Insights Genéticos sobre a Doença de Parkinson Através da Pesquisa ATP13A2
Estudo investiga o papel da ATP13A2 na doença de Parkinson usando modelos de camundongo.
― 8 min ler
Índice
A doença de Parkinson (DP) é uma condição comum que afeta o movimento. Isso acontece quando células do cérebro que produzem uma substância chamada dopamina começam a morrer. Essa perda leva a sintomas como tremores nas mãos, rigidez, movimento lento e problemas de equilíbrio. A maioria dos casos de DP ocorre de forma aleatória, e as razões para esses casos não são totalmente conhecidas. Alguns fatores como genética e ambiente, além do envelhecimento, podem contribuir para o risco de desenvolver essa doença. No entanto, cerca de 5-10% dos casos de DP são herdados e estão ligados a mudanças genéticas específicas. Atualmente, os cientistas identificaram 21 genes que podem causar essas formas herdadas de DP.
Essas descobertas genéticas ajudam os pesquisadores a entender como a doença funciona. Elas também permitem o desenvolvimento de modelos animais para estudar a DP, imitando seus efeitos em um ambiente controlado. Muitos dos genes ligados à DP herdada estão envolvidos no transporte de materiais dentro das células e na degradação de proteínas. Isso sugere que problemas nesses processos podem levar ao desenvolvimento da DP.
Um gene de interesse é o ATP13A2. Mutação nesse gene pode causar uma forma rara de parkinsonismo juvenil e também está ligada a casos de DP de começo precoce na família. Os pesquisadores descobriram que o ATP13A2 está presente em muitos tipos de células do cérebro e que seus níveis podem ser mais altos em certas áreas do cérebro em pessoas com DP esporádica.
O ATP13A2 é uma proteína que é encontrada no lisossomo, que funciona como um centro de reciclagem para as células. Essa proteína ajuda a mover certas moléculas, chamadas Poliaminas, para fora do lisossomo para dentro da célula, mantendo assim um equilíbrio dessas substâncias. Quando há problemas com o ATP13A2, isso pode levar a problemas na função do lisossomo, causando acúmulo de produtos residuais dentro das células.
Modelos de Camundongos com Deleção de ATP13A2
Para estudar os efeitos da perda do ATP13A2, os pesquisadores desenvolveram camundongos que não têm essa proteína. Surpreendentemente, esses camundongos não mostram danos cerebrais significativos normalmente associados à perda de neurônios Dopaminérgicos, mesmo em idades avançadas. No entanto, eles apresentam alguns sintomas motores leves e sinais de mudanças no tecido cerebral. Isso levanta questões sobre como a perda do ATP13A2 leva à neurodegeneração em humanos em comparação com esses modelos de camundongos.
Os pesquisadores sugerem que, quando o ATP13A2 é deletado durante o desenvolvimento dos camundongos, outros processos biológicos podem atuar para proteger o cérebro. Em contraste, remover o ATP13A2 de camundongos adultos pode produzir resultados diferentes, já que o cérebro adulto pode não reagir da mesma maneira. Para examinar isso, os cientistas usaram um método chamado edição gênica para remover seletivamente o ATP13A2 em uma área específica do cérebro em camundongos adultos.
Visão Geral do Experimento
No experimento, os pesquisadores injetaram vírus especiais nos cérebros de camundongos jovens adultos com ATP13A2 para deletar o gene ATP13A2 em uma área específica. Depois, eles monitoraram os camundongos ao longo de 3 ou 10 meses para observar os efeitos dessa deleção na estrutura e função do cérebro.
Os camundongos foram cuidadosamente escolhidos e mantidos em um ambiente limpo e seguro. Os experimentos seguiram diretrizes éticas rigorosas para garantir o bem-estar dos animais.
Metodologia para Deleção Gênica
Usando uma técnica chamada cirurgia estereotáxica, os cientistas fizeram injeções diretamente em uma parte do cérebro conhecida como substância negra, que é crucial para o controle do movimento. Eles usaram um dos dois tipos de vírus, um que deleta ATP13A2 (AAV-Cre) e outro que serve como controle (AAV-GFP). Após as injeções, os pesquisadores sacrificaram os camundongos em momentos pré-determinados para estudar os resultados.
Inicialmente, eles checaram se o gene ATP13A2 tinha sido deletado com sucesso analisando os tecidos cerebrais da área injetada. Eles descobriram que a deleção do gene foi eficaz, como evidenciado por mudanças nos níveis de mRNA do ATP13A2 no cérebro.
Observando Mudanças no Cérebro
Nos meses seguintes à injeção, os pesquisadores examinaram os tecidos cerebrais em busca de sinais de danos e degeneração de neurônios. Eles encontraram perdas significativas de terminais nervosos dopaminérgicos em uma região chamada estriado, que se conecta com a substância negra. Aos 3 meses, uma queda notável nesses terminais nervosos foi observada, aumentando ainda mais aos 10 meses.
Os neurônios dopaminérgicos na substância negra mostraram uma perda progressiva tanto de seus terminais quanto dos próprios neurônios. Outros tipos de neurônios na mesma área não mostraram perdas semelhantes, indicando que os neurônios dopaminérgicos são particularmente sensíveis à deleção do ATP13A2.
Impacto na Neuroinflamação
Enquanto os cientistas estudavam os tecidos cerebrais, eles também procuraram sinais de inflamação, que muitas vezes está associada a danos cerebrais. Eles observaram um aumento em certos marcadores que indicam a presença de astrócitos reativos (um tipo de célula cerebral) e microglia ativada (células imunes no cérebro). Isso sugere que o cérebro estava reagindo à perda do ATP13A2, desencadeando uma resposta inflamatória.
Curiosamente, a inflamação parecia ser temporária, diminuindo por volta do 10º mês após a deleção do ATP13A2. Essa neuroinflamação transitória sugere que há uma resposta inicial à perda do ATP13A2 que não persiste ao longo do tempo.
Ausência de Danos Axonais e Agregação de Proteínas
Apesar da perda significativa de neurônios dopaminérgicos e terminais nervosos, os pesquisadores não encontraram evidências de danos axonais nos tecidos cerebrais. Eles usaram técnicas de coloração específicas para procurar sinais de axônios danificados, mas não encontraram nenhum, indicando que os processos que levam à perda de neurônios podem não envolver degeneração axonal imediata.
Além disso, nenhuma acumulação de agregados de proteínas foi detectada nos cérebros dos camundongos knockout de ATP13A2. Agregados de proteínas, como os vistos em outras condições neurodegenerativas, não foram encontrados nos tecidos, indicando ainda mais que os mecanismos de perda neuronal podem ser diferentes dos observados na patologia típica da doença de Parkinson.
Disfunção Lisossômica
Uma das principais descobertas nos camundongos knockout foi a presença de anomalias lisossômicas. À medida que os camundongos envelheciam, um acúmulo de certas proteínas dentro dos lisossomos foi observado. Na ausência de ATP13A2, os lisossomos em células tanto dopaminérgicas quanto não dopaminérgicas mostraram acúmulo significativo de marcadores associados ao estresse lisossômico.
Isso aponta para a possibilidade de que o ATP13A2 desempenhe um papel essencial na manutenção da função lisossômica adequada. Quando o ATP13A2 não está presente, os lisossomos podem se tornar disfuncionais, levando a uma falha na eliminação de resíduos e reciclagem de materiais adequadamente. O acúmulo de materiais pode contribuir para o processo neurodegenerativo observado nos camundongos ao longo do tempo.
Papel das Poliaminas
Estudos recentes sugerem que o ATP13A2 está envolvido na gestão de poliaminas, que são pequenas moléculas importantes para o crescimento e função celular. A perda do ATP13A2 pode desregular o equilíbrio das poliaminas dentro do cérebro, impactando vários processos celulares. Pesquisas futuras podem explorar como a alteração dos níveis de poliaminas pode influenciar a progressão das mudanças neurodegenerativas nos camundongos knockout.
Conclusão
O estudo do ATP13A2 em relação à doença de Parkinson oferece insights valiosos sobre os mecanismos subjacentes a essa condição complexa. Ao criar modelos de camundongos que replicam certos aspectos da DP, os pesquisadores podem entender melhor o papel dos fatores genéticos na neurodegeneração. A abordagem de deleção condicional permite examinar como a perda do ATP13A2 afeta o cérebro em diferentes idades, revelando diferenças importantes em como o cérebro responde a mudanças genéticas.
As descobertas ressaltam a importância da função lisossômica na manutenção da saúde neuronal e sugerem que abordagens visando a via endolisossômica podem ter potencial para tratar tanto formas familiares quanto esporádicas de DP. Entender esses processos em detalhe pode levar a novas estratégias terapêuticas destinadas a mitigar o impacto das doenças neurodegenerativas.
Título: Adult-Onset Deletion of ATP13A2 in Mice Induces Progressive Nigrostriatal Pathway Dopaminergic Degeneration and Lysosomal Abnormalities
Resumo: Although most cases of Parkinsons disease (PD) are sporadic, mutations in over 20 genes are known to cause heritable forms of PD. A surprising number of familial PD-linked genes and PD risk genes are involved in intracellular trafficking and protein degradation. Recessive loss-of-function mutations in ATP13A2, a lysosomal transmembrane P5B-type ATPase and polyamine exporter, can cause early-onset familial PD. Familial ATP13A2 mutations are also linked to related neurodegenerative diseases, including Kufor-Rakeb syndrome (KRS), hereditary spastic paraplegias (HSPs), neuronal ceroid lipofuscinosis, and amyotrophic lateral sclerosis (ALS). Given the severe effects of ATP13A2 mutations in humans, it is surprising that ATP13A2 knockout (KO) mice fail to exhibit neurodegeneration even at advanced ages. This discrepancy between human subjects and rodents makes it challenging to study the neuropathological effects of ATP13A2 loss in vivo. Germline deletion of ATP13A2 in rodents may trigger the upregulation of compensatory pathways during embryonic development that mask the full neurotoxic effects of ATP13A2 loss in the brain. To explore this idea, we selectively deleted ATP13A2 in the adult mouse brain by the unilateral delivery of an AAV-Cre vector into the substantia nigra of young adult mice carrying conditional loxP-flanked ATP13A2 KO alleles. We observe a progressive loss of striatal dopaminergic nerve terminals at 3 and 10 months after AAV-Cre delivery. Cre-injected mice also exhibit robust dopaminergic neuronal degeneration in the substantia nigra at 10 months. Adult-onset ATP13A2 KO also recreates many of the phenotypes observed in aged germline ATP13A2 KO mice, including lysosomal abnormalities, p62-positive inclusions, and neuroinflammation. Our study demonstrates that the adult-onset homozygous deletion of ATP13A2 in the nigrostriatal pathway produces robust and progressive dopaminergic neurodegeneration that serves as a useful in vivo model of ATP13A2-related neurodegenerative diseases.
Autores: Darren J Moore, M. L. Erb, K. Sipple, N. Levine, X. Chen
Última atualização: 2024-01-26 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.01.25.577280
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.01.25.577280.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.