Navegando o Direito de Ser Esquecido em Aprendizado de Máquina
Esse artigo fala sobre desaprendizado de máquinas e sua conexão com a privacidade diferencial.
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Índice
Nos últimos anos, uma questão importante em aprendizado de máquina é o direito de ser esquecido. Essa ideia gira em torno do conceito de que as pessoas devem ter controle sobre seus dados, incluindo a capacidade de pedir para que sejam removidos dos sistemas que aprenderam com eles. Isso é especialmente importante em áreas onde informações sensíveis são usadas, como saúde e comportamento pessoal. Em termos práticos, isso significa que um modelo de aprendizado de máquina deve ser capaz de esquecer certas informações se solicitado, funcionando como se aqueles dados nunca tivessem sido usados para treinamento.
Os modelos tradicionais de aprendizado de máquina são projetados para aprender com os dados. Uma vez treinados, eles costumam reter todas as informações em sua estrutura. Quando um usuário pede a exclusão de seus dados, a abordagem usual é retrainar todo o modelo do zero, sem os dados em questão. No entanto, esse processo consome muitos recursos e é demorado. Além disso, manter os dados originais para possíveis exclusões traz riscos à privacidade, pois eles podem ser expostos ou mal utilizados.
Para superar esses desafios, os pesquisadores propuseram o "machine unlearning". Esse termo descreve métodos que permitem que um modelo esqueça partes específicas de dados sem precisar de um retraining completo. Uma abordagem que ganhou força é a Privacidade Diferencial, que adiciona uma camada de segurança garantindo que a saída de um modelo não revele demais sobre qualquer ponto de dado individual.
A privacidade diferencial cria um limite para o quanto um único ponto de dado pode influenciar o resultado do modelo. Isso garante que, mesmo que um atacante tente obter informações dos resultados do modelo, a utilidade da informação seja limitada. No entanto, garantir a privacidade diferencial pode levar a uma redução na precisão do modelo devido ao ruído adicional para proteger dados individuais.
O equilíbrio entre preservar a privacidade e manter a precisão do modelo é crucial. Este artigo explora os limites do "machine unlearning" usando privacidade diferencial, visando definir quantos pontos de dados podem ser efetivamente esquecidos enquanto ainda se mantém um modelo confiável. Nosso objetivo é aprimorar a compreensão de como esses dois conceitos podem coexistir sem comprometer a integridade do processo de aprendizado.
Contexto
O aprendizado de máquina depende muito dos dados para fazer previsões ou decisões. No entanto, os dados frequentemente incluem informações sensíveis ou pessoais. Muitos países e regiões começaram a implementar regulamentos rigorosos para proteger a privacidade dos indivíduos, exigindo que as organizações permitam que os usuários excluam seus dados mediante solicitação. Esse princípio é conhecido como o direito de ser esquecido.
A abordagem tradicional para uma empresa atender a pedidos de exclusão é manter uma cópia dos dados de treinamento. Ao receber um pedido de exclusão, a empresa removeria os dados do indivíduo e retrainaria o modelo. Essa metodologia apresenta duas desvantagens significativas. Primeiro, o retraining pode ser extremamente dispendioso em termos de recursos, especialmente ao lidar com grandes conjuntos de dados. Segundo, manter cópias do conjunto de dados completo traz seus próprios riscos de privacidade, pois pode levar a vazamentos de dados ou acesso não autorizado.
A privacidade diferencial oferece um método para mitigar alguns desses problemas. Ela garante que a remoção de um único ponto de dado não afete substancialmente o resultado geral do modelo. Essa abordagem introduz aleatoriedade no processo de treinamento do modelo, tornando-o menos dependente de qualquer ponto de dado individual. Apesar dessas vantagens, implementar a privacidade diferencial muitas vezes requer recursos adicionais e pode levar a uma diminuição da precisão.
Dadas essas complexidades, o desafio permanece: como podemos equilibrar a necessidade de privacidade individual dos dados com a necessidade de modelos de aprendizado de máquina precisos? A interseção da privacidade diferencial e do "machine unlearning" oferece um caminho potencial para abordar essa questão.
Machine Unlearning e Privacidade Diferencial
O "machine unlearning" é um campo emergente que busca abordar o direito de ser esquecido no aprendizado de máquina. A ideia central é criar algoritmos que possam remover efetivamente certos pontos de dados da memória do modelo mediante solicitação, sem a necessidade de retrain completo. Isso apresenta várias vantagens, principalmente a redução da carga computacional e a melhoria dos tempos de resposta para pedidos de exclusão.
A privacidade diferencial complementa o conceito de "machine unlearning". Ao garantir que a saída do processamento de dados permaneça em grande parte inalterada com ou sem um único ponto de dado, a privacidade diferencial pode ajudar a manter a confidencialidade. Isso significa que, mesmo que um modelo seja treinado com dados sensíveis, a saída não deve revelar informações específicas sobre qualquer indivíduo no conjunto de dados.
Ao discutir a interseção desses dois conceitos, os pesquisadores buscam esclarecer a relação entre a privacidade diferencial e o "machine unlearning". Os modelos de aprendizado de máquina conseguem efetivamente esquecer dados enquanto também aderem aos padrões de privacidade diferencial? Ou esses dois requisitos entram em conflito?
Existem duas metodologias principais ao considerar o "machine unlearning". A primeira envolve esquecer por meios convencionais, onde o modelo se baseia em informações adicionais sobre os dados originais. A segunda abordagem é criar algoritmos que não dependem de informações extras, o que pode, por sua vez, apresentar riscos de privacidade.
Nosso trabalho aborda os desafios de definir limites claros sobre quanto dado pode ser esquecido enquanto ainda se mantém as proteções de privacidade da privacidade diferencial. O objetivo final é fornecer um framework para pesquisas futuras se basearem, garantindo que sistemas de aprendizado de máquina possam operar de forma segura e eficaz dentro dessas restrições.
Principais Contribuições
Nossas principais contribuições giram em torno de fornecer limites rigorosos na capacidade de exclusão alcançada usando algoritmos de "machine unlearning" que não dependem de dados adicionais. Especificamente, apresentamos duas descobertas significativas:
Para modelos que usam funções de perda convexas Lipschitz, podemos quantificar o número máximo de pontos de dados que um modelo pode esquecer sem incorrer em riscos significativos em sua precisão preditiva. Essas descobertas destacam as limitações e capacidades dos algoritmos de "machine unlearning" sob condições rigorosas.
Estabelecemos propriedades análogas às encontradas na privacidade diferencial, como Pós-processamento e Composição, para algoritmos de "machine unlearning". Isso nos permite traçar paralelos entre a privacidade diferencial e o "unlearning", enfatizando como eles podem coexistir dentro de frameworks de aprendizado de máquina.
Essas contribuições fornecem uma imagem mais clara de como o "machine unlearning" opera na prática e sua relação com a privacidade diferencial, preparando o terreno para futuras explorações e implementações em aplicações do mundo real.
Capacidade de Exclusão
A capacidade de exclusão refere-se ao número máximo de pontos de dados que um algoritmo de "machine unlearning" pode efetivamente remover sem levar a uma queda perceptível na precisão do modelo. Estabelecer essa capacidade é crítico para garantir que as empresas possam atender aos pedidos de exclusão dos usuários sem comprometer seus sistemas.
Nossa análise revela que para cada função de perda convexa Lipschitz, existe um algoritmo de "machine unlearning" capaz de esquecer um número específico de pontos de dados sem afetar significativamente o risco populacional. Além disso, demonstramos que essa capacidade é restrita; ou seja, existem limites para o que pode ser alcançado sob essas restrições.
Em termos de aplicação prática, as implicações dessas descobertas são profundas. As organizações podem utilizar esse conhecimento para desenvolver políticas de exclusão eficientes que estejam alinhadas com as expectativas dos usuários, mantendo modelos de aprendizado de máquina robustos. Cada ponto de dado que pode ser esquecido representa um passo em direção ao aprimoramento da privacidade do usuário sem sacrificar a funcionalidade.
Além disso, distinguir entre diferentes tipos de funções de perda permite abordagens personalizadas para o "machine unlearning". Por exemplo, funções de perda fortemente convexas podem resultar em diferentes capacidades de exclusão em comparação com funções convexas padrão, proporcionando novas avenidas para pesquisa e aplicação prática.
Propriedades do Machine Unlearning
Além de estabelecer capacidades de exclusão, também examinamos propriedades-chave dos algoritmos de "machine unlearning". Essas propriedades, que espelham aquelas encontradas na privacidade diferencial, incluem pós-processamento e composição.
O pós-processamento refere-se à ideia de que, uma vez que um algoritmo foi executado, quaisquer operações subsequentes realizadas em sua saída não devem comprometer suas garantias de privacidade. No contexto do "machine unlearning", isso significa que se um modelo esqueceu dados específicos com sucesso, ajustes subsequentes não devem introduzir vulnerabilidades.
A composição se relaciona com o princípio de que múltiplas operações de "unlearning" podem ser realizadas sequencialmente sem degradar as garantias de privacidade do modelo. Na prática, isso significa que, se um modelo pode esquecer com sucesso pontos de dados em etapas individuais, ele também deve ser capaz de fazer isso quando múltiplos pedidos são recebidos em sucessão.
Essas propriedades fortalecem a defesa pela integração da privacidade diferencial e do "machine unlearning". Ao garantir que algoritmos de "machine unlearning" possam incorporar esses princípios, as organizações podem aproveitar suas capacidades para criar sistemas que sejam não apenas compatíveis com a privacidade, mas também eficientes e amigáveis ao usuário.
Trabalhos Relacionados
O estudo do "machine unlearning" é relativamente novo, mas já capturou a atenção de pesquisadores e profissionais. Trabalhos anteriores abordaram a necessidade de modelos de conformidade com o direito de ser esquecido, frequentemente por meio de várias estruturas teóricas ou estudos empíricos.
Algumas pesquisas se concentraram nos aspectos de segurança dos modelos de aprendizado de máquina, particularmente quando pedidos de exclusão são feitos. Esses estudos enfatizam que os modelos estão em risco quando armazenam versões originais e atualizadas, pois atacantes poderiam explorar essa vulnerabilidade.
Por outro lado, outros estudos notaram as semelhanças conceituais entre "machine unlearning" e privacidade diferencial. Ao adaptar definições da privacidade diferencial, os pesquisadores tentaram formular estruturas que possam lidar efetivamente com a conformidade de exclusão. No entanto, muitas dessas contribuições falham em analisar o desempenho real dos modelos de aprendizado após a remoção de dados.
Nosso trabalho se baseia nessas fundações, mas visa esclarecer os limites do "machine unlearning" usando a privacidade diferencial. Ao focar em modelos que não dependem de informações adicionais, fornecemos um caminho mais claro enquanto destacamos a utilidade de limites bem definidos.
Conclusão e Trabalho Futuro
Este estudo visa refinar a compreensão da interação entre "machine unlearning" e privacidade diferencial. Ao estabelecer limites rigorosos nas capacidades de exclusão e identificar propriedades essenciais dos algoritmos de "unlearning", fornecemos insights valiosos para pesquisas futuras e aplicações práticas.
As implicações deste trabalho são significativas. Isso sinaliza que as organizações podem implementar estratégias de "machine unlearning" junto com proteções de privacidade diferencial sem comprometer a privacidade do usuário ou a precisão do modelo. Além disso, nossas descobertas abrem caminho para explorar novas avenidas de pesquisa, como examinar as implicações de diferentes modelos de ameaça à privacidade no "machine unlearning".
Avançando, será essencial expandir as estruturas estabelecidas neste artigo, aplicando-as a sistemas do mundo real e explorando as praticidades e limitações que surgem. Encorajamos uma investigação mais aprofundada sobre a relação entre "machine unlearning" e as regulamentações de privacidade em andamento, pois isso moldará o futuro do aprendizado de máquina e da privacidade do usuário.
Ao solidificar as bases do "machine unlearning", acreditamos que o progresso pode ser feito em direção à criação de sistemas de aprendizado de máquina mais seguros e amigáveis que respeitem os direitos individuais enquanto aproveitam o poder das tecnologias baseadas em dados. A jornada está apenas começando, e o potencial para inovação neste espaço é vasto.
Título: Tight Bounds for Machine Unlearning via Differential Privacy
Resumo: We consider the formulation of "machine unlearning" of Sekhari, Acharya, Kamath, and Suresh (NeurIPS 2021), which formalizes the so-called "right to be forgotten" by requiring that a trained model, upon request, should be able to "unlearn" a number of points from the training data, as if they had never been included in the first place. Sekhari et al. established some positive and negative results about the number of data points that can be successfully unlearnt by a trained model without impacting the model's accuracy (the "deletion capacity"), showing that machine unlearning could be achieved by using differentially private (DP) algorithms. However, their results left open a gap between upper and lower bounds on the deletion capacity of these algorithms: our work fully closes this gap, obtaining tight bounds on the deletion capacity achievable by DP-based machine unlearning algorithms.
Autores: Yiyang Huang, Clément L. Canonne
Última atualização: 2023-09-02 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://arxiv.org/abs/2309.00886
Fonte PDF: https://arxiv.org/pdf/2309.00886
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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