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# Biologia # Biofísica

Como os Parasitas Toxoplasma Invadem Células-Hospedeiras

Investigando o processo de invasão do Toxoplasma gondii e seus efeitos nas células do hospedeiro.

Joshua Zimmerberg, Y. Kegawa, F. Male, I. Jimenez Munguia, P. S. Blank, E. Mekhedov, G. Ward

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Patógenos protozoários são organismos minúsculos que podem causar doenças sérias em humanos e animais. Esses patógenos pertencem a um grupo chamado Apicomplexa, que inclui doenças bem conhecidas como malária, toxoplasmose e criptosporidiose. Essas doenças são grandes problemas de saúde ao redor do mundo, principalmente porque existem apenas algumas vacinas eficazes e tratamentos limitados disponíveis.

Ciclo de Vida dos Apicomplexa

Os patógenos protozoários são conhecidos como parasitas intracelulares obrigatórios, ou seja, eles precisam viver dentro de uma célula hospedeira para sobreviver e se reproduzir. O ciclo de vida deles começa quando invadem uma célula hospedeira. Para essa invasão, eles têm estruturas especiais chamadas organelas secretoras. Nos Apicomplexa, existem dois tipos principais dessas organelas: micronemas e roptrias. Essas organelas liberam proteínas que ajudam os parasitas a invadir as Células Hospedeiras.

No Toxoplasma Gondii, um tipo de Apicomplexa, o taquizoíto é o estágio da vida que causa a infecção aguda. As micronemas são encontradas principalmente na parte frontal do parasita, enquanto as roptrias são as organelas maiores que têm duas partes: um pescoço e uma lâmpada. Quando o parasita se prepara para invadir uma célula hospedeira, as roptrias e micronemas liberam seu conteúdo, permitindo que o parasita penetre na célula hospedeira.

O Mistério das Proteínas Roptria

Um aspecto intrigante do processo de invasão é como as proteínas roptria podem ser encontradas no citoplasma da célula hospedeira mesmo quando o parasita não invadiu completamente. Normalmente, as proteínas produzidas dentro de uma célula ficam em uma parte específica da célula e não entram em outras áreas sem passar pela membrana celular. Isso sugere que algum mecanismo único permite que essas proteínas escapem das organelas roptrias para a célula hospedeira.

Uma das proteínas chave, RON2, é inserida na membrana da célula hospedeira depois que a roptria liberou seu conteúdo. RON2 ajuda a formar um complexo que permite que o parasita entre na célula hospedeira, e também interage com outras proteínas no próprio parasita.

Mudanças Iniciais da Membrana da Célula Hospedeira

Antes que os taquizoítos do Toxoplasma invadam as células hospedeiras, os pesquisadores observaram um aumento temporário na condutância elétrica da membrana da célula hospedeira. Essa mudança acontece justamente antes do parasita entrar na célula, sugerindo que a membrana da célula hospedeira é alterada pelo parasita antes da invasão real. Estudos recentes indicam que esse aumento na condutância depende da exocitose do conteúdo das roptrias, mas os fatores específicos que causam essa mudança ainda não estão claros.

Estudos detalhados dessas mudanças de condutância revelaram que há múltiplas etapas na mudança de condutância durante a invasão, sugerindo um modelo onde múltiplas aberturas ou "poros" são formados na membrana da célula hospedeira. A presença de RON2 parece afetar as características dessas mudanças de condutância, o que indica um papel potencial no processo de formação dos poros.

Design e Métodos do Estudo

Cultivo de Células

Neste estudo, tipos específicos de células foram cultivadas para os experimentos. Células fibroblásticas COS1 foram cultivadas em um meio rico em nutrientes a uma temperatura controlada com níveis adequados de dióxido de carbono. Essas células foram preparadas para os testes, sendo lavadas e soltas de seus recipientes antes de monitorar seu comportamento quando expostas a taquizoítos de Toxoplasma.

Fibroblastos de prepúcio humano (HFFs) também foram cultivados de maneira semelhante, proporcionando uma camada adicional de entendimento sobre como os parasitas interagem com diferentes tipos de células.

Cultivo de Toxoplasma gondii

As linhagens de Toxoplasma gondii usadas no estudo foram cultivadas dentro de células fibroblásticas humanas. Os pesquisadores isolavam os taquizoítos das células infectadas, preparando-os para uso em experimentos para estudar a capacidade deles de invadir células hospedeiras.

Realização dos Experimentos

Os pesquisadores usaram várias técnicas para analisar o comportamento das células hospedeiras e dos parasitas invasores. Eles observaram como as células respondiam eletricamente à presença de taquizoítos de Toxoplasma. O objetivo era observar mudanças na condutância da membrana, que é como as correntes elétricas passam pela membrana celular.

Analisando Transientes de Cálcio

Além de medir mudanças elétricas, foram realizados experimentos para observar os movimentos de cálcio nas células hospedeiras. A presença de cálcio é importante em sinalizações para vários processos celulares, incluindo reações a infecções. O influxo de cálcio nas células durante a invasão do parasita foi registrado para entender melhor como o Toxoplasma afeta o comportamento da célula hospedeira.

Gravações e Imagens

Usando técnicas avançadas de imagem, os pesquisadores puderam visualizar os momentos precisos da invasão do parasita. Eles conseguiram ver as interações entre os taquizoítos e as células hospedeiras sob um microscópio. Essas observações incluíram capturar mudanças elétricas na membrana da célula hospedeira enquanto os parasitas tentavam invadir.

Observações dos Experimentos

Aumentos Transitórios de Condutância

Os experimentos revelaram que cada taquizoíto de Toxoplasma que invadia causava um aumento perceptível na condutância elétrica da célula hospedeira. Esse aumento ocorria antes de quaisquer sinais visíveis de invasão, sugerindo uma ligação direta entre as mudanças iniciais de condutância e o processo de invasão do parasita.

Além disso, embora houvesse instâncias em que mudanças transitórias de condutância aconteciam sem que o parasita realmente invadisse, era evidente que quase todas as invasões bem-sucedidas estavam correlacionadas com um aumento na condutância.

Comparando Diferentes Linhagens

Ao comparar linhagens de Toxoplasma do tipo selvagem com aquelas sem RON2, os pesquisadores descobriram que, embora ambos os tipos de parasitas pudessem provocar mudanças de condutância, havia diferenças em sua força e duração. Parasitas deficientes em RON2 também mostraram alguma capacidade de induzir mudanças de condutância, indicando que uma junção móvel completa não era necessária para essas mudanças iniciais.

Análise das Mudanças de Condutância

Analisando os padrões elétricos distintos, os pesquisadores descobriram que mudanças na condutância frequentemente ocorriam em uma série de etapas que se alinhavam com a ideia de múltiplos poros formados na membrana da célula hospedeira. As variações nessas etapas diferiam entre linhagens do tipo selvagem e deficientes em RON2, sugerindo que RON2 poderia influenciar ou a formação dos poros ou como as proteínas passam por eles.

Implicações das Descobertas

Os resultados desses estudos indicam que durante a invasão do Toxoplasma, há um breve período em que as membranas das células hospedeiras se tornam mais permeáveis a íons. Isso sugere que os parasitas criam caminhos através da membrana celular, possivelmente permitindo o transporte de substâncias essenciais para o interior da célula hospedeira.

A natureza transitória dessas mudanças aponta para um processo complexo onde a membrana da célula hospedeira passa por modificações que facilitam a entrada de componentes celulares necessários para a sobrevivência e replicação do parasita.

Conclusão: A Hipótese do Poro de Invasão

Baseado nas observações experimentais, propõe-se que o Toxoplasma gondii forma o que são chamados de "poros de invasão" durante o processo de invasão. Esses poros, criados através da ação das proteínas roptrias, permitem a entrega eficaz de substâncias críticas nas células hospedeiras. A ideia de poros de invasão destaca a batalha contínua entre patógenos e defesas do hospedeiro em ambientes celulares.

Mais pesquisas são necessárias para descobrir os mecanismos e proteínas específicas envolvidos na formação e função desses poros. Entender esses processos pode esclarecer como esses patógenos exploram as células hospedeiras, possivelmente abrindo caminho para melhores abordagens de tratamento para infecções causadas pelo Toxoplasma e organismos semelhantes.

Fonte original

Título: The invasion pore induced by Toxoplasma gondii

Resumo: Obligate intracellular parasites invade host cells to survive. Following host cell contact, the apicomplexan Toxoplasma gondii injects proteins required for invasion into the host cell. Here, electrophysiological recordings of host cells acquired at sub- 200 ms resolution allowed detection and analysis of a transient increase in host membrane conductance following exposure to Toxoplasma gondii. Transients always preceded invasion but parasites depleted of the moving junction protein RON2 generated transients without invading, ruling out a direct structural role for RON2 in generating the conductance pathway or restricting the diffusion of its components. Time-series analysis developed for transients and applied to the entire transient dataset (910,000 data points) revealed multiple quantal conductance changes in the parasite-induced transient, consistent with a rapid insertion, then slower removal, blocking, or inactivation of pore-like conductance steps. Quantal steps for RH had a principal mode with Gaussian mean of 0.26 nS, similar in step size to the apicomplexan protein translocon EXP2. Without RON2 the quantal mean was significantly different (0.19 nS). Because no invasion occurs without poration, the term invasion pore is proposed.

Autores: Joshua Zimmerberg, Y. Kegawa, F. Male, I. Jimenez Munguia, P. S. Blank, E. Mekhedov, G. Ward

Última atualização: 2024-11-28 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.11.617945

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.11.617945.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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