Como os Mamíferos Criam Seus Planos Corporais
Essa pesquisa revela o papel da mecânica dos tecidos no desenvolvimento inicial dos mamíferos.
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Índice
- O Eixo Cabeça-Cauda e Seus Desafios
- O Papel da Mecânica Tecidual no Desenvolvimento
- Protocolo Experimental para Estudar Gastruloides
- Análise Quantitativa do Desenvolvimento de Gastruloides
- Investigando os Padrões de Fluxo
- A Mecânica por trás dos Fluxos Recirculantes
- Confirmação Através de Experimentos de Fusão
- Conclusão
- Direções Futuras
- Fonte original
Entender como os mamíferos formam seus planos corporais é uma pergunta chave na biologia. Esse processo acontece logo no embrião e é marcado pela organização de várias células para criar arranjos espaciais que definem os eixos do corpo, como o eixo cabeça-cauda e o eixo costas-barriga. Certas moléculas sinalizadoras, conhecidas como Morfógenos, têm um papel crucial na configuração desses eixos corporais. Exemplos desses morfógenos incluem Wnt, BMP, Activin/Nodal e FGF. Eles ajudam na organização dos tecidos e influenciam como as células se comportam, levando à formação de regiões distintas no embrião. Apesar de muitas pesquisas, os processos físicos que levam ao desenvolvimento desses eixos ainda não são totalmente compreendidos.
O Eixo Cabeça-Cauda e Seus Desafios
A formação do eixo cabeça-cauda é o primeiro passo que quebra a forma simétrica inicial do embrião. Em vertebrados, esse eixo é estabelecido quando um fator de transcrição importante, conhecido como T/Brachyury (T/Bra), aparece em uma extremidade do embrião. Estudar como esse eixo surge, especialmente a formação do polo T/Bra, é bem complicado. Os pesquisadores enfrentam dificuldades para acessar embriões para estudo, especialmente em mamíferos.
Para resolver esse problema, os cientistas usam células-tronco embrionárias de camundongos e humanos em um laboratório. Essas células-tronco podem ser cultivadas em agregados esféricos 3D conhecidos como Gastruloides. Esses gastruloides se comportam de forma semelhante aos embriões reais, passando por mudanças que permitem aos cientistas observar os estágios iniciais da formação do plano corporal em um ambiente controlado. Dependendo de como as células são tratadas e dos sinais que recebem, os gastruloides podem desenvolver estruturas que se assemelham a diferentes órgãos.
O Papel da Mecânica Tecidual no Desenvolvimento
Estudos recentes apontam que a mecânica dos tecidos e o movimento das células são importantes para muitos estágios do desenvolvimento embrionário. Em aves, os pesquisadores notaram que essas forças mecânicas também podem contribuir para a formação dos eixos do corpo. No entanto, o papel delas na formação de eixos em mamíferos ainda não está claro.
Para um método específico de diferenciação, os pesquisadores descobriram que nos gastruloides de camundongo, essa quebra de simetria inicial está ligada a movimentos de larga escala do tecido, junto com diferenças em como as células se grudam e como se diferenciam em vários tipos.
Protocolo Experimental para Estudar Gastruloides
Para estudar melhor como a simetria quebra nos gastruloides, os pesquisadores preparam cuidadosamente colocando um número controlado de células-tronco embrionárias de camundongo em micro-wells especiais. Depois de algumas horas, essas células formam agregados 3D. Alguns dias depois, sinais específicos são introduzidos para estimular a diferenciação, permitindo que os gastruloides se alonguem e exibam padrões espaciais de T/Bra e outra proteína chamada E-caderina.
Usando técnicas avançadas de imagem, os pesquisadores podem visualizar os movimentos das células e os padrões de expressão proteica nesses gastruloides. Eles conseguem acompanhar como o tecido flui e como as proteínas são distribuídas dentro dos agregados.
Análise Quantitativa do Desenvolvimento de Gastruloides
Nos experimentos, os pesquisadores perceberam que a direção do fluxo de tecido nos gastruloides coincidiu de perto com a distribuição de T/Bra e E-caderina. Eles desenvolveram um modelo simples para explicar esses fluxos, mostrando que diferenças nas tensões internas e na superfície dentro do gastruloide contribuem para esses movimentos.
Eles observaram que, à medida que os gastruloides evoluíam, a polarização, ou a concentração de T/Bra e E-caderina, aumentava com o tempo. Isso mostrou uma interação complexa entre vários processos biológicos, incluindo como as células se diferenciam, se movem e crescem.
Investigando os Padrões de Fluxo
Os fluxos de tecido nesses experimentos mostraram variações significativas. Ao examinar esses fluxos de perto, os pesquisadores puderam identificar padrões e modos que capturavam os principais comportamentos dos movimentos. Eles descobriram que alguns modos dominantes representavam a maior parte do fluxo de tecido geral, com um fluxo recirculante de grande escala sendo particularmente importante.
A direção desse fluxo recirculante correlacionou-se fortemente com a polarização de T/Bra, sugerindo que a distribuição da expressão proteica influencia como o tecido se move.
A Mecânica por trás dos Fluxos Recirculantes
Para aprofundar como a polarização afeta a mecânica do tecido, os pesquisadores propuseram um modelo onde a distribuição de proteínas cria tensão dentro do tecido. Analisando essas diferenças de tensão, eles conseguiram prever como os fluxos de tecido se comportariam. Acredita-se que essa tensão seja influenciada por como as células se grudam umas nas outras e seus movimentos.
Simulações por computador foram usadas para testar seu modelo, fornecendo insights sobre como os fluxos de tecido observados poderiam surgir das diferenças de tensão entre regiões de alta e baixa expressão proteica.
Confirmação Através de Experimentos de Fusão
Para verificar suas descobertas, os pesquisadores realizaram experimentos de fusão. Eles permitiram que gastruloides com diferentes níveis de expressão de T/Bra interagissem fisicamente. Observando como esses tecidos se fundiam, puderam medir a tensão nas interfaces onde os dois tipos de tecidos se encontraram.
Os resultados mostraram que os tecidos anteriores, com baixa expressão de T/Bra, tinham tensão maior do que os tecidos posteriores, confirmando suas previsões anteriores. Essa dinâmica de fusão revelou que certas regiões do gastruloide têm uma afinidade maior entre si, indicando diferenças em suas propriedades físicas.
Conclusão
O estudo de como os planos corporais dos mamíferos são formados por meio de agregados de gastruloides ilumina as intrincadas relações entre o comportamento celular, a mecânica dos tecidos e a sinalização bioquímica. A pesquisa destaca a importância dos fluxos de tecido em larga escala e das tensões mecânicas na promoção da polarização inicial, crucial para a quebra de simetria.
Os pesquisadores acreditam que mecanismos semelhantes podem operar também em outros tipos de organoides e até em embriões reais, sugerindo um tema comum em como os organismos multicelulares estabelecem seus planos corporais. As descobertas abrem novas portas para a exploração dos aspectos fundamentais do desenvolvimento embrionário e a possibilidade de aplicar esses insights à medicina regenerativa e outros campos da biologia.
Direções Futuras
Essa pesquisa abre várias vias para investigações futuras. Uma das principais questões que ainda restam é como a divisão celular contínua e a diferenciação podem sustentar os fluxos de tecido observados. Compreender a estrutura 3D completa desses agregados e as dinâmicas em jogo também será um foco importante.
Outras áreas promissoras incluem examinar os mecanismos celulares precisos que contribuem para a tensão do tecido e explorar como essas tensões influenciam a forma e o comportamento geral dos tecidos em desenvolvimento. Com os avanços contínuos em técnicas de imagem e experimentais, os pesquisadores estão prontos para desvendar aspectos ainda mais complexos da formação do plano corporal em mamíferos e outros organismos.
Título: Marangoni-like tissue flows enhance symmetry breaking of embryonic organoids
Resumo: During early development of multi-cellular animals, cells self-organize to set up the body axes, such as the primary head-to-tail axis, based on which the later body plan is defined. Several signaling pathways are known to control body axis formation. Here, we show, however, that also tissue mechanics plays an important role during this process. We focus on the emergence of a primary axis in initially spherical aggregates of mouse embryonic stem cells, which mirrors events in the early mouse embryo. These aggregates break rotational symmetry to establish an axial organization with domains of different expression profiles, e.g. of the transcription factor T/Bra and the adhesion molecule E-cadherin. Combining quantitative microscopy and physical modeling, we identify large-scale tissue flows with a recirculation component and demonstrate that they significantly contribute to symmetry breaking. We show that the recirculating flows are explained by a difference in tissue surface tension across domains, akin to Marangoni flows, which we further confirm by aggregate fusion experiments. Our work highlights that body axis formation is not only driven by biochemical processes, but that it can also be amplified by tissue flows. We expect that this type of amplification may operate in many other organoid and in-vivo systems.
Autores: Simon Gsell, S. L. Tlili, M. Merkel, P.-F. Lenne
Última atualização: 2024-07-24 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.09.22.559003
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2023.09.22.559003.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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