Entendendo a Dislexia de Desenvolvimento e o Processamento Auditivo
Este estudo investiga a relação entre dislexia e dificuldades de processamento auditivo.
― 10 min ler
Índice
- A Natureza das Dificuldades de Leitura
- Estrutura Cerebral e Dislexia
- A Conexão Entre Estrutura Cerebral e Habilidades Auditivas
- Configuração do Estudo e Metodologia
- Demografia e Contexto dos Participantes
- Avaliando o Processamento Auditivo
- Examinando a Estrutura Cerebral por meio de Imagens
- Analisando os Resultados
- Conclusão: Implicações para a Compreensão da Dislexia
- Fonte original
- Ligações de referência
A Dislexia de Desenvolvimento (DD) é uma dificuldade com leitura e escrita que dura a vida toda. Esse desafio não tem a ver com baixa inteligência ou falta de educação. Normalmente, a DD é identificada quando uma criança tem dificuldades para ler. Um dos principais problemas para quem tem DD é a Consciência Fonológica, que é a habilidade de ouvir e manipular sons na fala. Isso significa que a relação entre as letras das palavras escritas e os sons que elas representam pode ser difícil para essas pessoas.
A Natureza das Dificuldades de Leitura
Ler exige conectar a linguagem escrita (ortografia) com a linguagem falada (fonologia). Quando alguém tem dificuldade em formar representações sonoras precisas, a leitura pode falhar. Muitos pesquisadores acreditam que esses problemas vêm de um déficit fonológico. No entanto, os problemas de fala na dislexia não dizem respeito apenas à fonologia. Algumas teorias sugerem que eles podem ser parte de dificuldades mais amplas com o processamento de sons em geral.
Desafios gerais para ouvir sons podem limitar a capacidade de criar e usar representações de fonemas, que são as menores unidades de som em uma língua. Para reconhecer os sons da fala, nossos ouvidos precisam captar pistas complexas no que ouvimos. Uma dessas características sonoras é a modulação de amplitude, onde o volume do som muda ao longo do tempo. Aumentos específicos na intensidade podem sinalizar partes importantes da fala, como frases e sílabas. Pessoas com DD têm dificuldades em detectar essas mudanças de amplitude.
Além disso, quem tem DD às vezes tem dificuldade para entender a fala em ambientes barulhentos. Essa situação normalmente é mais difícil do que ouvir em lugares silenciosos e pode exigir representações sonoras mais precisas. Pesquisas também mostram que crianças pequenas em risco de dislexia apresentam problemas na percepção de mudanças de amplitude. A capacidade de perceber essas diferenças pode prever habilidades futuras de vocabulário e consciência sonora.
Enquanto algumas crianças com DD mostram déficits ao ouvir barulho, outras não apresentam esses problemas até chegarem à pré-escola. Com o tempo e desenvolvimento, muitas crianças melhoram nessa área, mostrando que esses desafios auditivos podem mudar conforme elas crescem. No entanto, os pesquisadores ainda debatem se os desafios auditivos são verdadeiros indicadores de DD ou afetam apenas certos grupos.
Estrutura Cerebral e Dislexia
Os desafios da dislexia costumam estar ligados a características incomuns nas vias auditivas do cérebro. Estudos sugeriram quantidades anormais de tecido cerebral ou espessuras variáveis em áreas específicas como o giro temporal superior (STG), que é importante para processar sons. Notavelmente, a pesquisa mostra padrões diferentes nessa área do cérebro entre indivíduos com DD.
Especificamente, alguns estudos observaram espessura diminuída em partes do STG, enquanto outros notaram aumentos em regiões diferentes. Esses resultados variados levam à ideia de que as diferenças na estrutura cerebral podem explicar as diferenças nas habilidades de processamento sonoro entre indivíduos com DD.
A área do STG no cérebro desempenha um papel crucial em como ouvimos sons e entendemos a fala. A pesquisa mostra que a melhoria nas Habilidades de Leitura em crianças em desenvolvimento típico está ligada ao aumento do volume e espessura do cérebro no STG. Essa conexão reforça a importância dessa área cerebral para processar sons de forma precisa.
A Conexão Entre Estrutura Cerebral e Habilidades Auditivas
Embora os pesquisadores tenham encontrado ligações entre a estrutura cerebral e as dificuldades enfrentadas na dislexia, ainda não está claro como essas mudanças estruturais se relacionam especificamente aos desafios comportamentais. Avanços recentes em tecnologia, como a eletrofisiologia intracraniana (iEEG), revelaram que nossos cérebros processam sons de fala rapidamente. Essas novas informações permitem um melhor mapeamento de como as dificuldades em entender sons se relacionam com a função cerebral.
Trabalhos recentes identificaram áreas específicas no STG que são importantes para processar sons da fala. Essas áreas estão ligadas a certos problemas vistos em indivíduos com dislexia, permitindo que os pesquisadores conectem os desafios comportamentais a diferenças estruturais no cérebro.
Para entender melhor essas relações complexas, os pesquisadores queriam ver como a capacidade de processar sons se relaciona com a estrutura do STG em crianças com DD em comparação com colegas em desenvolvimento típico (TD). Eles avaliaram dois tipos de Processamento Auditivo: a capacidade de discriminar mudanças de amplitude em sons não falados e a capacidade de reconhecer a fala em meio ao ruído de fundo. Eles também mediram habilidades de leitura e cognitivas nas mesmas crianças.
Configuração do Estudo e Metodologia
Um grupo de crianças com DD e um grupo de crianças TD foram testados usando várias tarefas auditivas. O objetivo era ver como cada grupo se saía em dois tipos de desafios auditivos: reconhecer mudanças na amplitude e entender a fala em ruído.
Os pesquisadores também usaram ressonâncias magnéticas (MRI) para examinar a estrutura do STG em ambos os grupos. Uma medida específica utilizada foi o índice de girificação local (LGI), que dá uma ideia de quanto a superfície do cérebro é dobrada. Essa medida pode indicar a complexidade da estrutura cerebral em diferentes regiões.
Os pesquisadores queriam ver se melhorias na compreensão de mudanças de amplitude em sons não falados se relacionariam à estrutura cerebral no STG posterior. Eles também esperavam que a compreensão da fala no ruído se conectasse mais de perto com o STG médio.
Demografia e Contexto dos Participantes
O estudo envolveu 78 crianças com DD e 32 crianças TD. Todos os participantes passaram por uma série de testes neuropsicológicos e acadêmicos. As crianças com DD foram selecionadas de um centro especializado em dislexia, enquanto as crianças TD foram recrutadas de escolas locais. Os pesquisadores garantiram que todos os participantes não tivessem histórico de lesões cerebrais ou distúrbios neurológicos.
Para avaliar habilidades de leitura e linguagem, os pesquisadores usaram testes padronizados. Eles avaliaram habilidades cognitivas usando um teste específico de raciocínio. As crianças que compunham o grupo DD tiveram que atender a critérios específicos, incluindo ter um diagnóstico formal de DD e obter baixas pontuações em testes de leitura.
Avaliando o Processamento Auditivo
Tarefa de Tempo de Aumento de Amplitude em Sons Não Falados
A primeira tarefa auditiva se concentrou na capacidade de discriminar o tempo de aumento- uma medida de quão rápido um som aumenta de volume. Os participantes ouviram dois tons e tiveram que identificar qual deles tinha um tempo de aumento mais lento. Essa tarefa avaliou quão bem as crianças podiam detectar pequenas diferenças nas mudanças de amplitude.
Os pesquisadores mediram o desempenho com base em quão precisamente as crianças conseguiam identificar o tom correto, com diferentes tempos de aumento apresentados ao longo da tarefa. Um desempenho bem-sucedido era definido como alcançar um nível específico de precisão.
Tarefa de Fala em Ruído
A segunda tarefa envolveu ouvir uma única sílaba apresentada junto com ruído de fundo. Os participantes foram convidados a repetir o que ouviram. Essa tarefa tinha o objetivo de imitar os desafios do mundo real, onde a fala deve ser entendida em cenários barulhentos.
As crianças tiveram que repetir as sílabas várias vezes em diferentes condições de ruído. O desempenho delas foi rastreado com base na porcentagem de respostas corretas. Os pesquisadores também analisaram quais erros foram cometidos para avaliar quão bem conseguiam identificar diferentes sons.
Examinando a Estrutura Cerebral por meio de Imagens
Os pesquisadores usaram ressonâncias magnéticas para capturar imagens dos cérebros das crianças. Eles analisaram essas imagens em busca de características específicas, como espessura cortical e LGI. Eles hipotetizaram que um melhor desempenho nas tarefas auditivas estaria conectado a diferenças estruturais nas áreas cerebrais relevantes.
Analisando os Resultados
Desempenho nas Tarefas Auditivas
Os resultados mostraram que crianças com DD tiveram dificuldades significativas na tarefa de tempo de aumento de amplitude. O desempenho delas foi pior do que o das crianças TD. No entanto, ambos os grupos tiveram um desempenho semelhante na tarefa de fala em ruído, indicando que os grupos tinham perfis diferentes em relação ao processamento auditivo.
Os pesquisadores destacaram que o desempenho nessas tarefas não se correlacionou entre si para nenhum dos grupos. Essa descoberta sugere que as habilidades necessárias para processar mudanças de amplitude e reconhecer a fala em ruído são separadas e podem envolver diferentes processos cognitivos.
Ligações com a Estrutura Cerebral
Ao observar a relação entre a estrutura cerebral e o processamento auditivo, os pesquisadores descobriram que um melhor desempenho na discriminação do tempo de aumento de amplitude estava correlacionado com um LGI maior no STG posterior esquerdo. Em contraste, o desempenho na fala em ruído estava ligado ao LGI no STG médio esquerdo. Essas descobertas mostram que diferentes regiões cerebrais suportam habilidades auditivas distintas.
Os pesquisadores não encontraram diferenças estruturais significativas entre os grupos DD e TD nas áreas cerebrais relevantes. Isso levanta questões sobre como as características estruturais do STG afetam as habilidades de processamento auditivo na dislexia.
Conclusão: Implicações para a Compreensão da Dislexia
Essa pesquisa sugere que crianças com dislexia de desenvolvimento enfrentam desafios distintos com diferentes tarefas de processamento auditivo. Especificamente, elas mostraram dificuldades notáveis em detectar mudanças de amplitude no som, mas não em entender a fala em ambientes barulhentos.
O estudo também destaca que as regiões posterior e média do STG têm papéis diferentes no processamento de sons. Isso indica que déficits auditivos específicos podem exigir abordagens direcionadas para intervenção e suporte.
As descobertas acrescentam à nossa compreensão da dislexia ao mostrar como as habilidades de processamento auditivo se relacionam com a estrutura cerebral. Como crianças com DD mostram variações em suas habilidades de processamento auditivo, a pesquisa enfatiza a necessidade de avaliações e estratégias individualizadas.
Pesquisas futuras podem investigar mais a fundo como esses déficits de processamento auditivo impactam as habilidades de leitura e cognitivas ao longo do tempo. Identificar e entender essas diferenças pode ajudar a melhorar a avaliação e intervenção para crianças com dislexia. À medida que os pesquisadores continuam a explorar essas conexões, podem contribuir para práticas educacionais mais eficazes que apoiem crianças enfrentando esses desafios.
Título: Anatomical and behavioral correlates of auditory perception in developmental dyslexia
Resumo: Developmental dyslexia is typically associated with difficulties in basic auditory processing and in manipulating speech sounds. However, the neuroanatomical correlates of auditory difficulties in developmental dyslexia (DD) and their contribution to individual clinical phenotypes are still unknown. Recent intracranial electrocorticography findings associated processing of sound amplitude rises and speech sounds with posterior and middle superior temporal gyrus (STG), respectively. We hypothesize that regional STG anatomy will relate to specific auditory abilities in DD, and that auditory processing abilities will relate to behavioral difficulties with speech and reading. One hundred and ten children (78 DD, 32 typically developing, age 7-15 years) completed amplitude rise time and speech in noise discrimination tasks. They also underwent a battery of cognitive tests. Anatomical MRI scans were used to identify regions in which local cortical gyrification complexity correlated with auditory behavior. Behaviorally, amplitude rise time but not speech in noise performance was impaired in DD. Neurally, amplitude rise time and speech in noise performance correlated with gyrification in posterior and middle STG, respectively. Furthermore, amplitude rise time significantly contributed to reading impairments in DD, while speech in noise only explained variance in phonological awareness. Finally, amplitude rise time and speech in noise performance were not correlated, and each task was correlated with distinct neuropsychological measures, emphasizing their unique contributions to DD. Overall, we provide a direct link between the neurodevelopment of the left STG and individual variability in auditory processing abilities in neurotypical and dyslexic populations.
Autores: Ting Qi, M. L. Mandelli, C. L. Watson Pereira, E. Wellman, R. Bogley, A. E. Licata, E. F. Chang, Y. Oganian, M. L. Gorno-Tempini
Última atualização: 2024-07-23 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.05.09.539936
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.05.09.539936.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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