A Influência das Expectativas na Percepção e Confiança
Analisando como as experiências passadas moldam nossas opiniões e a confiança na tomada de decisões.
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Nossa visão do mundo ao nosso redor é frequentemente afetada por incertezas. Uma maneira de entender como lidamos com essa incerteza é através de um método chamado raciocínio bayesiano. Essa abordagem sugere que nossas percepções e Decisões dependem não apenas do que vemos, mas também do que esperamos com base em experiências passadas.
Quando percebemos algo, nosso cérebro capta informações sensoriais, como as imagens e sons que encontramos. Isso é frequentemente chamado de "probabilidade". Também temos "prioris", que são nossas expectativas ou crenças sobre o que deveríamos ver com base em nossas experiências passadas. Ao combinar essas duas fontes de informação, nosso cérebro forma um "posterior", que é o que realmente percebemos.
Recentemente, pesquisadores expandiram essa ideia para incluir como nos sentimos sobre nossas decisões. Isso significa que não apenas tomamos decisões com base em informações sensoriais e conhecimento prévio, mas também formamos uma sensação de Confiança sobre essas decisões. Essa confiança está relacionada à probabilidade que acreditamos que nossas decisões estejam corretas, o que pode ser influenciado pelo que esperávamos ver.
Priors e Confiança
Estudos mostram que nossas crenças anteriores podem impactar nossas decisões e a confiança que sentimos nelas. Por exemplo, digamos que você espera ver algo se movendo devagar porque, na sua experiência, muitos objetos fazem isso. Essa crença pode afetar não só o que você vê, mas também quão confiante você se sente sobre sua Percepção.
Curiosamente, pesquisas descobriram que os prioris podem impactar nossas escolhas e níveis de confiança de maneiras diferentes. Por exemplo, pense em uma situação em que você está tentando decidir se algo está se movendo rápido ou devagar. Se você espera que se mova devagar, essa crença pode influenciar sua decisão mais do que a informação sensorial que você está recebendo.
Mas nem todos os prioris funcionam da mesma forma. Existem "prioris de alto nível", que podem mudar com base no contexto de uma situação, e "prioris de baixo nível", que são mais estáveis e baseados em nossas experiências naturais. Prioris de alto nível podem estar relacionados a expectativas mais abstratas, enquanto prioris de baixo nível podem vir de experiências cotidianas que moldam como percebemos as coisas.
O Prior de Movimento Lento
Um exemplo específico de um prior de baixo nível é chamado de "prior de movimento lento". Essa ideia vem do fato de que muitos objetos que encontramos na vida estão parados ou se movem lentamente. Nossos cérebros se adaptaram para esperar que a maioria das coisas não se mova muito rápido. Quando se trata de decidir como algo está se movendo, esse prior de movimento lento pode desempenhar um papel significativo, especialmente quando a informação sensorial está confusa ou ruidosa.
Para estudar isso, os pesquisadores criaram tarefas onde os participantes observam linhas em movimento e precisam decidir se elas estão se movendo no sentido horário ou anti-horário. Em alguns casos, a informação visual pode ser confusa, como quando as bordas das linhas não estão totalmente visíveis. Nessas condições, as pessoas costumam voltar ao seu prior de movimento lento, levando-as a perceber o movimento de uma forma que se alinha com sua expectativa de movimento lento.
O Experimento
Na nossa investigação, queríamos ver como esse prior de movimento lento influencia tanto as decisões quanto a confiança que as pessoas sentem sobre essas decisões. Projetamos um experimento onde os participantes foram convidados a tomar decisões sobre a direção de movimento de linhas que se moviam por uma área circular. Depois de tomar suas decisões, eles também indicaram quão confiantes se sentiam sobre cada escolha.
Preparamos dois cenários diferentes: um onde o prior de movimento lento provavelmente influenciaria as decisões das pessoas e outro onde não influenciaria. Comparando esses cenários, pudemos ver se a confiança que as pessoas tinham sobre suas decisões diferia com base na influência do prior de movimento lento.
Testando o Viés
Antes de mergulhar na tarefa principal, os participantes completaram uma sessão de treinamento. Isso ajudou eles a se acostumarem aos estímulos visuais e ao processo de tomada de decisão. Na tarefa principal, eles visualizaram uma série de linhas em movimento, que variavam em quão inclinadas estavam em relação à direção de movimento lento esperada.
Os participantes tomaram duas decisões sobre a direção do movimento das linhas e depois relataram qual decisão se sentiram mais confiantes. Essa estrutura tinha como objetivo eliminar viéses que poderiam surgir de como os participantes avaliavam sua confiança, tornando-se uma medida mais limpa da influência dos prioris.
Para determinar o efeito do prior de movimento lento, comparamos duas condições: uma onde o prior deveria afetar as decisões e outra onde não deveria. Controlando outros fatores, pretendíamos ver se as diferenças na confiança poderiam ser atribuídas ao prior de movimento lento.
Analisando as Decisões
À medida que os participantes completavam as tarefas, registramos suas escolhas e níveis de confiança após cada decisão. Esperávamos que, na condição influenciada pelo prior de movimento lento, os participantes mostrassem um viés em suas decisões, favorecendo a direção de movimento que se alinha com sua expectativa de movimento lento.
Para analisar se esse viés estava presente, observamos as taxas de escolha em ambas as condições. Também examinamos se as pessoas estavam mais confiantes em suas decisões quando o prior de movimento lento influenciava sua percepção.
Resultados
Quando olhamos para os resultados, descobrimos que os participantes realmente mostraram um viés quando o prior de movimento lento estava presente. Eles tendiam a favorecer essa direção mais do que na condição sem influência de prior. Isso sugere que o prior de movimento lento afetou suas decisões.
Além disso, quando verificamos os níveis de confiança, os participantes relataram se sentir mais confiantes sobre suas escolhas quando o prior de movimento lento estava influenciando suas decisões. Isso indicou que o prior não apenas afetou o que perceberam, mas também quão certos se sentiam sobre essas percepções.
Entendendo os Resultados
Esses achados são significativos para entender como nossos cérebros processam informações. Parece que nossas experiências moldam nossas expectativas, que, por sua vez, impactam nossas percepções e a confiança que temos nessas percepções.
O interessante é que mesmo quando a informação sensorial é ambígua, nossas expectativas podem guiar fortemente nossas decisões e confiança. Isso mostra uma interação poderosa entre o que aprendemos com experiências passadas e como navegamos em situações incertas.
O Papel dos Estímulos Visuais
Os estímulos visuais utilizados no experimento foram essenciais para moldar como os participantes perceberam o movimento. O estudo usou linhas se movendo por uma abertura circular, o que criou um cenário onde a direção real do movimento poderia ser confusa. Esse design permitiu que os pesquisadores observassem como os participantes dependiam de suas expectativas anteriores quando a informação sensorial não era perfeita.
Em situações do dia a dia, frequentemente encontramos informações ambíguas, seja ao reconhecer um rosto em uma multidão ou ao interpretar um som em um ambiente barulhento. Nossa capacidade de confiar em experiências passadas para preencher as lacunas da incerteza pode ser crucial nesses momentos.
Implicações
As implicações dessa pesquisa vão além da compreensão da percepção de movimento. Elas tocam em ideias mais amplas de como aprendemos com nosso ambiente e como essas lições moldam nossa confiança em várias situações. Por exemplo, em cenários de tomada de decisão, saber como experiências anteriores podem enviesar nossa confiança pode nos ajudar a refletir sobre nossas escolhas de maneira mais crítica.
Em aplicações práticas, essa pesquisa pode influenciar áreas como educação, onde entender como o conhecimento prévio impacta a aprendizagem pode melhorar os métodos de ensino. Da mesma forma, em campos como psicologia ou marketing, compreender como expectativas impulsionam a confiança pode informar estratégias para influenciar decisões.
Conclusão
Em resumo, nosso estudo destaca o papel significativo que expectativas anteriores desempenham em moldar tanto a percepção quanto a confiança. O prior de movimento lento serve como um forte exemplo de como nossos cérebros filtram e interpretam informações do mundo ao nosso redor. Ao reconhecer e entender esses viéses, podemos obter melhores insights sobre o comportamento humano e melhorar práticas em várias áreas, desde a educação até a tomada de decisões.
Essa pesquisa abre a porta para investigações futuras sobre outros tipos de prioris e como eles podem afetar nossas percepções e níveis de confiança de maneira semelhante. À medida que continuamos a explorar essas dinâmicas, podemos aprimorar nossa compreensão das complexas relações entre nossas experiências, expectativas e interações com o mundo.
Título: Long-term perceptual priors drive confidence bias which favors prior-congruent evidence
Resumo: Within a Bayesian framework, both our perceptual decisions and confidence about those decisions are based on the precision-weighted integration of prior expectations and incoming sensory information. This assumes priors to influence both decisions and confidence in the same way. Against this assumption, asymmetries have been found in the influence that priors have on confidence compared to discrimination decisions. However, these patterns were found for high-level probabilistic expectations that are flexibly induced in the task context. It remains unclear whether this generalizes to low-level perceptual priors that are naturally formed through long term exposure. Here we investigated human participants confidence in decisions made under the influence of a long-term perceptual prior: the slow-motion prior. Participants viewed moving line stimuli for which the slow-motion prior biases the perceived motion direction. On each trial, they made two consecutive motion direction decisions followed by a confidence decision. We contrasted two conditions - one in which the prior biased perceptual decisions and one in which decisions were driven by the sensory information alone. We found a confidence bias favoring the condition in which the prior influenced decisions, even when accounting for performance differences. Computational modeling revealed this effect to best be explained by confidence using the prior-congruent evidence as an additional cue, beyond the posterior evidence used in the perceptual decision. This suggests a confirmatory confidence bias favoring evidence congruent with low-level perceptual priors, revealing that, in line with high-level expectations, even long-term priors have a particularly strong influence at the metacognitive level.
Autores: Marika Constant, E. Filevich, P. Mamassian
Última atualização: 2024-06-22 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.17.599305
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.17.599305.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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