Investigando o Papel dos Motores Dynein no Movimento Ciliar
Esse estudo explora como os motores de dineína impactam as oscilações ciliares e sua eficiência.
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Índice
- A Estrutura e Função das Cílios Móveis
- Desafios em Medir o Ruído nas Cílios
- Fator de Qualidade como Medida de Ruído
- Reativando Axonemas para Medição
- Compreendendo Frequência de Batimento, Amplitude e Fator de Qualidade
- Extração Bioquímica de Motores de Dineína
- O Papel dos Motores de Dineína na Definição da Frequência de Batimento
- Amplitude de Batimento e sua Relação com Motores de Dineína
- Fator de Qualidade e Número de Cabeças de Motores
- Impacto da Concentração de ATP no Comportamento Ciliar
- Medindo a Potência Hidrodinâmica
- Limites Energéticos e Precisão do Oscilador
- Resumo das Descobertas
- Conclusão
- Fonte original
Os osciladores biológicos são sistemas em organismos vivos que criam movimentos rítmicos. Mesmo tendo que lidar com flutuações aleatórias e barulho, esses osciladores funcionam com precisão. Pesquisadores acreditam que a precisão desses ritmos biológicos depende de quantas unidades "marcapasso" estão conectadas e é limitada por como a energia é gasta no sistema.
Um dos tipos mais interessantes de osciladores biológicos são os motores moleculares. Essas pequenas máquinas podem criar movimentos oscilatórios e são encontradas em vários processos biológicos. Por exemplo, ajudam na detecção de som nas células ciliadas, movimento nas fibras musculares, posicionamento de estruturas durante a divisão celular e os movimentos rítmicos das cílios que ajudam os organismos a nadar em líquidos.
A Estrutura e Função das Cílios Móveis
As cílios móveis são projeções finas da superfície das células eucarióticas, medindo geralmente entre 10 e 50 micrômetros de comprimento. Elas contêm estruturas especializadas chamadas motores de dineína, que estão dispostas ao longo de uma estrutura central conhecida como axonema. Essa estrutura tem uma forma consistente em diferentes tipos de organismos, desde seres unicelulares simples até plantas e animais complexos.
Os motores de dineína trabalham juntos para deslizar os microtúbulos, mudando a forma das cílios. Esse movimento de dobra acontece porque o deslizamento é restringido na base das cílios. A atividade desses motores não é constante; muda dependendo de como o axonema é dobrado, resultando em oscilações regulares com frequências variando de 10 a 50 Hz. Embora os cientistas ainda estejam estudando exatamente como esses motores são controlados, acreditam que qualquer mudança controlada pode fornecer insights sobre modelos teóricos da função das cílios.
Cada motor de dineína opera em ciclos que conectam a quebra de ATP (uma molécula que fornece energia) à aplicação de pequenas forças. Os passos nesses ciclos são aleatórios, então as forças envolvidas podem flutuar em uma escala pequena. No entanto, essas flutuações podem ser observadas em uma escala maior, com variações na dobra das cílios sendo visíveis através de microscopia de luz.
Essas flutuações podem afetar o funcionamento das cílios. Por exemplo, variações na amplitude do movimento podem ajudar organismos microscópicos a nadar de forma mais eficiente, enquanto diferenças no tempo podem atrapalhar a sincronização entre grupos de cílios, que é essencial para nadar eficientemente e mover fluidos.
Desafios em Medir o Ruído nas Cílios
Estudar o ruído nas cílios é bem complicado. Mudanças lentas no comportamento das cílios podem ocorrer ao longo de muitos ciclos e são influenciadas por alterações nas concentrações de íons dentro das células. Essas mudanças lentas podem se misturar com as flutuações rápidas e caóticas causadas pelos motores de dineína, dificultando a interpretação dos resultados de manipulações experimentais.
Além disso, o número de motores de dineína em uma cílio é fixo e não pode ser alterado durante os experimentos, a menos que por meio de mudanças genéticas.
Fator de Qualidade como Medida de Ruído
Uma maneira de medir o ruído nos movimentos ciliares é através de um fator de qualidade, um número que indica o quanto o ritmo da oscilação varia ao longo do tempo. Um modelo simples sugeriu que esse fator de qualidade deveria aumentar em relação ao número de motores presentes.
Até agora, essa teoria não foi testada de maneira aprofundada em experimentos de laboratório. Alguns estudos anteriores descobriram que remover motores de dineína das células poderia diminuir a frequência de movimento, mas não focaram em como as flutuações mudaram.
Para investigar isso mais a fundo, pesquisadores utilizaram Axonemas (a parte central das cílios) que foram reativados após serem isolados das células. Isso permitiu à equipe manipular o número de dineínas e observar como isso afetava o comportamento dos axonemas.
Reativando Axonemas para Medição
Os axonemas podem ser retirados de um tipo de alga verde chamada Chlamydomonas. Uma vez extraídos, eles podem ser reativados em uma solução especial que fornece energia. Usando gravações em vídeo de alta velocidade, os pesquisadores podem acompanhar o movimento dos axonemas com grande precisão.
A forma e o movimento desses axonemas podem ser caracterizados observando como os ângulos dos axonemas mudam ao longo do tempo. Analisar a frequência e a amplitude dessas oscilações ajuda a definir parâmetros chave como a amplitude do batimento e o fator de qualidade.
O fator de qualidade reflete quantos ciclos são necessários para o movimento rítmico perder sua consistência. Um fator de qualidade mais alto indica um oscilador mais estável e preciso.
Compreendendo Frequência de Batimento, Amplitude e Fator de Qualidade
Os pesquisadores analisaram como o fator de qualidade muda com diferentes números de motores de dineína usando dois métodos: primeiro, examinando uma cepa mutante de Chlamydomonas que não possui certos motores de dineína, e segundo, removendo motores usando um processo de extração química.
Extração Bioquímica de Motores de Dineína
Para analisar como o número de motores impacta o funcionamento das cílios, os pesquisadores desenvolveram um método para extrair motores de dineína dos axonemas. Esses motores vêm em dois tipos principais: dineínas de braço interno (IAD) e dineínas de braço externo (OAD), e estão espaçados regularmente ao longo do comprimento do axonema.
Usando uma solução salina, os pesquisadores puderam extrair ambos os tipos de motores de dineína em relação à concentração do sal. Eles usaram uma técnica que permite medir precisamente quantos motores permanecem após a extração.
Os pesquisadores descobriram que, à medida que aumentavam a concentração de sal, o número de motores de dineína diminuía. Para axonemas de células normais, observaram cerca de 20% de perda de motores de dineína na maior concentração de sal, enquanto os axonemas mutantes mostraram uma perda de 70%.
O Papel dos Motores de Dineína na Definição da Frequência de Batimento
A frequência de batimento, ou quão rápido os axonemas se movem para frente e para trás, estava relacionada ao número de cabeças de motor presentes. Sem nenhuma extração, a frequência média de batimento para axonemas normais era de cerca de 70 Hz, enquanto para a cepa mutante, era de cerca de 30 Hz.
À medida que os motores de dineína eram removidos, a frequência de batimento caiu de maneira linear. Ambos os tipos de dineínas pareciam contribuir igualmente para controlar a frequência de batimento, independentemente do tipo.
Amplitude de Batimento e sua Relação com Motores de Dineína
A amplitude de batimento descreve quão longe os axonemas se movem durante cada ciclo. Os pesquisadores descobriram que essa medição dependia principalmente das dineínas de braço interno. Isso significa que mesmo com menos dineínas de braço externo presentes, a amplitude permanecia consistente.
Fator de Qualidade e Número de Cabeças de Motores
O fator de qualidade, que indica quão estáveis são os movimentos dos axonemas, também foi medido. Ao comparar axonemas normais e mutantes, o fator de qualidade aumentou com o número total de motores de dineína. No entanto, os axonemas mutantes mostraram um fator de qualidade consistentemente mais baixo.
Curiosamente, quando plotado contra o número de dineínas de braço interno apenas, uma tendência clara emergiu. O fator de qualidade aumentou significativamente até cerca de 95% das dineínas de braço interno estarem presentes. Além desse ponto, a presença de dineínas de braço externo não melhorou ainda mais o fator de qualidade.
Impacto da Concentração de ATP no Comportamento Ciliar
A concentração de ATP também teve um efeito nos movimentos dos axonemas. Em axonemas normais, quando a concentração de ATP caiu, tanto a frequência de batimento quanto o fator de qualidade diminuíram, enquanto a amplitude permaneceu praticamente inalterada.
Isso sugere que as dineínas de braço interno trabalham de forma mais eficiente em níveis mais baixos de ATP em comparação com as dineínas de braço externo, que desaceleram primeiro à medida que o ATP diminui.
Medindo a Potência Hidrodinâmica
A potência gerada pelos axonemas em movimento é bem baixa comparada às estimativas de estudos anteriores com cílios ainda ligados às células. Isso significa que os axonemas isolados não são tão eficientes, provavelmente funcionando em modo de espera em vez de utilizarem completamente a energia.
Os pesquisadores calcularam a potência média para axonemas normais e os mutantes, mostrando que os movimentos no fluido ao redor deles geravam potência mínima.
A potência calculada indicou que apenas uma pequena fração da energia liberada pela quebra de ATP é convertida em trabalho útil, enquanto a maior parte pode ser desperdiçada como calor.
Limites Energéticos e Precisão do Oscilador
A precisão dos osciladores biológicos, como os axonemas, tem limites baseados em quanto de energia é utilizada. Uma relação teórica explica que há um limite superior para o fator de qualidade, que depende de quanto de energia é dissipada durante a oscilação.
Usando essa relação, os pesquisadores estimaram que o fator de qualidade medido durante os experimentos era menor que o máximo teórico. Isso sugere que o fator de qualidade pode não ter sido otimizado pela evolução, já que a necessidade biológica pode não exigir a precisão máxima.
Resumo das Descobertas
O estudo mostra que o fator de qualidade das oscilações axonemais aumenta com o número de dineínas de braço interno. As dineínas de braço externo só contribuem para esse aumento quando uma densidade crítica de dineínas de braço interno está presente.
Pesquisas anteriores notaram ruído em cílios e flagelos ligado a vários parâmetros, e os fatores de qualidade medidos em axonemas isolados correlacionam bem com descobertas anteriores de células vivas. Isso reforça a ideia de que as dineínas de braço interno são cruciais para gerar um movimento consistente, enquanto as dineínas de braço externo desempenham um papel de suporte para aumentar a velocidade do movimento.
Conclusão
As descobertas destacam a importância das dineínas de braço interno e externo nas oscilações ciliares. As dineínas de braço interno atuam como os principais motoristas do batimento, enquanto as dineínas de braço externo ajudam a aumentar a velocidade. Os fatores de qualidade obtidos fornecem insights sobre o funcionamento biológico das cílios e sua eficiência energética. Pesquisas futuras continuarão a aprofundar a compreensão desses osciladores biológicos e seus papéis nos organismos vivos.
Título: Active fluctuations of axoneme oscillations scale with number of dynein motors
Resumo: Fluxes of energy generate active forces in living matter, yet also active fluctuations. As canonical example, collections of molecular motors exhibit spontaneous oscillations with frequency jitter caused by non-equilibrium phase fluctuations. We investigate phase fluctuations in reactivated Chlamydomonas axonemes, which are accessible to direct manipulation. We quantify the precision of axonemal oscillations after controlled chemical removal of dynein motors, providing an experimental test for the theory prediction that the quality factor of motor oscillations should increase with motor number. Our quantification reveals specialized roles of inner and outer arm dynein motors. This supports a model in which inner dyneins serve as master pace-makers, to which outer arm dyneins become entrained, consistent with recent insight provided by structural biology.
Autores: Veikko F. Geyer, A. Sharma, B. M. Friedrich
Última atualização: 2024-06-25 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.25.600380
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.06.25.600380.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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