Pé Diabético Infectado: O Desafio da Resistência a Antibióticos
Analisando como a resistência a antibióticos afeta os resultados em infecções de pé diabético.
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Índice
O pé diabético infectado (PDI) é uma das principais razões pelas quais pessoas com diabetes acabam no hospital. Essa condição afeta muitos pacientes, e cerca de 15-20% deles podem precisar de uma amputação maior. No Peru, o PDI representa cerca de 18,9% das Internações Hospitalares relacionadas ao diabetes, com mais da metade desses casos levando a complicações sérias, como sepse. Isso resulta em custos de tratamento mais altos e afeta a qualidade de vida de muitos pacientes, especialmente aqueles em países em desenvolvimento. Devido à gravidade dessa condição, tratamentos eficazes e personalizados são urgentemente necessários.
O Desafio da Resistência aos Antibióticos
Um grande desafio no tratamento do PDI é a resistência aos antibióticos. Algumas bactérias se tornaram resistentes a múltiplos antibióticos, o que é uma preocupação significativa. Dependendo do país, a taxa dessas bactérias multirresistentes (BMR) pode variar bastante, de 14% a 66%. Quando essas bactérias resistentes estão presentes, os pacientes tendem a se recuperar mais devagar, precisam de mais cirurgias, ficam mais tempo no hospital e enfrentam custos de tratamento mais altos. Infecções resistentes também exigem maior suporte nutricional, consomem mais oxigênio, desregulam o controle da glicose e levam a níveis mais baixos de hemoglobina. Como o PDI é frequentemente causado por vários tipos de bactérias, os médicos geralmente começam com antibióticos de amplo espectro e ajustam o tratamento com base nos resultados dos testes.
Para tratar o PDI de forma eficaz, é crucial saber quais tipos de bactérias estão presentes em cada unidade de saúde e criar um plano de tratamento baseado nessas informações. No entanto, não há muitos dados sobre como a BMR afeta os desfechos clínicos do PDI, especialmente na América Latina. Fatores como escolher os antibióticos errados por causa da indisponibilidade dos resultados dos testes, redução da eficácia dos antibióticos devido ao fluxo sanguíneo ruim e colonização por bactérias resistentes devido a visitas frequentes ao hospital contribuem para o problema.
Além disso, cerca de 30% dos pacientes em atendimentos ambulatoriais têm um bom controle da glicose, o que torna provável que aqueles com infecções por BMR tenham Resultados Clínicos ruins.
Visão Geral do Estudo
Esse artigo investiga como as bactérias multirresistentes se relacionam com os desfechos em pacientes com PDI em um hospital no Peru. Um estudo foi realizado com pacientes que visitaram a Unidade de Pé Diabético (UPD) em um hospital em Lima entre janeiro de 2017 e dezembro de 2019. O hospital atende um grande número de pessoas em situação econômica desfavorecida. A UPD tem sido o principal centro de tratamento para pacientes com PDI desde 2015.
O estudo incluiu pacientes diagnosticados com PDI, especialmente aqueles que testaram positivo para infecções nas primeiras 48 horas de contato. Pacientes foram excluídos se tivessem necrose severa, não pudessem ter culturas feitas ou tivessem certas outras condições.
Participantes do Estudo e Coleta de Dados
Após aplicar os critérios, um total de 192 pacientes foram incluídos no estudo. Dentre eles, 80,8% tinham infecções causadas por bactérias multirresistentes. A maioria era do sexo masculino, e a idade média era de cerca de 60 anos. A duração média do diabetes nesses pacientes era de 12 anos, com muitos apresentando controle ruim da glicose.
Usando métodos padrão, os pesquisadores coletaram dados sobre as características da infecção, detalhes dos pacientes e desfechos clínicos. Eles analisaram diferentes fatores, como profundidade da ferida, gravidade da infecção e problemas de fluxo sanguíneo. Além disso, registraram resultados de exames relacionados aos níveis de hemoglobina e outros indicadores de saúde importantes.
A equipe seguiu diretrizes para tratamento e manejo de infecções do pé diabético para garantir que os procedimentos adequados fossem realizados.
Resultados do Estudo
O estudo encontrou que o desfecho primário, que incluía morte ou amputação maior, ocorreu em cerca de 18,9% dos pacientes. A taxa de mortalidade geral foi baixa, em 2,1%, enquanto as amputações maiores corresponderam a 17,7%. Um número significativo de pacientes, cerca de 67%, precisou de internação, e notavelmente, 80% dos internados ficaram mais de 14 dias.
Os principais fatores relacionados a desfechos mais graves incluíam ter mais de 60 anos, diabetes por mais de dez anos, feridas maiores e presença de infecções graves ou problemas de fluxo sanguíneo. Não houve uma relação clara entre a presença de bactérias multirresistentes e morte ou amputação maior após considerar esses fatores, mas internações mais longas estavam associadas a infecções por BMR.
Comparação com Outros Estudos
Os resultados do estudo foram consistentes com algumas pesquisas anteriores que não encontraram uma associação forte entre bactérias multirresistentes e desfechos clínicos negativos, sugerindo que um tratamento inicial eficaz é a chave. Curiosamente, a prevalência de BMR foi muito maior neste estudo, atingindo 82%, em comparação com outros países, onde as taxas variaram entre 13,8% e 72,5%.
A alta taxa de bactérias resistentes pode ser devida a fatores como o histórico de tratamento dos pacientes e o ambiente de saúde, que podem favorecer o crescimento de cepas resistentes. O tipo de bactéria também variou, sendo as bactérias gram-negativas as mais comuns entre os pacientes deste estudo.
Implicações para a Saúde Pública
A alta prevalência de bactérias multirresistentes indica a necessidade de uma melhor vigilância e gerenciamento em hospitais. As unidades de saúde devem estabelecer seus perfis de resistência bacteriana, permitindo o uso oportuno e eficaz de antibióticos adaptados às bactérias específicas encontradas em seus pacientes. Essa abordagem pode evitar atrasos no tratamento e ajudar a controlar a disseminação de infecções.
Internações prolongadas não só aumentam os custos para os sistemas de saúde, mas também colocam os pacientes em risco de contrair novas infecções enquanto estão em tratamento. Medidas eficazes devem ser implementadas para prevenir a contaminação cruzada e garantir um cuidado adequado durante as internações.
Limitações e Forças do Estudo
Uma limitação do estudo foi o número elevado de pacientes com bactérias multirresistentes, o que pode ter impactado os achados gerais. Além disso, o estudo não incluiu culturas para certos tipos de bactérias, o que pode ter afetado os resultados.
No entanto, o estudo teve pontos fortes, como a adesão às diretrizes para manejo de infecções e técnicas adequadas de coleta de amostras para evitar contaminações. O uso de um sistema moderno para testar a suscetibilidade bacteriana também contribuiu para a confiabilidade dos achados.
Conclusão
Essa investigação sobre a relação entre bactérias multirresistentes e desfechos clínicos em pacientes com pé diabético infectado revelou que, embora não houvesse conexão com morte ou amputação maior, uma internação mais longa estava associada a essas infecções resistentes. Os resultados enfatizam a importância de identificar e gerenciar infecções bacterianas de forma rápida. Mais pesquisas são necessárias para entender completamente o efeito das bactérias multirresistentes nos resultados dos pacientes e desenvolver estratégias para um melhor gerenciamento no futuro.
Título: Association of multidrug-resistant bacteria and clinical outcomes in patients with infected diabetic foot in a Peruvian Hospital: A retrospective cohort analysis
Resumo: ObjectiveTo evaluate the association of multidrug-resistant bacteria (MDRB) and adverse clinical outcomes in patients with infected diabetic foot (IDF) in a Peruvian hospital. Materials and MethodsThis retrospective cohort study evaluated patients treated in the Diabetic Foot Unit of a General Hospital in Lima, Peru. MDRB was based on resistance to more than two pharmacological groups across six clinically significant genera. The primary outcome was death due to complications of the IDF and/or major amputation. Other outcomes included minor amputation, hospitalization, and a hospital stay longer than 14 days. Relative risks were estimated using Poisson regression for all outcomes. ResultsThe study included 192 IDF patients with a mean age of 59.9 years; 74% were males. A total of 80.8% exhibited MDRB. The primary outcome had an incidence rate of 23.2% and 5.4% in patients with and without MDRB, respectively (p = 0.01). After adjusting for sex, age, bone involvement, severe infection, ischemia, diabetes duration, and glycosylated hemoglobin, MDRB showed no association with the primary outcome (RR 3.29; 95% CI, 0.77 - 13.9), but did with hospitalization longer than 14 days (RR 1.43; 95% CI, 1.04 - 1.98). ConclusionsOur study found no association between MDRB and increased mortality and/or major amputation but did find a correlation with prolonged hospitalization. The high proportion of MDRB could limit the demonstration of the relationship. It is urgent to apply continuous evaluation of bacterial resistance, implement a rational plan for antibiotic use, and maintain biosafety to confront this threat.
Autores: Marlon Yovera-Aldana, P. Sifuentes-Hermenegildo, M. S. Cervera-Ocana, E. Mezones-Holguin
Última atualização: 2024-02-13 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.02.12.24302725
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2024.02.12.24302725.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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