O Papel dos Bacteroides na Saúde Intestinal
Analisando como as bactérias do intestino usam açúcares complexos pra melhorar a saúde.
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Índice
- Bacteroidota e a Capacidade de Quebrar Comida
- O Caso de Bacteroides thetaiotaomicron
- Entendendo a Utilização de RFOs
- Duplicação do BT1871 e Seu Impacto no Crescimento
- Mutações no Fator Anti-Sigma BT1876
- Outros Fatores Genéticos na Utilização de RFOs
- O Papel do PUL22 na Utilização de RFOs
- Regulação Global dos Genes do PUL24
- Locais de Início de Transcrição no PUL24
- A Importância do BT1871 em Outras Espécies de Bacteroides
- Conclusão: Implicações para a Saúde Intestinal e Pré-bióticos
- Fonte original
As bactérias do intestino, principalmente as de um grupo chamado Bacteroides, são super importantes pra saúde humana. Elas ajudam a gente a digerir a comida pra conseguir energia, produzem algumas vitaminas essenciais e mantêm os germes ruins longe. Também ajudam nosso sistema imunológico e fazem a conexão entre o intestino e o cérebro. O intestino humano é cheio de micróbios diversos, mas é basicamente dividido em dois grupos: Bacillota e Bacteroidota.
Bacteroidota e a Capacidade de Quebrar Comida
Entre as Bacteroidota, tem uma habilidade especial de digerir açúcares complexos que vêm de plantas e da nossa alimentação. Elas usam grupos de genes chamados Polysaccharide Utilization Loci (PUL) pra detectar, transportar e quebrar esses açúcares. Um PUL típico tem proteínas que ajudam nesse processo, com algumas atuando como transportadoras e outras ligando aos açúcares.
Cada PUL é projetado pra lidar com diferentes tipos de açúcares, então a expressão dos genes é bem controlada. Dois mecanismos comuns pra esse controle são os Sistemas Híbridos de Dois Componentes (HTCS) e um tipo de fator sigma chamado função extracitoplasmática (ECF). O HTCS combina funções de detecção e resposta em uma única estrutura que atravessa a membrana celular. Os sensores detectam cadeias curtas de açúcares, acionando uma resposta que aumenta a transcrição de certos genes. Já as proteínas ECF estão ligadas à quebra de açúcares que vêm dos nossos corpos.
O Caso de Bacteroides thetaiotaomicron
Bacteroides thetaiotaomicron é um tipo de micróbio intestinal bem estudado por sua capacidade de usar uma variedade de polissacarídeos. Ele tem mais de 100 PULs no seu material genético, tornando-o especialmente eficaz em quebrar diferentes componentes alimentares. Embora muito da pesquisa se concentre em como B. thetaiotaomicron usa açúcares complexos, se sabe menos sobre sua capacidade de lidar com moléculas de açúcar menores, especificamente os oligossacarídeos da família da rafinose (RFOs).
As RFOs são açúcares compostos de glicose, frutose e galactose. Elas estão em abundância nas sementes de várias leguminosas, como soja e lentilhas. Os humanos não conseguem quebrar as RFOs porque faltam as enzimas necessárias, mas elas podem chegar aos nossos intestinos, onde micróbios intestinais, como B. thetaiotaomicron, as usam. Estudos recentes mostram que as RFOs são benéficas pra saúde intestinal porque promovem o crescimento de boas bactérias.
Entendendo a Utilização de RFOs
Pra entender como B. thetaiotaomicron processa as RFOs, é crucial explorar quais genes e enzimas estão envolvidos. Descobrimos anteriormente que um gene específico, BT1871, codifica uma enzima chamada α-galactosidase, que é essencial pra quebrar as RFOs. Deletar esse gene faz com que B. thetaiotaomicron não consiga crescer quando as RFOs são a única fonte de carbono disponível.
Na nossa pesquisa, vimos que a eficácia com que B. thetaiotaomicron usa RFOs é limitada por baixos níveis de expressão do BT1871. Identificamos dois tipos de mutações que aumentam a atividade do BT1871. Uma mutação foi a duplicação do gene BT1871, levando a um crescimento melhor em RFOs. A segunda envolveu uma mutação que afetou um gene chamado BT1876, que regula a expressão do BT1871. Destruir o BT1876 também aumentou a quantidade de BT1871 produzida, resultando em uma melhor utilização das RFOs.
B. thetaiotaomicron precisa tanto do BT1871 quanto de outras enzimas de um cluster de genes diferente, o PUL22, pra quebrar completamente as RFOs. O BT4338, um regulador global do uso de carboidratos, também tem um papel em controlar a expressão do BT1871. Isso mostra como múltiplos elementos genéticos trabalham juntos pra melhorar o processamento das RFOs.
Duplicação do BT1871 e Seu Impacto no Crescimento
Quando estudamos B. thetaiotaomicron, encontramos que mutações podem levar a variações no desempenho ao usar RFOs. Por exemplo, descobrimos que estirpes com uma versão duplicada do gene BT1871 tendiam a crescer muito melhor em RFOs comparadas àquelas com apenas uma cópia do gene.
Investigações em outros mutantes forneceram mais insights. Realizamos sequenciamento genético em diferentes estirpes isoladas, que revelou que a estirpe parenta de B. thetaiotaomicron tinha uma duplicação de uma região genética-chave que inclui o BT1871. Essa duplicação parece colocar o BT1871 sob um promotor forte, aumentando consequentemente sua expressão.
Mutações no Fator Anti-Sigma BT1876
Outra descoberta significativa envolve o gene do fator anti-sigma BT1876. Mutações nesse gene levaram a níveis mais altos de expressão do BT1871. Fizemos uma deleção específica no BT1876 pra ver se essa mudança afetaria o crescimento em RFOs. O resultado mostrou uma melhora substancial no crescimento em RFOs, indicando que o fator anti-sigma limita diretamente a quantidade de BT1871 produzida.
Experimentos adicionais mostraram que quando o BT1876 foi inativado, B. thetaiotaomicron conseguiu usar melhor as RFOs devido aos altos níveis de BT1871. Estirpes mutantes que faltavam tanto o BT1876 quanto o BT1871 foram mal em RFOs, confirmando a importância do BT1871 no processo.
Outros Fatores Genéticos na Utilização de RFOs
Além do BT1871 e do BT1876, tentamos identificar outros genes que poderiam ajudar na utilização das RFOs. Verificamos outros α-galactosidases em B. thetaiotaomicron, mas não encontramos que nenhuma tivesse uma contribuição significativa pra quebrar as RFOs.
Também investigamos genes fora dos principais clusters gênicos. Nossa análise de RNA identificou vários genes que estavam expressos de forma diferencial ao comparar culturas cultivadas em RFOs versus glicose. Notamos que, mesmo que o BT1871 não mostrasse regulação positiva, vários outros genes mostraram, fornecendo mais compreensão dos caminhos envolvidos.
O Papel do PUL22 na Utilização de RFOs
Nossos estudos revelaram que outro cluster de genes, o PUL22, é crucial pra processar efetivamente açúcares das RFOs. Quando mutamos um regulador de genes chamado BT1754 nesse cluster, B. thetaiotaomicron enfrentou problemas de crescimento em RFOs. Ao examinar outros genes no PUL22, descobrimos que eles funcionavam de forma redundante, permitindo que B. thetaiotaomicron tivesse flexibilidade na utilização de açúcares disponíveis.
Em experimentos mais detalhados, mutações individuais nos genes de sucrase dentro do PUL22 mostraram que, embora pudessem agir de forma independente, funcionavam melhor em conjunto pra apoiar a quebra das RFOs.
Regulação Global dos Genes do PUL24
Uma pergunta chave que surgiu foi como B. thetaiotaomicron regula a expressão dos genes do PUL24, especialmente em resposta às RFOs. Focamos na proteína BT4338, que atua como regulador global. Nossos achados indicaram que o BT4338 influencia a atividade dos genes do PUL24, particularmente no contexto das RFOs.
Quando examinamos o crescimento das estirpes na ausência do BT4338, observamos grandes dificuldades no processamento de RFOs. A conexão entre a atividade do BT4338 e a expressão dos genes do PUL24 enfatiza como redes inteiras de genes cooperam pra gerir a quebra de açúcares complexos.
Locais de Início de Transcrição no PUL24
Pra ganhar mais entendimento, analisamos onde a transcrição começa no cluster PUL24 ao crescer em RFOs. Através de técnicas avançadas, descobrimos novos locais de início de transcrição que respondiam à presença das RFOs, especialmente quando o fator anti-sigma BT1876 foi deletado.
Esses achados indicam que diferentes elementos regulatórios controlam quando e como esses genes são expressos, mostrando uma interação complexa que se ajusta com base no ambiente microbiano.
A Importância do BT1871 em Outras Espécies de Bacteroides
Nossa pesquisa também questionou se os mecanismos de utilização de RFOs observados em B. thetaiotaomicron se aplicam a outros membros do grupo Bacteroides. Observamos genes homólogos semelhantes entre várias espécies de Bacteroides e confirmamos seu envolvimento na quebra de RFOs.
Através de experimentos, descobrimos que espécies com genes semelhantes ao BT1871 eram mais eficientes em crescer em melibiose, apoiando a noção de que essa enzima é essencial entre várias Bacteroides.
Conclusão: Implicações para a Saúde Intestinal e Pré-bióticos
Esse estudo melhora nossa compreensão de como micróbios intestinais como B. thetaiotaomicron quebram açúcares complexos, enfatizando a importância das RFOs na nossa dieta. Ao entender a genética por trás da utilização de açúcares, abrimos portas para melhores recomendações alimentares e o uso potencial de pré-bióticos pra melhorar a saúde intestinal.
As interações entre diferentes sistemas genéticos nesses micróbios mostram uma adaptabilidade notável que pode informar pesquisas e aplicações futuras em nutrição e saúde. O trabalho feito aqui estabelece a base para estudos contínuos sobre os papéis das bactérias intestinais e suas interações com nossas escolhas alimentares.
Título: Determinants of raffinose family oligosaccharide use in Bacteroides species
Resumo: Bacteroides species are successful colonizers of the human gut and can utilize a wide variety of complex polysaccharides and oligosaccharides that are indigestible by the host. To do this, they use enzymes encoded in Polysaccharide Utilization Loci (PULs). While recent work has uncovered the PULs required for use of some polysaccharides, how Bacteroides utilize smaller oligosaccharides is less well studied. Raffinose family oligosaccharides (RFOs) are abundant in plants, especially legumes, and consist of variable units of galactose linked by -1,6 bonds to a sucrose (glucose -1-{beta}-2 fructose) moiety. Previous work showed that an -galactosidase, BT1871, is required for RFO utilization in Bacteroides thetaiotaomicron. Here, we identify two different types of mutations that increase BT1871 mRNA levels and improve B. thetaiotaomicron growth on RFOs. First, a novel spontaneous duplication of BT1872 and BT1871 places these genes under control of a ribosomal promoter, driving high BT1871 transcription. Second, nonsense mutations in a gene encoding the PUL24 anti-sigma factor likewise increase BT1871 transcription. We then show that hydrolases from PUL22 work together with BT1871 to break down the sucrose moiety of RFOs and determine that the master regulator of carbohydrate utilization (BT4338) plays a role in RFO utilization in B. thetaiotaomicron. Examining the genomes of other Bacteroides species, we found homologs of BT1871 in subset and show that representative strains of species containing a BT1871 homolog grew better on melibiose than species that lack a BT1871 homolog. Altogether, our findings shed light on how an important gut commensal utilizes an abundant dietary oligosaccharide. ImportanceThe gut microbiome is important in health and disease. The diverse and densely populated environment of the gut makes competition for resources fierce. Hence, it is important to study the strategies employed by microbes for resource usage. Raffinose family oligosaccharides are abundant in plants and are a major source of nutrition for the gut microbiota since they remain undigested by the host. Here, we study how the model gut commensal, Bacteroides thetaiotaomicron utilizes raffinose family oligosaccharides. This work highlights how an important member of the microbiota uses an abundant dietary resource.
Autores: Carin K Vanderpool, A. Basu, A. N. Adams, P. H. Degnan
Última atualização: 2024-06-07 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.07.597959
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.07.597959.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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