Gerenciando a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo Pediátrico: O Papel do PEEP
Analisando como o PEEP afeta o tratamento em crianças com PARDS.
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Índice
A síndrome do desconforto respiratório agudo pediátrico (PARDS) é uma condição séria que afeta crianças e é marcada por problemas nos pulmões, resultando em baixos níveis de oxigênio no sangue. Essa condição pode ocorrer em cerca de 3,2% das crianças que são internadas em unidades de terapia intensiva pediátrica (UTIPs). Infelizmente, pode ser fatal, com casos graves apresentando uma taxa de mortalidade de até 33%.
Atualmente, não existe um tratamento específico para a PARDS. No entanto, os médicos costumam usar terapias de suporte, incluindo ventilação mecânica cuidadosa, para ajudar a gerenciar a situação. Esses métodos visam proteger os pulmões de mais lesões causadas pelo próprio ventilador. Isso envolve limitar as pressões dentro dos pulmões e usar menores quantidades de ar ao respirar. Os médicos também às vezes permitem níveis mais altos de dióxido de carbono e um certo grau de baixos níveis de oxigênio enquanto gerenciam o paciente.
Importância da Pressão Positiva ao Final da Expiração (PEEP)
Um aspecto chave para ajudar crianças com PARDS é achar o nível certo de pressão positiva ao final da expiração (PEEP). PEEP é uma forma de manter os pulmões abertos no final da expiração, o que ajuda na troca de gases nos pulmões. A quantidade certa de PEEP pode prevenir que partes dos pulmões colapsem, evitando também a hiperextensão do tecido pulmonar, que pode causar outros problemas, como problemas cardíacos.
No entanto, os médicos frequentemente enfrentam desafios ao ajustar os níveis de PEEP. Muitas vezes, esse ajuste é baseado apenas nos níveis de oxigênio no sangue, o que pode não dar uma visão completa. PEEP muito baixo pode prejudicar os pulmões, enquanto PEEP muito alto pode impedir o fluxo sanguíneo e a função cardíaca, tornando ainda mais difícil para o corpo obter oxigênio suficiente.
Devido a essas preocupações, muitos médicos preferem aumentar a quantidade de oxigênio que a criança está respirando em vez de elevar o nível de PEEP. A falta de evidências claras sobre os efeitos do PEEP nas crianças também pode fazer com que níveis baixos de PEEP sejam usados mais frequentemente do que o ideal.
Visão Geral do Estudo
Para abordar essa incerteza, foi realizado um estudo para investigar o impacto de diferentes níveis de PEEP em vários fatores de saúde em crianças com PARDS. O estudo aconteceu no Brasil e envolveu crianças que estavam recebendo ventilação mecânica. A aprovação para o estudo foi obtida do comitê de ética necessário, e o consentimento informado foi coletado dos responsáveis pelas crianças envolvidas.
Os participantes foram selecionados com base em critérios específicos relacionados à estabilidade respiratória e cardíaca. Crianças que mostraram sinais de esforço respiratório, tiveram problemas cardíacos ou estavam usando certos medicamentos durante o estudo foram excluídas.
Procedimentos do Estudo
Uma vez inscritos, as informações demográficas e os dados respiratórios das crianças foram coletados. Os pesquisadores então ajustaram os níveis de PEEP gradualmente para quantidades específicas, mantendo outras configurações no ventilador estáveis. Os níveis de oxigênio no ar que estavam respirando foram ajustados conforme necessário para manter níveis saudáveis de oxigênio no sangue.
Após cada alteração no PEEP, os pesquisadores monitoraram vários fatores:
- Hemodinâmica: Isso inclui frequência cardíaca e pressão arterial.
- Mecânica respiratória: Isso analisa o quão bem os pulmões conseguem se expandir e quão facilmente o ar flui através deles.
- Oxigenação: Isso mede os níveis de oxigênio no corpo.
Para coletar dados precisos, o estudo utilizou vários instrumentos para garantir que os resultados fossem confiáveis.
Descobertas sobre Hemodinâmica, Mecânica Respiratória e Oxigenação
O estudo encontrou que vários fatores mudaram significativamente quando os níveis de PEEP foram ajustados. Por exemplo, enquanto a pressão arterial permaneceu estável, houve quedas notáveis na função cardíaca (índice cardíaco) quando o PEEP foi aumentado para níveis altos. Muitas crianças no estudo experimentaram reduções na saída cardíaca e no fluxo sanguíneo para os pulmões em níveis mais altos de PEEP.
Em termos de função pulmonar, a capacidade dos pulmões de se expandirem e absorverem ar foi pior em níveis mais altos de PEEP. Quando o PEEP foi elevado, algumas crianças mostraram uma queda significativa na complacência pulmonar, ou seja, seus pulmões não conseguiam se expandir tão facilmente. No entanto, também houve um aumento nos níveis de oxigênio no sangue, embora nem todas as crianças se beneficiassem igualmente dessa mudança.
Os achados sugerem uma relação complexa entre PEEP, função cardíaca e níveis de oxigênio. Para muitas crianças, aumentar o PEEP pode levar a uma melhor saturação de oxigênio, mas também pode piorar a função cardíaca e a entrega geral de oxigênio.
Importância de Monitorar os Pacientes
Monitorar crianças de perto durante os ajustes de PEEP é crucial. Como o estudo mostrou, enquanto níveis mais altos de PEEP podem melhorar os níveis de oxigênio, também podem comprometer a função cardíaca e a mecânica pulmonar. Para muitos participantes, o nível de PEEP mais eficaz parecia ser em torno de 5 cmH2O ou menos.
Os resultados destacam a necessidade de avaliações individualizadas dos pacientes durante a ventilação mecânica. A resposta de cada criança a diferentes níveis de PEEP pode variar, enfatizando a importância de avaliações cuidadosas e contínuas pela equipe de saúde.
Diretrizes e Recomendações Atuais
As diretrizes atuais sugerem um enfoque cauteloso quanto aos níveis de PEEP em crianças com PARDS. Elas recomendam manter níveis de PEEP que geralmente se alinham com tabelas de estudos anteriores. Essas recomendações são baseadas em evidências que indicam que níveis mais baixos de PEEP podem aumentar o risco de mortalidade em crianças com PARDS.
As diretrizes também enfatizam a importância de monitorar não apenas os níveis de oxigênio, mas também o fluxo sanguíneo e a função pulmonar durante os ajustes de PEEP. O equilíbrio certo é crucial para garantir o tratamento mais eficaz com efeitos colaterais negativos mínimos.
A Necessidade de Mais Pesquisas
Apesar dessas descobertas, ainda falta dados abrangentes sobre como o PEEP afeta as crianças, especialmente aquelas com diferentes causas de PARDS. Estudos adicionais são necessários para explorar os efeitos do PEEP em perfis de pacientes variados, incluindo aqueles com diferentes condições subjacentes e níveis de gravidade.
Entender como o PEEP atua nas crianças pode levar a melhores práticas clínicas e melhorar os resultados para os jovens pacientes que sofrem de PARDS. Pesquisas futuras devem se concentrar em como avaliar e prever o potencial de recrutamento pulmonar em crianças para otimizar seu cuidado durante a ventilação mecânica.
Conclusão
Em conclusão, enquanto o PEEP é um aspecto essencial do manejo da síndrome do desconforto respiratório agudo pediátrico, seus efeitos podem variar significativamente entre as crianças. Níveis mais altos de PEEP podem melhorar a saturação de oxigênio, mas também podem levar a impactos prejudiciais na função cardíaca e na mecânica pulmonar. Monitoramento cuidadoso e planos de tratamento individualizados são vitais para gerenciar a PARDS de forma eficaz. Um melhor entendimento do papel do PEEP nos cuidados respiratórios das crianças ajudará, em última análise, a melhorar as taxas de sobrevivência e a qualidade de vida desses jovens pacientes.
Título: The impact of PEEP on hemodynamics, respiratory mechanics, and oxygenation of children with PARDS
Resumo: ObjectiveTo assess the impact of increasing positive end-expiratory pressure (PEEP) on hemodynamics, respiratory system mechanics, and oxygenation in children with pediatric acute respiratory distress syndrome (PARDS). DesignProspective single-center study. SettingTertiary care, university-affiliated PICU. PatientsMechanically ventilated children with PARDS. InterventionsPEEP was sequentially changed to 5, 12, 10, 8, and again to 5 cmH2O. After 10 minutes at each PEEP level, hemodynamic and respiratory variables were registered. Aortic and pulmonary blood flows were assessed through transthoracic echocardiography, while respiratory system mechanics were measured using the least squares fitting method. Measurements and Main ResultsA total of 31 patients were included, with median age and weight of 6 months and 6.3 kg, respectively. The main reasons for PICU admission were respiratory failure caused by acute viral bronchiolitis (45%) and community-acquired pneumonia (32%). At enrollment, most patients had mild or moderate PARDS (45% and 42%, respectively), with a median oxygenation index of 8.4 (IQR 5.8-12.7). Oxygen saturation improved significantly when PEEP was increased. However, although no significant changes in blood pressure were observed, the median cardiac index at PEEP of 12 cmH2O was significantly lower than that observed at any other PEEP level (p=0.001). Fourteen participants (45%) experienced a reduction in cardiac index of more than 10% when PEEP was increased from 5 cmH2O to 12 cmH2O. Also, the estimated oxygen delivery was significantly lower at 12 cmH2O PEEP. Finally, respiratory system compliance significantly reduced when PEEP was increased. At a PEEP level of 12 cmH2O, static compliance suffered a median reduction of 25% (IQR 39.7-15.2) in relation to the initial assessment (PEEP of 5 cmH2O). ConclusionsDespite the improvement in oxygen saturation, increasing PEEP in hemodynamically stable children with PARDS can cause a significant reduction in cardiac output, oxygen delivery, and respiratory system compliance. Key PointsO_LIQuestion: What is the impact of positive end-expiratory pressure on hemodynamics, respiratory mechanics and oxygenation in children with acute respiratory distress syndrome? C_LIO_LIFindings: In this prospective single-center study, we found a significant reduction in stroke volume index and cardiac index when PEEP was increased to 12 cmH2O. Furthermore, despite the improvement in oxygenation, the increase in PEEP was associated with a significant reduction in the estimated oxygen delivery and respiratory system compliance. C_LIO_LIMeaning: In addition to oxygenation, PEEP titration in children should include close monitoring of hemodynamics and respiratory mechanics. C_LI RESEARCH IN CONTEXTO_LILung-protective ventilation using positive end-expiratory pressure (PEEP) remains the mainstay of respiratory management in ARDS. C_LIO_LIHigh PEEP levels have the potential to impact cardiac function and lung mechanics. C_LIO_LIDue to concerns about the adverse effects of high PEEP levels, hypoxemia is often managed by increasing the fraction of inspired oxygen rather than escalating PEEP. C_LI AT THE BEDSIDEO_LIAlthough it can improve peripheral oxygen saturation, high levels of PEEP have the potential to decrease cardiac output and thereby decrease oxygen delivery. C_LIO_LIAs no changes in blood pressure were observed during PEEP titration, it cannot be used as a surrogate for cardiac output monitoring. C_LIO_LILung recruitability should be carefully evaluated in children with PARDS, as increasing PEEP may lead to reduced compliance of the respiratory system. C_LI
Autores: Tiago Henrique de Souza, F. M. D. Junqueira, I. d. S. Ferraz, F. J. Campos, T. Matsumoto, M. B. Brandao, R. J. N. Nogueira
Última atualização: 2024-01-21 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.01.18.24301487
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.01.18.24301487.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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