A Interação dos Tipos de Memória em Adultos
Estudo analisa como a memória procedural afeta a consolidação da memória episódica em diferentes faixas etárias.
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Índice
Lembranças ajudam a gente a lembrar de eventos do nosso passado e vêm de várias formas. Dois tipos importantes são as memórias episódicas e as memórias procedurais. Memórias episódicas são sobre eventos ou experiências específicas que vivemos. Elas podem incluir detalhes sobre o que aconteceu, onde foi, quem estava lá e como a gente se sentiu. Por exemplo, lembrar do seu dia de formatura ou de uma viagem em família se encaixa na Memória Episódica.
Por outro lado, memórias procedurais estão ligadas a habilidades e hábitos que aprendemos com a prática. Pense em andar de bicicleta, digitar no teclado ou tocar um instrumento musical. Essas habilidades viram algo natural com o tempo, permitindo que a gente faça sem pensar muito nos passos que envolvem.
Os dois tipos de memória dependem de partes diferentes do nosso cérebro. A memória episódica tá conectada a áreas no cérebro conhecidas como neocórtex e certas regiões no lobo temporal medial, que inclui o hipocampo. Já a memória procedural envolve regiões diferentes do cérebro, como o córtex motor e o cerebelo.
Como Essas Memórias Foram Vistas
Antigamente, achava-se que as memórias episódicas e procedurais eram sistemas separados no cérebro. Pesquisadores que fizeram estudos com lesões descobriram que danificar certas partes do cérebro prejudicava a memória episódica sem afetar a memória procedural. Da mesma forma, problemas com o estriado afetavam o aprendizado procedural sem impactar as memórias episódicas. Porém, novos estudos usando imagens do cérebro mostraram que esses sistemas de memória interagem de maneiras que não entendíamos completamente antes.
Uma descoberta importante mostrou que aprender uma nova habilidade (uma memória procedural) logo após formar memórias episódicas pode dificultar lembrar dessas memórias episódicas depois. Isso sugere que aprender tipos diferentes de memória muito próximos um do outro pode não ser o ideal, especialmente para métodos de ensino nas salas de aula ou para idosos com dificuldades de memória.
Objetivos do Estudo
Nosso estudo tinha dois objetivos principais. Primeiro, queríamos ver se conseguíamos replicar a descoberta de que a memória procedural interfere na consolidação da memória episódica em adultos mais jovens. Embora esse resultado tenha sido apoiado por alguns estudos, não foi repetido por outra equipe de pesquisa. Segundo, queríamos descobrir se Adultos mais velhos enfrentam uma interferência similar ao aprender novas habilidades imediatamente após tarefas de memória episódica e se o nível de interferência varia entre grupos de idade.
Estabelecemos duas hipóteses:
- A memória procedural vai interferir na consolidação da memória episódica tanto em adultos mais jovens quanto em adultos mais velhos.
- Adultos mais velhos vão experimentar mais interferência da memória procedural na memória episódica do que adultos mais jovens. Acreditávamos que adultos mais velhos poderiam ter mais dificuldades devido às mudanças cerebrais associadas ao envelhecimento.
Visão Geral Experimental
Antes de começar nosso estudo, garantimos obter aprovação do comitê de ética competente. Depois, coletamos dados de participantes ao longo de um período de tempo. Nosso objetivo era confirmar se aprender uma habilidade logo após tentar memorizar algo seria mais desafiador para os participantes. Incluímos dois grupos de idade: adultos jovens e idosos que eram cognitivamente saudáveis.
Os participantes foram convidados a memorizar uma lista de palavras e depois realizar uma tarefa relacionada a habilidades. Após algumas horas, eles voltaram para lembrar as mesmas palavras. Comparando os dois grupos - um que aprendeu uma habilidade que poderia ser praticada e outro que não aprendeu nenhuma nova habilidade - pudemos ver se havia algum impacto na consolidação da memória.
Passos do Experimento
Durante o experimento, os participantes vieram ao laboratório duas vezes em um dia. A primeira visita começou com eles assinando formulários de consentimento para participar. Usamos uma ferramenta de avaliação de memória para excluir quem pudesse ter sinais de demência. Depois de selecionarmos os participantes, eles preencheram um questionário sobre suas experiências diárias de memória.
O teste começou com eles memorizando uma lista de 16 palavras apresentadas uma por uma. Após isso, eles realizaram uma tarefa simples que exigia que se concentrassem em comparar comprimentos de linhas. Essa tarefa ajudou a evitar que eles ensaiassem as palavras.
A parte final da sessão da manhã envolveu recordar as mesmas 16 palavras. A segunda visita ocorreu mais tarde naquele dia, e os participantes foram novamente solicitados a recordar as palavras sem vê-las de novo.
Depois, os participantes fizeram uma tarefa relacionada a habilidades onde responderam a sinais visuais o mais rápido e precisamente possível. Essa tarefa estava configurada de uma maneira que permitia o aprendizado ou era apenas aleatória, não exigindo nenhuma habilidade específica.
Para ver se os participantes perceberam a sequência dos sinais na tarefa relacionada a habilidades, aplicamos um método para avaliar a consciência deles sobre isso. Isso ajudou a avaliar se saber a sequência tinha alguma influência no desempenho geral de memória deles.
Resultados do Experimento
Depois que terminamos nosso estudo, analisamos os resultados de perto. Não encontramos evidências fortes de que adultos mais jovens ou mais velhos tivessem sua memória episódica afetada pela aquisição de habilidades procedurais. Ao contrário, percebemos uma leve tendência de que a memória procedural poderia, na verdade, ajudar em vez de atrapalhar a consolidação da memória episódica.
Nos adultos mais jovens, parece que houve mais consolidação da memória após realizar a tarefa relacionada a habilidades. Porém, os adultos mais velhos não mostraram nenhuma interferência significativa, nem tiveram mais ou menos interferência em comparação aos mais jovens.
A falta de diferenças significativas e a possibilidade de que o aprendizado procedural ajudou em vez de dificultar a memória episódica sugerem que os dois tipos de memória podem coexistir de forma eficaz. Calculamos que para estudos futuros, um tamanho de amostra muito maior seria necessário para avaliar quaisquer diferenças significativas.
Entendendo a Interferência da Memória
No nosso experimento, definimos a interferência da memória como qualquer redução na capacidade de lembrar das memórias episódicas causada pelo aprendizado de uma nova habilidade. Os resultados indicaram que a habilidade dos participantes de lembrar das palavras não diminuiu como resultado de realizar uma tarefa procedural.
Isso é bem diferente das descobertas anteriores, sugerindo que nossa compreensão de como esses diferentes tipos de memória interagem pode não estar totalmente correta. Devemos considerar a possibilidade de que suposições anteriores sobre os efeitos negativos das habilidades procedurais na memória episódica possam estar exageradas.
Um Olhar Mais Próximo sobre Idade e Memória
Pesquisadores há muito tempo acham que adultos mais velhos podem enfrentar mais desafios na consolidação da memória. No nosso estudo, encontramos que, embora não houvesse uma diferença significativa em como adultos jovens e mais velhos lidavam com a memória episódica após aprender uma habilidade, os adultos mais velhos mostraram uma tendência a ter notas de memória mais baixas.
Isso significa que adultos mais velhos podem ter mais dificuldade para recordar memórias depois, mas isso não indica necessariamente um forte efeito de interferência. Levanta questões sobre como a idade afeta a memória de maneira diferente e como isso varia de pessoa para pessoa.
Implicações para Ensino e Aprendizagem
Nossos achados trazem insights valiosos sobre como a educação e o treinamento de habilidades são conduzidos, especialmente entre adultos mais velhos ou pessoas com problemas de memória. Se o aprendizado procedural não impacta negativamente a consolidação das memórias episódicas, então os educadores podem considerar integrar os dois tipos de memória de forma harmoniosa em cenários de treinamento ou ensino.
Sugerimos que permitir tempo entre esses tipos de aprendizado pode não ser tão crítico quanto se pensava anteriormente. Estudos futuros poderiam levar a programas de treinamento revisados que enfatizem a integração de habilidades e tarefas de memória.
Limitações do Estudo
Apesar das descobertas importantes, reconhecemos algumas limitações. Por exemplo, não mantivemos um intervalo estrito de 12 horas entre as sessões como em estudos anteriores. Em vez disso, os participantes retornaram em um período entre 6 a 12 horas. Essa variação poderia ter influenciado nossos resultados, já que mais tempo poderia melhorar a consolidação da memória.
Além disso, nosso grupo de adultos jovens tinha uma faixa etária mais ampla do que aqueles em estudos anteriores, o que poderia adicionar variabilidade aos resultados. Embora essa amostra ampla permitisse generalização, isso também poderia ter contribuído para os resultados inesperados.
Conclusão
Em resumo, nosso estudo tinha como objetivo replicar descobertas anteriores sobre a interferência da memória procedural na consolidação da memória episódica. Incluímos tanto participantes jovens quanto mais velhos e descobrimos que, ao contrário do que se acreditava antes, não havia evidência significativa de interferência em nenhum dos grupos.
Esse trabalho sugere que nossa compreensão de como essas memórias interagem pode precisar ser revisada. A possibilidade de que esses diferentes tipos de memória possam ser adquiridos juntos sem dificuldade abre novas avenidas para práticas educacionais.
Incentivamos mais pesquisas com populações maiores e mais diversas para explorar mais essas interações, refinar nossa compreensão dos impactos da idade na memória e identificar as melhores práticas para estratégias de ensino e aprendizagem que se alinhem com a função da memória humana.
Título: Failure to reproduce the effect of procedural memory interference on wakeful consolidation of episodic memory in younger and older adults
Resumo: Brown and Robertson (2007) revealed that skill learning interferes with the wakeful consolidation of episodic memories in young adults. This finding is commonly used as evidence that episodic and procedural memories should not be learned in close temporal proximity but has not been reproduced by an independent laboratory. Additionally, older adults experience episodic memory deficits, but it is unknown whether this group is also vulnerable to this type of interference. We aimed to reproduce Brown and Robertsons (2007) finding in younger adults, while also comparing the magnitude of interference between younger and older adults. Forty younger (18-40 years; n =20) and older adults ([≥]55 years; n = 20) visited the laboratory in the morning and acquired episodic memories (a list of words) immediately before a procedural finger-tapping (procedural) task. Half of all participants were exposed to a learnable sequential structure. In the afternoon of the same day, participants were asked to recall the episodic memories from the morning session. We found weak evidence of interference for both age groups and no statistical difference in interference between groups. Our results suggest that the interfering effects of these memory types may be negligible or overestimated, and that these memory types can be acquired together without interference.
Autores: Michael Vincent Freedberg, L. Kamal, B. Celik, G. Alpert, S. Gonzalez, V. Nguyen
Última atualização: 2024-10-18 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.17.618844
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.17.618844.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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