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# Biologia# Neurociência

Estruturas Sociais e Estratégias Reprodutivas em Peixes Ciclídeos Africanos

Estudo revela como o ranking social influencia a reprodução em peixes ciclídeos africanos.

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Muitos animais se agrupam e formam estruturas sociais chamadas hierarquias de dominância. Essas estruturas influenciam como os animais se comportam, o acesso a comida e até mesmo o sucesso reprodutivo. Nesses grupos, alguns indivíduos são Dominantes, enquanto outros são Subordinados. Animais dominantes controlam territórios e recursos, acasalam bastante e usam agressividade pra manter seu status. Já os indivíduos subordinados costumam mostrar comportamentos submissos, têm menos acesso a recursos e geralmente acasalam raramente, se é que o fazem.

O Caso dos Peixes Ciclídeos Africanos

Em algumas espécies, os papéis de dominante e subordinado podem mudar dependendo das circunstâncias sociais. Um bom exemplo é o ciclídeo africano conhecido como Astatotilapia burtoni. Nessa espécie, os machos formam uma hierarquia social que pode mudar dependendo do contexto social. Machos dominantes tendem a ter testículos maiores e níveis mais altos de hormônios sexuais, controlados por um sistema no corpo deles chamado eixo Hipotálamo-Pituitária-Gonadal (HPG).

Por outro lado, machos subordinados ficam de olho no que acontece ao redor, esperando o momento certo pra se tornarem dominantes. Quando eles conseguem uma posição mais alta, há uma mudança repentina na fisiologia deles; o eixo HPG entra em ação. Neurônios que produzem um hormônio chamado hormônio liberador de gonadotropina (GnRH1) são especialmente importantes nesse processo. Esses neurônios conseguem se ajustar e crescer rapidamente, permitindo que machos subordinados alcancem os dominantes em apenas alguns dias.

Diferenças nos Neurônios GnRH

Os neurônios GnRH são essenciais porque controlam o eixo reprodutivo, influenciando os níveis hormonais e, consequentemente, as funções reprodutivas. Nos machos dominantes, esses neurônios têm propriedades elétricas únicas. Quando machos subordinados se tornam dominantes, os neurônios GnRH deles mudam rapidamente. Em duas semanas após essa transformação, os níveis hormonais e os órgãos Reprodutivos também crescem.

Existem outros tipos de GnRH em peixes, como GnRH2 e GnRH3. Esses grupos de neurônios estão em partes diferentes do cérebro e não parecem controlar a reprodução da mesma forma que o GnRH1. Em vez disso, o GnRH3 está ligado a comportamentos de acasalamento em machos e fêmeas. Os papéis do GnRH2 ainda são incertos, mas algumas evidências sugerem que ele pode ajudar a regular os níveis de energia.

O Papel dos Andrógenos

Os andrógenos, um tipo de hormônio, podem mudar como os neurônios GnRH se desenvolvem nos peixes. Por exemplo, quando machos de A. burtoni são castrados, os níveis de testosterona deles caem, levando ao crescimento dos neurônios GnRH1. Esse crescimento reverte quando eles recebem tratamento com andrógenos. Em tilápias do Moçambique fêmeas, andrógenos como 11-KT podem aumentar a produção de neurônios GnRH3 e estão ligados a comportamentos masculinos relacionados à construção de ninhos.

Os andrógenos influenciam esses processos através de receptores conhecidos como receptores de andrógenos (ARs). Os peixes têm dois tipos desses receptores (ARα e ARβ) devido a uma duplicação do genoma deles. Isso significa que, em vez de ter um gene para receptores de andrógenos como a maioria dos vertebrados, os peixes têm dois, complicando os estudos sobre como esses hormônios funcionam.

Investigando Receptores de Andrógenos

Ainda não tá claro se receptores de andrógenos existem nos neurônios GnRH dos peixes. Alguns estudos sugerem que ambos os tipos de receptores podem ser encontrados nos neurônios GnRH1, mas as evidências não são definitivas. Estudos em outras espécies de peixes indicam que apenas um dos tipos de receptores está presente em todos os tipos de neurônios GnRH, mas mais pesquisa é necessária pra confirmar isso em tecido cerebral intacto.

Pra investigar isso melhor, técnicas como reação em cadeia de hibridização in situ (HCR) e imuno-histoquímica foram usadas pra olhar a expressão dos genes AR nos neurônios GnRH. As descobertas mostraram que os genes ar1 e ar2 estão presentes nesses neurônios, mas se expressam em níveis diferentes entre os tipos de neurônios GnRH.

Procedimento Experimental

O estudo focou em peixes adultos de A. burtoni que foram mantidos em ambientes controlados pra imitar o habitat natural deles. Os pesquisadores realizaram testes genéticos pra determinar o genótipo dos peixes. Eles eutanasiaram os peixes e coletaram tecido cerebral pra análise.

Técnicas diferentes foram usadas pra confirmar a presença de andrógenos e seus receptores. Os pesquisadores usaram anticorpos projetados pra se ligar a proteínas específicas pra garantir que estavam mirando nas proteínas certas dentro dos tecidos.

Teste de Anticorpos

Anticorpos são ferramentas essenciais na biologia que ajudam os cientistas a detectar proteínas específicas em células. Os pesquisadores validaram os anticorpos usados em seus experimentos pra garantir que eles miravam especificamente nas proteínas de interesse. Porém, os anticorpos personalizados pra mirar ARα e ARβ mostraram ser pouco confiáveis, já que apresentaram reatividade cruzada com outras proteínas.

O anticorpo anti-LHRH foi validado e se mostrou eficaz em rotular todas as três formas de GnRH em A. burtoni. Isso abre portas pra mais pesquisas sobre esses hormônios importantes e seus papéis nos comportamentos reprodutivos dos peixes.

As Descobertas Explicadas

Os pesquisadores descobriram que todos os tipos de neurônios GnRH em A. burtoni expressavam os genes ar1 e ar2, mas em graus variados. Os neurônios GnRH1, que são cruciais na regulação da reprodução, expressavam predominantemente o gene ar1. Um número menor desses neurônios expressava ar2, e essa expressão acontecia principalmente em áreas ricas em ARs.

Enquanto isso, os neurônios GnRH2 expressavam genes ar raramente, enquanto os neurônios GnRH3 mostravam consistentemente ambos os genes ar. Essas descobertas sugerem que diferentes tipos de neurônios GnRH podem responder de maneiras diferentes aos andrógenos, levantando questões sobre seus papéis e como eles podem trabalhar juntos pra influenciar o comportamento reprodutivo.

Importância da Pesquisa

Entender como os andrógenos afetam os neurônios GnRH pode dar uma visão melhor sobre os sistemas e comportamentos reprodutivos dos peixes. Essa pesquisa destaca a complexidade da regulação hormonal em peixes sociais e como variações na hierarquia social podem influenciar fisiologia e comportamento.

Os resultados também enfatizam a necessidade de mais estudos pra esclarecer como diferentes hormônios interagem com esses neurônios e o que isso significa pra saúde e comportamento reprodutivo geral dos peixes teleósteos.

Estudos futuros podem também se beneficiar de explorar a presença de receptores de andrógenos em mais espécies de peixes, especialmente considerando as variações vistas entre diferentes tipos de receptores. A criação de ferramentas genéticas mais precisas, como linhagens de repórteres, pode ajudar a visualizar esses receptores em experimentos futuros.

Conclusão

No geral, essa pesquisa ajuda a construir uma imagem mais clara de como as dinâmicas sociais influenciam os comportamentos reprodutivos nos peixes. Ao examinar os papéis de diferentes hormônios e seus receptores, os cientistas podem obter uma compreensão melhor das bases biológicas desses processos, abrindo caminho pra futuros estudos sobre os controles hormonais da reprodução em espécies aquáticas.

Essa exploração abre muitas avenidas pra mais discussões e investigações sobre como a estrutura social afeta não apenas os peixes individuais, mas também a dinâmica das populações de peixes como um todo. Entender essas interações complexas é essencial tanto pra conhecimento científico quanto pra preservar a biodiversidade dos ecossistemas aquáticos.

Fonte original

Título: Expression of novel androgen receptors in three GnRH neuron subtypes in the cichlid brain

Resumo: Within a social hierarchy, an individuals social status determines its physiology and behavior. In A. burtoni, subordinate males can rise in rank to become dominant, which is accompanied by the upregulation of the entire HPG axis, including activation of GnRH1 neurons, a rise in circulating androgen levels and the display of specific aggressive and reproductive behaviors. Cichlids possess two other GnRH subtypes, GnRH2 and GnRH3, the latter being implicated in the display of male specific behaviors. Interestingly, some studies showed that these GnRH neurons are responsive to fluctuations in circulating androgen levels, suggesting a link between GnRH neurons and androgen receptors (ARs). Due to a teleost-specific whole genome duplication, A. burtoni possess two AR paralogs (AR and AR{beta}) that are encoded by two different genes, ar1 and ar2, respectively. Even though social status has been strongly linked to androgens, whether AR and/or AR{beta} are present in GnRH neurons remains unclear. Here, we used immunohistochemistry and in situ hybridization chain reaction (HCR) to investigate ar1 and ar2 expression specifically in GnRH neurons. We find that all GnRH1 neurons intensely express ar1 but only a few of them express ar2, suggesting the presence of genetically-distinct GnRH1 subtypes. Very few ar1 and ar2 transcripts were found in GnRH2 neurons. GnRH3 neurons were found to express both ar genes. The presence of distinct ar genes within GnRH neuron subtypes, most clearly observed for GnRH1 neurons, suggests differential control of these neurons by androgenic signaling. These findings provide valuable insight for future studies aimed at disentangling the androgenic control of GnRH neuron plasticity and reproductive plasticity across teleosts.

Autores: Melanie Dussenne, B. A. Alward

Última atualização: 2024-02-04 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.02.578641

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.02.578641.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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