Interações em Evolução nas Comunidades Microbianas
Pesquisas mostram como as interações entre as bactérias mudam ao longo do tempo e afetam o desempenho da comunidade.
― 10 min ler
Índice
- Estudando Comunidades Microbianas
- Design do Experimento
- Evolução das Espécies em Comunidades
- Mudanças nas Interações com o Tempo
- Produtividade das Espécies Evoluídas
- Mudanças Genéticas em Comunidades
- Falta de Evidências para a Hipótese da Rainha Negra
- Diferenças na Degradação de MWF
- Efeitos Sinergéticos em Espécies Co-evoluídas
- Conclusão
- Fonte original
Comunidades Microbianas são grupos de pequenos organismos que vivem juntos e interagem entre si. Como esses grupos funcionam depende muito de como as diferentes Espécies dentro deles se comportam e se adaptam umas às outras e ao ambiente. Conforme essas espécies mudam ao longo do tempo, suas interações podem evoluir, o que pode alterar o quão bem toda a comunidade funciona.
Conseguir prever essas mudanças pode ajudar os cientistas a guiar a comunidade para um desempenho melhor, especialmente em situações onde eles querem resultados específicos, como tratar doenças ou limpar poluição. Por exemplo, eles podem querer saber como as bactérias do nosso intestino poderiam responder a tratamentos para doença inflamatória intestinal. Ou, eles podem querer prever como as bactérias usadas para limpar derramamentos de petróleo poderiam evoluir para fazer seu trabalho de maneira mais eficaz com o tempo.
Estudando Comunidades Microbianas
Para investigar como diferentes tipos de bactérias interagem e evoluem em comunidades, os pesquisadores costumam realizar experimentos cultivando essas comunidades em ambientes controlados. Uma maneira comum de fazer isso é transferir repetidamente essas culturas microbianas para novos meios de crescimento ao longo de várias semanas. Monitorando mudanças nos tamanhos populacionais de diferentes espécies, assim como suas mudanças genéticas e comportamentais, os cientistas podem obter insights sobre como essas interações evoluem.
Estudos anteriores mostraram que as bactérias podem se adaptar rapidamente a mudanças em seu ambiente, tanto de outras bactérias (fatores bióticos) quanto de seu entorno (fatores abióticos). Alguns experimentos sugeriram que, quando algumas bactérias interagiam negativamente no começo, suas relações poderiam mudar ao longo do tempo para se tornarem neutras ou até positivas. Isso faz sentido porque, em muitos casos, as bactérias tendem a evoluir para reduzir a competição por recursos.
No entanto, em comunidades onde as bactérias começam com relações positivas, a maioria dos estudos só analisa interações entre duas espécies ou duas cepas da mesma espécie. Muitas vezes, isso acontece porque as bactérias no laboratório tendem a competir em vez de cooperar quando colocadas juntas. Isso levanta a questão: O que acontece quando você tem comunidades mais complexas com várias espécies interagindo entre si?
Os pesquisadores propuseram três possíveis resultados para bactérias totalmente cooperativas:
- Se interações positivas permanecerem fortes ao longo de muitas gerações, cada espécie pode trabalhar para ajudar a outra mais, resultando em mutualismo.
- Se algumas espécies fornecerem recursos que outras precisam para sobreviver, as espécies dependentes podem evoluir para perder a capacidade de produzir certos recursos, levando a uma dependência das espécies que produzem.
- Se traços cooperativos se tornarem muito custosos para algumas espécies, isso pode enfraquecer suas interações positivas, levando a uma situação onde cada espécie se especializa em diferentes recursos.
Design do Experimento
Em estudos anteriores, os pesquisadores trabalharam com quatro espécies bacterianas: Agrobacterium tumefaciens, Comamonas testosteroni, Microbacterium liquefaciens e Ochrobactrum anthropi. Eles descobriram que quando essas espécies eram cultivadas em ambientes tóxicos, a Cooperação se tornava mais comum entre elas. O ambiente tóxico que eles focaram era um tipo de fluido industrial que contém óleos de máquinas. Juntas, essas bactérias poderiam degradar esse fluido prejudicial, mas não compartilhavam uma história comum, o que significa que vieram de lugares diferentes.
Neste estudo, eles cultivaram as quatro bactérias juntas em comunidades ou separadamente em isolamento. Os cientistas mediram seu crescimento, quão bem elas degradavam o fluido tóxico e procuraram mudanças em seus genes. Após completarem seu experimento, descobriram que à medida que algumas bactérias que podiam crescer sozinhas evoluíam juntas, suas interações positivas enfraqueciam. Em contraste, aquelas que ainda dependiam de outras mantinham suas relações de apoio. As espécies que cresceram sozinhas se mostraram mais produtivas e tendiam a competir entre si quando colocadas juntas.
No final, a pesquisa indicou que comunidades que começaram com interações positivas poderiam evoluir de maneira similar àquelas que começaram com interações negativas. Quando as dependências desapareceram, as interações enfraqueceram, sugerindo que a especialização de recursos poderia ocorrer.
Evolução das Espécies em Comunidades
A principal pergunta aqui era como interações positivas entre espécies em uma comunidade podem impulsionar sua evolução. Os pesquisadores organizaram experimentos onde cultivaram diferentes combinações das espécies bacterianas sozinhas ou em grupos. No começo, os tamanhos populacionais flutuaram drasticamente, especialmente quando as espécies cresciam sozinhas. Algumas espécies, como Microbacterium liquefaciens e Ochrobactrum anthropi, se extinguíram rapidamente quando cultivadas separadamente, já que precisavam da ajuda de outras para sobreviver.
Quando as bactérias eram cultivadas juntas, seus tamanhos populacionais se estabilizavam mais rapidamente, indicando que relações cooperativas podem fornecer alguma estabilidade no crescimento. No entanto, aquelas que evoluíram em comunidades não atingiram os mesmos tamanhos populacionais ao longo do tempo que aquelas evoluindo em isolamento, e o tamanho geral das comunidades até diminuiu. Isso sugeriu que quando membros de uma comunidade evoluem juntos, suas interações nem sempre melhoram o crescimento como se poderia esperar.
Mudanças nas Interações com o Tempo
À medida que os pesquisadores continuavam a examinar as interações dentro das comunidades, eles buscavam determinar se as relações entre espécies evoluíam de maneira diferente em comparação ao seu estado original. Eles se concentraram nos tipos mais comuns de bactérias que cresceram juntas e compararam suas interações após evoluírem por várias semanas.
Nos testes, eles descobriram que certas bactérias agora apresentavam comportamentos diferentes. Por exemplo, Agrobacterium tumefaciens crescia bem por conta própria em comparação à sua forma ancestral, mas não se beneficiava tanto de Comamonas testosteroni como antes. De fato, as interações positivas que antes existiam entre essas duas espécies mudaram para uma neutralidade, não mostrando vantagem significativa quando cultivadas juntas.
Quando os pesquisadores testaram a mesma cepa de bactéria que havia evoluído em isolamento, descobriram que essas espécies tendiam a competir negativamente umas contra as outras. Notavelmente, quando Agrobacterium tumefaciens crescia sozinha, inibia o crescimento de Comamonas testosteroni.
Produtividade das Espécies Evoluídas
Através deste estudo, os pesquisadores notaram que espécies que evoluíam sozinhas tendiam a ser mais produtivas do que aquelas que cresciam em comunidades. A ideia era que quando as espécies evoluem em isolamento, podem ter mais oportunidades de expandir seu uso de recursos e se adaptar ao ambiente sem competição. Em contraste, fazer parte de uma comunidade pode restringir o crescimento e a evolução.
As diferenças na produtividade levaram os pesquisadores a concluir que evoluir sozinho permite que as espécies tenham maior acesso aos recursos disponíveis. As bactérias que prosperaram sozinhas mostraram como espécies cooperativas podem limitar o potencial de crescimento umas das outras, levando a um desempenho reduzido em ambientes comunitários.
Mudanças Genéticas em Comunidades
Enquanto os cientistas estudavam como as espécies interagiam, eles também queriam buscar variações genéticas que ocorreram devido aos seus caminhos evolutivos. Eles extrairam DNA de várias amostras de bactérias em diversos pontos durante seu crescimento para rastrear mudanças em sua composição genética.
Os achados mostraram que espécies evoluindo sozinhas tinham padrões distintos em comparação com aquelas crescendo em comunidades. As bactérias que cresceram em isolamento não apenas acumularam mudanças genéticas, mas também tiveram uma taxa maior de fixação (adotando permanentemente) essas mudanças em comparação com aquelas em comunidades, onde muitas alterações permaneceram em um estado temporário.
Curiosamente, certas mutações genéticas foram identificadas em espécies que evoluíram individualmente ou quando agrupadas. Genes específicos mostraram diferentes frequências de mutações dependendo dos ambientes em que as espécies estavam crescendo.
Falta de Evidências para a Hipótese da Rainha Negra
A Hipótese da Rainha Negra propõe que em uma comunidade onde várias espécies contribuem para um recurso compartilhado (como um bem público), algumas podem perder a capacidade de produzi-lo. Essa teoria sugere que as espécies dependem umas das outras para atender a certas necessidades. No entanto, os pesquisadores encontraram pouca evidência para essa hipótese em seu estudo.
Embora algumas cepas bacterianas tenham experimentado perdas genéticas, essas mudanças não pareciam forçá-las a depender mais umas das outras para a sobrevivência. Em vez disso, os achados sugeriram que as espécies podem se especializar de maneiras que permitam coexistir sem se tornarem excessivamente dependentes umas das outras.
Diferenças na Degradação de MWF
Os pesquisadores examinaram ainda mais se mudanças nas interações impactaram as habilidades das bactérias em degradar os óleos tóxicos de máquinas em que foram cultivadas. Ao longo do experimento, ficou evidente que espécies evoluindo em comunidades reduziriam sua eficiência em degradar esses fluidos prejudiciais.
Em contraste, espécies que cresceram sozinhas mostraram melhoria na degradação ao longo do tempo, sugerindo que seu isolamento permitiu que elas se adaptassem e aumentassem seu desempenho na degradação de poluentes. Isso levantou questões importantes sobre por que a dinâmica da comunidade levou a uma diminuição na eficiência geral da degradação.
Efeitos Sinergéticos em Espécies Co-evoluídas
Apesar da diminuição na eficiência de degradação para comunidades, os cientistas também observaram casos em que espécies co-evoluídas poderiam aprimorar os esforços umas das outras para degradar as substâncias nocivas. Ao comparar como diferentes espécies trabalharam juntas versus sozinhas, descobriram que algumas combinações levaram a pequenos resultados positivos em eficiência.
Isso indicou que, enquanto espécies individuais lutavam para melhorar em ambientes comunitários, algumas combinações ainda podiam gerar benefícios quando cooperavam. No entanto, esses efeitos sinergéticos não compensaram a diminuição geral na degradação observada em espécies co-evoluídas em comparação com aquelas que cresceram sozinhas.
Conclusão
O objetivo central desta pesquisa era determinar como as interações entre espécies mudam quando evoluem juntas dentro de uma comunidade. Os resultados indicaram que até mesmo relações positivas entre micróbios não são garantidas para se fortalecer ao longo do tempo. Em vez disso, espécies que começaram com comportamentos mutualísticos poderiam evoluir de forma semelhante àquelas em ambientes competitivos.
Em conclusão, as descobertas sugerem que as interações entre espécies dentro de comunidades microbianas podem evoluir de várias maneiras, com potenciais consequências para seu desempenho geral. Compreender essas dinâmicas é crucial não apenas para fins científicos, mas também para aplicações práticas, como otimizar comunidades microbianas usadas para limpeza ambiental ou outros processos benéficos. Estudos futuros serão necessários para aprofundar como diferentes estruturas comunitárias podem influenciar resultados evolutivos e funções ecológicas.
Título: The evolution of reduced facilitation in a four-species bacterial community
Resumo: Microbial evolution is typically studied in mono-cultures or in communities of competing species. But microbes do not always compete and how positive inter-species interactions drive evolution is less clear: Initially facilitative communities may either evolve increased mutualism, increased reliance on certain species according to the Black Queen Hypothesis (BQH), or weaker interactions and resource specialization. To distinguish between these outcomes, we evolved four species for 44 weeks either alone or together in a toxic pollutant. These species initially facilitated each other, promoting each others survival and pollutant degradation. After evolution, two species (Microbacterium liquefaciens and Ochrobactrum anthropi) that initially relied fully on others to survive continued to do so, with no evidence for increased mutualism. Instead, Agrobacterium tumefaciens and Comamonas testosteroni (Ct) whose ancestors interacted positively, evolved in community to interact more neutrally and grew less well than when they had evolved alone, suggesting that the community limited their adaptation. We detected several gene loss events in Ct when evolving with others, but these events did not increase its reliance on other species, contrary to expectations under the BQH. We hypothesize instead that these gene loss events are a consequence of resource specialization. Finally, co-evolved communities degraded the pollutant worse than their ancestors. Together, our results support the evolution of weakened interactions and resource specialization, similar to what has been observed in competitive communities.
Autores: Sara Mitri, P. Piccardi, E. Ulrich, M. Garcia-Garcera, R. Di Martino, S. E. A. Testa
Última atualização: 2024-02-26 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.22.581583
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.22.581583.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.
Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.