Novas Perspectivas sobre EEG e Transtornos Mentais
Pesquisas mostram que a diversidade na atividade cerebral está ligada a problemas de saúde mental.
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Índice
- A Necessidade de Métodos Melhores
- Objetivos da Pesquisa
- Coleta de Dados
- Analisando a Atividade Cerebral
- Avaliando Diferenças Individuais
- Descobertas sobre Características Espectrais
- Explorando a Conectividade Funcional
- Marcadores Personalizados para Pacientes
- Implicações para a Psiquiatria de Precisão
- Direções Futuras
- Conclusão
- Fonte original
- Ligações de referência
Eletroencefalografia (EEG) é um jeito de registrar a atividade do cérebro. É super útil para estudar vários transtornos de saúde mental. Os pesquisadores analisaram como as leituras de EEG se relacionam com diferentes condições, a gravidade das doenças e como os pacientes respondem aos tratamentos. O EEG é interessante para uso clínico porque não machuca os pacientes, é relativamente barato e consegue medir a atividade cerebral rapidamente. Mas, mesmo com bastante pesquisa, as causas biológicas dos transtornos de saúde mental continuam meio confusas, e a busca por marcadores baseados em EEG que ajudem a diagnosticar ou tratar essas condições não atendeu às expectativas.
Um problema com as pesquisas atuais é que geralmente usam métodos que assumem que os transtornos de saúde mental são uniformes. Esses estudos costumam comparar leituras médias de EEG de grupos de pacientes com grupos de pessoas saudáveis. Essa abordagem não reconhece que os transtornos de saúde mental podem variar bastante entre os indivíduos. Sintomas, gravidade, fatores biológicos e respostas ao tratamento muitas vezes se sobrepõem. Por isso, é necessário entender esses transtornos de forma mais precisa.
A Necessidade de Métodos Melhores
Para capturar melhor as diferenças dentro dos transtornos de saúde mental, os pesquisadores deveriam usar métodos mais avançados que considerem a variabilidade entre os pacientes. Uma abordagem promissora na imagem cerebral é chamada de Modelagem Normativa (NM). Esse método analisa como a atividade cerebral muda ao longo do tempo dentro de um grupo de referência saudável e mede como os pacientes individuais se desviam dessas normas.
Por exemplo, gráficos de crescimento pediátricos comparam as alturas e pesos das crianças com os de seus colegas. Estudos recentes usando exames cerebrais tentaram criar gráficos semelhantes para as características do cérebro, mostrando como elas mudam com a idade. Esses estudos ajudaram a descrever variações na estrutura do cérebro ligadas a transtornos como TDAH, autismo, esquizofrenia e transtorno bipolar. Embora já tenha havido algum trabalho usando modelos normativos para exames cerebrais, pouca atenção foi dada à atividade elétrica do cérebro medida pelo EEG em relação a esses transtornos.
Objetivos da Pesquisa
Essa pesquisa tem como objetivo combinar EEG de alta densidade (HD-EEG) com modelagem normativa para entender melhor as diferenças na atividade cerebral associadas aos transtornos de saúde mental. Vamos olhar para dois níveis: a superfície do couro cabeludo onde os eletrodos são colocados e as áreas mais profundas do cérebro onde os sinais se originam. Coletamos dados de um grande grupo de pessoas saudáveis, incluindo crianças e adolescentes, para estabelecer uma base para comparação. Depois, vamos analisar as diferenças na atividade cerebral em um grande grupo de pessoas diagnosticadas com condições como autismo, TDAH, ansiedade e transtornos de aprendizagem.
Coleta de Dados
Dados de EEG de alta densidade foram coletados de participantes entre 5 e 18 anos. O estudo incluiu 560 sujeitos saudáveis e 1674 pacientes diagnosticados com autismo, TDAH, ansiedade e transtornos de aprendizagem. As leituras de EEG foram registradas enquanto os participantes estavam em repouso com os olhos abertos. Os dados vêm de vários estudos, permitindo uma visão mais ampla de como a atividade cerebral difere entre diferentes grupos.
Analisando a Atividade Cerebral
O EEG mede como a atividade elétrica do cérebro muda ao longo do tempo. Os pesquisadores costumam olhar para a potência em diferentes bandas de frequência: delta, theta, alpha, beta e gamma. Essas bandas representam diferentes tipos de atividade cerebral que estão associadas a vários processos e estados mentais.
No nosso estudo, examinamos tanto a potência dessas bandas quanto as conexões entre as regiões do cérebro. Essa análise ajuda a criar um mapa da atividade cerebral e padrões de conectividade, permitindo uma visão mais detalhada de como essas características diferem entre indivíduos com transtornos psiquiátricos em comparação com controles saudáveis.
Avaliando Diferenças Individuais
Depois de criar modelos normativos, procuramos padrões de desvios extremos nos dados de EEG dos pacientes em comparação com o grupo de referência. Calculamos escores de desvio, que indicam o quanto a atividade cerebral de um indivíduo difere do que é considerado típico. Isso ajuda a identificar padrões únicos de atividade cerebral associados a transtornos específicos.
Analisamos o número de sujeitos com desvios extremos e avaliamos como esses desvios estão distribuídos entre diferentes regiões do cérebro. Essa análise revelou uma variabilidade significativa na atividade cerebral entre indivíduos dentro de cada transtorno.
Descobertas sobre Características Espectrais
Características espectrais se referem à potência dos sinais de EEG em diferentes bandas de frequência. Nossas descobertas mostraram que um número significativo de pacientes apresentou semelhanças com controles saudáveis, indicando que muitos indivíduos não se desviam significativamente da atividade cerebral típica dentro de suas bandas de frequência. No entanto, ao examinar desvios extremos, descobrimos que a sobreposição espacial desses desvios era baixa entre indivíduos dentro de cada transtorno. Por exemplo, indivíduos com TDAH mostraram um padrão consistente de desvios na banda delta, enquanto aqueles com autismo apresentaram desvios notáveis na banda theta.
Essas descobertas sugerem que, embora existam características comuns associadas a certos transtornos, os padrões exatos podem variar muito entre os indivíduos. Isso destaca a importância de considerar as diferenças individuais em pesquisas e tratamentos de saúde mental.
Explorando a Conectividade Funcional
A conectividade funcional analisa como diferentes regiões do cérebro se comunicam entre si durante diferentes tarefas ou estados. Nossa análise mostrou que um número maior de sujeitos teve desvios extremos em seus padrões de conectividade em comparação com suas características espectrais. Isso indica que, enquanto alguns indivíduos podem mostrar padrões típicos em um aspecto, podem apresentar padrões distintos em como diferentes regiões do cérebro interagem.
Cada grupo exibiu diferentes porcentagens de indivíduos com desvios extremos na conectividade funcional. Curiosamente, essa análise revelou que, ao observar as conexões entre diferentes regiões do cérebro, os padrões de comunicação também mostraram variabilidade significativa.
Marcadores Personalizados para Pacientes
Dada a heterogeneidade observada nos dados de EEG, nossa pesquisa visa derivar marcadores de EEG individualizados que possam correlacionar com avaliações clínicas dos pacientes. Calculamos um escore de desvio global para cada sujeito, resumindo seu desvio em todas as conexões.
Depois, exploramos se esses escores poderiam ser mais eficazes em distinguir entre indivíduos saudáveis e pacientes do que as características tradicionais. Os resultados mostraram que o uso de escores de desvio revelou diferenças significativas nos padrões de atividade cerebral, oferecendo uma maneira mais precisa de diferenciar grupos.
Além disso, encontramos correlações entre esses escores de desvio global e avaliações clínicas, sugerindo que padrões anormais de atividade cerebral poderiam refletir a gravidade dos sintomas psiquiátricos.
Implicações para a Psiquiatria de Precisão
A variabilidade e os padrões distintos que observamos apoiam a necessidade de uma abordagem mais personalizada para tratar transtornos de saúde mental. Métodos tradicionais, que muitas vezes agrupam pacientes com base em diagnósticos compartilhados, podem ignorar as características únicas de cada indivíduo. Nosso trabalho enfatiza a importância das diferenças individuais na atividade cerebral e na conectividade ao considerar opções de tratamento.
Superar as abordagens padrão para diagnosticar e tratar condições de saúde mental pode levar a estratégias mais eficazes. Reconhecendo a heterogeneidade da atividade cerebral, os clínicos podem melhor adaptar intervenções para atender às necessidades específicas de pacientes individuais.
Direções Futuras
Ao olharmos para o futuro, é essencial explorar características adicionais de EEG que possam fornecer insights sobre as complexidades dos transtornos psiquiátricos. Combinar dados de EEG com outros métodos de imagem, como a ressonância magnética (MRI), também pode gerar insights mais amplos.
Além disso, entender como fatores como medicação, comorbidades e outras características individuais influenciam os resultados do EEG é crucial para desenvolver planos de tratamento eficazes. Aumentar nosso conhecimento sobre essas relações contribuirá para uma abordagem mais holística no cuidado dos pacientes.
Conclusão
A pesquisa destaca a variabilidade significativa presente na atividade cerebral entre indivíduos com transtornos psiquiátricos em comparação com controles saudáveis. As descobertas revelam que o EEG pode capturar padrões diversos que não são facilmente visíveis ao usar comparações tradicionais entre grupos. Isso exige uma mudança para reconhecer as diferenças individuais nas pesquisas e na prática clínica de saúde mental.
Aproveitando técnicas de modelagem normativa, podemos entender melhor as características específicas associadas à atividade cerebral de cada paciente. Essa abordagem promove o desenvolvimento de intervenções mais personalizadas, melhorando os resultados do tratamento para aqueles afetados por transtornos de saúde mental. À medida que continuamos a avançar nossos métodos e expandir nossa pesquisa, a meta de alcançar a psiquiatria de precisão se torna cada vez mais atingível.
Título: Beyond homogeneity: Charting the landscape of heterogeneity in psychiatric electroencephalography
Resumo: Electroencephalography (EEG) has been thoroughly studied for decades in psychiatry research. Yet its integration into clinical practice as a diagnostic/prognostic tool remains unachieved. We hypothesize that a key reason is the underlying patients heterogeneity, overlooked in psychiatric EEG research relying on a case-control approach. We combine HD-EEG with normative modeling to quantify this heterogeneity using two well-established and extensively investigated EEG characteristics -spectral power and functional connectivity-across a cohort of 1674 patients with attention-deficit/hyperactivity disorder, autism spectrum disorder, learning disorder, or anxiety, and 560 matched controls. Normative models showed that deviations from population norms among patients were highly heterogeneous and frequency-dependent. Deviation spatial overlap across patients did not exceed 40% and 24% for spectral and connectivity, respectively. Considering individual deviations in patients has significantly enhanced comparative analysis, and the identification of patient-specific markers has demonstrated a correlation with clinical assessments, representing a crucial step towards attaining precision psychiatry through EEG.
Autores: Mahmoud HASSAN, A. Ebadi, S. Allouch, A. Mheich, J. Tabbal, A. Kabbara, G. Robert, A. Lefebvre, A. Iftimovici, B. Rodriguez-Herreros, N. Chabane
Última atualização: 2024-03-08 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.04.583393
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.03.04.583393.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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