Nova Abordagem para Proteger Aves que Nacam no Chão
A alimentação alternativa pode diminuir as taxas de predação dos ninhos entre espécies de pássaros vulneráveis.
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Os esforços de conservação muitas vezes enfrentam dificuldades porque não têm provas suficientes para mostrar que seus métodos funcionam antes de testá-los. Isso é ainda mais verdadeiro quando existem muitos problemas urgentes que precisam de soluções eficazes, mas não há recursos suficientes para lidar com eles. Às vezes, as ações tomadas podem não ajudar de verdade ou até piorar a situação.
Na Europa, a gente vê uma história de sucesso com a recuperação de Predadores mamíferos. Melhores proteções legais e a redução da matança desses animais estão ajudando eles a se recuperar. Porém, quando esses predadores voltam, eles começam a caçar diferentes presas, algumas das quais também estão em risco ou são importantes para as pessoas. Isso pode criar conflitos nos esforços de conservação. Alguns gerentes respondem matando predadores generalistas. Isso é feito para proteger espécies de presas ou para garantir mais caça.
Matar predadores não nativos é geralmente aceito; no entanto, atacar os nativos é muito mais polêmico. O controle letal desses animais frequentemente não funciona bem e geralmente é eficaz apenas em pequenas áreas por curtos períodos. Muitos predadores generalistas conseguem repor suas populações rapidamente através de imigração e reprodução, o que significa que, a menos que seus números sejam controlados continuamente, pode ser difícil ter um impacto duradouro em suas populações.
Dessa forma, o controle letal enfrenta muitos desafios, incluindo preocupações éticas e restrições legais. Assim, muitas vezes é limitado em escopo e pode não afetar as espécies mais impactantes. Além disso, a eliminação pode perturbar os ecossistemas, alterando o comportamento e o número de outras espécies que não são os alvos principais. Por esses motivos, parece mais eficaz encontrar maneiras de mudar como a Predação afeta as espécies vulneráveis do que apenas reduzir o número de predadores.
As presas mais disponíveis costumam compor a maior parte da dieta de predadores generalistas, como pequenos mamíferos. No entanto, quando essas presas estão menos disponíveis, os predadores podem buscar outras opções, como aves que fazem ninho no chão. Essa mudança de foco pode levar a quedas em várias populações de aves. A predação de Ninhos por predadores generalistas é um fator significativo na diminuição dos números de certas espécies de aves que fazem ninho no chão.
Algumas aves desenvolveram maneiras de lidar com os riscos da predação. Elas podem botar mais ovos, tentar fazer ninho de novo se perderem as primeiras tentativas, ou usar camuflagem para proteger seus ninhos. Mas, a capacidade de uma população de aves lidar com perdas de ninhos varia dependendo de outros fatores no ambiente delas. Se houver muitos predadores por perto ou se suas áreas de nidificação se tornarem menos seguras devido à perda de habitat ou mudança climática, então seus ninhos podem ser perdidos em taxas mais altas, levando a uma possível extinção.
Um método que mostra potencial para gerenciar essa situação é a alimentação de desvio. Isso envolve fornecer comida de forma deliberada para mudar o comportamento dos predadores, afastando-os das presas vulneráveis. Essa técnica foi testada com sucesso em reduzir a predação de certas espécies de predadores.
Em um experimento de longo prazo na Noruega, fornecer comida extra levou a mais grouse-preto e capercaillie ocidental sobrevivendo devido à menor predação por raposas. Estudos semelhantes mostraram que fornecer comida para raposas levou a taxas reduzidas de predação em ninhos durante períodos de baixa população de pequenos mamíferos. Esses achados oferecem uma visão de como a alimentação de desvio pode funcionar especificamente para predadores de ninhos.
Dada a importância dos grouse tanto para a caça quanto para a conservação, há um grande interesse em como gerenciar suas populações. Na Escócia, vários projetos de conservação tentaram salvar o capercaillie ocidental, uma ave que teve quedas significativas. Apesar do esforço, houve uma tendência preocupante de quedas populacionais. Embora mudanças climáticas possam ser o maior problema, a predação também afetou a produtividade deles.
Em muitas propriedades de caça, os gerentes costumam matar raposas e corvos para ajudar as populações de grouse. Apesar disso, os capercaillies continuaram a desaparecer da maioria das áreas. Curiosamente, as populações restantes de capercaillie são encontradas em lugares onde não há controle de predadores. Outros possíveis predadores de grouse, como texugos e martas, estão protegidos por lei, dificultando o controle de seus números, mesmo que possam contribuir para a queda dos capercaillie.
Isso levanta um dilema: se o controle letal não é uma opção, gerenciar a predação em ninhos através de meios não letais, como a alimentação de desvio, pode valer a pena explorar mais. À medida que o interesse cresce em como podemos lidar com os desafios da predação enquanto protegemos todas as espécies envolvidas, mais pesquisas sobre alimentação de desvio são críticas.
Objetivo do Estudo
Esse estudo tem como objetivo avaliar o potencial da alimentação de desvio como um método prático e eficaz para diminuir a predação em ninhos de aves que fazem ninho no chão, focando particularmente nos efeitos dessa abordagem sobre as martas, um conhecido predador dos ninhos de capercaillie.
Área de Estudo
A pesquisa aconteceu dentro do projeto Cairngorms Connect na Escócia, cobrindo uma área de 600 quilômetros quadrados. Essa região consiste em vários tipos de florestas, incluindo florestas nativas de Caledônia e florestas de plantação, além de pântanos, terras de urze e algumas florestas decíduas. Ao contrário de muitas áreas vizinhas, o controle de predadores não é praticado aqui, o que cria um cenário ideal para avaliar o impacto da alimentação de desvio sem intervenções de manejo anteriores.
Desenho Experimental
Para avaliar o impacto da alimentação de desvio, o estudo envolveu um design aleatório com locais de tratamento (alimentação) e controle (sem alimentação) emparelhados. A cada ano, foram criados 60 pares desses locais, sendo 30 designados para alimentação e 30 para controle. As estações de alimentação foram montadas perto do centro desses locais, garantindo que três ninhos artificiais fossem colocados a diferentes distâncias ao redor de cada estação de alimentação para medir o efeito da distância da alimentação nas taxas de predação.
As estações de alimentação utilizaram subprodutos da culling de cervos em andamento. Essa foi uma abordagem econômica, garantindo que bastante comida fosse fornecida para atrair os predadores longe dos ninhos vulneráveis. O monitoramento foi realizado nessas estações com armadilhas de câmera para rastrear quais espécies vinham se alimentar.
Para imitar os comportamentos de nidificação de aves que fazem ninho no chão, ninhos artificiais foram construídos. Cada ninho foi projetado para ser semelhante em aparência a um ninho real de capercaillie, preenchido com ovos falsos que se pareciam com ovos naturais. O destino desses ninhos, se sobreviveram ou foram predados, foi a variável chave medida no estudo.
Destino dos Ninhos com Alimentação de Desvio
No geral, cerca de metade dos ninhos artificiais foi perdida para predação, com diferentes espécies responsáveis por essas perdas. No entanto, uma diferença significativa foi observada entre os locais de tratamento e controle. Nos locais onde a alimentação de desvio foi implementada, uma porcentagem maior de ninhos conseguiu sobreviver em comparação com aqueles nos locais de controle.
Esse achado sugere que a alimentação de desvio efetivamente reduz as chances de os ninhos serem predados por predadores primários de ninhos, como martas e texugos. O estudo mostrou que fornecer essa fonte alternativa de alimento se traduziu diretamente em um aumento na sobrevivência dos ninhos artificiais, destacando o potencial desse método para proteger populações de aves vulneráveis.
Discussão sobre Implicações para o Manejo
Os resultados promissores deste estudo ressaltam o potencial da alimentação de desvio como uma ferramenta de manejo não letal viável para conservar aves que fazem ninho no chão. Ao diminuir o impacto da predação, a alimentação de desvio pode apoiar a recuperação de espécies como o capercaillie, ao mesmo tempo em que aborda conflitos de conservação envolvendo predadores protegidos.
Na prática, aplicar esse método pode ser mais simples do que as abordagens tradicionais de controle letal. Como as estações de alimentação podem ser colocadas bem perto das áreas de nidificação, sem uma queda significativa na eficácia a maiores distâncias, elas poderiam ser implantadas mais amplamente em áreas que precisam de intervenção.
Os achados sugerem que usar subprodutos do manejo existente de cervos pode tornar o custo da alimentação de desvio mínimo, criando uma opção acessível para os gerentes de terras. A transição para essa abordagem não letal poderia proporcionar um meio de apoiar a recuperação das populações de aves que fazem ninho no chão, enquanto mantém a harmonia nos ecossistemas que envolvem várias espécies de predadores.
Conclusão
A alimentação de desvio apresenta uma solução promissora para os desafios contínuos do manejo de predadores na conservação. A redução bem-sucedida das taxas de predação de ninhos mostrada neste estudo indica que métodos não letais podem ser eficazes para proteger espécies vulneráveis. À medida que avançamos, refinar e aplicar métodos de alimentação de desvio será crítico, especialmente enquanto navegamos nas complexidades de conservar espécies, garantindo que tanto considerações ecológicas quanto éticas sejam atendidas.
Ao focar em abordagens inovadoras, podemos apoiar melhor a recuperação de populações ameaçadas e promover resultados de conservação mais eficazes em paisagens diversas.
Título: Evaluating diversionary feeding as a method to resolve conservation conflicts in a recovering ecosystem.
Resumo: 1. The recovery of mammalian predators of conservation concern in Europe is a success story, but their impact on some prey species of conservation concern may cause conservation dilemmas. This calls for effective intervention strategies that mitigate predator impacts without compromising their recovery. 2. We evaluated diversionary feeding as a management intervention tool to reduce depredation on nests of rapidly declining Western capercaillies in Scotland. We studied the influence of diversionary feeding provision on the fates of artificial nests deployed using a replicated and representative randomised landscape-scale experiment. This comprised 30 paired control (no diversionary feeding) and treatment (diversionary feeding applied) sites, 60 in total, each containing six artificial nests distributed across 600 km2. The experiment was replicated over two years, and in the second year, the control-treatment pairs were reversed, yielding 60 treatment and 60 control sites and 720 artificial nests. 3. Diversionary feeding substantially reduced depredation of artificial nests, translating into an 83% increase in predicted nest survival over 28 days of incubation. The increase in survival was mostly accounted for by a reduction in the probability that a pine marten, the main nest predator, consumed or cached eggs. Diversionary food also significantly reduced nest predation by badgers, although the magnitude of this effect varied by year. 4. Diversionary feeding is an easily employable method shown in this study to reduce predator impact (functional) without lethal (numerical) intervention. Managers should proceed with its application for conserving capercaillie in Scotland without delay.
Autores: Xavier Lambin, J. Bamber, K. Kortland, C. Sutherland, A. Payo-Payo
Última atualização: 2024-03-06 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.11.09.566200
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.11.09.566200.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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