Impacto dos Medicamentos na Comunicação em Saúde Mental
Estudo revela ligações entre medicamentos e problemas de comunicação em pacientes com saúde mental.
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Índice
A Comunicação pode mudar em pessoas com transtornos emocionais e de saúde mental. Essas mudanças podem incluir menos expressão emocional ou padrões de fala incomuns. Os médicos costumam notar essas diferenças ao diagnosticar pacientes. Com a nova tecnologia, os pesquisadores estão tentando analisar automaticamente os padrões de voz e fala. Isso ajuda a detectar sinais incomuns que podem estar ligados a transtornos emocionais e psicóticos, levando a diagnósticos e tratamentos melhores. No entanto, a relação entre problemas de comunicação e transtornos específicos é complicada e pode ser afetada por vários fatores, incluindo os medicamentos que os pacientes tomam.
Medicamentos e Seus Efeitos
Muita gente com transtornos mentais toma medicamentos que também podem influenciar a habilidade de comunicar. Por exemplo, alguns remédios comuns podem secar a boca ou fazer a pessoa se sentir sonolenta, o que pode dificultar a fala clara. Os medicamentos Antipsicóticos estão ligados à fala mais lenta e pausas mais longas ao falar. Por isso, muitas vezes é difícil saber se as mudanças na fala de uma pessoa são puramente devido à sua condição de saúde mental ou se os medicamentos estão influenciando isso.
Mais pesquisa é necessária para entender como os medicamentos impactam a comunicação. Atualmente, apenas alguns estudos investigaram como diferentes drogas podem causar problemas de fala, então não há informação suficiente disponível.
Objetivos do Estudo
Esse estudo tinha como objetivo criar uma lista de medicamentos que podem estar ligados a problemas de comunicação em pessoas com condições de saúde mental. Os pesquisadores usaram duas fontes principais de informação: dados de ensaios clínicos e relatos espontâneos feitos por médicos e pelo público sobre efeitos negativos dos medicamentos. O estudo discute vários mecanismos que podem explicar as conexões entre medicamentos e problemas de comunicação antes de delinear os materiais e métodos usados. Por fim, a lista de drogas associadas a mudanças na comunicação é discutida.
Fontes de Informação
Quando os medicamentos são testados em ensaios clínicos, qualquer efeito colateral prejudicial é monitorado. Uma vez que um remédio é aprovado e liberado para o público, novos efeitos colaterais podem surgir que não foram vistos nos testes. Isso pode acontecer porque o remédio é usado por diferentes grupos de pessoas que não estavam incluídos nos ensaios, como os idosos ou mulheres grávidas. Além disso, as pessoas costumam tomar mais de um medicamento ao mesmo tempo, o que pode complicar a compreensão dos efeitos colaterais.
Médicos, pacientes e o público podem relatar qualquer efeito colateral inesperado para agências de saúde. Vários métodos estatísticos foram desenvolvidos para buscar padrões nesses relatos. Os ensaios clínicos tendem a fornecer evidências fortes porque têm condições controladas, enquanto relatos espontâneos oferecem insights sobre uma gama mais ampla de pacientes e situações, embora possam ser tendenciosos.
Mecanismos Causais
Quando pesquisadores encontram uma conexão entre um medicamento e um efeito negativo, podem haver diferentes razões para esse vínculo. Eles discutiram quatro explicações principais.
Efeito Direto: Isso acontece quando um medicamento causa diretamente um efeito colateral, como alguns medicamentos anticolinérgicos que podem reduzir a saliva e impactar a fala.
Causalidade Reversa: Isso ocorre quando um medicamento é dado para tratar um problema que já estava presente. Por exemplo, um paciente com um problema de fala pode receber um remédio para ajudar nessa questão, levando à confusão sobre se o medicamento causou a dificuldade de comunicação.
Confusão por Indicação: Isso acontece quando a condição subjacente que necessita de tratamento com um medicamento também causa o efeito colateral. Por exemplo, alguém com esquizofrenia pode ter dificuldades de comunicação, e tomar medicamentos antipsicóticos pode mostrar uma associação sem uma causa direta.
Confusão por Concomitância: Aqui, o problema de fala pode na verdade ser causado por outro medicamento que está sendo usado ao mesmo tempo que o primeiro.
Passando de Modelos para Análise
Quando pesquisadores encontram uma conexão entre um medicamento e um efeito negativo, é importante diferenciar entre essas possíveis explicações. Conhecimento detalhado de estudos anteriores e experiência clínica pode guiar a análise. Os pesquisadores podem considerar quais medicamentos são tipicamente usados para tratar condições específicas, ajudando a esclarecer se o medicamento ou a própria condição é responsável pelos problemas de comunicação.
Por exemplo, se os pesquisadores encontrarem problemas de fala em pessoas que tomam antipsicóticos, eles podem olhar especificamente para relatos que não incluem outros medicamentos frequentemente usados para problemas de fala para verificar se há evidências fortes de uma conexão.
No geral, essa abordagem ajuda a identificar os papéis de diferentes fatores e pode levar a uma melhor compreensão de como os medicamentos e os problemas de fala estão relacionados.
Visão Geral das Análises
Para investigar associações potenciais entre medicamentos e problemas de comunicação, os pesquisadores criaram uma análise passo a passo.
Definindo Termos de Busca
As fontes de dados usadas foram SIDER para informações de ensaios clínicos e FAERS para relatos espontâneos. Ambas as bases de dados usam códigos hierárquicos para classificar eventos adversos. Embora o sistema de classificação tenha limitações, ele fornece uma maneira de identificar casos de interesse.
O Sistema de Notificação de Eventos Adversos da FDA (FAERS)
O FAERS coleta relatos de reações adversas a medicamentos. Processando e limpando esses dados, os pesquisadores podem facilitar a análise. O sistema categoriza eventos adversos usando termos padronizados.
Analisando Populações
Os pesquisadores analisaram três grupos diferentes:
- Pacientes com transtornos afetivos
- Pacientes com transtornos psicóticos
- Pacientes sem medicamentos neurológicos
Focando nesses grupos, os pesquisadores podem entender melhor como os medicamentos afetam a comunicação em cada população.
Análises de Desproporcionalidade
Os pesquisadores usaram análise de desproporcionalidade para ver se um efeito negativo foi relatado com mais frequência com um medicamento específico do que com outros. Essa análise calcula uma estatística para indicar se a associação é significativa.
Se os resultados mostrarem que um medicamento está associado a mais relatos de problemas de comunicação do que o esperado, isso levanta bandeiras para investigação adicional.
Resultados
O estudo encontrou várias associações esperadas, assim como associações inesperadas entre medicamentos e problemas de comunicação. Os pesquisadores identificaram 291 associações esperadas e 91 inesperadas.
Classes de Medicamentos Chave
Dentre os achados, várias classes de medicamentos foram destacadas como ligadas a problemas de comunicação:
- Antipsicóticos
- Antidepressivos
- Antialérgicos
- Inaladores
Esses medicamentos foram examinados mais a fundo para entender seus potenciais efeitos na fala e comunicação.
Reações Conhecidas e Inesperadas
A lista final de medicamentos incluiu tanto efeitos esperados listados nas bula dos medicamentos quanto associações inesperadas encontradas no estudo. Alguns efeitos esperados já foram discutidos em estudos anteriores. Por exemplo, as mudanças de comunicação vistas com antipsicóticos típicos e antidepressivos foram documentadas.
Associações inesperadas envolveram medicamentos que não são normalmente pensados para afetar a comunicação, como aqueles usados em tratamentos de câncer. Esses remédios surgiram como causas potenciais para problemas de fala em alguns pacientes.
Mecanismos de Comprometimento da Comunicação
O estudo analisou como diferentes medicamentos podem levar a dificuldades de fala e comunicação. Entender esses mecanismos ajuda a esclarecer como os remédios podem impactar as habilidades vocais e de fala.
Mecanismos comuns que levam a problemas de comunicação podem incluir:
- Secura: Certos medicamentos causam secura na boca e na garganta, dificultando a fala.
- Efeitos Neurológicos: Alguns remédios impactam o sistema nervoso, prejudicando o controle motor e a fluência da fala.
- Dano aos Tecidos: Medicamentos podem às vezes causar dano direto à garganta e às cordas vocais.
Limitações e Direções Futuras
Várias limitações foram observadas na análise atual. Por exemplo, os termos usados para descrever problemas de comunicação muitas vezes carecem de consistência, dificultando a recuperação de dados abrangentes.
Para melhorar futuras análises, os pesquisadores enfatizam a necessidade de termos e sistemas de terminologia mais claros que considerem comprometimentos de fala. Colaborar com especialistas em patologia da fala e linguagem pode ajudar a desenvolver uma melhor terminologia para aprimorar investigações futuras.
Além disso, estudos futuros devem se concentrar em integrar outras fontes de dados, como registros clínicos e literatura científica existente. Isso proporcionaria uma visão mais abrangente de como os medicamentos afetam a comunicação.
Conclusão
À medida que mais foco é direcionado para marcadores de comunicação em condições de saúde mental, os pesquisadores devem considerar cuidadosamente como os medicamentos podem afetar esses marcadores. Ao combinar descobertas de informações sobre medicamentos e relatos espontâneos, este estudo serve como um ponto de partida para entender possíveis fatores confusos na pesquisa relacionada à comunicação.
As percepções dessa análise podem ajudar a melhorar o design da pesquisa, garantindo que o impacto dos medicamentos seja considerado em estudos que exploram padrões de comunicação em indivíduos com condições de saúde mental. Isso, no final das contas, levará a abordagens mais informadas para diagnóstico e tratamento.
Título: Identifying medications underlying communication atypicalities in psychotic and affective disorders: A pharmacovigilance study within the FDA Adverse Event Reporting System
Resumo: PurposeCommunication atypicalities are considered promising markers of a broad range of clinical conditions. However, little is known about the mechanisms and confounders underlying them. Medications might have a crucial, relatively unknown role both as potential confounders and offering an insight on the mechanisms at work. The integration of regulatory documents with disproportionality analyses provides a more comprehensive picture to account for in future investigations of communication-related markers. The aim of the current study was to identify a list of drugs potentially associated with communicative atypicalities within psychotic and affective disorders. MethodWe developed a query using the Medical Dictionary for Regulatory Activities (MedDRA) to search for communicative atypicalities within the FDA Adverse Event Reporting System (FAERS, updated June 2021). A Bonferroni corrected disproportionality analysis (Reporting Odds Ratio) was separately performed on spontaneous reports involving psychotic, affective, and non-neuropsychiatric disorders, to account for the confounding role of different underlying conditions. Drug adverse event associations not already reported in the SIDER database of labeled adverse drug reactions (unexpected) were subjected to further robustness analyses to account for expected biases. ResultsA list of 291 expected and 91 unexpected potential confounding medications was identified, including drugs that may irritate (inhalants) or desiccate (anticholinergics) the larynx, impair speech motor control (antipsychotics), induce nodules (acitretin) or necrosis (VEGFR-inhibitors) on vocal cords, sedatives and stimulants, neurotoxic agents (antiinfectives), and agents acting on neurotransmitter pathways (dopamine agonists). ConclusionsWe provide a list of medications to account for in future studies of communication-related markers in affective and psychotic disorders. The current test case illustrates rigorous procedures for digital phenotyping, and the methodological tools implemented for large scale disproportionality analyses can be considered a roadmap for investigations of communication-related markers in other clinical populations.
Autores: Michele Fusaroli, A. Simonsen, S. Borrie, D. M. Low, A. Parola, E. Raschi, E. Poluzzi
Última atualização: 2023-04-17 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.09.05.22279609
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2022.09.05.22279609.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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