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Entendendo as Mucopolissacaridoses e HGSNAT

Um olhar mais atento sobre MPS, suas causas e o papel do HGSNAT.

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Índice

As mucopolissacaridoses (MPS) são um grupo de doenças genéticas raras que acontecem pela falta ou mau funcionamento de Enzimas específicas que quebram moléculas chamadas Glicosaminoglicanos (GAGs). Os GAGs são cadeias longas de moléculas de açúcar que têm um papel crucial na estrutura e função dos tecidos conjuntivos. Quando essas enzimas não funcionam direito, os GAGs se acumulam nas células do corpo, causando vários problemas de saúde. A MPS III, também conhecida como síndrome de Sanfilippo, é um tipo de MPS que afeta principalmente o sistema nervoso central e é caracterizada por sintomas neurológicos severos.

O que é HGSNAT?

HGSNAT, ou heparan-α-glucosaminídeo N-acetiltransferase, é uma enzima importante envolvida na quebra do sulfato de heparano (um tipo de GAG). Essa enzima atua nos lisossomos, que são estruturas celulares que ajudam a digerir várias substâncias. HGSNAT é responsável pelo primeiro passo na degradação do sulfato de heparano, que é essencial para manter a função celular adequada. Se o HGSNAT não funcionar corretamente, o sulfato de heparano e outros GAGs podem se acumular, levando à MPS III.

O Processo de Degradação dos GAGs

A quebra dos GAGs começa no citosol (o líquido dentro das células), onde os proteoglicanos maiores são decompostos em GAGs menores, como o sulfato de heparano e o sulfato de condroitina. Esses GAGs menores são então transportados para os lisossomos, onde passam por mais degradação em monossacarídeos e resíduos de sulfato através de caminhos multi-enzimáticos especializados. Se alguma das enzimas nesse processo não funcionar bem, pode levar ao acúmulo de GAGs parcialmente degradados nos lisossomos, que é a causa raiz das MPS.

Sintomas da MPS III

A MPS III é caracterizada por uma gama de sintomas que geralmente aparecem na infância. Isso pode incluir:

  • Aumento dos órgãos (organomegalia)
  • Movimento anormal das articulações
  • Problemas cardíacos
  • Perda de visão e audição
  • Declínio cognitivo e demência

A progressão dos sintomas geralmente leva a uma severa incapacidade e morte precoce. Atualmente, não existem tratamentos eficazes disponíveis para a MPS III.

Tipos de MPS III

A MPS III é dividida em quatro subtipos, baseados nas enzimas específicas que são afetadas:

  1. MPS IIIA
  2. MPS IIIB
  3. MPS IIIC
  4. MPS IIID

Dentre eles, a MPS IIIC é causada por problemas com a enzima HGSNAT. Esse tipo ocorre muito raramente, afetando aproximadamente 1 em cada 1,4 milhões de indivíduos.

A Função do HGSNAT

O HGSNAT é único porque é a única enzima na via de degradação dos GAGs que não pertence ao grupo das hidrolases. Seu papel principal é catalisar a acetilação do sulfato de heparano, que é um passo crucial em sua degradação. Esse processo envolve transferir um grupo acetila do acetil-CoA (um composto que carrega grupos acetila) para o grupo amino da α-D-glucosamina encontrada no sulfato de heparano.

O HGSNAT é produzido como uma forma precursora que passa por processamento proteolítico nos lisossomos, resultando em dois fragmentos importantes: HGSNAT-α e HGSNAT-β. Esses fragmentos trabalham juntos para facilitar a função do HGSNAT.

Estrutura do HGSNAT

Estudos recentes revelaram informações valiosas sobre a estrutura do HGSNAT. A proteína contém um domínio luminal e um domínio transmembrana que está dentro da membrana lisossomal. Análises estruturais detalhadas mostraram que o HGSNAT é um dímero, ou seja, consiste em duas cadeias de proteínas idênticas que funcionam juntas.

A estrutura completa permite que os cientistas entendam como o HGSNAT se liga ao acetil-CoA e realiza sua função enzimática. Isso revela as localizações dos aminoácidos importantes envolvidos na ligação e na catálise, o que pode ajudar na formulação de terapias potenciais para indivíduos com MPS III.

Mutação no Gene HGSNAT

Existem mais de 70 mutações conhecidas no gene HGSNAT. Essas mutações podem levar ao dobramento e localização incorretos da proteína, o que contribui para o desenvolvimento da MPS IIIC. A maioria das mutações são mutações "missense", onde uma única mudança de aminoácido altera a função da proteína.

Compreender essas mutações é crucial para desenvolver tratamentos direcionados. Alguns tratamentos buscam estabilizar essas proteínas mal dobradas, efetivamente "resgatando" sua função.

Terapias Potenciais

Embora não existam tratamentos atuais para a MPS III, os pesquisadores estão investigando terapias potenciais que podem ajudar os indivíduos a gerenciar seus sintomas ou melhorar a função enzimática. Uma área promissora é o uso de farmacochaperonas, que são pequenas moléculas que podem ajudar no dobramento e função adequados de proteínas mutadas.

Além disso, terapia de reposição enzimática, terapia gênica e terapia de redução de substrato são possíveis abordagens sendo exploradas para aliviar o acúmulo de GAGs em indivíduos afetados.

Conclusão

O HGSNAT desempenha um papel vital na degradação de glicosaminoglicanos. Disrupções em sua função levam à MPS III, uma condição com grandes desafios de saúde. Compreender a estrutura e a função do HGSNAT, assim como a natureza de suas mutações, é essencial na busca por terapias eficazes. Pesquisas contínuas podem em breve abrir caminho para tratamentos que melhorem a qualidade de vida daquelas pessoas afetadas por essa doença rara e debilitante.

Fonte original

Título: Structure of the human heparan-α-glucosaminide N-acetyltransferase (HGSNAT)

Resumo: Degradation of heparan sulfate (HS), a glycosaminoglycan (GAG) comprised of repeating units of N-acetylglucosamine and glucuronic acid, begins in the cytosol and is completed in the lysosomes. Acetylation of the terminal non-reducing amino group of -D-glucosamine of HS is essential for its complete breakdown into monosaccharides and free sulfate. Heparan--glucosaminide N-acetyltransferase (HGSNAT), a resident of the lysosomal membrane, catalyzes this essential acetylation reaction by accepting and transferring the acetyl group from cytosolic acetyl-CoA to terminal -D-glucosamine of HS in the lysosomal lumen. Mutation-induced dysfunction in HGSNAT causes abnormal accumulation of HS within the lysosomes and leads to an autosomal recessive neurodegenerative lysosomal storage disorder called mucopolysaccharidosis IIIC (MPS IIIC). There are no approved drugs or treatment strategies to cure or manage the symptoms of, MPS IIIC. Here, we use cryo-electron microscopy (cryo-EM) to determine a high-resolution structure of the HGSNAT-acetyl-CoA complex, the first step in HGSNAT catalyzed acetyltransferase reaction. In addition, we map the known MPS IIIC mutations onto the structure and elucidate the molecular basis for mutation-induced HGSNAT dysfunction.

Autores: Shyamal Mosalaganti, V. Navratna, A. Kumar, J. K. Rana

Última atualização: 2024-06-12 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.10.23.563672

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.10.23.563672.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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