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O Papel da Arginase no Envelhecimento do Coração e na Inflamação

Pesquisas mostram como a arginase afeta a saúde do coração na velhice.

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Conforme as pessoas envelhecem, o risco de doenças cardíacas aumenta. Isso acontece por causa de várias mudanças no coração e nos tecidos ao redor, que podem levar a condições como insuficiência cardíaca. Um fator chave nesse processo é a Inflamação crônica de baixo nível no corpo, muitas vezes chamada de "inflammaging". Essa inflamação é causada por diferentes tipos de células no coração, que mudam e contribuem para problemas cardíacos à medida que envelhecemos.

Estudos mostram que corações mais velhos não reagem bem a estressores, como a redução do fluxo sanguíneo, que pode causar infartos. O coração de uma pessoa mais velha é menos capaz de se recuperar após uma lesão em comparação com um coração mais jovem. Mesmo em indivíduos mais velhos que parecem saudáveis, há sinais de danos cardíacos e inflamação contínua. No entanto, as razões exatas por trás dessas mudanças no coração com o envelhecimento ainda não estão completamente claras. A maioria dos estudos anteriores se concentrou em modelos animais mais jovens, que não refletem com precisão as mudanças observadas em indivíduos mais velhos. Por isso, é importante estudar o envelhecimento em um modelo animal mais realista.

O Papel da Arginase no Envelhecimento

Pesquisas recentes mostraram que uma enzima chamada arginase desempenha vários papéis no processo de envelhecimento e em como os órgãos, incluindo o coração, mudam com a idade. Existem duas formas de arginase: Arg-I e Arg-II. Enquanto a Arg-I é encontrada principalmente no fígado, a Arg-II é frequentemente vista nos tecidos cardíacos e está ligada à inflamação e mudanças nos tecidos.

Pesquisas indicam que a Arg-II pode estar envolvida no processo de envelhecimento e promover inflamação e cicatrização no coração. Remover ou inibir a Arg-II demonstrou desacelerar o envelhecimento e proteger contra danos em diferentes órgãos, incluindo o coração. No entanto, há resultados conflitantes sobre como essas formas de arginase agem nas lesões cardíacas. Mais investigações são necessárias sobre onde essas enzimas estão localizadas no coração, como funcionam e como podem contribuir para o envelhecimento cardíaco.

Foco do Estudo

Este estudo tem como objetivo descobrir onde a arginase está localizada no coração e como afeta o processo de envelhecimento. Também queremos ver se a Arg-II influencia a vulnerabilidade do coração a danos causados pela redução do fluxo sanguíneo.

Principais Descobertas sobre Arginase e Corações em Envelhecimento

Aumento da Arg-II em Corações Envelhecidos

Em estudos comparando camundongos jovens e mais velhos, descobrimos que os níveis de Arg-II aumentam nos corações dos camundongos mais velhos, especialmente nas fêmeas. Já os níveis de Arg-I permanecem muito baixos e não mudam com a idade, indicando que o envelhecimento aumenta especificamente a expressão da Arg-II.

Após usar diferentes técnicas para analisar as proteínas da Arg-II, descobrimos que, embora a Arg-II aumente em corações mais velhos, não pode ser detectada nas células do coração chamadas cardiomiócitos. Em vez disso, a Arg-II parece estar principalmente localizada em células não cardiomiócitas, como Macrófagos (células do sistema imunológico), Fibroblastos (células que ajudam na reparação de tecidos) e células endoteliais (células que revestem os vasos sanguíneos).

Impacto da Remoção da Arg-II no Envelhecimento Cardíaco

Para entender como a remoção da Arg-II afeta o coração envelhecido, examinamos tecidos cardíacos de camundongos que não tinham essa enzima. Descobrimos que esses camundongos tinham menos cicatrização e danos nos corações em comparação com camundongos idosos normais. Eles também mostraram menos fibroblastos e sinais de inflamação.

Além disso, observamos que os níveis de marcadores específicos indicando inflamação no coração diminuíram nos camundongos deficientes em Arg-II. Esses resultados sugerem que a Arg-II desempenha um papel significativo no envelhecimento do coração, promovendo inflamação e cicatrização.

Apoptose no Tecido Cardíaco

À medida que os corações envelhecem, há um aumento na morte celular, especialmente nos cardiomiócitos. Nos corações dos camundongos mais velhos, encontramos mais células apoptóticas (mortas) em comparação com os camundongos mais jovens. Curiosamente, os camundongos knockout para Arg-II mostraram níveis reduzidos de células apoptóticas em seus corações, indicando que a Arg-II contribui para essa morte celular nos corações envelhecidos.

Compreendendo os Mecanismos por trás dos Efeitos da Arg-II

Dado que a Arg-II não é encontrada nos cardiomiócitos, mas está presente nos macrófagos, investigamos como ela contribui para a morte celular nessas células do coração. Descobrimos que os macrófagos mais velhos produzem níveis elevados de uma citocina pró-inflamatória chamada IL-1β. Essa citocina é conhecida por afetar outros tipos de células e pode promover a morte celular.

Quando expusemos cardiomiócitos jovens ao meio condicionado de macrófagos envelhecidos, notamos um aumento na morte celular, mas esse efeito foi bloqueado quando adicionamos um antagonista do receptor de IL-1. Essas descobertas sugerem que a IL-1β dos macrófagos pode ser um fator chave na conexão entre a Arg-II e a apoptose dos cardiomiócitos.

Interações Entre Macrófagos e Outras Células Cardíacas

Nosso estudo também analisou como os macrófagos afetam outras células do coração, especialmente os fibroblastos. Quando os fibroblastos foram expostos ao meio condicionado de macrófagos velhos, mostraram aumento na produção de colágeno, que é uma característica da fibrose. Esse efeito diminuiu quando usamos meio condicionado de macrófagos knockout para Arg-II, reforçando a ideia de que a Arg-II dos macrófagos contribui para a ativação dos fibroblastos e o ambiente cardíaco envelhecido.

Mudanças nas Células Endoteliais no Envelhecimento Cardíaco

Outro aspecto importante do envelhecimento cardíaco é como as células endoteliais, que formam o revestimento dos vasos sanguíneos, mudam ao longo do tempo. Nossas descobertas indicaram que essas células também mostram sinais de uma transformação chamada transição endotelial-mesenquimal (EndMT). Esse processo envolve células endoteliais perdendo suas características e assumindo propriedades de células mesenquimatosas, levando ao aumento da fibrose e disfunção.

Em camundongos idosos, observamos que os níveis de proteínas associadas à EndMT estavam elevados, enquanto os camundongos knockout para Arg-II mostraram níveis reduzidos dessas proteínas. Isso sugere que a Arg-II pode facilitar a EndMT em corações envelhecidos.

Recuperação Funcional Após Isquemia

Para examinar como a Arg-II impacta a função cardíaca após períodos de fluxo sanguíneo restrito, realizamos experimentos onde submetemos os corações de camundongos à isquemia e depois permitimos a reperfusão (restauração do fluxo sanguíneo). Camundongos idosos knockout para Arg-II exibiram uma recuperação significativamente melhor da função cardíaca em comparação com camundongos do tipo selvagem após a lesão.

Através desta investigação, também descobrimos que a presença de Arg-II estava ligada a áreas maiores de dano tecidual cardíaco após isquemia. Isso indica que a Arg-II contribui para a vulnerabilidade do coração a esses eventos estressantes durante o envelhecimento.

Diferenças de Sexo na Arg-II e Envelhecimento Cardíaco

Curiosamente, nosso estudo revelou que as fêmeas apresentaram um aumento maior nos níveis de Arg-II no coração em comparação com os machos à medida que envelheciam. Isso sugere que pode haver influências hormonais, como o estrogênio, que regulam os níveis de Arg-II de forma diferente em machos e fêmeas.

Conclusão

Em resumo, nosso estudo identifica a Arg-II como um jogador significativo no envelhecimento cardíaco. As descobertas indicam que a Arg-II aumenta a inflamação, promove a morte celular e facilita a cicatrização no coração. Seu papel se estende não apenas aos cardiomiócitos, mas também envolve interações com macrófagos e fibroblastos, contribuindo para o fenótipo de envelhecimento geral do coração.

O envelhecimento inclui mudanças complexas que afetam a função cardíaca e a resiliência ao estresse. Esta pesquisa destaca o potencial de direcionar a Arg-II como uma abordagem nova para prevenir ou reduzir problemas cardíacos em adultos mais velhos. Pesquisas futuras podem esclarecer ainda mais os mecanismos e vias específicos envolvidos, potencialmente orientando estratégias terapêuticas para melhorar a saúde cardíaca à medida que as pessoas envelhecem.

Fonte original

Título: Cell-autonomous and non-cell-autonomous effects of arginase-II on cardiac aging

Resumo: Aging is a predominant risk factor for heart disease. Aging heart reveals low-grade chronic inflammation, cell apoptosis, cardiac fibrosis, and increased vulnerability to ischemic injury. The underlying molecular mechanisms responsible for the cardiac aging phenotype and its susceptibility to injury are far from being fully understood. Although previous literature reports a role of the mitochondrial enzyme arginase-II (Arg-II) in development of heart failure, contradictory results are reported and no systematic analysis of cellular expression and localization of Arg-II in the heart has been performed. Whether and how Arg-II participates in cardiac aging are still unknown. In this study, we demonstrate, to our surprise, that Arg-II is not expressed in cardiomyocytes from aged mice and human patients, but upregulated in non-myocytes of the aging heart, including macrophages, fibroblasts, endothelial cells. Mice with genetic deficiency of arg-ii (arg-ii-/-) are protected from age-associated cardiac inflammation, myocyte apoptosis, interstitial and perivascular fibrosis, endothelial-mesenchymal transition (EndMT), and susceptibility to ischemic injury. Further experiments show that Arg-II mediates IL-1{beta} release from macrophages of old mice, contributing to the above-described cardiac aging phenotype. In addition, Arg-II enhances mitochondrial reactive oxygen species (mtROS) and activates cardiac fibroblasts that is inhibited by inhibition of mtROS. Thus, our study demonstrates a non-cell-autonomous effect of Arg-II on cardiomyocytes, fibroblasts, and endothelial cells mediated by IL-1{beta} from aging macrophages as well as a cell-autonomous effect of Arg-II through mtROS in fibroblasts contributing to cardiac aging phenotype.

Autores: Zhihong Yang, D. M. Potenza, X. Cheng, G. AJALBERT, A. Brenna, M.-N. Giraud, A. FROBERT, S. Cook, K. D. Mertz, X.-F. Ming

Última atualização: 2024-01-20 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.01.17.576017

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.01.17.576017.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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