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A Crise Crescente do Álcool na Tanzânia

Analisando o impacto sério do uso de álcool em Moshi, Tanzânia.

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Índice

O consumo de álcool é uma grande causa de morte e problemas de saúde pelo mundo todo. Todo ano, cerca de 3 milhões de pessoas morrem por causas relacionadas ao álcool, e isso também representa cerca de 5,1% das doenças e incapacidades. Os jovens são particularmente afetados, com o álcool sendo o principal fator de risco para morte precoce entre indivíduos de 15 a 49 anos em 2016. O álcool está ligado a mais de 200 problemas de saúde, incluindo doenças no fígado e certos tipos de câncer. Além disso, ele pode contribuir para problemas de Saúde Mental como depressão e ansiedade. O impacto do álcool não é apenas pessoal, mas também social e econômico, levando a um aumento da violência, comportamentos inseguros e uma estimativa de 2,6% de redução na economia geral.

Em países de baixa e média renda, incluindo a Tanzânia, os danos relacionados ao álcool estão aumentando. Na Tanzânia, cerca de 6,8% da população sofre de transtorno por uso de álcool (AUD), quase o dobro da média da região africana. Os homens são muito mais afetados do que as mulheres, enfrentando três vezes a carga de saúde relacionada ao álcool. Em 2016, as taxas de AUD entre homens e mulheres na Tanzânia eram de 11,5% e 2,2%, respectivamente.

Moshi, uma cidade perto do Monte Kilimanjaro, viu um aumento no uso de álcool e nos problemas de saúde relacionados. Esse aumento se deve em parte a uma forte cultura de bebida e à exposição precoce ao álcool, especialmente entre o grupo étnico Chagga, que domina a população local. A disponibilidade de álcool barato e o aumento da renda disponível também contribuíram para taxas de consumo mais altas. Infelizmente, o sistema de saúde local luta para fornecer tratamento adequado devido à falta de profissionais treinados e recursos.

Como o uso de álcool é um fator importante em lesões, intervenções visando reduzir o consumo de álcool foram implementadas nos departamentos de medicina de emergência (EMDs). O álcool prejudica o julgamento e a coordenação, aumentando as chances de acidentes e violência, o que muitas vezes leva as pessoas a buscar atendimento nas EMDs. Por exemplo, cerca de 30% dos pacientes acidentados no Kilimanjaro Christian Medical Center (KCMC) testaram positivo para álcool ao chegar, significativamente mais do que na população geral. Como resposta, o KCMC começou a triagem de pacientes e a oferecer intervenções breves para aqueles com problemas relacionados ao álcool.

Embora haja dados sobre pacientes acidentados, não se sabe muito sobre o uso de álcool entre pacientes não acidentados. Entender as diferenças nos comportamentos de consumo entre esses dois grupos pode fornecer insights valiosos. Assim, este estudo tem como objetivo comparar o uso de álcool entre pacientes acidentados e não acidentados no EMD do KCMC, buscando possíveis padrões e implicações para futuras intervenções.

Design do Estudo e Amostra

Os dados foram coletados de pacientes do EMD do KCMC ao longo de oito meses, especificamente de outubro de 2021 a maio de 2022. O estudo original focou principalmente nas diferenças de gênero no uso de álcool prejudicial, por isso o EMD foi escolhido pela forte conexão entre lesões e uso de álcool. A análise atual compara o consumo de álcool entre pacientes acidentados (IPs) e pacientes não acidentados (NIPs).

Os participantes precisavam atender a critérios específicos para serem incluídos no estudo, como ter 18 anos ou mais, poder dar consentimento informado e comunicar-se em kiswahili. Pacientes que estavam presos ou muito doentes não foram incluídos no estudo. Os pesquisadores se certificarão de que todos os pacientes elegíveis fossem abordados para consentimento assim que estivessem estáveis o suficiente para participar.

O estudo original também tinha como objetivo comparar o uso de álcool entre mulheres em diferentes centros de saúde, exigindo uma amostra feminina maior. No entanto, dados suficientes foram coletados para estimar as taxas de consumo prejudicial entre IPs e NIPs. A aprovação ética para o estudo foi obtida de organizações relevantes antes do início da coleta de dados.

Processo de Coleta de Dados

A equipe de pesquisa recrutou pacientes buscando atendimento no EMD durante horários de pico. Pacientes que chegavam tarde da noite ou que estavam inicialmente intoxicados foram acompanhados mais tarde para determinar se podiam dar consentimento. O gênero foi considerado no processo de coleta de dados, com pesquisadores do mesmo gênero realizando entrevistas para incentivar a abertura e a honestidade.

Uma vez inscritos, os pacientes responderam a perguntas sobre sua demografia, ingestão de álcool, comportamentos relacionados ao álcool e sintomas de saúde mental. Todos os dados foram coletados em kiswahili para garantir clareza e precisão. O Teste de Identificação do Transtorno por Uso de Álcool (AUDIT), uma ferramenta usada para medir o consumo de álcool e problemas relacionados, foi uma das três principais pesquisas realizadas.

Os escores do AUDIT variam de 0 a 40, onde escores mais altos refletem problemas mais graves de uso de álcool. Um escore de 8 ou mais indica um risco de consumo prejudicial. Os pesquisadores também usaram outras ferramentas para avaliar as consequências relacionadas ao álcool e sintomas de depressão, garantindo que fossem culturalmente adaptadas e validadas para o contexto local.

Demografia dos Pacientes

Durante o período de coleta de dados, 376 pacientes foram entrevistados, dos quais 59 eram IPs e 317 eram NIPs. A amostra incluiu significativamente mais mulheres (70,3%) do que homens, refletindo a demografia da população local. A maioria dos participantes se identificou como cristã e era da tribo Chagga. O status de emprego variou, com cerca de metade dos participantes empregados.

Padrões de Uso de Álcool

O estudo também teve como objetivo comparar as taxas de uso de álcool e comportamentos entre IPs e NIPs. Os IPs tinham médias de escores AUDIT mais altas do que os NIPs, indicando padrões de consumo mais prejudiciais entre os pacientes acidentados. Ainda assim, um número significativo de NIPs bebia frequentemente e em grandes quantidades. A pesquisa revelou que um número maior de NIPs relatou beber todos os dias em comparação com os IPs.

Curiosamente, os dados mostraram que muitos indivíduos em ambos os grupos tentaram parar de beber, mas apenas uma pequena porcentagem buscou tratamento para seu consumo de álcool. A cerveja era a bebida alcoólica mais popular entre os participantes, e uma minoria gastava uma quantia substancial de dinheiro em álcool a cada semana.

O estudo também examinou diferenças com base no gênero, observando que os homens, em geral, tinham escores AUDIT mais altos e consequências relacionadas ao álcool mais severas em comparação com as mulheres. No entanto, as mulheres mostraram uma maior probabilidade de triagem positiva para depressão, destacando uma relação complexa entre o uso de álcool e a saúde mental entre os gêneros.

Implicações dos Resultados

As altas taxas de uso prejudicial de álcool e depressão identificadas entre IPs e NIPs apontam para uma necessidade urgente de programas de triagem e intervenção aprimorados no EMD do KCMC. Ambos os grupos de pacientes exibiram níveis significativos de riscos relacionados ao álcool, tornando essencial direcionar toda a população do EMD, não apenas aqueles com lesões.

A pesquisa destaca que muitos pacientes não buscaram tratamento para problemas relacionados ao álcool ou saúde mental, o que é preocupante, dada a alta prevalência desses transtornos. O estigma em torno da saúde mental e a falta de recursos dificultam o acesso ao atendimento. O sistema de saúde na Tanzânia enfrenta desafios, com um financiamento governamental mínimo para serviços de saúde mental e uma escassez de profissionais treinados.

Recomendações para Melhoria

Diante dos achados, é crucial estabelecer melhores opções de triagem e tratamento para o uso de álcool e problemas de saúde mental no EMD do KCMC. Programas de triagem para álcool têm se mostrado eficazes em muitos ambientes de baixa recursos. A implementação do modelo de Triagem, Intervenção Breve e Encaminhamento para Tratamento (SBIRT) poderia ajudar a abordar o uso de substâncias de uma maneira mais abrangente.

Esse modelo se concentra em identificar indivíduos que possam precisar de mais ajuda e iniciar discussões voltadas para promover comportamentos mais saudáveis. É importante criar um ambiente onde todos os pacientes, independentemente do status de lesão, sejam triados para uso de álcool e problemas de saúde mental.

Em resumo, o estudo revela uma carga significativa de transtorno por uso de álcool e depressão entre os pacientes do EMD do KCMC. Esses problemas são prevalentes tanto em pacientes acidentados quanto não acidentados, destacando a necessidade de serviços de triagem e tratamento mais abrangentes para lidar com esses desafios de forma eficaz. Ao direcionar toda a população de pacientes do EMD, há potencial para melhorar os resultados de saúde geral em Moshi, Tanzânia.

Fonte original

Título: Alcohol Use among Emergency Medicine Department Patients in Tanzania: A Comparative Analysis of Injury Versus Non-injury Patients

Resumo: BackgroundAlcohol is a leading behavioral risk factor for death and disability worldwide. Tanzania has few trained personnel and resources for treating unhealthy alcohol use. In Emergency Medicine Departments (EMDs), alcohol is a well-known risk factor for injury patients. At Kilimanjaro Christian Medical Center (KCMC) in Moshi, Tanzania, 30% of EMD injury patients (IP) test positive for alcohol upon arrival to the ED. While the IP population is prime for EMD-based interventions, there is limited data on if non-injury patients (NIP) have similar alcohol use behavior and potentially benefit from screening and intervention as well. MethodsThis was a secondary analysis of a systematic random sampling of adult ([≥]18 years old), KiSwahili speaking, KCMC EMD patients surveyed between October 2021 and May 2022. When medically stable and clinically sober, participants provided informed consent. Information on demographics (sex, age, years of education, type of employment, income, marital status, tribe, and religion), injury status, self-reported alcohol use, and Alcohol Use Disorder (AUD) Identification Test (AUDIT) scores were collected. Descriptive statistics were analyzed in Rstudio using frequencies and proportions. ResultsOf the 376 patients enrolled, 59 (15.7%) presented with an injury. The IP and NIP groups did not differ in any demographics except sex, an expected difference as females were intentionally oversampled in the original study design. The mean [SD] AUDIT score (IP: 5.8 [6.6]; NIP: 3.9 [6.1]), drinks per week, and proportion of AUDIT [≥]8 was higher for IP (IP:37%; NIP: 21%). However, alcohol preferences, drinking quantity, weekly expenditure on alcohol, perceptions of unhealthy alcohol use, attempts and reasons to quit, and treatment seeking were comparable between IPs and NIPs. ConclusionOur data suggests 37% of injury and 20% of non-injury patients screen positive for harmful or hazardous drinking in our setting. An EMD-based alcohol treatment and referral process could be beneficial to reduce this growing behavioral risk factor in non-injury as well as injury populations.

Autores: Catherine A. Staton, A. Pauley, E. C. Thatcher, J. T. Sarafian, S. Zadey, F. Shayo, B. T. Mmbaga, F. Sakita, J. Boshe, J. R. N. Vissoci

Última atualização: 2023-05-04 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.04.19.23288801

Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.04.19.23288801.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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