Hormonas maternas e desenvolvimento dos filhotes em veados comuns
Estudo analisa como os hormônios maternos afetam os cervos machos e fêmeas de forma diferente.
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Índice
Em muitos animais, as características dos pais podem influenciar as características dos filhotes. Isso é especialmente verdadeiro para os mamíferos, onde muitas vezes se presume que as Mães têm o maior impacto sobre seus descendentes. Isso acontece porque as mães carregam os filhotes durante a gravidez e cuidam deles depois que nascem. As mães podem ajustar como cuidam de seus filhotes com base nas condições ao redor ou no que pode ajudar a ter mais bebês.
Os efeitos que as mães têm sobre seus filhotes começam cedo durante o desenvolvimento e podem moldar as características dos jovens por um bom tempo. Por exemplo, os níveis de certos Hormônios nas mães, chamados glucocorticoides (GCs), podem afetar vários aspectos de seus filhotes, como peso ao nascer e como seus corpos respondem ao estresse. Esses níveis hormonais podem influenciar os filhotes mesmo quando eles já estão adultos.
Pesquisas mostraram que pode haver diferenças entre filhotes machos e fêmeas em como esses hormônios maternos os afetam. Por exemplo, em alguns estudos com animais, níveis mais altos de hormônios maternos estavam ligados a níveis mais altos de hormônios nas fêmeas, mas não nos machos. Isso sugere que a forma como os filhotes machos e fêmeas respondem aos hormônios maternos pode ser diferente.
O Contexto do Estudo
Esse estudo aconteceu no Phoenix Park, em Dublin, que abriga um grupo de veados-da-cauda-branca que vivem soltos. Esses veados estão lá desde o século 17, e a população é em torno de 600 indivíduos, especialmente após o nascimento dos filhotes em junho. As fêmeas geralmente dão à luz a um cervo por ano. Os filhotes ficam escondidos na vegetação durante as primeiras semanas de vida, o que ajuda a protegê-los de predadores como raposas e cães.
Coleta de Dados
Para entender como os níveis hormonais maternos afetam os filhotes, os pesquisadores coletaram amostras de fezes de fêmeas grávidas durante as fases finais da gravidez. Esse momento foi crucial porque é quando o filhote começa a ter pelo. Ao monitorar os veados à distância, os pesquisadores conseguiram reunir amostras frescas logo depois que foram produzidas. Essas amostras foram então congeladas e enviadas para um laboratório onde os níveis hormonais foram medidos.
Além das amostras de fezes, os pesquisadores também coletaram amostras de pelos dos filhotes durante sua primeira semana de vida. Ao analisar essas amostras de pelos, puderam medir os níveis hormonais que se acumularam durante o tempo que passaram no útero. Esse método não invasivo permitiu que os pesquisadores tivessem uma ideia do ambiente hormonal ao qual os filhotes estavam expostos enquanto se desenvolviam.
Emparelhando Mães e Filhotes
Para garantir que os pesquisadores pudessem vincular cada filhote à sua mãe, eles observaram os veados de perto assim que os filhotes começaram a se juntar ao grupo de fêmeas. Esse emparelhamento foi importante para a análise dos dados.
Analisando as Amostras
Os pesquisadores coletaram um total de 164 amostras de fezes de 99 diferentes fêmeas. Após a análise, eles emparelhavam 41 dessas mães com seus filhotes com base nas observações feitas no campo. A análise final incluiu 40 filhotes - 22 machos e 18 fêmeas.
A equipe analisou se havia diferenças nos níveis hormonais com base no sexo dos filhotes. Eles descobriram que as fêmeas tinham uma relação positiva entre seus níveis hormonais e os níveis hormonais de suas mães. Em contraste, os filhotes machos não mostraram uma relação clara. Isso sugere que os efeitos dos hormônios maternos podem ser mais fortes em filhotes fêmeas do que em machos.
Principais Descobertas
O estudo encontrou vários pontos importantes sobre a relação entre os níveis hormonais maternos e os níveis hormonais em seus filhotes:
Filhotes Fêmeas e Hormônios: Filhotes fêmeas mostraram uma ligação clara com os níveis hormonais maternos, sugerindo que esses hormônios podem desempenhar um papel significativo em seu desenvolvimento.
Filhotes Machos e Hormônios: Filhotes machos não apresentaram uma relação semelhante. Isso pode indicar que eles são menos afetados pelos hormônios maternos durante seu desenvolvimento inicial.
Diferenças de Sexo: A análise sugeriu que existem mecanismos diferentes para filhotes machos e fêmeas, que podem ter evoluído para otimizar seu crescimento, especialmente para os machos.
Implicações para Crescimento e Sobrevivência: A pesquisa apoia a ideia de que filhotes machos podem priorizar o crescimento em vez da sobrevivência, especialmente se forem expostos a altos níveis de hormônios maternos. Essa troca pode levar a taxas de mortalidade pré-natal mais altas em filhotes machos.
O Papel da Placenta
Um possível fator que pode explicar as diferenças entre filhotes machos e fêmeas é a placenta, que nutre os filhotes em desenvolvimento. Estudos em outros mamíferos mostraram que as placentas de machos e fêmeas podem diferir em como funcionam, potencialmente afetando a forma como os hormônios da mãe são transmitidos.
Nos filhotes machos, certas enzimas na placenta podem ajudar a filtrar hormônios maternos de forma mais eficaz do que nas fêmeas. Isso pode significar que os machos recebem menos hormônios maternos durante períodos críticos de desenvolvimento, permitindo que cresçam mais, mas arriscando maiores perdas pré-natais.
Limitações do Estudo
Embora esse estudo tenha fornecido insights valiosos, ele foi realizado em apenas um ano, o que significa que os padrões observados podem não se manter em outros anos ou em diferentes condições. O tamanho da amostra também foi um pouco limitado, o que pode afetar a robustez das descobertas. Seria ideal que futuros estudos incluíssem mais dados ao longo de vários anos e de múltiplos indivíduos para ampliar esses resultados.
Conclusão
Essa pesquisa traz à tona a relação complexa entre os hormônios maternos e o desenvolvimento dos filhotes em uma população de veados-da-cauda-branca que vivem soltos. Ela destaca as potenciais diferenças entre filhotes machos e fêmeas, sugerindo que os níveis hormonais maternos podem afetá-los de maneiras distintas. Essa diferenciação pode ter implicações para estratégias de crescimento e sobrevivência desses jovens animais.
Resumindo, as descobertas indicam que não só as características maternas influenciam os filhotes, mas a interação também pode ser moldada pelo sexo dos jovens. Pesquisas futuras podem se basear nessas descobertas, explorando como essas dinâmicas se desenrolam em diferentes espécies e ambientes, proporcionando uma compreensão mais profunda da biologia evolutiva.
Título: Sex differences in the relationship between maternal and foetal glucocorticoids in a free-ranging large mammal
Resumo: Maternal phenotypes can have long-term effects on offspring phenotypes. These maternal effects may begin during gestation, when maternal glucocorticoid (GC) levels may affect foetal GC levels, thereby having an organizational effect on the offspring phenotype. Recent studies have showed that maternal effects may be different between the sexes. However, how maternal GC levels relate to foetal levels is still not completely understood. Here we related, for the first time in a free-ranging large mammal, the fallow deer (Dama dama), maternal GC levels with foetal in utero GC levels. We did this in a non-invasive way by quantifying cortisol metabolites from faecal samples collected from pregnant does during late gestation, as proxy for maternal GC level. These were then related to GC levels from hair of their neonate offspring (n = 40). We have shown that maternal GC levels were positively associated with foetal GC levels, but only in female offspring. These findings highlight sex differences, which may have evolved to optimize male growth at the cost of survival.
Autores: Bawan Amin, R. Fishman, M. Quinn, D. Matas, R. Palme, L. Koren, S. Ciuti
Última atualização: 2024-03-12 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.05.04.538920
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.05.04.538920.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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