Viés de Gênero na Contratação: Insights do 'The Voice'
Estudo revela viés de gênero nos processos de seleção do 'The Voice'.
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Índice
O preconceito de gênero nas contratações é um problema grande que afeta o mercado de trabalho. Muitos estudos mostram que as mulheres frequentemente enfrentam discriminação ao se candidatarem a empregos. Mas não tem evidência clara de quanto desse preconceito é por causa das preferências dos recrutadores baseadas no gênero do candidato. Este artigo analisa uma situação única em um programa de TV popular chamado "The Voice", onde as audições são feitas de um jeito que esconde a identidade dos participantes. Ao estudar esse programa, a gente quer ver se e como o preconceito de gênero influencia quem é escolhido para seguir em frente.
Contexto
No mundo dos negócios, as diferenças de gênero nas práticas de contratação podem criar lacunas nas oportunidades de emprego. Pode ser difícil medir essas diferenças com precisão porque elas costumam se misturar com outros fatores como educação e habilidades. Vários experimentos tentaram esclarecer esse assunto, mostrando que os recrutadores podem favorecer injustamente candidatos do próprio gênero. Em muitos casos, os pesquisadores enviam aplicações de emprego falsas que só diferem no gênero para ver se isso afeta as taxas de retorno dos empregadores. Porém, esse jeito muitas vezes não considera o gênero dos tomadores de decisão.
Esse artigo foca em um tipo específico de preconceito conhecido como "preconceito de próprio gênero", que significa favorecer candidatos do próprio gênero. Enquanto estudos anteriores sugerem que as mulheres podem mostrar esse preconceito em situações controladas, a realidade pode ser diferente. Muitos estudos anteriores falharam em incluir uma variedade de cenários, o que torna difícil saber se os recrutadores realmente mostram favoritismo baseado no gênero.
Entendendo o Formato do Programa
"The Voice" é uma competição de canto global que está no ar em vários países desde que foi criada. O programa tem várias etapas, começando com audições onde os participantes se apresentam para um painel de coaches. Um aspecto único do programa é que durante as audições às cegas, os coaches não conseguem ver os participantes. Eles só ouvem a voz deles. Se um coach curte o que ouve, ele pressiona um botão para virar a cadeira e sinalizar seu interesse. Esse formato cria um ambiente onde a seleção é baseada puramente na voz do cantor, facilitando examinar possíveis preconceitos dos coaches.
Coleta de Dados
As informações para esse estudo foram coletadas dos episódios de "The Voice" em quatro países diferentes: Reino Unido, França, Alemanha e Austrália. Cada país teve várias temporadas do programa, começando em 2012. Os dados foram coletados de páginas da Wikipedia dedicadas a cada versão do "The Voice". Esses dados incluem detalhes sobre as performances, os participantes e os coaches.
Para descobrir o gênero de cada participante, olhamos para os nomes deles e usamos uma ferramenta online para prever o gênero com um alto nível de confiança. Esse método nos permitiu atribuir gênero a quase todos os participantes nos nossos dados. As músicas apresentadas também foram categorizadas por gênero, o que acrescentou mais uma camada de análise.
Estatísticas Resumidas
Analisamos um total de quase 12.000 performances envolvendo mais de 3.000 Artistas únicos e 58 coaches. Dentre esses coaches, cerca de um terço eram mulheres. Os dados mostraram que participantes femininas e masculinos foram escolhidos com frequências diferentes, mas o preconceito geral era difícil de perceber só olhando para os números. Por exemplo, as participantes femininas representaram cerca de 21,6% dos escolhidos durante as audições às cegas.
Identificando o Preconceito de Gênero
Para entender como o preconceito de gênero afeta as decisões de contratação nesse cenário específico, analisamos as interações entre o gênero do coach e o gênero do artista. Usando um método estatístico conhecido como diferença-em-diferenças, conseguimos estimar quão mais provável era que um artista fosse escolhido por um coach de gênero diferente ou igual.
Nossas descobertas iniciais indicaram que coaches homens eram mais propensos a escolher artistas femininas, e vice-versa. Essa preferência mostrou um preconceito significativo de gênero oposto, significando que os coaches tendiam a favorecer artistas do gênero oposto ao seu. Especificamente, os dados indicaram uma diferença de cerca de 4,5 pontos percentuais a favor das seleções de gênero oposto.
Analisando a Heterogeneidade
Queríamos olhar mais de perto como fatores como a composição da equipe e a ordem das performances afetavam as escolhas feitas pelos coaches. Por exemplo, se um coach tinha uma equipe que predominantemente consistia de um gênero, isso influenciava sua seleção em termos de escolher um artista do gênero oposto? Nossa análise revelou que em equipes onde a maioria era de um gênero, os coaches eram mais propensos a selecionar artistas do outro gênero.
Esse preconceito parecia mudar dependendo da composição de gênero de cada equipe. Quando a equipe era dominada por mulheres, os coaches homens tendiam a favorecer as participantes femininas, enquanto os coaches mulheres favoreciam os participantes masculinos em uma configuração dominada por homens. Isso sugere que a dinâmica da composição da equipe pode desempenhar um papel importante em como os preconceitos se manifestam.
Ordem de Performance
A ordem das performances também poderia impactar o processo de seleção. Por exemplo, como um artista se apresentou mais cedo ou mais tarde na audição poderia afetar suas chances de ser selecionado. Nossa análise considerou como o timing de cada performance poderia influenciar a tomada de decisão do coach. No entanto, descobrimos que esse fator teve um efeito mínimo sobre o preconceito de gênero.
O Papel das Características dos Coaches
Outro aspecto que exploramos foi se as características individuais dos coaches tinham um efeito sobre o preconceito. Por exemplo, alguns coaches mostraram mais preconceito que outros? Ao examinar os dados de perto, aprendemos que, embora o preconceito existisse, ele não estava restrito apenas a alguns coaches, mas era um problema mais amplo entre todos os coaches.
Implicações para Práticas de Contratação
As descobertas desse estudo não apenas lançam luz sobre a natureza do preconceito de gênero no contexto de "The Voice", mas também sugerem implicações mais amplas para o mercado de trabalho. Os resultados indicam que os gerentes de contratação podem, inconscientemente, favorecer candidatos com base em seu gênero, levando a uma discriminação sistemática contra certos grupos.
Entender esses preconceitos é crucial para criar práticas de contratação mais equitativas. Isso levanta questões sobre como mudar os comportamentos e percepções dos gerentes de contratação para prevenir discriminação injusta.
Conclusão
Essa pesquisa destaca a existência de preconceito de gênero em um ambiente controlado onde outras variáveis foram minimizadas. O formato único de "The Voice" nos permitiu observar claramente a influência do gênero na tomada de decisão. Os resultados sugerem que tanto preconceitos de próprio gênero quanto de gênero oposto estão presentes, com os coaches mostrando uma tendência a favorecer candidatos do gênero oposto.
Abordar o preconceito de gênero nas contratações é uma questão complexa. No entanto, ao reconhecer essas tendências, empresas e organizações podem trabalhar em direção ao desenvolvimento de estratégias para garantir que todos os candidatos sejam considerados de forma justa com base em suas habilidades, e não em seu gênero.
Além disso, esse estudo enfatiza a necessidade de mais pesquisas sobre o preconceito de gênero em várias indústrias e contextos. Entender os fatores que contribuem para o preconceito pode ajudar a abrir caminho para práticas de contratação mais justas e promover a igualdade na força de trabalho.
Título: Discrimination and Constraints: Evidence from The Voice
Resumo: Gender discrimination in the hiring process is one significant factor contributing to labor market disparities. However, there is little evidence on the extent to which gender bias by hiring managers is responsible for these disparities. In this paper, I exploit a unique dataset of blind auditions of The Voice television show as an experiment to identify own gender bias in the selection process. The first televised stage audition, in which four noteworthy recording artists are coaches, listens to the contestants blindly (chairs facing away from the stage) to avoid seeing the contestant. Using a difference-in-differences estimation strategy, a coach (hiring person) is demonstrably exogenous with respect to the artist's gender, I find that artists are 4.5 percentage points (11 percent) more likely to be selected when they are the recipients of an opposite-gender coach. I also utilize the machine-learning approach in Athey et al. (2018) to include heterogeneity from team gender composition, order of performance, and failure rates of the coaches. The findings offer a new perspective to enrich past research on gender discrimination, shedding light on the instances of gender bias variation by the gender of the decision maker and team gender composition.
Autores: Anuar Assamidanov
Última atualização: 2023-08-23 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://arxiv.org/abs/2308.11922
Fonte PDF: https://arxiv.org/pdf/2308.11922
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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