genital tract shortly after the acute phase of infection. Overall, our data show that the metabolic pressure exerted by a pathogen with an intracellular lifestyle drives an epigenetic imprint that tunes the transcriptional response of its host.

Autores: Agathe Subtil, C. I. Charendoff, F. V. Louchez, Y. Wu, L. Dolat, G. Velasco, S. Perrinet, A. G. Torres, L. Blanchet, M. Duchateau, Q. G. Gianetto, M. Matondo, L. Del Maestro, S. Ait-Si-Ali, F. Bonhomme, G. Millot, L. Ribas de Pouplana, E. D. Martinez, R. Valdivia

Última atualização: 2024-06-05 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.04.597420

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.04.597420.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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