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Novas ideias sobre a protease do vírus Zika para desenvolvimento de medicamentos

Pesquisas revelam detalhes importantes sobre a protease do vírus Zika para potenciais medicamentos antivirais.

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Alvo da Protease do VírusAlvo da Protease do VírusZikatratamentos antivirais eficazes.Pesquisas abrem caminho para
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O vírus Zika (ZIKV) faz parte da família Flaviviridae e tá relacionado a outros vírus parecidos, como Dengue, West Nile e Febre Amarela. Ele foi visto pela primeira vez em Uganda em 1947, mas o primeiro grande surto em humanos rolou em Yap em 2007. Desde então, o ZIKV causou vários surtos grandes, afetando mais de um milhão de pessoas. A maioria das infecções por ZIKV são leves, mas surgiram problemas sérios durante surtos no Brasil e na Polinésia Francesa, onde o vírus foi ligado à microcefalia em bebês e à síndrome de Guillain-Barré em adultos. Isso levantou grandes preocupações de saúde global. Infelizmente, ainda não existe vacina ou tratamento antiviral disponível para o ZIKV.

Como o Vírus Zika Funciona

O vírus Zika tem RNA de fita simples, que se transforma em uma proteína grande que é cortada em proteínas funcionais menores por enzimas do hospedeiro e pelo próprio vírus. Uma dessas proteínas, a NS3, funciona como uma protease de serina, ajudando a cortar proteínas em pontos específicos. Ela trabalha junto com outra proteína, a NS2B, que ajuda a estabilizá-la e é crucial para sua atividade.

Estudos mostraram que NS2B e NS3 podem ter diferentes formas, incluindo formas fechadas e abertas. A forma fechada é interessante porque tem um site bem estruturado que é bom para os medicamentos atacarem. As formas abertas, por outro lado, têm um site desestruturado e são consideradas inativas.

Alvo da Protease do Vírus Zika

A pesquisa focou em duas estratégias principais para atacar a protease NS2B-NS3. A primeira estratégia é criar inibidores específicos que possam competir com os substratos naturais do vírus pelo Site Ativo. A segunda estratégia busca inibidores que interagem com diferentes partes das proteínas, chamadas de Sites Alostéricos, que não competem diretamente com o substrato. Apesar dessas abordagens, nenhuma chegou a ensaios clínicos ainda.

A maioria dos inibidores criados até agora é baseada em peptídeos, que imitam os substratos naturais. Embora esses inibidores tenham mostrado alguma eficácia, eles enfrentam dificuldades em como funcionam nas células e como são processados no corpo. A necessidade de um tipo específico de substrato dificulta o desenvolvimento de inibidores competitivos, levando os pesquisadores a focar mais em inibidores alostéricos que possam travar a protease em uma forma inativa.

Cristalização e Triagem de Fragmentos

Para avançar no desenvolvimento de medicamentos antivirais, os pesquisadores precisavam de uma maneira confiável de estudar a estrutura da protease NS2B-NS3. Eles criaram um novo sistema de cristalização da conformação fechada da protease NS2B-NS3 e fizeram uma triagem para diferentes fragmentos químicos. Esse método permitiu que eles testassem um grande número de pequenas moléculas e descobrissem como interagiam com a proteína.

Ao criar esse sistema de cristal, eles tomaram medidas para garantir cristais de alta qualidade da estrutura NS2B-NS3. Removeram partes da proteína que estavam desordenadas e usaram uma construção específica que permitiu melhores rendimentos e formação de cristais. Essa abordagem resultou em cristais que poderiam ser usados para triagem de fragmentos.

Identificação de Fragmentos Promissores

Durante a triagem de fragmentos, os pesquisadores testaram uma biblioteca de mais de mil pequenas moléculas diferentes contra a protease NS2B-NS3. Eles coletaram dados de muitos experimentos para identificar quais fragmentos se ligaram ao site ativo e quais interagiram com possíveis sites alostéricos.

Dessa triagem, eles encontraram vários fragmentos que se encaixavam no site ativo, indicando que esses locais são bons alvos para o desenvolvimento de medicamentos. Muitos desses fragmentos compartilhavam características comuns, como formar tipos específicos de interações com aminoácidos-chave no site ativo.

Pontos Quentes para Ligação de Medicamentos

A análise das interações dos fragmentos revelou que certas áreas dentro do site ativo, especialmente ao redor de um resíduo chamado Tyr161, eram pontos quentes onde muitos fragmentos estavam se ligando. Isso sugere que desenvolver medicamentos que visem essa área pode ser promissor. Outros resíduos, como Asp129 e Tyr130, também desempenharam um papel importante ao estabilizar as interações.

O estudo também destacou que alguns fragmentos conseguiram se ligar a sites alternativos na proteína, conhecidos como sites alostéricos. Esses sites abriram uma nova possibilidade para o desenvolvimento de medicamentos, já que atacá-los poderia mudar como a protease funciona sem competir diretamente com seus substratos naturais.

Oportunidades para Novo Desenvolvimento de Medicamentos

A identificação de muitos fragmentos se ligando a ambos os sites ativo e potenciais sites alostéricos abre novas possibilidades para o design de medicamentos. Os pesquisadores notaram que certos fragmentos poderiam ser combinados para criar compostos maiores e mais eficazes que visem múltiplas áreas da protease NS2B-NS3. Esse tipo de abordagem poderia levar a tratamentos antivirais mais eficazes.

Conclusão

O trabalho feito para entender a estrutura e as interações da protease do vírus Zika abre possibilidades significativas para desenvolver novos medicamentos antivirais. A identificação de pontos quentes para ligação e o potencial para inibidores alostéricos apresentam oportunidades empolgantes para desenhar tratamentos eficazes contra o ZIKV. Ao construir sobre esse conhecimento, os pesquisadores pretendem acelerar o desenvolvimento de compostos que possam combater efetivamente o vírus e potencialmente salvar vidas durante futuros surtos.

Fonte original

Título: Crystallographic fragment screening delivers diverse chemical scaffolds for Zika virus NS2B-NS3 protease inhibitor development

Resumo: Zika virus (ZIKV) infections cause microcephaly in new-borns and Guillain-Barre syndrome in adults raising a significant global public health concern, yet no vaccines or antiviral drugs have been developed to prevent or treat ZIKV infections. The viral protease NS3 and its co-factor NS2B are essential for the cleavage of the Zika polyprotein precursor into individual structural and non-structural proteins and is therefore an attractive drug target. Generation of a robust crystal system of co-expressed NS2B-NS3 protease has enabled us to perform a crystallographic fragment screening campaign with 1076 fragments. 48 binders with diverse chemical scaffolds were identified in the active site of the protease, with another 6 fragment hits observed in a potential allosteric binding site. Our work provides potential starting points for the development of potent NS2B-NS3 protease inhibitors. Furthermore, we have structurally characterized a potential allosteric binding pocket, identifying opportunities for allosteric inhibitor development.

Autores: Frank von Delft, X. Ni, A. S. de Godoy, P. G. Marples, M. Fairhead, B. H. Balcomb, M. P. Ferla, C. W. E. Tomlinson, S. Wang, C. Girould, J. C. Aschenbrenner, R. Lithgo, M. Winokan, A. V. Chandran, W. Thompson, M.-A. E. Xavier, E. Williams, M. A. Walsh, D. Fearon, L. Koekemoer

Última atualização: 2024-04-29 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.29.591502

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.29.591502.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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