Abordando a Psicose na Etiópia: Uma Nova Abordagem
O projeto SCOPE busca melhorar o cuidado de psicose na Etiópia através do engajamento da comunidade e intervenções personalizadas.
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Índice
- Falta de Pesquisa em Países de Baixa Renda
- Estudos Anteriores: Butajira e PRIME
- Fatores Importantes a Examinar
- Necessidade de Intervenção Precoce
- Objetivos do Projeto SCOPE
- Locais do Estudo
- Envolvimento da Comunidade
- Métodos de Pesquisa
- Co-Desenvolvendo Intervenções
- Avaliando o Impacto das Intervenções
- Abordando Considerações Éticas
- Status Atual do SCOPE
- Conclusão
- Fonte original
Psicoses, como a esquizofrenia, afetam milhões de pessoas ao redor do mundo. Elas causam muito sofrimento e contribuem para sérios problemas de saúde. Muitas pessoas, especialmente em países mais pobres, não recebem nenhum tratamento. A maioria dos casos aparece em jovens adultos, o que torna isso um problema significativo em países com uma população jovem. É importante notar que, enquanto uma grande parte da população global vive em regiões como Ásia, África e América Latina, muito pouca pesquisa sobre psicoses é realmente feita lá. Como resultado, a maior parte do que sabemos vem de estudos realizados em lugares como América do Norte e Europa Ocidental.
O jeito que a psicose aparece, suas causas, com que frequência acontece e como afeta as pessoas pode variar bastante. Para ajudar melhor quem sofre de psicose, é crucial coletar informações de populações diversas e entender suas situações únicas.
Falta de Pesquisa em Países de Baixa Renda
Tem havido pouca atenção à psicose na pesquisa global sobre saúde mental. A maioria dos estudos é baseada em amostras clínicas, que não representam a população geral, ou pessoas que estão doentes há muito tempo. Isso é especialmente verdadeiro em países de baixa e média renda, onde muitas pessoas com psicose podem nunca receber os cuidados adequados.
Programas como o INTREPID II, que atuam em países como Índia e Nigéria, mostraram um caminho para coletar dados úteis. No entanto, métodos semelhantes não foram aplicados em países mais pobres ou da África Oriental. Isso é uma grande falha, já que os sistemas de saúde, desafios e contextos culturais variam muito pela África.
Na Etiópia, um novo projeto, chamado SCOPE, pretende usar métodos estabelecidos para estudar a psicose. Ele vai se basear em estudos comunitários anteriores, que reuniram dados valiosos sobre pessoas com psicose no país.
Estudos Anteriores: Butajira e PRIME
O estudo Butajira envolveu uma comunidade de 359 indivíduos diagnosticados com esquizofrenia. Eles foram observados por cerca de dez anos. Este estudo revelou descobertas preocupantes: um grande número de indivíduos com psicose não recebeu tratamento, houve altas taxas de falta de moradia e muitas pessoas enfrentaram deficiência e até morte precoce.
Outro estudo, chamado PRIME, detectou indivíduos com doenças mentais graves na comunidade. Ele descobriu que muitos não receberam atendimento médico adequado e enfrentaram muitas dificuldades, incluindo pobreza e insegurança alimentar. Ambos os estudos mostraram que existem fatores psicossociais importantes relacionados à sobrevivência com psicose que precisam ser mais explorados.
Fatores Importantes a Examinar
O projeto SCOPE pretende investigar vários fatores específicos que podem afetar indivíduos com psicose na Etiópia. Esses fatores são:
Uso de Khat
Khat é uma planta amplamente consumida na região do Chifre da África. Ela contém substâncias que podem estimular o cérebro. Na Etiópia, seu uso está crescendo, especialmente entre os jovens. Alguns estudos sugeriram que o início precoce do uso de khat poderia estar ligado ao surgimento de sintomas psicóticos. No entanto, a conexão entre a forma como o khat é usado e a ocorrência de psicose ainda não foi completamente explorada.
Trauma
Experienciar trauma pode levar a taxas aumentadas de problemas de saúde mental, incluindo a psicose. Muitas pessoas com psicose passaram por Traumas significativos, seja por acidentes, violência ou outras formas. A relação entre trauma e psicose pode variar de um lugar para outro, especialmente em países de baixa renda.
Comunicação e Envolvimento Familiar
Como as famílias interagem com uma pessoa que sofre de psicose pode ter um grande impacto na sua recuperação. Altos níveis de críticas ou pressão emocional dentro de uma família podem levar a mais recaídas. Até agora, muito pouca pesquisa se concentrou na dinâmica familiar na Etiópia ligada à psicose.
Recuperação Pessoal
A recuperação para indivíduos com psicose está evoluindo para significar não apenas um retorno à saúde, mas viver uma vida plena. Essa visão subjetiva da recuperação está ganhando importância, mas sua aplicação em culturas não ocidentais, incluindo a Etiópia, precisa ser melhor compreendida.
Necessidade de Intervenção Precoce
Em países mais ricos, programas de intervenção precoce se mostraram eficazes em ajudar pessoas com psicose desde o momento em que elas buscam ajuda pela primeira vez. No entanto, existem muito poucos estudos sobre esses tipos de programas em países de baixa e média renda, o que é preocupante, dado que a psicose não tratada pode levar a problemas significativos mais tarde.
Embora alguns programas de treinamento para membros da comunidade tenham tentado identificar casos de psicose mais cedo, ainda há lacunas. Mais trabalho é necessário para estabelecer quais intervenções são mais eficazes, especialmente em populações urbanas e sem-teto.
Objetivos do Projeto SCOPE
O projeto SCOPE pretende repensar como a identificação e intervenção precoces são realizadas para pessoas com psicose na Etiópia. Os objetivos incluem:
Mapeamento de Recursos Comunitários
Isso significa identificar quais sistemas de apoio existem nas comunidades, como as pessoas buscam ajuda e como são as dinâmicas familiares. O objetivo é criar medidas que se encaixem no contexto específico da sociedade etíope.
Entendendo a Epidemiologia da Psicose
Esse aspecto inclui determinar com que frequência a psicose ocorre, as necessidades das pessoas afetadas e fatores como pobreza, uso de khat e trauma que podem estar relacionados ao início da psicose.
Desenvolvendo Intervenções Contextuais
Usando evidências coletadas de estudos anteriores e contribuições da comunidade, o projeto vai co-desenvolver intervenções que sejam relevantes e eficazes para pessoas com psicose em diferentes situações de vida.
Testando Intervenções
O projeto vai investigar como estratégias inovadoras de identificação podem melhorar o envolvimento no cuidado. Isso acontecera tanto em áreas rurais quanto em cidades como Adis Abeba, especialmente entre as populações sem-teto.
Locais do Estudo
O SCOPE será realizado em duas áreas principais: distritos rurais no sul da Etiópia e áreas urbanas em Adis Abeba. A pesquisa rural vai focar em comunidades específicas onde pouca atenção foi dada à saúde mental. O componente urbano vai observar como a psicose se manifesta em ambientes urbanos, incluindo entre os sem-teto.
Envolvimento da Comunidade
O SCOPE coloca uma forte ênfase em envolver as comunidades locais e pessoas com experiências vividas de psicose durante todo o projeto. Conselhos consultivos vão ajudar a supervisionar o trabalho, garantindo que ele reflita as necessidades e perspectivas locais.
O engajamento com partes interessadas locais, incluindo famílias, prestadores de serviços de saúde e líderes comunitários, é crucial para gerar apoio. As opiniões deles vão moldar como abordar a pesquisa e as intervenções que serão desenvolvidas.
Métodos de Pesquisa
O projeto SCOPE usará vários métodos para alcançar seus objetivos. Isso inclui estudos etnográficos para entender melhor as dinâmicas familiares e padrões de comunicação, assim como estudos epidemiológicos para coletar dados sobre a incidência de psicose e fatores relacionados.
Estudo de Incidência
Isso vai examinar com que frequência a psicose ocorre nas comunidades-alvo. O foco será em diferentes grupos, garantindo que os dados sejam coletados tanto de homens quanto de mulheres em ambientes urbanos e rurais.
Estudo Caso-Controle
Isso envolverá comparar indivíduos com psicose com aqueles sem psicose para buscar ligações com uso de khat, trauma e outros fatores influentes.
Estudo de Coorte
Acompanhando um grupo de pessoas ao longo do tempo, vai ajudar a avaliar como suas experiências com a psicose mudam e quais fatores podem influenciar sua recuperação.
Co-Desenvolvendo Intervenções
O projeto vai utilizar um processo estruturado para desenvolver novas intervenções adaptadas às necessidades das pessoas com psicose na Etiópia. Isso envolverá oficinas de teoria da mudança, onde o conhecimento da comunidade e os achados do projeto vão guiar a criação de programas relevantes.
Avaliando o Impacto das Intervenções
Várias estratégias serão empregadas para avaliar quão eficazes foram as intervenções. Isso inclui ensaios controlados comparando novas estratégias com o atendimento padrão, além de avaliações qualitativas das experiências dos participantes.
Avaliação de Processo
Compreender como as intervenções são recebidas por participantes e prestadores de serviços vai guiar os ajustes e melhorias necessárias.
Abordando Considerações Éticas
O SCOPE está comprometido com práticas éticas ao longo do processo de pesquisa. Isso inclui garantir que serviços de saúde mental estejam disponíveis para aqueles identificados com psicose. Os processos de consentimento serão cuidadosamente monitorados para respeitar os direitos dos participantes, especialmente aqueles que podem ter dificuldade em dar consentimento.
Status Atual do SCOPE
O projeto recentemente começou atividades formativas. As atividades já concluídas incluem estudos etnográficos para entender fatores culturais e o desenvolvimento de ferramentas para avaliar recursos comunitários e envolvimento familiar. O estudo epidemiológico está prestes a começar, prometendo fornecer importantes insights sobre a situação da psicose na Etiópia.
Conclusão
O projeto SCOPE representa um passo significativo para entender e abordar a psicose na Etiópia. Ao respeitar o contexto cultural e envolver ativamente os membros da comunidade, esse projeto visa criar estratégias eficazes de intervenção precoce para indivíduos que sofrem de psicose, especialmente em ambientes urbanos e rurais. A pesquisa e suas descobertas ajudarão a construir uma estrutura para melhores cuidados de saúde mental em países de baixa e média renda, melhorando a vida daqueles afetados pela psicose.
Título: Studying the context of psychoses to improve outcomes in Ethiopia (SCOPE): protocol paper
Resumo: BackgroundGlobal evidence on psychosis is dominated by studies conducted in Western, high-income countries. The objectives of the Study of Context Of Psychoses to improve outcomes in Ethiopia (SCOPE) are (1) to generate rigorous evidence of psychosis experience, epidemiology and impacts in Ethiopia that will illuminate aetiological understanding and (2) inform development and testing of interventions for earlier identification and improved first contact care that are scalable, inclusive of difficult-to-reach populations and optimise recovery. MethodsThe setting is sub-cities of Addis Ababa and rural districts in south-central Ethiopia covering 1.1 million people and including rural, urban and homeless populations. SCOPE comprises (i) formative work to understand care pathways and community resources (resource mapping); examine family context and communication (ethnography); develop valid measures of family communication and personal recovery; and establish platforms for community engagement and involvement of people with lived experience; (ii) a population-based incidence study, case-control study and cohort study with 12 months follow-up involving 440 people with psychosis (390 rural/Addis Ababa; 50 who are homeless), 390 relatives and 390 controls. We will test hypotheses about incidence rates in rural vs. urban populations and men vs. women; potential aetiological role of khat (a commonly chewed plant with amphetamine-like properties) and traumatic exposures in psychosis; determine profiles of needs at first contact and predictors of outcome; (iii) participatory workshops to develop programme theory and inform co-development of interventions, (iv) evaluation of the impact of early identification strategies on engagement with care (interrupted time series study); (v) a feasibility cluster randomised controlled trial of interventions for people with recent-onset psychosis in rural settings (10-12 clusters; n=80 participants) with 6 months follow-up to inform a future large-scale trial and investigate implementation processes and outcomes, and (vi) two uncontrolled pilot studies to test acceptability, feasibility of co-developed interventions in urban and homeless populations.
Autores: Charlotte Hanlon, T. Roberts, E. Misganaw, A. Malla, A. Cohen, T. Shibre, W. Fekadu, S. Teferra, D. Kebede, A. Mulushoa, Z. Girma, M. Tsehay, D. Kiross, C. Lund, A. Fekadu, C. Morgan, A. Alem
Última atualização: 2023-10-10 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.10.23296817
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.10.10.23296817.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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