Impacto Cognitivo de Medicamentos Anticolinérgicos em Transtorno Bipolar
Estudo revela riscos cognitivos de medicamentos anticolinérgicos em pacientes bipolares.
― 6 min ler
Índice
- Métodos de Tratamento Atuais
- Descrição do Estudo
- Avaliando a Carga Anticolinérgica
- Coletando Dados
- Comprometimento Cognitivo e Escalas Anticolinérgicas
- Domínios Cognitivos Individuais
- Efeitos Colaterais e Escalas Anticolinérgicas
- Implicações do Estudo
- Limitações e Direções Futuras
- Fonte original
- Ligações de referência
Os transtornos bipolares (TB) são distúrbios de humor que afetam uma pequena parte da população. Eles são divididos em dois tipos principais: Tipo I e Tipo II. Pessoas com esses transtornos podem ter episódios de mania (alta energia) e depressão (baixa energia). Essas condições podem influenciar as habilidades cognitivas em todas as fases da doença.
Déficits cognitivos são observados não só durante episódios maníacos e depressivos, mas também podem persistir quando a pessoa se sente estável, conhecida como fase eutímica. Testes mostram que até 39,7% das pessoas com TB podem ter algum tipo de Comprometimento Cognitivo durante o estado eutímico. Esses problemas cognitivos podem levar a mais episódios de humor, uma qualidade de vida inferior e dificuldades nas interações sociais.
Métodos de Tratamento Atuais
O tratamento do Transtorno Bipolar envolve principalmente Medicação. Ao longo dos anos, o uso de certos medicamentos conhecidos por suas propriedades anticolinérgicas aumentou. Os medicamentos anticolinérgicos afetam uma substância química no cérebro chamada acetilcolina e são frequentemente usados para tratar vários problemas de saúde mental. No entanto, o impacto deles nas funções cognitivas em indivíduos com TB não foi totalmente estudado.
A maioria dos medicamentos psicotrópicos pode ajudar com episódios de humor, levando a um melhor desempenho cognitivo durante esses momentos. Contudo, alguns medicamentos podem deixar problemas cognitivos persistentes quando a pessoa está estável. Isso levanta preocupações sobre os efeitos anticolinérgicos desses medicamentos, já que eles podem prejudicar a cognição em pessoas saudáveis.
Para tratar disso, pesquisadores desenvolveram escalas para avaliar a Carga Anticolinérgica dos medicamentos. Essas escalas ajudam a determinar quanto esses remédios podem afetar a função cognitiva. Embora tenham sido estudadas em outras populações, sua aplicação nos transtornos bipolares foi explorada apenas de maneira limitada.
Descrição do Estudo
Um estudo recente teve como objetivo avaliar diferentes escalas de carga anticolinérgica para ver como elas se relacionam com o comprometimento cognitivo e os Efeitos Colaterais relatados em indivíduos com transtorno bipolar. Pacientes foram recrutados de vários centros na França, e o estudo seguiu diretrizes éticas.
Para participar, os indivíduos precisavam ter entre 18 e 65 anos e serem diagnosticados com transtorno bipolar. Eles precisavam estar em uma condição estável, sem sintomas de humor no momento do teste. Pessoas com outros distúrbios cognitivos ou problemas de abuso de substâncias foram excluídas para evitar que outros fatores influenciassem o desempenho cognitivo.
Avaliando a Carga Anticolinérgica
Pesquisadores identificaram 36 escalas que poderiam medir a carga anticolinérgica dos medicamentos. Eles então excluíram sete escalas com base em critérios específicos. Para aqueles medicamentos não incluídos em nenhuma escala, os pesquisadores assumiram que não tinham propriedades anticolinérgicas.
Para determinar a carga anticolinérgica total, eles usaram dois métodos: somando os pontos de todos os tratamentos ou pegando a maior pontuação de qualquer tratamento. Neuropsicólogos testaram os participantes usando uma bateria padronizada de testes cognitivos para avaliar diferentes áreas, como velocidade de processamento, memória, atenção, memória de trabalho, função executiva e raciocínio.
Efeitos colaterais dos medicamentos foram avaliados através de um inventário detalhado que incluía problemas comuns, como boca seca e constipação. Isso ajudou os pesquisadores a entender a conexão entre comprometimento cognitivo e efeitos colaterais relatados pelos próprios pacientes.
Coletando Dados
O estudo incluiu mais de 2.000 participantes diagnosticados com transtorno bipolar, sendo a maioria deles mulheres. Uma parte significativa foi identificada como cognitivamente comprometida, indicando desafios cognitivos relevantes dentro dessa população.
Os pesquisadores encontraram discrepâncias em como diferentes escalas relataram propriedades anticolinérgicas. Isso revelou a necessidade de ferramentas mais claras para avaliar essas cargas em pacientes com transtorno bipolar.
Comprometimento Cognitivo e Escalas Anticolinérgicas
As análises bivariadas mostraram que muitas das escalas anticolinérgicas estavam ligadas positivamente ao comprometimento cognitivo ao examinarem suas pontuações. Dentre essas, duas escalas se destacaram: a escala de Chew e a Escala de Toxicidade Anticolinérgica. Um aumento nas pontuações dessas escalas sugeriu um risco maior de comprometimento cognitivo.
Curiosamente, outros medicamentos comumente prescritos, como lítio e certos antipsicóticos, também estavam relacionados a problemas cognitivos. No entanto, a direção dessa relação ainda não está clara, já que o comprometimento cognitivo poderia levar a um tratamento mais agressivo, ao invés de ser apenas um efeito colateral do medicamento.
Domínios Cognitivos Individuais
Quando olhamos de perto para funções cognitivas específicas, a escala de Chew e a Escala de Toxicidade Anticolinérgica estavam associadas a um desempenho pior em áreas como velocidade de processamento e memória verbal. Isso indica que essas funções cognitivas podem ser particularmente sensíveis à carga anticolinérgica.
Efeitos Colaterais e Escalas Anticolinérgicas
A pesquisa também avaliou como várias escalas se relacionavam com os efeitos colaterais relatados. Muitas escalas estavam ligadas a efeitos colaterais periféricos comuns, como boca seca, e efeitos centrais, como sonolência. Isso ajuda a destacar as implicações mais amplas dos medicamentos anticolinérgicos além do impacto apenas na cognição.
Os resultados mostraram que várias escalas correlacionaram com um aumento nos efeitos colaterais relatados pelos próprios pacientes, sugerindo que essas escalas podem não só medir a carga anticolinérgica com precisão, mas também capturar outros problemas relacionados à medicação.
Implicações do Estudo
Esse estudo demonstra a necessidade de monitorar os efeitos cognitivos dos medicamentos usados no tratamento do transtorno bipolar. Os achados sugerem que duas escalas podem identificar efetivamente pacientes que podem estar em risco de comprometimento cognitivo devido à medicação.
Além disso, o estudo destaca a importância de entender não só os efeitos cognitivos, mas também a variedade de efeitos colaterais que podem surgir desses medicamentos. Reduzir a carga medicamentosa e pensar cuidadosamente nas opções de tratamento poderia melhorar a tolerância cognitiva e o bem-estar geral dos pacientes.
Limitações e Direções Futuras
Embora o estudo forneça insights valiosos, ele é limitado pelo seu desenho transversal, ou seja, captura um momento em vez de olhar as mudanças ao longo do tempo. Essa consideração é importante, pois confunde a capacidade de fazer conclusões causais sobre a relação entre o uso de medicamentos e o comprometimento cognitivo.
Pesquisas futuras devem envolver estudos longitudinais para avaliar os efeitos contínuos dos medicamentos na cognição, levando em conta a dosagem e a duração do tratamento. Isso proporcionaria uma imagem mais clara de como vários tratamentos impactam a função cognitiva no transtorno bipolar ao longo do tempo.
Em resumo, entender os efeitos cognitivos dos medicamentos anticolinérgicos em indivíduos com transtorno bipolar é crucial. As escalas desenvolvidas para medir a carga anticolinérgica podem servir como ferramentas para os clínicos avaliarem riscos cognitivos potenciais associados ao tratamento e melhorarem o cuidado ao paciente.
Título: Comparative analysis of anticholinergic burden scales to explain iatrogenic cognitive impairment and self-reported side effects in the euthymic phase of bipolar disorders: results from the FACE-BD cohort
Resumo: Bipolar disorders (BD) are characterized by cognitive impairment during the euthymic phase, to which treatments can contribute. The anticholinergic properties of medications, i.e., the ability of a treatment to inhibit cholinergic receptors, are associated with cognitive impairment in elderly patients and people with schizophrenia but this association has not been well characterized in individuals with remitted bipolar disorders. Moreover, the validity of anticholinergic burden scales designed to assess the anticholinergic load of medications has been scarcely tested in bipolar disorders. We aimed to test the concurrent validity of several scales by assessing their associations with objective cognitive impairment and subjective anticholinergic side-effects in BD. We hypothesized that the scale is valid if its association with cognitive impairment or self-reported anticholinergic side-effects is significant. A sample of 2,031 individuals with euthymic bipolar disorders was evaluated with a neuropsychological battery to identify cognitive impairment. Two scales among 27 were significantly positively associated with cognitive impairment in multiple logistic regressions, whereas chlorpromazine equivalents, lorazepam equivalents, the number of antipsychotics, or the number of treatments were not. The two scales significantly correlated with worse performance in processing speed and verbal memory. In addition, 14 scales showed good concurrent validity to assess self-reported peripheral anticholinergic side-effects and 13 were valid for evaluating self-reported central anticholinergic side-effects. Thus, we identified valid scales to monitor the anticholinergic burden in BD, which may be useful in assessing iatrogenic cognitive impairment in studies investigating cognition in BD.
Autores: Nathan Vidal, E. Brunet-Gouet, S. Frileux, B. Aouizerate, V. Aubin, R. Belzeaux, P. Courtet, T. D'Amato, C. Dubertret, B. Etain, E. Haffen, D. Januel, M. Leboyer, A. Lefrere, P.-M. Llorca, E. Marlinge, E. Olie, M. Polosan, R. Schwan, M. Walter, the FACE-BD (FondaMental Academic Centers of Expertise for Bipolar Disorders) group, C. Passerieux, P. Roux
Última atualização: 2023-04-17 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.04.10.23288347
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.04.10.23288347.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao medrxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.