O Papel dos Líderes Religiosos em Crises de Saúde Pública
Líderes religiosos influenciam comportamentos de saúde de forma positiva e negativa nas comunidades.
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Índice
Líderes religiosos são pessoas em quem as Comunidades confiam, e eles têm um papel importante em promover a Saúde e influenciar comportamentos. A participação deles pode ter efeitos positivos e negativos nas iniciativas de saúde pública. Por exemplo, em alguns casos, mensagens de líderes religiosos podem incentivar as pessoas a adotarem práticas de saúde seguras, enquanto em outros, a desinformação pode causar danos.
Contribuições Positivas para a Saúde Pública
Em algumas situações, líderes religiosos foram eficazes em espalhar mensagens sobre saúde. Nos Estados Unidos, por exemplo, mensagens de líderes religiosos apoiando relacionamentos entre pessoas do mesmo sexo estavam ligadas a uma maior disposição entre americanos negros para usar métodos de prevenção do HIV. Em Gana, líderes religiosos que compartilharam mensagens de saúde pública sobre HIV através da mídia ajudaram a reduzir o estigma em torno do vírus.
Durante o surto de Ebola em Serra Leoa, líderes religiosos foram jogadores chave em fomentar a confiança pública e o engajamento da comunidade. Quando epidemias acontecem, as pessoas frequentemente buscam informações de quem elas confiam. Em Serra Leoa, os líderes religiosos eram vistos como fontes confiáveis de informação, o que ajudou a promover práticas seguras durante o surto.
Desinformação e Desafios Enfrentados
Por outro lado, líderes religiosos também podem atrapalhar os esforços de saúde pública. Por exemplo, no norte da Nigéria, algumas figuras religiosas espalharam informações falsas de que vacinas contra a poliomielite continham substâncias prejudiciais, o que levou à interrupção das campanhas de Vacinação. Durante a epidemia de HIV/AIDS, alguns grupos religiosos promoveram a abstinência em vez de práticas de sexo seguro como o uso de preservativos, causando confusão e mensagens misturadas.
A epidemia de Ebola trouxe vários desafios, especialmente porque certas práticas religiosas e culturais aumentaram o risco de transmissão do vírus. Por exemplo, lavar corpos de pessoas falecidas era uma prática comum, o que dificultava o controle da propagação do Ebola. Para resolver isso, foi essencial envolver líderes religiosos na promoção de práticas de sepultamento mais seguras.
Importância da Comunicação de Risco
Para mudar efetivamente o comportamento das pessoas durante crises de saúde, campanhas de comunicação de risco precisam considerar as conexões entre os indivíduos, seus pares e a comunidade maior. Isso significa que as estratégias devem ser sensíveis ao contexto cultural e às realidades enfrentadas por populações específicas. Envolver líderes religiosos na promoção de práticas de sepultamento seguras durante o surto de Ebola foi uma intervenção crítica que ajudou a espalhar mensagens de saúde pública de forma eficaz.
Durante o surto, líderes religiosos trabalharam em estreita colaboração com profissionais de saúde pública para criar mensagens baseadas em textos religiosos. Essas mensagens foram compartilhadas em lugares de culto, eventos comunitários e através da mídia. Pesquisas mostraram que quando líderes religiosos comunicavam mensagens de saúde, as pessoas eram mais propensas a adotar comportamentos de sepultamento seguros.
Confiança e Engajamento da Comunidade
Em crises, as pessoas se apoiam em figuras de confiança para obter informações. Em Serra Leoa, os líderes religiosos ocupavam um lugar de destaque na sociedade e eram vistos como comunicadores importantes durante o surto de Ebola. Sua autoridade ajudou a garantir que as mensagens de saúde fossem levadas a sério. A pandemia de COVID-19 destacou ainda mais o papel significativo de líderes confiáveis, incluindo figuras religiosas, nas respostas de saúde pública.
A desinformação em torno das vacinas contra COVID-19 criou desafios, já que alguns líderes religiosos influentes expressaram opiniões negativas sobre a vacinação. Em contraste, em Israel, líderes religiosos desempenharam um papel crucial na promoção das vacinas COVID-19, demonstrando como sua influência pode ser tanto benéfica quanto prejudicial.
Compreendendo os Contextos Religiosos
Serra Leoa é um país onde a religião tem um papel essencial, com a maioria da população se identificando como muçulmana ou cristã. Organizações religiosas historicamente se envolveram em várias campanhas de saúde pública, e em tempos de necessidade, elas conseguem mobilizar efetivamente. Por exemplo, durante a guerra civil em Serra Leoa, grupos religiosos trabalharam juntos para promover a paz e atender às necessidades de saúde.
Quando o surto de Ebola começou em Serra Leoa, líderes religiosos formaram uma força-tarefa para ampliar seu papel na resposta. Eles colaboraram com profissionais de saúde para desenvolver mensagens que fossem relevantes para suas comunidades, abordando a desinformação e trabalhando para promover práticas seguras.
Apoio Comunitário e Esperança
Líderes religiosos forneceram apoio emocional e espiritual durante o surto de Ebola, ajudando os membros da comunidade a lidarem com o medo e a dor associados à doença. Eles se tornaram uma fonte de esperança, oferecendo encorajamento e conselhos, lembrando os indivíduos a seguirem as orientações dos profissionais de saúde. Ao conectar suas mensagens a crenças espirituais, eles facilitaram a compreensão e aceitação das medidas de saúde recomendadas.
Os líderes religiosos enquadraram o Ebola no contexto dos ensinamentos bíblicos e corânicos, traçando paralelos com doenças históricas. Isso ajudou as pessoas a se relacionarem com a situação e a entenderem a importância das medidas de saúde sendo promovidas. Além disso, eles defenderam sepultamentos seguros e dignos, respeitando as necessidades culturais e espirituais da comunidade.
Colaboração Entre Diferentes Religiões
Durante o surto, líderes cristãos e islâmicos trabalharam juntos para criar uma frente unida na comunicação de mensagens de saúde. Essa colaboração foi crucial para fomentar a confiança dentro de suas comunidades. O fato de que líderes de diferentes religiões conseguiram se unir mandou uma mensagem poderosa ao público de que a luta contra o Ebola transcendia barreiras religiosas.
A visibilidade de líderes religiosos trabalhando lado a lado não apenas ajudou a reforçar a importância da segurança, mas também permitiu uma comunicação mais clara. Ao concordarem em transmitir as mesmas mensagens, eles minimizavam a confusão e tornavam mais fácil para o público entender quais ações eram necessárias para se protegerem.
Interações com Outros Líderes Comunitários
Além de colaborar com outros líderes religiosos, o engajamento de chefes de vilas e curandeiros tradicionais fortaleceu ainda mais o alcance das mensagens de saúde. Parcerias com líderes locais ajudaram a disseminar informações de forma eficaz pelas comunidades. Curandeiros tradicionais, apesar de terem crenças diferentes, foram incluídos nas equipes de comunicação para garantir que uma mensagem consistente e unida fosse transmitida a todos os membros da comunidade.
Quando líderes religiosos trabalharam ao lado de profissionais de saúde, isso tornou o público mais receptivo aos conselhos médicos. A presença de figuras religiosas confiáveis ajudou a aumentar a credibilidade das mensagens de saúde sendo transmitidas.
Estratégias-chave para Construir Confiança
Líderes religiosos identificaram três estratégias principais que os ajudaram a ganhar a confiança do público e a comunicar efetivamente mensagens de saúde: se estabelecer como figuras não políticas, fornecer apoio às suas comunidades e colaborar entre religiões. Essas estratégias foram adaptadas para construir confiança entre os membros da comunidade em relação às informações compartilhadas.
Mensagens Não Políticas
Em um contexto onde a confiança política era baixa, líderes religiosos se posicionaram como neutros e não políticos. Ao se distanciarem dos políticos, criaram um espaço onde o público se sentia mais confortável para aceitar suas mensagens. Os líderes entenderam que precisavam usar seu status de confiança para superar o ceticismo que as pessoas tinham em relação a figuras políticas.
A separação da política permitiu que eles se concentrassem apenas na saúde e no bem-estar da comunidade. Membros da comunidade expressaram que eram mais propensos a ouvir os líderes religiosos porque os viam como dedicados a ajudar, em vez de buscar ganho pessoal.
Fornecendo Apoio Comunitário
Durante o surto de Ebola, líderes religiosos enfatizaram seu papel como apoiadores de suas comunidades. Eles ouviram as preocupações das pessoas, forneceram orientação emocional e ofereciam esperança em tempos difíceis. Isso aprimorou sua capacidade de comunicar riscos de forma eficaz e incentivou indivíduos a seguirem as diretrizes de saúde.
Em momentos desafiadores, líderes religiosos intervieram para fornecer conforto, ajudando os membros da comunidade a encontrarem coragem e esperança. Essa sensação de apoio criou um ambiente mais favorável para a disseminação de informações sobre saúde.
Colaboração entre Religiões
Líderes religiosos trabalharam juntos para transmitir mensagens unificadas, deixando de lado suas diferenças para enfrentar a crise comum. Essa colaboração ajudou a dissipar confusões causadas por informações conflitantes de várias fontes. Ao apresentarem uma frente unida, demonstraram a importância de se unir para o bem-estar da comunidade.
Conclusão
Líderes religiosos têm um papel essencial na saúde pública, especialmente durante crises como o surto de Ebola em Serra Leoa. Sua confiabilidade e profunda conexão com suas comunidades permitem que comuniquem efetivamente mensagens importantes sobre saúde. Embora possam influenciar comportamentos de forma positiva, também podem contribuir para a desinformação se não forem cuidadosos.
Envolver líderes religiosos nos esforços de saúde pública ajuda a fechar a lacuna entre profissionais de saúde e members da comunidade. A capacidade deles de adaptar mensagens para se encaixarem em contextos culturais e crenças espirituais aumenta a eficácia das campanhas de saúde. A colaboração entre religiões não só fortalece a credibilidade da mensagem, mas também fomenta um senso de unidade entre comunidades diversas.
No fim das contas, a experiência durante o surto de Ebola ressalta a necessidade de colaboração contínua entre líderes religiosos e oficiais de saúde pública. Valorizando o papel dessas figuras confiáveis, as iniciativas de saúde pública podem se tornar mais eficazes e melhores para atender às necessidades das comunidades.
Título: Building confidence in crises - the roles of Sierra Leonean religious leaders during the 2014-2016 Ebola outbreak
Resumo: BackgroundReligious leaders have been involved in risk communication campaigns for many years across West Africa such as their involvement in the HIV/AIDS pandemic response. Little is known about religious leaders perceptions of their role in communicating Ebola risks during the 2014-2016 outbreak in Sierra Leone and the strategies they adopted to communicate these risks. MethodsIn this qualitative study 10 semi-structured interviews were conducted with religious leaders in Freetown, Sierra Leone, to better understand their perceptions of their roles communicating risk during the outbreak. Five Christian and five Islamic leaders were recruited from multiple national religious organisations including male and female leaders. The data was analysed using thematic analysis. ResultsThree themes were developed from the data which illustrate the different strategies religious leaders used when establishing public confidence in their role communicating risk and the messages they communicated during the outbreak. The religious leaders describe how they established themselves as non-political actors in the outbreak response, they provided support to their communities and used collaboration as a means to effectively communicate risk. The religious leaders adapted pre-existing roles and established new ones in order to build confidence among their communities. They flexibly and pragmatically utilised scriptural texts within these strategies to communicate risk and to establish confidence in their messages. ConclusionsReligious leaders were pragmatic in their approach to risk communication, leveraging political distrust and collaborating with other actors to strengthen their position. Interreligious unity as well as scripturally supported messaging helped establish confidence in the public health emergency response. Author SummaryReligious leaders are both positively and negatively associated with the promotion of protective behaviours during outbreaks. During the 2014-2016 Ebola outbreak, thousands of religious leaders were engaged to communicate Ebola risks and protective Ebola messages across Sierra Leone. Working with public health professionals they developed Ebola specific messages by selecting specific passages from scripture to support medical messages. These messages were positively associated with safe burial behaviours during the outbreak in Sierra Leone. In this study, semi structured interviews were conducted with religious leaders involved in risk communication campaigns during the outbreak. Our results highlight that religious leaders were pragmatic in their approach to risk communication, leveraging political distrust and collaborating with other actors to strengthen their position. Interreligious unity as well as scripturally supported messaging helped establish confidence in the public health emergency response. In their role communicating risk religious leaders prioritised building confidence by advocating for community supported Ebola-measures and by establishing themselves as non-political actors in the outbreak response. Public health messages developed by religious leaders in line with scriptural texts can be used as part of risk communication campaigns to improve their public acceptability.
Autores: Helena Nordenstedt, P. Lyons, M. Winters, M. F. Jalloh, H. Mölsted Alveson
Última atualização: 2023-11-15 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.11.14.23298507
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.11.14.23298507.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/publicdomain/zero/1.0/
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