Nova Candidata a Vacina para Febre do Vale do Rift Mostra Promessa
Pesquisas sobre uma nova variante de vacina sugerem alta segurança e eficácia contra a RVF.
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Índice
A Febre do Vale do Rift (FVR) é uma doença infecciosa que ataca principalmente o gado, mas pode também infectar humanos. Ela é um grande risco para a saúde dos animais, especialmente ovelhas, cabras, vacas e camelos. Essa doença causa sérios problemas como abortos e mortes nesses animais, o que afeta os fazendeiros e a economia.
A doença é causada por um vírus conhecido como Vírus da Febre do Vale do Rift (FVRV). Ovelhas jovens são particularmente vulneráveis à FVR, com taxas de mortalidade chegando a quase 100%. Em animais adultos, a FVR pode causar sintomas como febre e outros sinais vagos. No entanto, os efeitos mais notáveis são os abortos que ocorrem em grandes quantidades, natimortalidades e deformidades fetais.
Além do impacto na saúde animal, a FVR também é uma preocupação para a saúde humana, especialmente em países mais pobres. Muitas pessoas infectadas com o vírus apresentam sintomas leves semelhantes aos da gripe; no entanto, alguns casos podem ficar sérios, levando a doenças hemorrágicas ou neurológicas, com risco de morte em uma pequena porcentagem dos casos.
Como o Vírus Funciona
O FVRV é um tipo de Bunyavírus que pertence a uma família específica de vírus. O FVRV carrega material genético feito de RNA que é dividido em três partes. Essas partes ajudam o vírus a se replicar dentro dos animais hospedeiros e a escapar das defesas do sistema imunológico, permitindo que ele se espalhe mais facilmente. Uma das proteínas que o vírus produz, chamada NSs, é particularmente útil para o vírus, pois ajuda a evitar a resposta imunológica do hospedeiro.
Disseminação do Vírus
O vírus se espalha principalmente por mosquitos, que picam animais infectados e depois transmitem o vírus para outros. Os humanos também podem pegar o vírus através do contato com o sangue ou tecidos de animais infectados, inalando pequenas partículas no ar ou consumindo produtos animais crus. Desde que foi identificado pela primeira vez em 1931, a FVR causou surtos principalmente em países africanos, especialmente na região subsaariana e no Egito. Mais recentemente, o vírus se espalhou para partes da Península Arábica e também para ilhas do sul da África.
Embora não tenham sido relatados casos em partes da Ásia, Europa ou Américas, os mosquitos responsáveis pela disseminação do vírus têm uma ampla distribuição geográfica, sugerindo que mudanças climáticas e viagens globais podem aumentar a ameaça da FVR em outras regiões.
Controlando a Doença
Prevenir a FVR é essencial para proteger a saúde do gado e dos humanos. Um dos métodos mais eficazes para reduzir a propagação da doença é através da Vacinação. Na África, vacinas estão disponíveis para uso veterinário, incluindo vacinas de vírus vivo atenuado (enfraquecido) e inativadas (mortas). As vacinas de vírus vivo atenuado são vantajosas porque podem fornecer proteção duradoura com apenas uma dose. No entanto, há preocupações de segurança em relação a essas vacinas, especialmente em animais grávidos ou com o sistema imunológico enfraquecido, pois há risco de o vírus mutar para uma forma mais perigosa.
Tipos de Vacinas
Existem dois tipos principais de vacinas atualmente em uso para a FVR:
Vacina Sem NSs: Esse tipo de vacina não tem a proteína NSs, que é crucial para a sobrevivência do vírus em um hospedeiro. Um exemplo bem conhecido dessa vacina é a cepa Clone 13, que foi usada com sucesso em alguns países africanos. No entanto, ainda apresenta riscos, como causar malformações em ovelhas grávidas.
Vacina MP-12: Essa vacina é criada a partir de uma cepa conhecida como ZH548 e passou por processos que a tornam menos prejudicial. Ela mostrou eficácia tanto em animais quanto em humanos durante os testes. Apesar de ser mais segura que algumas outras opções, houve relatos de danos leves ao fígado em animais vacinados e preocupações sobre seu impacto em ovelhas grávidas.
Um Novo Candidato a Vacina
Pesquisadores desenvolveram recentemente uma nova variante do FVRV chamada 40Fp8. Essa variante foi criada usando um medicamento chamado favipiravir, que ajuda a modificar o vírus para torná-lo menos prejudicial. Resultados iniciais sugerem que o 40Fp8 pode ser uma opção de vacina segura, pois não causa doença em camundongos, mesmo em doses mais altas.
Em experiências com camundongos especialmente criados, aqueles vacinados com 40Fp8 mostraram altas taxas de sobrevivência, indicando seu potencial como candidato a vacina segura. Os estudos tinham como objetivo avaliar o desempenho do 40Fp8 em comparação com as vacinas existentes, MP-12 e a cepa rG1 sem NSs.
Métodos do Estudo
Nos estudos, diferentes grupos de camundongos foram inoculados com 40Fp8, rG1 ou MP-12. Os camundongos foram monitorados em busca de sinais de doença, alterações de peso e taxas de sobrevivência. Amostras de sangue foram coletadas para analisar a presença do vírus, e vários órgãos foram examinados para ver se o vírus os estava afetando.
Os pesquisadores prestaram atenção especial à saúde dos camundongos, anotando qualquer sinal de doença e pesando-os regularmente. Se um camundongo apresentasse doença grave, ele era eutanasiado para minimizar o sofrimento, e amostras eram coletadas para exame posterior.
Resultados dos Estudos
Os estudos revelaram diferenças significativas em como os diferentes candidatos a vacina afetaram os camundongos.
40Fp8: A maioria dos camundongos que receberam essa vacina sobreviveu sem sinais visíveis de doença. Alguns apresentaram sintomas leves, mas se recuperaram rapidamente. Esse resultado indica que o 40Fp8 tem um alto nível de segurança, mesmo quando administrado por um método mais severo de inoculação.
rG1 e MP-12: Em contraste, todos os camundongos que receberam uma dessas vacinas ficaram doentes e não sobreviveram além de alguns dias. Exames histológicos mostraram infecção viral severa nesses camundongos, levando a morte rápida.
Resposta Imunológica
As amostras de sangue coletadas dos camundongos sobreviventes vacinados com 40Fp8 mostraram sinais de desenvolvimento de anticorpos contra o vírus. Isso indica que, embora a carga viral fosse baixa, a vacina ainda conseguiu estimular uma resposta imune.
Os resultados mostraram que, mesmo que o 40Fp8 não causasse doença em camundongos, ele poderia ainda ajudar a construir imunidade, o que é essencial para a eficácia de uma vacina.
Descobertas Histopatológicas
Quando os pesquisadores examinaram os tecidos dos camundongos, não encontraram antígenos virais nos órgãos dos animais que haviam recebido 40Fp8, confirmando sua natureza atenuada. As outras vacinas, entretanto, mostraram infecções virais generalizadas em órgãos principais como fígado e baço.
Nos camundongos que receberam 40Fp8, os pesquisadores notaram meningite linfocítica, uma condição em que as membranas protetoras do cérebro estão inflamadas. Essa descoberta, embora preocupante, não estava ligada à presença do vírus no cérebro, sugerindo uma resposta diferente à vacinação.
Conclusão
O estudo indica que a variante do FVRV 40Fp8 representa um candidato promissor para uma nova vacina que é segura e eficaz. Mesmo quando administrada por via intranasal, que é considerada severa, o 40Fp8 demonstrou uma alta taxa de sobrevivência entre camundongos infectados. A capacidade dessa vacina de induzir uma resposta imune, enquanto é menos prejudicial do que as opções atuais, a torna um forte candidato para desenvolvimento futuro.
A pesquisa continua para avaliar a segurança e eficácia do 40Fp8 em cenários do mundo real, especialmente em animais grávidos que são particularmente vulneráveis à FVR. Esse trabalho ajudará na luta contra a FVR e na manutenção da saúde do gado, enquanto protege as populações humanas que possam entrar em contato com o vírus.
Título: The Rift Valley fever (RVF) vaccine candidate 40Fp8 shows an extreme attenuation in IFNARKO mice following intranasal inoculation
Resumo: Rift Valley fever (RVF) is an important zoonotic viral disease affecting several species of domestic and wild ruminants, causing major economic losses and dozens of human deaths in various geographical areas of Africa, where it is endemic. Although it is not present in Europe, there is a risk of its introduction and spread linked to globalisation and climate change. At present, the only measure that could help to prevent the disease is vaccination of flocks in areas at risk of RVF. Available live attenuated vaccines are an effective means of controlling the disease, but their use is often questioned due to residual virulence, particularly in susceptible hosts such as pregnant sheep. On the other hand, no vaccine is currently licensed for use in humans. The development of safe and effective vaccines is therefore a major area of research. In previous studies, we selected under selective mutagenic pressure a highly attenuated RVFV 56/74 virus variant called 40Fp8. This virus showed an extremely attenuated phenotype in both wild-type and immunodeficient A129 (IFNARKO) mice, yet was still able to induce protective immunity after a single inoculation, thus supporting its use as a safe, live attenuated vaccine. To further investigate its safety, in this work we have analysed the attenuation level of 40Fp8 in immunosuppressed mice (A129) when administered by the intranasal route, and compared it with other attenuated RVF viruses that are the basis of vaccines in use or in development. Our results show that 40Fp8 has a much higher attenuated level than these other viruses and confirm its potential as a candidate for safe RVF vaccine development. Author SummaryVaccines that use attenuated viruses are highly effective in terms of providing protection, duration, breadth, and quality of the immune response. However, they may pose a risk to immunosuppressed individuals or in certain situations, such as during pregnancy. It is therefore important to analyze the residual virulence of attenuated vaccines to ensure their safety. In this work, we analysed the safety of the RVF virus vaccine variant 40Fp8 developed in our laboratory. We studied its effect on immunodeficient mice and used a more aggressive route of administration such as the intranasal delivery route. To assess the degree of attenuation of 40Fp8, we compared it with other attenuated prototype RVF vaccines. The results clearly demonstrate that 40Fp8 is highly attenuated, and its residual virulence level is extremely low compared to other vaccine viruses tested.
Autores: Belen Borrego, C. Alonso, S. Moreno, N. de la Losa, P. J. Sanchez-Cordon, A. Brun
Última atualização: 2024-02-22 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.20.581149
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.20.581149.full.pdf
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