Preservação da Diversidade Genética das Variedades Tradicionais de Milho
Esse estudo destaca a importância de conservar as variedades locais de milho para a resiliência agrícola.
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Índice
- A Importância da Diversidade Genética
- Variáveis de Biodiversidade
- Ameaças da Mudança Climática
- Landraces de Milho no Norte da Argentina
- Metodologia
- Analisando a Diversidade Genética
- Estrutura Populacional e Desequilíbrio de Ligação
- Tamanho da População Efetiva e Coeficientes de Endogamia
- Diferenciação Genética e Seleção
- Adequação do Habitat e Cenários Futuros de Clima
- Conclusão
- Fonte original
- Ligações de referência
O milho, conhecido como corn, é uma cultura super importante cultivada em várias partes do mundo. Nas Américas, existem variedades tradicionais chamadas de landraces que foram cultivadas pelas comunidades locais por milhares de anos. Diferente das variedades comerciais modernas, os landraces de milho são polinizados abertamente e cultivados com métodos tradicionais. Isso quer dizer que eles se adaptam ao longo do tempo ao ambiente local e podem mostrar uma grande Diversidade Genética. Essa diversidade torna eles valiosos para programas de melhoramento que buscam desenvolver novas variedades de cultivo.
A Importância da Diversidade Genética
Os landraces de milho geralmente têm alta variabilidade genética por causa de práticas como polinização cruzada e troca de sementes entre os agricultores. Essa diversidade genética é crucial para a resiliência agrícola, já que oferece uma fonte de características que ajudam as plantas a sobreviver em diferentes condições, como seca ou doenças. Já os híbridos comerciais modernos tendem a usar só um número pequeno de variedades de landrace em seus programas de melhoramento, o que limita a variação genética e pode levar a uma perda significativa de genética. Por isso, conservar esses landraces é essencial para manter a biodiversidade do milho.
Variáveis de Biodiversidade
Para monitorar e entender a biodiversidade, os cientistas usam um sistema de medições chamado Variáveis Essenciais de Biodiversidade (EBVs). Essas variáveis ajudam a rastrear como a biodiversidade está distribuída geograficamente e como ela muda ao longo do tempo. No nível genético, os EBVs podem fornecer informações sobre a diversidade genética, como diferentes populações estão relacionadas e como os tamanhos das populações mudam com o tempo. Embora os EBVs sejam frequentemente usados para espécies selvagens ou invasivas, eles também podem ser aplicados a culturas domesticadas como o milho.
Ameaças da Mudança Climática
A mudança climática é uma ameaça séria para a diversidade das espécies de cultivo, incluindo o milho. Estudos indicam que a produção de milho poderia diminuir drasticamente com o aumento das temperaturas. Enquanto as variedades de landrace estão bem adaptadas aos seus ambientes locais, a velocidade da mudança climática pode superar a capacidade de adaptação delas. Essa situação mostra a necessidade urgente de entender como essas variedades locais se adaptaram no passado, o que pode ajudar a protegê-las contra futuras reduções na biodiversidade.
Landraces de Milho no Norte da Argentina
No Norte da Argentina, existem muitos landraces de milho que refletem uma mistura de influências de diferentes práticas agrícolas. Essa região é importante para entender a genética do milho, já que possui duas áreas principais de cultivo: o Noroeste e o Nordeste. Cada área tem condições de crescimento distintas, como altitude, tipos de solo e clima. No Noroeste da Argentina, o milho cresce em altitudes elevadas, experimenta grandes variações de temperatura e tem baixa precipitação. Em contraste, o Nordeste tem um clima subtropical com chuvas abundantes e solos férteis.
Pesquisas recentes identificaram três grupos genéticos principais de landraces de milho nessa área: milho do Noroeste em Altitude (HNWA), milho do Nordeste Farináceo (FNEA) e vários tipos de pipoca. Os landraces de HNWA estão associados a altitudes elevadas, enquanto os de FNEA se dão bem nas condições subtropicais do Nordeste. Esforços para estudar esses grupos podem ajudar a esclarecer a diversidade genética subjacente e o potencial para estratégias de conservação.
Metodologia
Neste estudo, os pesquisadores coletaram amostras de milho representando diferentes grupos genéticos de bancos de sementes na Argentina. Eles usaram técnicas genéticas sofisticadas para mapear o DNA dessas amostras, o que ajudou a identificar diferenças e semelhanças genéticas. O estudo também analisou como a diversidade genética se relaciona a fatores como mudanças ambientais.
Analisando a Diversidade Genética
Depois de juntar as amostras, os pesquisadores checaram a qualidade do DNA e prepararam para sequenciamento. Eles geraram uma grande quantidade de dados genéticos, que permitiu identificar milhares de variantes genéticas chamadas polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs). Esses SNPs oferecem insights valiosos sobre a diversidade genética dos landraces de milho e como eles estão relacionados entre si.
A análise mostrou que existem padrões genéticos distintos entre os landraces no Norte da Argentina. Por exemplo, os landraces de HNWA tinham menor diversidade genética comparado ao FNEA, o que indica que HNWA pode ser mais vulnerável a mudanças ambientais. O estudo também avaliou níveis de endogamia nessas populações, revelando que o FNEA tinha níveis mais altos de endogamia, o que pode levar a problemas de saúde nas plantas.
Estrutura Populacional e Desequilíbrio de Ligação
Um aspecto chave do estudo envolveu analisar a estrutura populacional dos landraces de milho. Ao observar como diferentes grupos de milho estão relacionados, os pesquisadores puderam determinar quanto de diversidade genética existe dentro e entre esses grupos. Eles descobriram que HNWA e FNEA são grupos distintos com características específicas, enquanto outros grupos como pipoca e milho de várzea mostraram mais mistura.
Os pesquisadores também mediram o desequilíbrio de ligação, que é a tendência de certos traços genéticos serem herdados juntos. Um alto nível de desequilíbrio de ligação pode indicar um tamanho populacional efetivo menor, significando que há menos mistura genética. Nesse caso, HNWA teve um declínio mais rápido do desequilíbrio de ligação comparado ao FNEA, sugerindo que HNWA pode ter uma capacidade mais limitada de adaptação ao longo do tempo.
Tamanho da População Efetiva e Coeficientes de Endogamia
O tamanho da população efetiva (Ne) é uma medida importante em genética de conservação. Ele reflete quantos indivíduos em uma população contribuem para a composição genética da próxima geração. Um Ne mais alto significa mais diversidade genética e melhores chances de adaptação. O estudo estimou que o Ne para HNWA é significativamente maior que para FNEA, destacando riscos potenciais para FNEA devido à menor diversidade genética e coeficientes de endogamia mais altos.
Alta endogamia pode levar a uma redução na saúde e produtividade das plantas, as tornando mais suscetíveis a estressores ambientais. Em contraste, a menor endogamia em HNWA sugere um pool genético mais diverso, mas a variabilidade genética limitada apresenta seus próprios desafios.
Diferenciação Genética e Seleção
A pesquisa também examinou a diferenciação genética entre os dois grupos principais, HNWA e FNEA. A diferenciação genética mede o quão distintos esses grupos são em termos de composição genética. O valor de Fst entre HNWA e FNEA indicou uma diferenciação significativa, revelando que eles se adaptaram aos seus respectivos ambientes ao longo do tempo.
Para avaliar variação adaptativa, os pesquisadores buscaram locos forasteiros - locais específicos no genoma que mostram sinais de terem sido submetidos a forte pressão de seleção. A identificação desses locos pode ajudar a entender quais características evoluíram para ajudar as plantas a prosperar em suas condições. Vários genes candidatos associados ao tempo de floração e respostas ao estresse foram identificados, indicando que esses traços podem desempenhar um papel crítico na sobrevivência desses landraces de milho.
Adequação do Habitat e Cenários Futuros de Clima
Entender onde esses landraces de milho podem crescer com sucesso é essencial para a conservação. O estudo modelou a distribuição potencial de HNWA e FNEA sob condições climáticas históricas e cenários climáticos futuros projetados. Esses modelos mostraram que as áreas adequadas para o cultivo de HNWA podem diminuir significativamente, enquanto as áreas adequadas para o FNEA podem mudar para regiões mais tropicais.
As descobertas ressaltam a necessidade de medidas proativas para conservar esses landraces de milho em seus habitats naturais, bem como esforços de realocação potenciais para garantir sua sobrevivência em novas condições.
Conclusão
O estudo destaca a necessidade urgente de focar na conservação dos landraces de milho, especialmente diante dos desafios impostos pela mudança climática e a erosão genética. Tanto HNWA quanto FNEA representam pools genéticos únicos que são cruciais para o futuro do cultivo de milho. Ao tomar medidas para proteger esses landraces, podemos garantir mais segurança alimentar e resiliência nos sistemas agrícolas.
Resumindo, entender como as variedades tradicionais de milho se adaptam, sobrevivem e prosperam sob condições climáticas em mudança é essencial. Os esforços de conservação não devem só visar proteger a diversidade genética existente, mas também pesquisar mais sobre as formas como essas plantas podem se adaptar a ambientes em mudança. A importância dessas variedades tradicionais não pode ser subestimada, já que elas guardam soluções potenciais para os desafios agrícolas futuros.
Título: Genome-wide diversity in lowland and highland maize landraces from southern South America: population genetics insights to assist conservation
Resumo: Maize (Zea mays ssp. mays L.) landraces are traditional American crops with high genetic variability that conform a source of original alleles for conventional maize breeding. Northern Argentina, one the southernmost regions of traditional maize cultivation in the Americas, harbours around 57 races traditionally grown in two regions with contrasting environmental conditions, namely the Andean mountains in the Northwest and the tropical grasslands and Atlantic Forest in the Northeast. These races encounter diverse threats to their genetic diversity and persistence in their regions of origin, with climate change standing out as one of the major challenges. In this work, we use genome-wide SNPs derived from ddRADseq to study the genetic diversity of individuals representing the five groups previously described for this area. This allowed us to distinguish two clearly differentiated gene pools, the Highland Northwestern maize (HNWA) and the Floury Northeastern maize (FNEA). Subsequently, we employed Essential Biodiversity Variables at the genetic level, as proposed by the Group on Earth Observations Biodiversity Observation Network (GEO BON), to evaluate the conservation status of these two groups. This assessment encompassed genetic diversity (Pi), inbreeding coefficient (F), and effective population size (Ne). FNEA showed low Ne values and high F values, while HNWA showed low Ne values and low Pi values, indicating that further genetic erosion is imminent for these landraces. Outlier detection methods allowed identification of putative adaptive genomic regions, consistent with previously reported flowering-time loci and chromosomal regions displaying introgression from the teosinte Zea mays ssp. mexicana. Finally, species distribution models were obtained for two future climate scenarios, showing a notable reduction in the potential planting area of HNWA and a shift in the cultivation areas of FNEA. Taken together, these results suggest that maize landraces from Northern Argentina may not be able to cope with climate change. Therefore, active conservation policies are advisable.
Autores: Pia Guadalupe Dominguez, A. V. Gutierrez, M. I. Fass, C. V. Filippi, P. Vera, A. Puebla, R. A. Defacio, N. B. Paniego, V. V. Lia
Última atualização: 2024-02-07 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.02.578655
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.02.578655.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.
Ligações de referência
- https://geobon.org/
- https://qgis.org/en/site/
- https://www.naturalearthdata.com/
- https://data.europa.eu/data/datasets/data_world-digital-elevation-model-etopo5?locale=es
- https://www.maizegdb.org/genome/assembly/Zm-B73-REFERENCE-GRAMENE-4.0
- https://www.r-project.org/
- https://itol.embl.de/
- https://www.worldclim.org/data/cmip6/cmip6climate.html