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# Biologia# Imunologia

Impacto do Sistema Nervoso Autônomo na Saúde Imune em HIV

Estudo investiga como a disfunção autonômica afeta as respostas imunológicas em pessoas vivendo com HIV.

Bridget R Mueller, M. Mehta, M. Campbell, N. Neupane, G. Cedillo, G. Lee, K. Coyle, J. Qi, Z. Chen, M. C. George, J. Robinson-Papp

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ANS e Saúde Imune no HIVANS e Saúde Imune no HIVde resposta imune em pacientes com HIV.Disfunção autonômica ligada a problemas
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O sistema nervoso autônomo (SNA) ajuda a controlar várias funções automáticas do corpo. Ele afeta a frequência cardíaca, respiração e digestão, entre outras coisas. Estudos recentes mostram que o SNA tem um papel vital na forma como nosso sistema imunológico reage, especialmente em casos de inflamação. No entanto, ainda entendemos pouco sobre como o SNA e o sistema imunológico trabalham juntos, principalmente em humanos.

Vários anos de pesquisa mostraram que pessoas vivendo com HIV costumam passar por uma condição conhecida como neuropatia autonômica (NA). Essa condição pode levar a problemas de saúde graves e é comum entre esses indivíduos. Descobertas mais recentes ligaram a NA a outras condições inflamatórias de longo prazo, como Long Covid, encefalomielite miálgica/síndrome da fadiga crônica e várias doenças autoimunes. Mesmo que a NA seja frequente nessas condições, as razões por trás dessa conexão ainda não estão claras, e precisamos aprender mais sobre como o SNA e o sistema imunológico interagem.

O Papel do SNA na Resposta Imunológica

Estudos laboratoriais e pesquisas com animais revelam que o SNA pode influenciar respostas imunológicas por meio de várias vias. O SNA é composto por partes simpáticas e parassimpáticas, que trabalham juntas para gerenciar a sinalização imunológica. Órgãos linfóides, que desempenham papéis-chave na função imunológica, estão fortemente conectados ao sistema nervoso simpático. O norepinefrina é liberado durante a atividade simpática e pode estimular ou inibir células imunológicas dependendo da concentração.

Por outro lado, o sistema parassimpático, especialmente através do nervo vago, tem um papel anti-inflamatório. A ativação dessa via pode reduzir a inflamação no corpo. Por exemplo, pesquisadores mostraram que um neurotransmissor chamado acetilcolina, liberado pelo nervo vago, pode diminuir os níveis de substâncias pró-inflamatórias nas células imunológicas.

Apesar das possíveis vias pelas quais o SNA regula as respostas imunológicas, nosso conhecimento atual vem principalmente de estudos que focam no aspecto parassimpático. Pesquisas observacionais mostram que a atividade do nervo vago é menor em pessoas com condições inflamatórias como doença inflamatória intestinal e artrite reumatoide. Há evidências sugerindo que estimular o nervo vago pode diminuir a inflamação em algumas doenças.

No entanto, o lado simpático do SNA permanece menos explorado em conexão com as respostas imunológicas, o que deixa uma lacuna em nosso conhecimento sobre como esse sistema impacta a inflamação e a função imunológica.

Objetivos do Estudo

Esse estudo tinha três objetivos principais:

  1. Investigar a relação entre a Interleucina-6 (IL-6), uma substância pró-inflamatória, e a função do nervo vago em pessoas com HIV.
  2. Examinar como diferentes tipos de disfunção autonômica (simbólica ou parassimbólica) se relacionam a vários perfis imunológicos usando métodos estatísticos avançados.
  3. Comparar os problemas de saúde que surgem de condições não relacionadas ao HIV entre diferentes perfis imunológicos.

Entender como o SNA impacta o sistema imunológico pode levar a novas abordagens de tratamento para ajudar as pessoas a gerenciar melhor seus sintomas.

Visão Geral do Estudo

Essa pesquisa foi projetada como um estudo observacional transversal. Os participantes foram recrutados de uma clínica de cuidados primários que atende muitas pessoas vivendo com HIV. Para se qualificar, os participantes deveriam ter pelo menos 18 anos, ter uma condição estável de HIV e estar em tratamento antirretroviral há vários meses. Indivíduos com outras condições que poderiam afetar o SNA ou aqueles tomando certos medicamentos foram excluídos.

Todos os procedimentos foram realizados de acordo com diretrizes éticas, e cada participante deu consentimento informado por escrito.

Testando o Sistema Nervoso Autônomo

Para avaliar a função autonômica, um conjunto de testes não invasivos foi realizado. Esses testes medem a resposta sudorosa, reações da frequência cardíaca e mudanças na pressão arterial em resposta a manobras específicas. Os resultados ajudam a criar um escore que reflete a saúde geral do SNA.

Os testes mostraram que muitos participantes apresentaram algum grau de disfunção autonômica. Por exemplo, um número significativo exibiu problemas tanto nas funções simpáticas quanto parassimpáticas.

Analisando o Histórico Médico

Os históricos médicos dos participantes foram coletados para considerar o impacto das condições de saúde existentes e medicamentos nos resultados do estudo. Várias medidas foram usadas para controlar os efeitos dessas variáveis na análise. Além disso, os participantes completaram questionários para avaliar sua saúde mental e níveis de estresse.

Coletando Amostras de Sangue

Amostras de sangue foram coletadas para analisar várias proteínas relacionadas à inflamação. Usando tecnologia avançada, a equipe de pesquisa mediu os níveis de IL-6 e outros marcadores Inflamatórios.

Análise Celular Avançada

Para uma análise detalhada das diferenças celulares, um método de alta tecnologia chamado CyTOF foi utilizado. Esse método permitiu que os pesquisadores comparassem os tipos de células imunológicas presentes em indivíduos com e sem NA. Os resultados mostraram que aqueles com NA tinham um número maior de certas células imunológicas, especificamente células T CD8+, conhecidas por seu papel no combate a infecções.

Descobertas sobre Demografia e Função Autonômica

O estudo incluiu 79 participantes, a maioria homens de meia-idade. Muitos viviam com HIV há muito tempo. Os resultados mostraram que uma porcentagem significativa experimentou disfunção autonômica. Embora a maioria tivesse problemas leves, muitos participantes apresentaram problemas mais severos afetando diferentes áreas do SNA.

Ao examinar a relação entre IL-6 e a função do nervo vago, os resultados indicaram que indivíduos com menor atividade vagal tinham níveis maiores de IL-6. Isso é preocupante, pois a elevação de IL-6 está ligada a piores resultados de saúde.

Identificando Perfis Imunológicos

Os pesquisadores identificaram quatro perfis imunológicos distintos ou “imunotipos” entre os participantes, cada um com padrões únicos relacionados à inflamação e à presença de NA.

  • Imunotipo 1 apresentou altos níveis de marcadores pró-inflamatórios, era mais velho e tinha uma maior carga de problemas de saúde.
  • Imunotipo 2 era mais jovem, com um perfil inflamatório razoável, mas também mostrava sinais de marcadores anti-inflamatórios.
  • Imunotipo 3 tinha um perfil inflamatório mais baixo e um equilíbrio diferente de células imunológicas.
  • Imunotipo 4 não apresentou as mesmas tendências inflamatórias dos dois primeiros, mas mostrou sinais de células imunológicas melhores em sinalizar.

O Impacto da Disfunção Autonômica na Função Imunológica

A análise revelou que pessoas com NA eram mais propensas a se encaixar no Imunotipo 1, caracterizado por inflamação significativa e problemas de saúde coexistentes. Essa relação ressalta o impacto que a disfunção autonômica pode ter nas respostas imunológicas e nos níveis de inflamação.

Mesmo dentro dos perfis inflamatórios, problemas no sistema nervoso simpático surgiram como um fator significativo. Aqueles classificados sob o Imunotipo 1 frequentemente apresentavam problemas tanto simpáticos quanto parassimpáticos, levando a interações complexas dentro do sistema imunológico.

Recapitulando e Conclusão

Esse estudo enfatiza o papel importante tanto dos sistemas simpático quanto parassimpático na regulação das respostas imunológicas, particularmente em pessoas vivendo com HIV. As evidências apoiam a ideia de que um SNA com funcionamento precário contribui para a inflamação e deterioração geral da saúde. Entender essas conexões abre novas avenidas para pesquisas e potenciais tratamentos focados em melhorar a função do SNA.

Os resultados podem informar futuros estudos explorando como o envelhecimento interage com a função imunológica no contexto de condições crônicas. Compreender melhor como esses sistemas se relacionam pode levar a estratégias que ajudem a gerenciar doenças inflamatórias crônicas de forma mais eficaz, melhorando, em última análise, os resultados dos pacientes.

Fonte original

Título: Autonomic and Immune Stress Response Networks in Patients Living With HIV

Resumo: Background and ObjectivesStress response systems are frequently dysregulated in patients with chronic inflammatory disorders. Pre-clinical studies have demonstrated direct influences of the sympathetic and vagal/parasympathetic branches of the autonomic nervous system (ANS) on the immune system. However, these connections have not been examined in humans. We hypothesized that the subtype and severity of autonomic neuropathy (AN) would predict immune phenotypes with distinct clinical and demographic characteristics in people living with HIV. MethodsThis is a cross-sectional study of 79 adult people with a history of well-controlled HIV on stable combination antiretroviral treatment (CART) recruited from a primary care clinic network within the Mount Sinai Health System in New York City. All participants underwent a standardized battery of autonomic function tests summarized as the Composite Autonomic Severity Score (CASS) and vagal and adrenergic baroreflex sensitivity (BRS-V and BRS-A). Immune profiling included: 1) measurement of interleukin-6 (IL-6) as part of the Olink assay Target 96 Inflammation Panel, 2) non-negative matrix factorization (NMF) clustering analyses on Olink immune biomarkers, and 3) mass cytometry (CyTOF) on a subset of participants with and without autonomic neuropathy (N = 10). ResultsReduced activity of caudal vagal circuitry involved in the cholinergic anti-inflammatory pathway (CAP) predicted higher levels of IL-6 (Spearmans rho = -0.352, p=0.002). The comprehensive assessment of the ANS-immune network showed four immunotypes defined by NMF analyses. A pro-inflammatory immunotype defined by elevations in type 1 cytokines (IL-6, IL-17) and increased numbers of CD8+ T-cells was associated with autonomic neuropathy (AN). This association was driven by deficits in the cardiovascular sympathetic nervous system and remained strongly significant after controlling for the older age and greater burden of co-morbid illness among participants with this immunotype (aOR=4.7, p=0.017). DiscussionOur results provide novel support for the clinical relevance of the CAP in patients with chronic inflammatory AN. These data also provide insight regarding the role of the sympathetic nervous system and aging in the progression and development of co-morbidities in patients with chronic HIV and support future research aimed at developing therapies focused on modulation of the sympathetic and parasympathetic/vagal nervous system.

Autores: Bridget R Mueller, M. Mehta, M. Campbell, N. Neupane, G. Cedillo, G. Lee, K. Coyle, J. Qi, Z. Chen, M. C. George, J. Robinson-Papp

Última atualização: 2024-11-04 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.15.618447

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.10.15.618447.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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