Produtos Químicos das Plantas: Chaves para a Sobrevivência
Pesquisas mostram como as plantas usam químicos pra se defender contra pragas.
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Índice
As plantas produzem uma variedade enorme de químicos, conhecidos como Metabolitos Especializados, que ajudam elas a sobreviver e se defender contra pragas e doenças. Estima-se que existam entre 200.000 e 1.000.000 de compostos únicos no reino vegetal. Cada planta consegue criar cerca de 1.750 a 3.500 dessas substâncias, com vários propósitos. Muitos desses químicos ajudam as plantas a combater insetos e outras ameaças, enquanto outros ainda não foram estudados a fundo.
Diferentes grupos de metabolitos especializados foram identificados com papéis bem definidos na defesa das plantas. Por exemplo, algumas substâncias são conhecidas por afastar insetos ou proteger contra Herbívoros. Contudo, as interações entre esses compostos e sua eficácia na natureza são complexas. Alguns compostos podem funcionar bem apenas quando combinados com outros, enquanto alguns podem até reduzir a toxicidade uns dos outros quando estão juntos. Por isso, é importante estudar os efeitos de múltiplos químicos defensivos ao mesmo tempo para entender melhor seus papéis na defesa das plantas.
Metabolitos Especiais e Seus Papéis
A Nicotina é um dos metabolitos especializados mais conhecidos que protege as plantas de herbívoros insetos. Esse químico é produzido principalmente por plantas da família Nicotiana. Ele afeta como os insetos interagem com as plantas ao atingir certos receptores no sistema nervoso deles. Pesquisas mostram que a nicotina é eficaz tanto em ambientes de laboratório quanto em campo quando se trata de afastar pragas.
Outro grupo de compostos chamado açúcares acílicos também se mostrou ter um papel significativo na defesa das plantas. Esses compostos são produzidos por plantas da família Solanaceae e mostraram capacidade de dificultar as atividades alimentares dos insetos. Estudos se concentraram em entender como esses açúcares acílicos são feitos e como podem ser manipulados para melhorar as defesas das plantas. Inibidores de Proteases, outro tipo de metabolito especializado, são proteínas que impedem os insetos de digerir o material vegetal, tornando-o menos nutritivo para eles.
Objetivos do Estudo
O estudo atual tem como objetivo explorar as funções de três compostos defensivos importantes encontrados em Nicotiana benthamiana: nicotina, açúcares acílicos e inibidores de proteases. Entender como esses químicos funcionam juntos em ambientes naturais, em comparação com condições de laboratório controladas, é crucial para avaliar seu impacto geral nas interações com insetos e na saúde das plantas.
Materiais e Métodos
Condições de Crescimento das Plantas
As plantas de Nicotiana benthamiana foram cultivadas em ambientes controlados, seja em câmara de crescimento ou estufas, antes de serem plantadas do lado de fora. Essas plantas foram editadas geneticamente para testar várias combinações dos compostos defensivos. As plantas foram colocadas em um campo cuidadosamente projetado para garantir o espaçamento e a organização adequados, permitindo um estudo detalhado de suas interações com insetos.
Condições de Insetos e Crescimento
Diferentes tipos de insetos foram usados no estudo, incluindo lagartas e pulgões. Esses foram selecionados por serem herbívoros comuns e poderem fornecer informações sobre a eficácia das estratégias defensivas das plantas. Cepas específicas de pulgões foram escolhidas com base em sua sensibilidade à nicotina.
Mutantes Genéticos
O estudo incluiu uma variedade de plantas mutantes projetadas para ter níveis alterados de nicotina e açúcares acílicos. Esses mutantes permitem que os pesquisadores entendam melhor os papéis individuais de cada composto na defesa contra herbívoros. As plantas foram analisadas extensivamente para confirmar que as modificações genéticas foram bem-sucedidas e resultaram em mudanças nas produções químicas.
Análise Química
Para analisar a presença e quantidade de nicotina e açúcares acílicos, os cientistas usaram técnicas especializadas para extrair esses compostos dos tecidos da planta. Esse processo envolveu o uso de cromatografia líquida-espectrometria de massas (LC-MS), permitindo uma medição detalhada dos metabolitos nas amostras coletadas de plantas cultivadas em laboratório e no campo.
Observações em Campo
Interações com insetos foram monitoradas no campo por várias semanas após o plantio. Cientistas fizeram observações regulares das plantas e de qualquer inseto visitante, anotando os tipos de insetos presentes e seus comportamentos. Isso incluiu procurar sinais de danos de alimentação e avaliar como as diversas linhagens de plantas responderam a essas interações.
Experimentos de Laboratório
Além do trabalho em campo, experiências controladas em laboratório foram conduzidas para avaliar mais a fundo o papel dos compostos defensivos. Esses experimentos envolveram colocar lagartas e pulgões nas plantas e medir seu crescimento e reprodução ao longo do tempo. Ao comparar os resultados entre plantas do tipo selvagem e mutantes que faltavam compostos específicos, os pesquisadores puderam determinar as contribuições de cada metabolito para a defesa das plantas.
Resultados
Interações com Insetos em Campo
As observações em campo indicaram que diferentes linhagens de plantas experimentaram interações variadas com os insetos. Certos mutantes atraíram mais cigarrinhas e pulgões em comparação com as plantas do tipo selvagem. Ficou claro que tanto a nicotina quanto os açúcares acílicos ofereceram diferentes níveis de proteção contra essas pragas. Por exemplo, quando os níveis de açúcares acílicos foram reduzidos, houve um aumento notável nas populações de pulgões, mostrando a importância desse composto em proporcionar resistência contra insetos que se alimentam de floema.
Curiosamente, embora a nicotina parecesse desempenhar um papel em afastar alguns herbívoros, não parecia tão eficaz contra outros, como caracóis e lesmas, que causaram danos significativos a todos os tipos de plantas, incluindo aquelas com altos níveis de nicotina. Essa descoberta sugere que nem todo herbívoro é igualmente afetado por esses químicos, levantando questões sobre como os metabolitos especializados funcionam entre diferentes espécies de pragas.
Efeitos em Outros Invertebrados
Dentro das interações diversas observadas, certos insetos predadores foram encontrados com mais frequência em plantas que faltavam defesas específicas. Por exemplo, menos insetos predadores como joaninhas e percevejos assassinos foram observados nos mutantes duplos que faltavam tanto açúcares acílicos quanto nicotina. Essa observação indicou que as defesas químicas não apenas afetam herbívoros, mas também podem influenciar a presença e a abundância de insetos predadores benéficos.
As visitas de polinizadores também variaram entre as diferentes linhagens de plantas. Abelhocas foram comumente vistas visitando as plantas, mas seus números não diferiram significativamente entre os diferentes mutantes. Isso sugere que, enquanto os metabolitos especializados influenciam interações com pragas, eles podem não ter o mesmo efeito em insetos benéficos como polinizadores.
Ensaios de Laboratório
Em ambientes de laboratório, tanto as lagartas quanto os pulgões mostraram respostas variadas às diferentes linhagens de plantas mutantes, corroborando os achados do campo. Lagartas que se alimentaram de plantas com níveis reduzidos de açúcares acílicos tenderam a crescer maiores em comparação com aquelas em plantas do tipo selvagem. Isso sugere que os açúcares acílicos têm um papel significativo em deter a herbivoria, confirmando os resultados das observações em campo.
Para os pulgões, os resultados foram semelhantes. Aqueles colocados em mutantes de açúcares acílicos se reproduziram mais rapidamente, indicando que os açúcares acílicos afetam significativamente as populações de pulgões e sua capacidade de estabelecer colônias nas plantas. Em contraste, quando os níveis de nicotina foram manipulados sozinhos, houve menos mudanças no comportamento dos pulgões, destacando o papel dominante dos açúcares acílicos nessa interação específica.
Saúde Geral das Plantas
Durante todo o estudo, a altura das plantas e as taxas de sobrevivência foram monitoradas de perto. Mutantes com a mutação a622, que reduziu os níveis de nicotina, geralmente exibiram um crescimento mais lento em comparação com plantas do tipo selvagem. Esse fenômeno levantou questões sobre se a altura reduzida era resultado de interações com pragas ou uma consequência das modificações genéticas em si.
No final das contas, enquanto muitos dos mutantes apresentaram tamanho reduzido, aqueles com níveis preservados de açúcares acílicos pareciam se sair melhor em termos de saúde geral da planta e resiliência a danos por insetos. É notado que, embora as plantas sobreviventes ainda cresceram em tamanho menor, focar em suas defesas químicas ajudou a mitigar alguns dos resultados negativos esperados da herbivoria.
Discussão
Os resultados deste estudo enfatizam as relações complexas entre metabolitos especializados e seus efeitos nas interações das plantas com herbívoros e predadores. Os resultados indicam que os açúcares acílicos são particularmente eficazes em deter pulgões e outras pragas, enquanto a nicotina pode ter um papel secundário na defesa, especialmente contra diferentes tipos de insetos.
Entender como esses metabolitos funcionam juntos revela a importância de estudar múltiplos compostos simultaneamente. Essa abordagem ajuda a construir uma imagem mais clara de como as plantas se defendem em ambientes naturais, já que as interações entre vários químicos defensivos podem produzir resultados diferentes dos observados quando cada composto é testado isoladamente.
Além disso, os insights obtidos a partir desta pesquisa podem informar práticas agrícolas destinadas a melhorar as defesas das plantas contra pragas. Ao manipular metabolitos específicos, melhoristas de plantas e pesquisadores poderiam desenvolver variedades de culturas que são mais resilientes à pressão de herbívoros, enquanto garantem que insetos benéficos ainda sejam atraídos e apoiados.
No geral, este trabalho contribui para uma compreensão mais abrangente dos mecanismos de defesa das plantas e abre caminhos para futuras pesquisas sobre as relações evolutivas entre plantas e os inúmeros insetos que interagem com elas. Destaca a necessidade de continuar explorando como as plantas usam seu arsenal químico para sobreviver, assim como as implicações mais amplas para a ecologia e a sustentabilidade agrícola.
Título: Knockout mutations of Nicotiana benthamiana defenses reveal the relative importance of acylsugars, nicotine, and a serine protease inhibitor in a natural setting
Resumo: Plants produce an immense diversity of defensive specialized metabolites. However, despite extensive functional characterization, the relative importance of different defensive compounds is rarely examined in natural settings. Here, we compare the efficacy of three Nicotiana benthamiana defensive compounds, nicotine, acylsugars, and a serine protease inhibitor, by growing plants with combinations of knockout mutations in a natural setting, quantifying invertebrate interactions, and comparing relative plant performance. Among the three tested compounds, acylsugars had the greatest defensive capacity, affecting aphids, leafhoppers, spiders, and flies. Nicotine mutants displayed increased leafhopper feeding and aphid colonization. Plants lacking both nicotine and acylsugars were more susceptible to flea beetles and thrips. By contrast, knockout of the serine protease inhibitor did not affect insect herbivory in the field. Complementary experiments under controlled laboratory conditions with caterpillars grasshoppers, and aphids confirmed results obtained in a natural setting. We conclude that the three metabolite groups collectively provide broad-spectrum protection to N. benthamiana. However, there is a gradient in their effects on the interacting invertebrates present in the field. Furthermore, we demonstrate that, even if individual metabolites do not have a measurable defensive benefit on their own, they can have an additive effect when combined with other defensive compounds.
Autores: Georg Jander, B. Negin, F. Wang, H. D. Fischer
Última atualização: 2024-04-02 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.26.582111
Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.02.26.582111.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/
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