Avanços na pesquisa de vacinas contra infecções criptococócicas
Pesquisadores estão trabalhando em vacinas para prevenir infecções por criptococos com resultados promissores.
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Índice
- Importância das Vacinas
- Desafios no Desenvolvimento de Vacinas
- Testando a Eficácia da Vacina
- Combinando Proteínas para Melhor Proteção
- Dinâmicas das Células Imunes Após a Vacinação
- Respostas das Células T CD8+
- Medindo a Produção de Citocinas
- Correlação Entre Resposta Imunológica e Controle Fúngico
- Conclusão e Direções Futuras
- Fonte original
A criptococose é um tipo de infecção causada por fungos chamados Cryptococcus, sendo as espécies mais comuns a Cryptococcus neoformans e a C. gattii. Os fungos normalmente entram no corpo ao respirar esporos do ar. A maioria das pessoas saudáveis consegue lidar com essa infecção sem problemas. Porém, quem tem o sistema imunológico enfraquecido corre um alto risco de desenvolver sérios problemas de saúde com essa infecção, incluindo pneumonia e meningite.
Em 2020, cerca de 152.000 casos de meningite criptocócica relacionada ao HIV foram registrados, resultando em aproximadamente 112.000 mortes. Mesmo com tratamento usando medicamentos antifúngicos, muitas pessoas ainda sofrem de doenças graves, especialmente em áreas com menos recursos.
Para lidar com esses riscos, a Organização Mundial da Saúde classificou a C. neoformans como crítica e a C. gattii como prioridade média para pesquisa e desenvolvimento.
Importância das Vacinas
Criar vacinas é um passo crucial na prevenção de infecções criptocócicas. Porém, atualmente, não existem vacinas licenciadas disponíveis. Os pesquisadores nessa área estão focados em encontrar vacinas eficazes identificando proteínas do fungo que podem desencadear uma resposta imunológica no corpo. Uma abordagem promissora envolve usar partículas especiais feitas das paredes celulares de leveduras, que podem transportar essas proteínas para o sistema imunológico, ajudando a gerar uma resposta mais forte contra a infecção fúngica.
Em estudos de laboratório, certas proteínas do Cryptococcus, como Cda1, Cda2, Blp4 e Cpd1, mostraram ser eficazes em ajudar camundongos a sobreviver à exposição ao fungo. Quando essas proteínas foram usadas em combinação com as partículas derivadas de levedura, elas estimularam uma resposta imunológica mais forte, especificamente mirando nos tipos de células T auxiliares que são importantes para combater a infecção.
Desafios no Desenvolvimento de Vacinas
Embora os estudos mostrem potencial, ainda existem desafios para produzir essas vacinas em larga escala e testá-las em humanos. Os pesquisadores estão explorando diferentes ingredientes, chamados adjuvantes, que podem potencializar a resposta imunológica do corpo à vacina. Um desses adjuvantes, chamado CAF01, mostrou ser eficaz em outros tipos de vacinas. Ele é composto por dois componentes que trabalham juntos para melhorar as respostas imunológicas.
Estudos anteriores indicaram que o CAF01 é seguro e eficaz em humanos para outras doenças. Portanto, os pesquisadores estão interessados em investigar seu impacto nas vacinas criptocócicas.
Testando a Eficácia da Vacina
Nos testes iniciais, os pesquisadores examinaram como vacinas monovalentes (aquelas que contêm uma proteína) adjuvadas com CAF01 podiam proteger camundongos de um caso extremo de infecção criptocócica. Os camundongos receberam uma série de vacinações e foram então expostos à cepa perigosa de Cryptococcus. Tanto as linhagens BALB/c quanto C57BL/6 de camundongos foram usadas no estudo.
Os resultados mostraram que os camundongos não vacinados e aqueles que receberam apenas CAF01 não sobreviveram além de 33 dias após a infecção. No entanto, os camundongos vacinados com CAF01 junto com as proteínas Cda1 e Cda2 mostraram proteção significativa, com muitos sobrevivendo por até 70 dias. A resposta variou de acordo com a proteína utilizada e o tipo de linhagem de camundongo.
Enquanto Cda1 e Cda2 demonstraram resultados notáveis em camundongos BALB/c, a proteção oferecida aos camundongos C57BL/6 foi relativamente mais fraca, com apenas alguns sobrevivendo à infecção. Em contrapartida, nenhuma melhoria foi notada com a outra proteína, Blp4.
Combinando Proteínas para Melhor Proteção
Dado o sucesso misto do uso de proteínas únicas nas vacinas, os pesquisadores voltaram sua atenção para a combinação de proteínas em vacinas bivalentes (duas proteínas) e quadrivalentes (quatro proteínas). A hipótese era que usar múltiplas proteínas resultaria em uma resposta imunológica mais forte e abrangente.
Os camundongos BALB/c foram vacinados com duas ou quatro proteínas antes de serem expostos à cepa perigosa de Cryptococcus. Os resultados mostraram que a vacina bivalente levou a cerca de 70% de sobrevivência, enquanto a vacina quadrivalente forneceu proteção total aos camundongos durante o estudo.
Em contraste, camundongos não vacinados mostraram 100% de mortalidade até o dia 30. Os padrões de perda de peso também diferiram, com camundongos vacinados sofrendo perda de peso temporária, mas se recuperando ao longo do tempo.
Os pesquisadores também avaliaram a resposta imunológica e as habilidades de controle do fungo dos camundongos vacinados. Após a exposição ao fungo, um aumento significativo nas células imunológicas protetoras foi observado, particularmente entre as células T auxiliares CD4+, que são essenciais para defender contra infecções.
Dinâmicas das Células Imunes Após a Vacinação
Em estudos posteriores, os tecidos pulmonares de camundongos vacinados e não vacinados foram analisados em diferentes momentos após a infecção. Aos 10 dias pós-infecção, os camundongos vacinados demonstraram melhor controle sobre a infecção fúngica, com contagens fúngicas muito mais baixas em seus pulmões em comparação com os camundongos não vacinados. Um aumento nas células imunológicas, especialmente leucócitos, também foi notado nos grupos vacinados.
O recrutamento de células T CD4+, conhecidas por seu papel em ajudar a eliminar infecções, foi dramaticamente maior em camundongos vacinados do que em não vacinados. Essas células T CD4+ não só aumentaram em número, mas também começaram a produzir importantes moléculas sinalizadoras chamadas citocinas, que são essenciais para montar uma resposta imunológica eficaz.
Respostas das Células T CD8+
Enquanto as células T CD4+ desempenharam um papel crucial na resposta imunológica, os pesquisadores também olharam para as células T CD8+. Estas são outro tipo de célula imunológica que pode matar diretamente células infectadas. Embora seus números fossem inferiores em comparação com as células T CD4+, os camundongos vacinados mostraram um aumento notável nas células T CD8+ após a infecção.
Essa resposta dupla de células T CD4+ e CD8+ é crucial, especialmente porque a resposta imunológica pode variar muito entre diferentes indivíduos. Os achados sugerem que, enquanto as células T CD4+ são jogadoras chave no controle da infecção, a presença de células T CD8+ pode adicionar uma camada extra de proteção, especialmente em indivíduos com imunidade enfraquecida.
Medindo a Produção de Citocinas
Para avaliar a eficácia geral da resposta imunológica, os pesquisadores mediram a produção de citocinas-chave, incluindo IFNγ, TNFα e IL-17. Essas citocinas são produzidas principalmente por células T CD4+ e desempenham papéis críticos na coordenação da resposta imunológica.
Nos camundongos não vacinados, os níveis dessas citocinas eram baixos. No entanto, naqueles que foram vacinados, um aumento significativo na produção de citocinas foi observado após a infecção, indicando que as vacinas estavam funcionando para preparar o sistema imunológico para o desafio contra o fungo.
As medições das citocinas revelaram que os níveis produzidos pelas células pulmonares de camundongos vacinados e infectados eram muito mais altos, sugerindo uma resposta imunológica saudável e ativa à infecção.
Correlação Entre Resposta Imunológica e Controle Fúngico
Os pesquisadores também encontraram uma forte correlação entre os níveis dessas citocinas e a capacidade dos camundongos de controlar a infecção fúngica. O aumento da produção de IFNγ, por exemplo, foi associado a um melhor controle da carga fúngica nos pulmões. Essa conexão é fundamental, pois indica que a resposta imunológica gerada pela vacina impacta diretamente o resultado da infecção.
Conforme o estudo avançava, os níveis de citocinas foram medidos em vários momentos para ver como a resposta imunológica evoluía após a infecção inicial. Enquanto os níveis diminuíram ao longo do tempo em camundongos que haviam eliminado a infecção, eles permaneceram mais altos do que os observados em camundongos não vacinados.
Conclusão e Direções Futuras
Esta pesquisa destaca o potencial das vacinas adjuvadas com CAF01 para fornecer proteção significativa contra infecções criptocócicas. Embora vacinas de proteína única tenham mostrado alguns benefícios, a combinação de múltiplas proteínas melhorou consideravelmente os resultados em camundongos. A resposta imunológica gerada por essas vacinas não apenas reduziu a carga fúngica, mas também promoveu respostas robustas de células T CD4+ e CD8+, com níveis correspondentes mais altos de citocinas-chave.
Seguindo em frente, os pesquisadores pretendem refinar ainda mais essas vacinas, testando diferentes combinações de antígenos, otimizando dosagens e explorando sua eficácia contra várias cepas de Cryptococcus encontradas em pacientes humanos. A esperança é desenvolver, eventualmente, uma vacina que possa oferecer proteção eficaz contra infecções criptocócicas em populações em risco, especialmente aquelas com o sistema imunológico enfraquecido.
Título: Protection against experimental cryptococcosis elicited by Cationic Adjuvant Formulation 01-adjuvanted subunit vaccines
Resumo: The fungal infection, cryptococcosis, is responsible for >100,000 deaths annually. No licensed vaccines are available. We explored the efficacy and immune responses of subunit cryptococcal vaccines adjuvanted with Cationic Adjuvant Formulation 01 (CAF01). CAF01 promotes humoral and T helper (Th) 1 and Th17 immune responses and has been safely used in human vaccine trials. Four subcutaneous vaccines, each containing single recombinant Cryptococcus neoformans protein antigens, partially protected mice from experimental cryptococcosis. Protection increased, up to 100%, in mice that received bivalent and quadrivalent vaccine formulations. Vaccinated mice that received a pulmonary challenge with C. neoformans had an influx of leukocytes into the lung including robust numbers of polyfunctional CD4+ T cells which produced Interferon gamma (IFN{gamma}), tumor necrosis factor alpha (TNF), and interleukin (IL)-17 upon ex vivo antigenic stimulation. Cytokine-producing lung CD8+ T cells were also found, albeit in lesser numbers. A significant, durable IFN{gamma} response was observed in the lungs, spleen, and blood. Moreover, IFN{gamma} secretion following ex vivo stimulation directly correlated with fungal clearance in the lungs. Thus, we have developed multivalent cryptococcal vaccines which protect mice from experimental cryptococcosis using an adjuvant which has been safely tested in humans. These preclinical studies suggest a path towards human cryptococcal vaccine trials. Author summaryCryptococcosis is a fungal infection that poses great challenges to public health, especially in resource-limited regions with high HIV prevalence. Despite the urgent need, no licensed vaccines are currently available. In this study, we used a lethal mouse model of cryptococcosis to explore protection and immune responses elicited by vaccines consisting of recombinant cryptococcal proteins formulated with CAF01, an adjuvant that has an established safety and immunogenicity profile in human clinical vaccine trials. We discovered that while vaccines containing a single protein partially protected mouse strains, the protection was greatly augmented when the mice received vaccines formulated with multiple antigens. The lungs of vaccinated and infected mice had a robust influx of CD4+ T cells, many of which made the cytokines IFN{gamma} and IL-17 when stimulated ex vivo. Moreover, we found the production of IFN{gamma} directly correlated with clearance of fungi from the lungs. Cytotoxic CD8+ T cell responses were also observed, albeit in lesser numbers. Our promising findings from this preclinical research paves the way for future human cryptococcal vaccine trials.
Autores: Stuart M. Levitz, R. Wang, L. V. N. Oliveira, M. M. Hester, D. M. Carlson, D. Christensen, C. A. Specht
Última atualização: 2024-04-28 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.24.591045
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.24.591045.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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