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A Crescente Preocupação com a Miopia no Brasil

As taxas crescentes de miopia no Brasil pedem atenção urgente e estratégias de saúde pública.

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A miopia, ou visão de perto, se tornou um grande problema de saúde reconhecido pela Organização Mundial da Saúde desde 2015. Afeta muita gente ao redor do mundo e pode levar a sérios problemas oculares com o passar do tempo, especialmente na faixa dos 30 anos. As complicações comuns ligadas à miopia incluem catarata, glaucoma, descolamento de retina e outras doenças oculares graves.

As maiores taxas de miopia estão na Ásia Oriental. Países como Japão, China, Singapura, Coreia do Sul e Taiwan relatam que mais de 80% dos jovens adultos têm miopia. Em contrapartida, a Europa e os Estados Unidos têm taxas mais baixas, com cerca de 30% e 25% de adultos afetados, respectivamente. Porém, esses números podem subir para 50% se focarmos apenas nos jovens de 25 a 29 anos.

Tem várias razões para a miopia estar aumentando. Fatores que ajudam nesse aumento incluem sistemas educacionais exigentes, longas horas lendo ou trabalhando em telas, atividades ao ar livre limitadas, um estilo de vida típico das áreas urbanas e até fatores familiares. Pesquisas mostram que as meninas tendem a ter taxas de miopia mais altas em comparação aos meninos e que indivíduos asiáticos são mais afetados. Recentemente, durante os lockdowns da COVID-19, estudos indicaram que crianças pequenas na China tiveram um aumento de 4% na miopia.

Em contraste, países de renda média e baixa têm taxas mais baixas de miopia. Na América Latina, as taxas de prevalência variam de cerca de 1.4% a 14.4%, enquanto na África, ficam entre 3.4% e 11.4%.

Miopia no Brasil

As informações sobre miopia no Brasil são limitadas. Diversos estudos foram feitos em várias regiões, mas eles costumam usar métodos e populações diferentes, dificultando um panorama claro. Alguns estudos não utilizaram as técnicas corretas, levando a uma superestimação do problema.

Em um estudo realizado em Goiânia entre 1995 e 2000, a taxa de miopia era de 3.6%. No entanto, um estudo posterior em 2014 mostrou que isso havia subido para 9%. Outro estudo no Nordeste do Brasil indicou que 13.3% dos alunos selecionados aleatoriamente tinham miopia em 2001. Uma revisão recente sugeriu que as taxas de miopia no Brasil poderiam variar entre 3.6% e 9.6%, mas essa informação está desatualizada. Estudos mais recentes indicam taxas mais altas, com achados variando entre 15.2% e 20.4%.

A parte sul do Brasil não foi estudada o suficiente em relação à miopia, e é essencial entender melhor quão comum esse problema é no país para criar estratégias eficazes de saúde pública.

Visão Geral do Estudo

Um estudo foi realizado com crianças de escolas públicas em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foi aprovado por um comitê de ética, e os responsáveis pelas crianças assinaram formulários de consentimento. Todas as crianças passaram por exames oculares completos, e um questionário sobre seus antecedentes foi preenchido.

O estudo incluiu crianças de 5 a 20 anos de escolas públicas, com o objetivo de fornecer óculos para quem precisasse. Com base nas estimativas de prevalência de miopia entre crianças brasileiras, um tamanho amostral de 250 foi determinado, mas o número final foi de 278 para considerar possíveis não-participações.

O estudo começou em 2019, mas foi interrompido devido à pandemia e retomado em 2021. Crianças que apresentavam certos distúrbios de desenvolvimento graves ou condições oculares congênitas foram excluídas. Os exames oculares foram realizados por residentes médicos em vários centros médicos em Porto Alegre.

Entendendo as Medidas da Miopia

A miopia foi definida por uma medida específica da refração ocular. A alta miopia foi estabelecida em um certo nível, enquanto a hipermetropia, ou visão de longe, foi definida como outra medida específica. O astigmatismo também foi medido usando padrões definidos.

Inicialmente, as crianças passaram por um teste básico de visão. Aqueles com visão ruim receberam colírios para ajudar com o exame ocular. Várias ferramentas foram usadas para obter leituras precisas da forma e da espessura do olho.

Os participantes responderam perguntas sobre seu estilo de vida, qualquer histórico médico relevante, Tempo de Tela e outros fatores.

Principais Descobertas

No total, 333 crianças de escola foram avaliadas, com quase metade sendo meninos. A média de idade das crianças era de cerca de 12.74 anos. Cerca de 51% alcançaram boa acuidade visual, e um número significativo usava óculos. A maioria das crianças relatou passar quase 5 horas em telas diariamente.

O estudo descobriu que 17.4% das crianças tinham miopia. A miopia leve estava presente em 15.2% dos casos, enquanto a miopia alta foi encontrada em 2.1%. O nível médio de miopia medido foi de -2.73, enquanto a hipermetropia foi encontrada em 7.7% e o astigmatismo em 25.6%.

Fatores de Risco para Miopia

O estudo identificou vários fatores de risco ligados à miopia. Por exemplo, notou-se uma diferença significativa com base no gênero, com uma prevalência maior entre meninas (21.3%) em comparação aos meninos (13.2%). Cada hora adicional de tempo de tela estava ligada a um aumento de 6.5% na probabilidade de ter miopia.

Curiosamente, fatores como etnia, idade ou esfregar os olhos não mostraram uma forte conexão com a miopia leve ou alta.

Correlação Entre Medidas Oculares

As medidas do poder da córnea e do comprimento do olho também mostraram diferenças significativas entre aqueles com miopia leve e alta. No entanto, não houve diferença significativa na espessura da córnea entre esses grupos.

Importância do Estudo

Esse estudo preenche uma lacuna no conhecimento sobre miopia no Brasil, especialmente na região sul, e destaca a necessidade de mais pesquisas. Vários fatores desempenham um papel no desenvolvimento da miopia, incluindo influências ambientais e demandas educacionais.

Embora ainda haja uma prevalência menor de miopia no Brasil comparado a outras partes do mundo, as taxas estão aumentando. Altos níveis de educação estão conhecidos por se relacionarem fortemente com miopia, e mesmo que as escolas públicas não tenham altas exigências acadêmicas, elas ainda enfrentam desafios com o tempo de tela e atividades internas.

Considerações Futuras

Esse estudo enfatiza a necessidade de pesquisas adicionais para explorar a miopia em todo o Brasil e na América Latina e considerar os fatores associados. Os esforços de saúde pública devem focar em prevenir mais aumentos na miopia e proteger as futuras gerações de problemas de saúde ocular.

Medidas proativas, como melhor educação sobre cuidados oculares e redução do tempo excessivo de tela entre crianças, poderiam ajudar a enfrentar essa preocupação crescente. É essencial fornecer cuidados oculares e informar crianças e suas famílias sobre os riscos relacionados a esfregar os olhos e a necessidade de exames oculares regulares.

Em resumo, embora a miopia seja um problema significativo, entender sua prevalência, fatores de risco e incentivar hábitos saudáveis pode ajudar a gerenciar seu impacto.

Fonte original

Título: PREVALENCE OF MYOPIA AMONG PUBLIC SCHOOL CHILDREN IN SOUTHERN BRAZIL

Resumo: PurposeMyopia has been considered a public health issue by the World Health Organization since 2015. The growing incidence of myopia worldwide, called the myopia epidemic, and its potential blinding complications in adulthood like cataract, glaucoma, retinal detachment and maculopathy, have been extensively published and discussed in peer review papers. Nonetheless, little information about Latin America is available. This study aims to detect the prevalence of myopia in southern Brazil, the biggest country of South America. MethodsA prospective cross sectional study recruited 330 public school children between 2019 and 2021, aged 5 to 20 years old. All children underwent a comprehensive eye examination and detailed lifestyle questionnaire. The Pearson correlation coefficient, Kruskal Wallys and the Chi-Square Test were used to assess simple correlations and associations between myopia and medical conditions, use of medications, ophthalmic history and family history of ocular conditions, besides demographics and lifestyle focused on screen time/day. Associations between the results of the ophthalmologic evaluation and all factors included in the questionnaire were analyzed using the Generalized Estimating Equation model (GEE). The prevalence of hyperopia and astigmatism were also assessed. ResultsTotal prevalence of myopia was 17.4% (CI 13.8 - 21.7%). Low myopia (-0.50D to -5.75D) comprised 15.2% (CI 11.9 - 19.3%) and high myopia (-6,00D or worse) was 2.1% (CI 1.1 - 4.1%). Relative risk of myopia for females was 1.6 (CI 1.00 - 2.57%) and each additional hour of screen time increased a childs chance of having myopia by 6.5%. The prevalence of hyperopia was 7,7% (CI 5.4 -10.9%) and of astigmatism, either myopic or hyperopic, was 25.6% (CI 21.4 - 30.2%). ConclusionsBrazil has always been considered a hyperopic country. These are the highest reported prevalences of myopia under cycloplegia and the first paper to present myopia as a more prevalent refractive error than hyperopia among Brazilian school children to date.

Autores: Patrícia Ioschpe Gus, R. S. da Maman, A. Lengler, A. S. Martins, M. A. Arteche, M. Pieta, G. Leivas, R. Carloto, D. Marinho, T. Marcia, H. Pakter, C. Fabris, F. Kronbauer, C. Colossi, T. Castro, R. Serge, J. Monica

Última atualização: 2023-05-16 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.12.23289894

Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.05.12.23289894.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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