Avaliando o Impacto da Vacina contra a Dengue no Brasil
Estudo analisa a eficácia da vacina CYD-TDV no surto de dengue do Paraná.
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Índice
Os vírus da Dengue são uma grande preocupação de saúde em todo o mundo. Quase metade da população global tá em risco de pegar. Infelizmente, não tem tratamentos específicos pra dengue, então as tentativas de controlar a doença têm se concentrado principalmente em gerenciar os mosquitos que transmitem o vírus.
Em 2015, uma vacina chamada CYD-TDV, conhecida como Dengvaxia®, foi aprovada como a primeira vacina para dengue. Ela foi disponibilizada no Brasil pra galera de 9 a 44 anos, e são três doses com seis meses de intervalo. A Organização Mundial da Saúde recomendou a vacina em 2016 pra áreas com altas taxas de dengue.
No Sul do Brasil, especialmente no estado do Paraná, surtos de dengue têm sido reportados desde a década de 1990. A área viu um aumento significativo de Casos, com uma taxa de 462 casos por 100.000 pessoas entre agosto de 2015 e julho de 2016. Em resposta, o governo do Paraná disponibilizou a vacina contra dengue de agosto de 2016 até dezembro de 2018 pra cerca de 500.000 pessoas em 30 municípios, focando em quem tinha entre 15 e 27 anos. Durante essa campanha, mais de 300.000 pessoas receberam pelo menos uma dose da vacina.
Mas, em 2017, novas avaliações da vacina mostraram que ela só era eficaz pra quem já tinha sido infectado por dengue antes. Essa atualização provavelmente influenciou quantas pessoas completaram o esquema de Vacinação. A Organização Mundial da Saúde depois aconselhou que a vacina só fosse dada a pessoas que tinham infecções confirmadas em laboratório ou em áreas com mais de 80% de prevalência da doença. Essa recomendação dificultou o acesso à vacina, já que testes pra confirmar infecções passadas não estão amplamente disponíveis. Também levanta questões sobre a eficácia da campanha de vacinação em massa e se ferramentas de monitoramento poderiam ajudar a identificar quem poderia se beneficiar mais da vacina.
O estudo atual teve como objetivo avaliar quão eficaz foi a vacina CYD-TDV na redução de casos de dengue entre os vacinados durante a campanha no Paraná. Como o acesso a testes pra determinar infecções passadas de dengue era limitado, o estudo também analisou se ter uma infecção de dengue anterior mudava a eficácia da vacina.
Design do Estudo e População
O estudo usou dois métodos principais pra analisar os dados: uma análise de coorte de caso e uma análise de caso-controle. O aspecto da coorte de caso comparou a taxa de vacinação entre aqueles confirmados com dengue com a cobertura vacinal geral na população-alvo. O método de caso-controle avaliou se ter uma infecção anterior de dengue mudou a eficácia da vacina.
No Paraná, tem 399 municípios, e em 2016, a população era de cerca de 11,2 milhões. A campanha de vacinação focou especificamente em pessoas de 15 a 27 anos em municípios que frequentemente tinham surtos de dengue. Dois outros municípios incluíram pessoas de 9 a 44 anos por conta das altas taxas de casos. O estudo só olhou pra municípios que tinham reportado casos de dengue em 2019 e 2020.
Casos de dengue foram definidos como aqueles confirmados através de um teste (RT-PCR) entre 1 de janeiro de 2019 e 31 de dezembro de 2020, usando um sistema nacional de informação em saúde. Os resultados secundários incluíram tipos específicos de dengue e internações devido à dengue.
Na coorte de caso do estudo, uma coorte populacional foi definida como Indivíduos de 15 a 27 anos com base em projeções populacionais oficiais. A coorte exposta incluiu aqueles que receberam a vacina.
Na análise de caso-controle, dois grupos de controles foram escolhidos. O primeiro consistia de indivíduos suspeitos de ter dengue, mas que testaram negativo. O segundo grupo incluiu pessoas com outros problemas de saúde que não eram relacionados à dengue. Indivíduos de áreas rurais foram excluídos da análise pra evitar subnotificação devido ao acesso limitado à saúde.
Fontes de Dados
Todos os municípios envolvidos na campanha de vacinação mantiveram um banco de dados de indivíduos vacinados, incluindo detalhes como nomes e datas de vacinação. Casos suspeitos de dengue foram reportados através de um sistema de saúde nacional que coleta dados sobre várias doenças. O sistema de vigilância classificou os casos reportados com base em testes laboratoriais e clínicos.
Informações sobre casos e controles foram conectadas ao banco de dados de vacinação através de software estatístico. Revisores garantiram a precisão aplicando vários critérios de correspondência.
Análise Estatística
No design de coorte de caso, os pesquisadores criaram um banco de dados representando a população-alvo em todos os municípios participantes. Esse banco de dados estimou o status de vacinação, sexo e grupos etários com base em dados populacionais oficiais e registros de vacinação.
A análise considerou fatores como a incidência anterior de dengue no município, idade e sexo, pra comparar as taxas de vacinação entre casos confirmados e a população mais ampla.
Para o design de caso-controle, os pesquisadores ajustaram variáveis relacionadas aos controles pra garantir que representassem com precisão a população-alvo. Pesos foram aplicados pra garantir que os controles refletissem características como status de vacinação e demografia.
A eficácia da vacina foi expressa como uma porcentagem, calculada com base nas chances de estar vacinado entre aqueles com dengue em comparação à população geral.
Resultados do Estudo
Entre janeiro de 2019 e dezembro de 2020, 1.869 casos de dengue foram registrados entre residentes de 15 a 27 anos nos municípios participantes. O estudo mostrou que os indivíduos vacinados tinham uma menor probabilidade de contrair dengue em comparação com a população geral.
A vacinação parecia reduzir significativamente o número de casos de dengue causados por um dos Serótipos (serótipo 1). No entanto, não houve um benefício claro observado para outro serótipo (serótipo 2). Para o serótipo 4, uma diminuição de 87% na incidência foi notada em dois municípios onde a dengue era prevalente. Nenhum caso de um terceiro serótipo foi identificado durante o estudo.
Na análise de caso-controle, indivíduos vacinados mostraram uma conexão mais forte entre ter tido infecções de dengue anteriores e a redução de casos de dengue em comparação com aqueles sem histórico da doença. Os resultados indicaram que a vacinação foi eficaz para indivíduos que já tinham encontrado a dengue, destacando a importância da exposição anterior na eficácia da vacina.
Conclusões
Essa pesquisa sugere que a vacina CYD-TDV reduziu significativamente os casos de dengue dentro do grupo etário alvo no Paraná. As descobertas indicam que o impacto positivo da vacina é particularmente evidente entre indivíduos com histórico anterior de infecção por dengue.
A história clínica registrada através da vigilância em saúde poderia ajudar a identificar quem pode se beneficiar mais da vacina contra dengue, especialmente em áreas com acesso limitado a testes laboratoriais. Embora a vacinação tenha mostrado potencial em reduzir casos entre indivíduos previamente infectados, não trouxe benefícios significativos para aqueles sem histórico de dengue.
A complexidade de medir a eficácia da vacina é evidente devido aos desafios em selecionar grupos de comparação apropriados. O cuidadoso design desse estudo, que utilizou registros oficiais e ajustes estatísticos, teve como objetivo minimizar possíveis viéses e produzir resultados confiáveis.
Os resultados enfatizam a importância de considerar o histórico de dengue de uma pessoa ao determinar a elegibilidade para vacinação, principalmente em regiões endêmicas. Essa abordagem poderia ajudar a maximizar os benefícios da vacina disponível e melhorar as estratégias de saúde pública pra gerenciar surtos de dengue no futuro.
Título: Effectiveness of mass dengue vaccination in the state of Parana, Brazil: integrating case-cohort and case-control designs
Resumo: We aimed to estimate the effectiveness of CYD-TDV in preventing symptomatic dengue cases during a campaign targeting individuals aged 15-27 years in selected municipalities in Parana, Brazil. Additionally, we examined whether a history of dengue, as recorded by the surveillance system, modified the vaccines effectiveness. MethodsWe conducted a case-cohort analysis comparing the frequency of vaccination, with at least one dose of CYD-TDV, in individuals confirmed to have dengue by RT-PCR, identified by the surveillance system during 2019 and 2020, with the vaccination coverage in the target population. Moreover, with a case-control design using weighted controls, we assessed the history of dengue as a modifier of the vaccines effectiveness. The analyses were performed using a logistic random-effects regression model, with data clustered in municipalities and incorporating covariates such as the incidence of dengue before the campaign, age, and sex. ResultsDuring the study period, 1,869 cases of dengue were identified. The vaccination frequency among these cases was significantly lower than the overall vaccination coverage of the participating municipalities (50.4% vs. 57.2%, respectively; adjusted odds ratio: 0.79; 95% confidence interval: 0.72-0.87). In individuals with a history of dengue, vaccination was more than 70% effective in reducing the incidence of dengue. However, vaccination was not associated with significantly reducing the overall dengue case risk in individuals without a history of dengue. ConclusionVaccination significantly decreased dengue cases in the target population. The case-control design suggested that this reduction was primarily driven by the benefits seen in individuals with a history of dengue. Previous dengue diagnosis recorded by epidemiological surveillance could serve as a criterion for the recommendation of CYD-TDV, especially in endemic regions with limited serological testing facilities.
Autores: Fredi A Diaz-Quijano, D. S. de Carvalho, S. M. Raboni, S. E. Shimakura, A. M. de Mello, M. C. V. da Costa-Ribeiro, L. Silva, M. d. C. M. Buffon, E. M. C. P. Maluf, G. Graeff, G. A. de Almeida, C. Preto, K. R. Luhm
Última atualização: 2023-08-31 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.08.29.23292476
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.08.29.23292476.full.pdf
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