Efeitos da Mídia Digital no Desenvolvimento do Cérebro das Crianças
Analisando como a mídia digital influencia o crescimento do cérebro em crianças e adolescentes.
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As crianças estão passando mais tempo em mídias digitais (MD) do que nunca. Nos EUA, os garotos e garotas de 8 a 12 anos estão, em média, quase cinco horas por dia em MD para se entreter, sem contar o tempo extra com dever de casa. Esse aumento tá deixando os pais e os políticos preocupados com os possíveis efeitos negativos no Desenvolvimento do Cérebro das crianças. Mas, as pesquisas sobre isso não têm trazido respostas claras.
Estudos passados mostraram tanto impactos positivos quanto negativos das MD nas Habilidades Cognitivas. Existem várias atividades de MD, como jogar videogame, assistir TV e usar redes sociais, que podem afetar o desenvolvimento cerebral de jeitos diferentes. A idade também é uma parte importante desses efeitos. Por exemplo, um estudo descobriu que o uso de redes sociais pode prejudicar o bem-estar psicológico dos meninos em períodos de crescimento específicos, enquanto outro estudo indicou que meninos que passavam mais tempo jogando ou assistindo TV mostraram melhores habilidades de memória mais tarde na vida, mas isso não se aplicou às meninas.
Um grande problema é que algumas pesquisas misturam achados de diferentes tipos de estudos, o que pode levar a mal-entendidos. Estudos transversais podem mostrar conexões entre o tempo gasto em MD e o desempenho cerebral, mas não conseguem provar causa e efeito. Já os estudos longitudinais, que acompanham as mesmas pessoas ao longo do tempo, podem ter resultados diferentes. Por exemplo, um estudo constatou que o tempo jogando videogame estava ligado a uma inteligência mais baixa, mas quando outros fatores foram controlados, mostrou um efeito positivo na inteligência ao longo do tempo.
A pesquisa sobre como as MD impactam o desenvolvimento cerebral das crianças ainda é limitada. Alguns estudos feitos com crianças japonesas mostraram efeitos variados do assistir TV, jogar videogame e usar a internet em diferentes áreas do cérebro, mas essas pesquisas tinham amostras pequenas e não consideraram a complexidade do desenvolvimento cerebral. Um estudo recente maior não encontrou efeitos significativos das MD nas conexões cerebrais ao longo de dois anos entre mais de 4.000 crianças.
Tem uma discussão rolando sobre o que faz um efeito ser significativo em psicologia e neurociência, especialmente em estudos com tamanhos grandes de amostra. Por exemplo, as diretrizes comuns para avaliar tamanhos de efeito são consideradas meio arbitrárias e sem um apoio forte. Alguns pesquisadores sugerem que a importância de um efeito deve ser vista em contexto. Mesmo um efeito pequeno pode ter implicações significativas se influenciar várias áreas da vida de uma criança.
Quando os pesquisadores estudam os efeitos das MD, eles precisam considerar vários fatores, incluindo com que frequência esses tipos de uso de mídia ocorrem. Efeitos acumulados contaram ao longo do tempo. Nossa análise considerou um tamanho de efeito anual de 0.05 como significativo, dado o impacto cumulativo das MD nas habilidades das crianças, como atenção.
No nosso estudo, a gente quis investigar como diferentes padrões de uso de MD afetavam o desenvolvimento cerebral em crianças com cerca de 10 anos ao longo de quatro anos. Focamos em medir a área total da superfície cortical (ATC), já que estudos anteriores sugeriram uma forte ligação entre ATC e inteligência. Também olhamos para os volumes das estruturas cerebrais no estriado e no cerebelo, que mostraram associações com o uso de MD em estudos passados.
Com o tempo, notamos aumentos significativos no uso de MD entre as crianças do nosso estudo. Em média, as crianças relataram que passaram mais tempo em redes sociais, jogando videogames e assistindo TV ao longo dos quatro anos. Os meninos tendiam a passar mais tempo jogando, enquanto as meninas relatavam mais tempo em redes sociais.
No geral, o desenvolvimento cerebral das crianças seguiu um padrão típico durante a infância média até o início da adolescência, com certas estruturas cerebrais atingindo seu crescimento máximo em idades diferentes. Os meninos geralmente tinham áreas cerebrais maiores do que as meninas, mas as meninas tendiam a alcançar seu pico mais cedo.
A gente encontrou uma ligação positiva entre maior Status Socioeconômico (SES) e maior ATC, com crianças de contextos de baixo SES mostrando áreas cerebrais menores e maturação mais precoce. Isso sugere que o ambiente de uma criança pode impactar o crescimento do cérebro.
Quando examinamos a relação entre o uso de MD e o desenvolvimento do cerebelo, descobrimos que o aumento do uso de redes sociais estava associado a uma diminuição no volume do cerebelo ao longo do tempo. Em contraste, crianças que passavam mais tempo jogando videogame tinham um ligeiro aumento no volume do cerebelo. Assistir TV não mostrou efeitos significativos no desenvolvimento cerebral.
Curiosamente, mesmo que as tendências gerais fossem aparentes, não foram observadas grandes diferenças entre as respostas de meninos e meninas. Os achados indicam que, enquanto o uso de MD impacta ligeiramente o desenvolvimento do cerebelo, os efeitos são pequenos e podem não ser significativos para crianças individuais.
Consideramos outros fatores, como se um maior uso de MD poderia prever mudanças nos volumes do cerebelo ao longo do tempo. Os resultados sugeriram que crianças que passavam mais tempo em redes sociais tendiam a mostrar uma diminuição no volume do cerebelo, enquanto aquelas que jogavam videogame tendiam a ter um aumento. Isso indica uma sutil mudança no desenvolvimento cerebral relacionada ao tipo de atividade de MD.
Houve algumas limitações no nosso estudo. Como foi observacional, não conseguimos estabelecer relações diretas de causa e efeito. Ajustamos para vários fatores como idade, sexo e genética, mas dados autorrelatados podem introduzir viés. Além disso, mudanças nas perguntas da pesquisa ao longo do tempo podem ter afetado como capturamos o uso de MD. Apesar desses desafios, nossos achados continuam consistentes mesmo após levar em conta potenciais viés.
Em resumo, nosso estudo sugere que o uso de MD, especialmente por meio das redes sociais, está associado a uma leve diminuição no volume do cerebelo nas crianças, enquanto jogar videogame pode levar a um leve aumento. No entanto, esses efeitos são pequenos e provavelmente não significativos para crianças individuais. Mais pesquisas são necessárias para explorar as consequências a longo prazo das redes sociais no desenvolvimento cerebral.
Importância do Estudo
Esse estudo ilumina a relação complexa entre o uso de mídias digitais e o desenvolvimento cerebral nas crianças. À medida que as MD se tornam uma parte maior da vida das crianças, entender como isso afeta o crescimento delas, tanto positiva quanto negativamente, é crucial para pais, educadores e formuladores de políticas.
Os achados destacam a necessidade de um uso equilibrado de MD que considere tanto os benefícios potenciais de certas atividades, como jogar videogame, quanto os riscos associados ao uso excessivo de redes sociais. Pais e responsáveis são encorajados a monitorar e engajar em discussões com suas crianças sobre o uso de MD.
Além disso, esse estudo abre caminhos para futuras pesquisas. Ele enfatiza a necessidade de estudos a longo prazo que possam acompanhar os efeitos das MD por períodos prolongados, oferecendo insights mais profundos sobre como diferentes formas de interações digitais podem moldar o desenvolvimento cognitivo e emocional.
Recomendações para Pais
Defina Limites de Tempo de Tela: Estabeleça limites razoáveis para quanto tempo as crianças podem passar em mídias digitais a cada dia. As diferentes atividades devem ter limites variados com base em seus potenciais impactos.
Incentive Engajamento Ativo: Promova atividades que exijam engajamento ativo, como jogar videogames que estimulem o pensamento e estratégia, em vez de consumo passivo como assistir TV.
Converse Sobre Comportamentos Online: Tenha conversas com as crianças sobre as interações delas online, especialmente nas redes sociais. Incentive-as a pensar criticamente sobre o que veem e compartilham.
Priorize Atividades Offline: Estimule as crianças a participar de atividades offline como esportes, leitura ou hobbies que promovam interação social e atividade física.
Monitore o Conteúdo: Fique atento ao conteúdo que as crianças estão consumindo, garantindo que seja apropriado para a idade e benéfico para seu desenvolvimento.
Conclusão
À medida que as mídias digitais continuam a desempenhar um papel integral na vida das crianças, entender seus efeitos no desenvolvimento cerebral é mais importante do que nunca. Embora nossos achados sugiram mudanças sutis associadas a diferentes tipos de uso de MD, eles também destacam a complexidade dessa relação. Crescer em uma era digital apresenta desafios e oportunidades, e com orientações informadas, as crianças podem navegar por seus ambientes digitais de maneiras que apoiem um desenvolvimento saudável. Mais investigações sobre os impactos a longo prazo das MD ajudarão a fornecer orientações mais claras para famílias e educadores.
Título: The Long-Term Impact of Digital Media on Brain Development in Children
Resumo: Digital media (DM) takes an increasingly large part of childrens time, yet the long-term effect on brain development remains unclear. We investigated how individual effects of DM use (i.e., using social media, playing video games, or watching television/videos) on the development of the cortex (i.e., global cortical surface area), striatum, and cerebellum in children over four years, accounting for both socioeconomic status and genetic predisposition. We used a prospective, multicentre, longitudinal cohort of children from the Adolescent Brain and Cognitive Development Study, aged 9.9 years when entering the study, and who were followed for four years. Annually, children reported their DM usage through the Youth Screen Time Survey and underwent brain magnetic resonance imaging scans every two years. Quadratic-mixed effect modelling was used to investigate the relationship between individual DM usage and brain development. We found that individual DM usage did not alter the development of cortex or striatum volumes. However, high social media usage was associated with a statistically significant change in the developmental trajectory of cerebellum volumes, and the accumulated effect of high-vs-low social media users on cerebellum volumes over four years was only {beta}= -0.03, which was considered insignificant. Nevertheless, the developmental trend for heavy social media users was accelerated at later time points. This calls for further studies and longer follow-ups on the impact of social media on brain development.
Autores: Samson Nivins, B. Sauce, M. Liebherr, N. Judd, T. Klingberg
Última atualização: 2024-06-04 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.07.01.22277142
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.07.01.22277142.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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