O Papel da Radiação no Desenvolvimento do Câncer de Pele
Estudo investiga ligações entre radiação natural e carcinoma espinocelular cutâneo.
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Índice
O carcinoma espinocelular cutâneo (cSCC) é um dos tipos mais comuns de câncer de pele, logo depois do carcinoma basocelular (BCC). Nos últimos anos, o número de casos de BCC e cSCC tem aumentado. Os pesquisadores têm estudado como a exposição à radiação ionizante pode levar ao desenvolvimento de cSCC. Diferente do BCC, onde os achados desses estudos são mais consistentes, os resultados sobre o cSCC variam bastante. A maioria desses estudos focou em lugares onde as pessoas estavam expostas a níveis mais altos de radiação devido a fontes artificiais, como locais de trabalho ou o impacto das bombas atômicas no Japão durante a Segunda Guerra Mundial.
Os Efeitos da Radiação Natural
A radiação natural da Terra pode impactar o desenvolvimento de alguns cânceres, incluindo o câncer de pulmão ligado a altos níveis de Radônio, um tipo de gás radioativo natural. No entanto, as pesquisas sobre como a exposição ao radônio se relaciona com câncer de pele mostram resultados mistos. O radônio, que libera partículas alfa, é responsável pela maior parte da radiação ionizante à qual estamos expostos naturalmente. Porém, as partículas alfa não penetram facilmente a pele, levantando questões sobre sua capacidade de causar danos celulares nas camadas mais profundas da pele.
A Radiação Gama, outro tipo de radiação, é diferente. Ela consiste em partículas sem massa que podem penetrar mais profundamente nos materiais, potencialmente prejudicando o material genético das células. Até agora, o impacto da radiação gama natural no desenvolvimento do câncer de pele não foi estudado de forma abrangente.
Propósito do Estudo
Esse estudo tem como objetivo investigar como os níveis de radônio no ambiente e a radiação gama natural podem contribuir para o desenvolvimento de cSCC na região da cabeça e pescoço em uma área específica conhecida por altos níveis dessas formas de radiação. Outros fatores de risco bem conhecidos para o cSCC também serão examinados.
Métodos Usados no Estudo
A equipe de pesquisa planejou o estudo com cuidado, considerando vários fatores como o histórico dos pacientes, empregos e histórico pessoal que poderiam afetar a chance de desenvolver cSCC. Eles também coletaram dados clínicos e de tecido sobre cada paciente.
Para entender melhor a situação geral, a equipe estudou todos os pacientes diagnosticados com cSCC na cabeça e pescoço durante um período de 26 meses, de novembro de 2018 até dezembro de 2020. Eles localizaram todos os casos relevantes através do departamento que lida com amostras de tecido. A única exigência para inclusão no estudo foi ter um diagnóstico de cSCC durante o período especificado. Pacientes que tinham mais de um cSCC durante o período do estudo não foram incluídos. A equipe também excluiu pacientes cujos registros médicos não estavam totalmente acessíveis.
Coleta de Dados
Para avaliar a incidência de cSCC durante o período do estudo, os pesquisadores utilizaram dados demográficos publicados pelo Instituto Nacional de Estatística. Eles também coletaram informações sobre o número médio de horas de sol na área a partir de dados climáticos. Os níveis de radônio Ambiental foram obtidos do Laboratório de Radônio da Galícia, enquanto os níveis de radiação gama foram medidos por um projeto do Conselho de Segurança Nuclear da Espanha.
Os pesquisadores coletaram todos os dados e os processaram usando ferramentas de software estatístico. Eles verificaram se os dados se encaixavam em padrões de distribuição normal e, em seguida, analisaram as relações entre diferentes fatores usando vários testes estatísticos.
Principais Descobertas do Estudo
No total, 284 pacientes diagnosticados com cSCC durante o período do estudo foram incluídos nas descobertas. A idade média em que os pacientes receberam o diagnóstico foi de aproximadamente 83 anos. A taxa geral de incidência de cSCC foi de cerca de 37 casos por 100.000 pessoas a cada ano, com variações dependendo da localização. Os homens tiveram uma incidência um pouco maior em comparação com as mulheres.
A área do estudo recebeu aproximadamente 2.350 horas de sol a cada ano, com muitos pacientes trabalhando em empregos ao ar livre. Uma pequena porcentagem dos pacientes eram fumantes ativos, enquanto outros haviam parado de fumar ou nunca tinham fumado. Um número significativo de pacientes não tinha registro de outros cânceres, mas alguns tinham casos anteriores de câncer de pele.
O local mais comum para os tumores de cSCC foi a área da bochecha, seguido pela testa e pelo couro cabeludo. Os níveis médios de concentração de radônio foram de cerca de 117 Bq/m3, e as emissões médias de radiação gama mediram cerca de 14,25 μRad/hora.
Os pesquisadores encontraram uma conexão significativa entre o número de casos de cSCC e fatores ambientais como níveis de radônio, radiação gama, profissões ao ar livre e horas de sol a cada ano. No entanto, quando utilizaram técnicas estatísticas avançadas, os níveis de radônio não pareciam influenciar os casos de cSCC de forma significativa.
Observações Ambientais
A maioria dos pacientes morava em áreas onde os níveis de radiação gama estavam acima dos limites de segurança recomendados. A incidência de cSCC foi quase a mesma em áreas acima e abaixo desses limites, indicando que as emissões gama naturais poderiam estar relacionadas ao desenvolvimento de cSCC.
Curiosamente, a taxa de cSCC encontrada neste estudo foi semelhante ao que foi relatado em outras pesquisas, apesar da área estudada ter uma exposição ao sol muito menor em comparação a outras regiões da Espanha. Essa contradição sugere que outro fator deve influenciar as taxas de cSCC nesta área, equilibrando os efeitos da menor exposição ao sol.
A exposição ao radônio tem sido ligada há muito tempo ao câncer de pulmão e também a outros tipos de câncer, incluindo câncer de estômago e cérebro. No entanto, seu papel no câncer de pele continua debatido. O estudo concluiu que, embora possa haver conexões entre a exposição ao radônio e o cSCC, não parece ser uma causa primária.
Implicações da Radiação Gama
A radiação gama não foi identificada como uma causa significativa de tumores de pele até agora. No entanto, faz sentido que a exposição a níveis mais altos de radiação gama natural possa desempenhar um papel no desenvolvimento do cSCC. Fontes naturais de radiação gama geralmente vêm de isótopos específicos encontrados no solo e nos alimentos.
Embora doses altas de radiação gama possam realmente causar câncer de pele, o impacto de níveis moderados permanece menos claro. Estudos anteriores mostraram um aumento nos casos de BCC com essas exposições, mas não se pode afirmar o mesmo de forma conclusiva para o cSCC.
A pesquisa atual sugere que as emissões radioativas naturais, tanto do radônio quanto da radiação gama, podem ser essenciais para entender o desenvolvimento do cSCC. As descobertas enfatizam a necessidade de mais investigações sobre os impactos da radiação natural, especialmente em regiões com exposição limitada ao sol, para avaliar todos os potenciais fatores de risco para o câncer de pele.
Conclusão
Este estudo indica que a radiação gama natural e a exposição ao ar livre contribuem significativamente para o desenvolvimento do cSCC, enquanto o papel do radônio ambiental parece menos claro. Esses insights destacam a complexidade dos riscos de câncer de pele e a necessidade de pesquisas contínuas em áreas com fatores ambientais variados. À medida que novas descobertas surgem, é crucial considerar todas as possíveis influências no desenvolvimento do cSCC para entender melhor e potencialmente minimizar os riscos para aqueles que vivem em tais áreas.
Título: The effect of natural terrestrial gamma radiation emissions and environmental radon levels on the incidence of cutaneous squamous cell carcinoma of the head and neck.
Resumo: The effects of ionising radiation on the development of cutaneous squamous cell carcinoma have been previously studied in environments in which the levels of ionising radiation have been increased by artificial sources. The purpose of this study is to determine the role that environmental radon concentration and natural gamma radiation emissions may play in the development of head and neck cutaneous squamous cell carcinoma in a geographical area which is known to have high levels of radon and natural terrestrial gamma radiation emissions. A total of 284 patients diagnosed with cutaneous squamous cell carcinoma during the 26-month observation period were included in the study. The overall incidence was 37.33 cases/100,000 people-year. The mean of environmental radon concentration according to their council of residence was 116.69 Bq/m3 (40.05) and the mean of natural terrestrial gamma radiation emitted according to their council of residence was 14.25 Rad/hour (3.86). The multiple linear regression analysis revealed that only mean natural terrestrial gamma radiation emissions in the council of residence (P < 0.05), carrying out an outdoor profession (P < 0.05) and the mean number of hours of sunlight per year in the council of residence (P = 0.03) were found to have statistical significance on the incidence of head and neck cutaneous squamous cell carcinoma. Emissions of natural terrestrial gamma radiation have never been proposed as a factor having an influence on the development of cutaneous neoplasms. The implications that this could have in areas with naturally high terrestrial gamma radiation emissions should be more exhaustively studied to assess the true weight of this factor.
Autores: Iván Couto-Gonzalez, J. Arenaz-Bua, A. Taboada-Suarez, A. Garcia-Garcia
Última atualização: 2023-06-28 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.06.27.23291952
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.06.27.23291952.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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