Avançando a Pesquisa em Edição de Genes Mitocondriais
Novos métodos para editar DNA mitocondrial mostram potencial para tratar doenças.
Nina Entelis, N. Nikitchina, A.-M. Heckel, N. Shebanov, I. Mazunin, I. Tarassov
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Índice
As mitocôndrias são pequenas partes que a gente encontra quase em todas as células vivas. Elas costumam ser chamadas de "usinas" da célula porque ajudam a produzir energia, que é essencial pra célula funcionar. Mas, os cientistas descobriram que as mitocôndrias fazem muito mais do que só fornecer energia. Elas também ajudam a controlar processos importantes como os níveis de cálcio, a morte celular, a fabricação de certas moléculas e as respostas imunológicas do corpo.
As mitocôndrias têm seu próprio DNA, conhecido como DNA mitocondrial (MtDNA). Esse DNA é circular e contém as informações necessárias pra fazer algumas das proteínas que as mitocôndrias precisam. O mtDNA humano tem cerca de 16.500 letras e codifica proteínas importantes, além de pequenas moléculas conhecidas como RNAs transportadores e RNAs ribossomais, que ajudam na montagem das proteínas.
Danos no DNA Mitocondrial e Suas Consequências
Assim como o DNA encontrado no núcleo da célula, o mtDNA também pode ser danificado. Mas as formas que as mitocôndrias têm de consertar seu DNA não são tão eficazes quanto os métodos usados pro DNA nuclear. Isso significa que Mutações no mtDNA podem se acumular com o tempo. Embora as células tenham muitas cópias de mtDNA, o que as torna um pouco resistentes aos impactos das mutações, danos ainda podem causar sérios problemas de saúde.
Mutações no mtDNA estão ligadas a várias doenças, especialmente aquelas que afetam o cérebro e os músculos. Elas também podem impactar a saúde geral, levando a problemas como infertilidade, doenças cardíacas, diabetes e Alzheimer de início precoce. Estima-se que cerca de uma em cada 5.000 pessoas tenha uma condição causada por mutações no mtDNA, e existem mais de 300 mutações conhecidas que podem contribuir para essas doenças. Infelizmente, atualmente não há tratamentos eficazes pra esses problemas.
Pesquisa sobre Mutações Mitocondriais
Com a falta de tratamentos, os pesquisadores estão cada vez mais focados em encontrar maneiras de mudar ou consertar o mtDNA. Os métodos atuais que têm sido bem-sucedidos em reduzir o número de mtDNA mutado envolvem criar quebras intencionais (conhecidas como quebras de dupla fita ou DSBs) no DNA, o que pode levar à degradação do DNA danificado. Algumas técnicas novas estão sendo estudadas, como tipos especiais de enzimas que podem alvos e consertar o mtDNA.
Mas usar esses métodos apresenta desafios. Projetar as ferramentas que podem atingir com precisão as várias sequências encontradas no mtDNA pode ser complicado. Além disso, essas ferramentas podem não funcionar em casos onde todas as cópias de mtDNA estão mutadas, conhecidas como mutações homoplasmáticas.
Os processos de conserto para o mtDNA danificado ainda não são totalmente compreendidos. Embora os cientistas tenham métodos bem documentados pra consertar o DNA nuclear, eles ainda não esclareceram como as mitocôndrias lidam com as DSBs. Estudos recentes indicam que alguns métodos de conserto vistos no DNA nuclear podem também ocorrer nas mitocôndrias, mas a eficácia deles ainda é incerta.
Avanços em Tecnologias de Edição Gênica
O desenvolvimento de ferramentas de edição gênica como o CRISPR abriu novas possibilidades. Essas tecnologias mostraram um potencial impressionante pra alterar o DNA no núcleo celular, mas adaptá-las pra uso no mtDNA tem se mostrado difícil. Um grande desafio é que não houve um método claro pra levar as partes necessárias do CRISPR pras mitocôndrias. O CRISPR tradicional requer sequências específicas de RNA, e ainda não se encontrou um jeito simples de transportar esse RNA pras mitocôndrias.
Estudos recentes começaram a mostrar que certos sistemas de CRISPR poderiam gerar quebras no mtDNA, resultando numa diminuição da quantidade de mtDNA, o que poderia ser benéfico pra atingir formas mutadas. No entanto, ainda não há evidências suficientes pra confirmar que esses sistemas podem alterar efetivamente o mtDNA.
Pra investigar mais o potencial das tecnologias de edição gênica nas mitocôndrias, um estudo foi realizado usando um tipo específico de CRISPR conhecido como AsCas12a. Esse sistema foi projetado pra criar quebras no mtDNA em certos locais, permitindo potencialmente a remoção ou alteração de partes danificadas.
Alvo Mitocondrial com CRISPR
No estudo, o AsCas12a foi ligado a sinais especiais que iriam guiá-lo pras mitocôndrias. Os pesquisadores testaram vários sinais pra determinar qual funcionaria melhor pra garantir que o AsCas12a conseguisse entrar nas mitocôndrias. Dentre esses, um sinal de uma proteína específica conhecida como Su9 mostrou os melhores resultados pra levar o AsCas12a pras mitocôndrias.
Pra entender melhor o comportamento e a eficácia do Su9-AsCas12a no laboratório, experimentos foram realizados. Os cientistas observaram que o Su9-AsCas12a se localizou com sucesso dentro das mitocôndrias depois de ativado. Eles também verificaram que esse sistema ainda funcionava como uma ferramenta de corte, mantendo sua capacidade de cortar o DNA.
Outro ponto de interesse foi se a introdução do Su9-AsCas12a afetaria a saúde e a função das mitocôndrias. Os pesquisadores queriam ver se havia alguma mudança na forma como as mitocôndrias funcionavam quando o AsCas12a estava ativo. Eles descobriram que a expressão do Su9-AsCas12a não impactou negativamente como as mitocôndrias estavam estruturadas ou como produziam energia.
Testando o Sistema de Edição Gênica Mitocondrial
Depois que os pesquisadores confirmaram que o Su9-AsCas12a estava direcionando efetivamente as mitocôndrias, eles queriam ver se esse sistema poderia criar deleções específicas no mtDNA. Eles usaram RNAs especialmente projetados conhecidos como crRNAs pra guiar o AsCas12a a certas seções do mtDNA, visando induzir cortes que levariam à remoção de sequências indesejadas.
Introduzindo os crRNAs necessários junto com siRNA pra inibir a degradação do mtDNA, os cientistas realizaram experimentos pra monitorar se deleções específicas eram feitas no DNA mitocondrial. Eles conseguiram identificar fragmentos de mtDNA que indicavam que cortes tinham sido feitos, demonstrando o potencial do sistema mitoAsCas12a pra induzir deleções.
Resultados e Implicações
O estudo forneceu evidências fortes de que deleções direcionadas no mtDNA poderiam ser alcançadas usando o sistema mitoAsCas12a. No entanto, a eficiência desse sistema parece ser um pouco limitada, e mais trabalho é necessário pra melhorar como ele pode produzir as mudanças desejadas no mtDNA.
A capacidade de criar deleções específicas no mtDNA poderia ter implicações significativas pra futuros tratamentos de doenças mitocondriais. Desenvolvendo abordagens de edição gênica mais eficazes, os cientistas esperam abrir caminho pra novas terapias que poderiam ajudar indivíduos com condições ligadas a disfunções mitocondriais.
Conclusão
A pesquisa sobre o mtDNA e seus processos de reparo é um campo em evolução com potencial pra reformular como entendemos e tratamos doenças mitocondriais. O direcionamento bem-sucedido das mitocôndrias usando o CRISPR, especificamente o sistema AsCas12a, indica que pode haver novas possibilidades de intervenção em condições antes consideradas intratáveis. No entanto, mais estudos são necessários pra refinar essas técnicas, maximizar sua eficácia e garantir sua segurança pra possíveis aplicações clínicas. À medida que os cientistas continuam explorando essa área complexa da biologia, há esperança por futuros avanços nas opções de tratamento pra aqueles afetados por distúrbios mitocondriais.
Título: Targeted deletions in human mitochondrial DNA engineered by Type V CRISPR-Cas12a system
Resumo: Mutations in mitochondrial DNA (mtDNA) contribute to various neuromuscular diseases, with severity depending on heteroplasmy level when mutant and wild-type mtDNA coexist within the same cell. Developing methods to model mtDNA dysfunction is crucial for experimental therapies. Here, we adapted the Type V CRISPR-AsCas12a system, which recognizes AT-rich PAM sequences, for targeted editing of human mtDNA. We show that AsCas12a effector, fused with a mitochondrial targeting sequence (MTS) from Neurospora crassa ATPase subunit 9, is efficiently addressed into human mitochondria and induces specific mtDNA cleavage in human cells. As a proof-of-concept, we demonstrate that AsCas12a, complexed with two crRNAs targeting distant regions of human mtDNA, introduces specific deletions in mtDNA. For the first time, we provide experimental data proving that a CRISPR system can be used not only for mtDNA degradation but also for precise mtDNA manipulation, offering a potential therapeutic avenue to address mitochondrial disorders.
Autores: Nina Entelis, N. Nikitchina, A.-M. Heckel, N. Shebanov, I. Mazunin, I. Tarassov
Última atualização: 2024-10-21 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.20.619292
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.20.619292.full.pdf
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