Simple Science

Ciência de ponta explicada de forma simples

# Biologia# Microbiologia

Comunicação Bacteriana e Interações com Fagos

Explorando como as bactérias se comunicam e influenciam o comportamento dos fagos.

― 7 min ler


Conversa das Bactérias eConversa das Bactérias eReações dos Fagosfagos.bacteriana e a tomada de decisão dosRevelando a ligação entre a comunicação
Índice

As bactérias conseguem se comunicar umas com as outras usando um método chamado de quorum-sensing (QS). Essa comunicação ajuda as bactérias a decidirem se agem sozinhas ou se trabalham juntas. Elas fazem isso produzindo moléculas especiais conhecidas como Autoindutores (AIs). Quando esses autoindutores se acumulam, eles sinalizam para as bactérias mudarem seu comportamento. Por exemplo, elas podem decidir formar um grupo ou um biofilme ao invés de ficar como células individuais.

Um exemplo de bactéria que usa QS é a Vibrio parahaemolyticus. Essa bactéria tem dois sistemas de QS diferentes. O primeiro é o sistema LuxO-OpaR. Nesse sistema, três autoindutores estão envolvidos, identificados como AI-1, AI-2 e CAI-1. Esses AIs são detectados por certos receptores na superfície das bactérias. Dependendo da quantidade de bactérias presentes, esses autoindutores podem mudar a atividade de uma proteína chamada LuxO. Quando há poucas bactérias, LuxO está ativo, levando à produção de algumas moléculas pequenas de RNA, chamadas de Qrr sRNAs. Esses Qrr sRNAs ajudam a parar a produção de outra proteína chamada OpaR, que controla o comportamento em grupo. Assim, com poucas bactérias, as células se comportam de forma independente.

Quando muitas bactérias estão presentes, os autoindutores sinalizam para LuxO ficar inativo. Nesse caso, a produção de Qrr sRNAs para e OpaR pode ser produzido. OpaR então ativa genes que promovem o comportamento de grupo.

O segundo sistema de QS na Vibrio parahaemolyticus envolve o receptor VqmA, que detecta outro autoindutor chamado DPO. VqmA então ajuda a produzir outro RNA pequeno chamado VqmR. VqmR também ajuda a regular os comportamentos em grupo.

Comportamentos em Grupo e Como Funcionam

O sistema de QS da Vibrio parahaemolyticus tem papéis importantes em como ela reage ao ambiente. Quando essas bactérias encontram uma superfície sólida, elas podem escolher entre dois estilos de vida: podem tanto se mover juntas (swarm) quanto formar um biofilme (grudar em uma comunidade). A decisão depende da densidade das bactérias.

Em densidades baixas, as bactérias podem se mover usando seus flagelos. No entanto, em altas densidades, elas focam em formar biofilmes, que são coleções de bactérias grudadas. OpaR desempenha um papel chave nesse processo controlando a produção de certos genes envolvidos em ambos os comportamentos.

Quando as células estão em uma superfície, elas geram uma molécula conhecida como S-sinal por meio de um processo envolvendo uma proteína chamada ScrA. Esse S-sinal se liga a outra proteína chamada ScrB, que então interage com mais uma proteína, ScrC. Juntas, elas diminuem os níveis de outra molécula chamada C-di-GMP. Níveis mais baixos de c-di-GMP levam à produção de estruturas que ajudam as bactérias a se moverem em grupo.

O Papel dos Fagos nas Interações Bacterianas

Fagos são vírus que infectam bactérias. Eles podem destruir seus hospedeiros bacterianos ou entrar em um estado pacífico conhecido como lisogenia. Na lisogenia, o material genético do fago pode ser integrado ao genoma bacteriano ou existir separadamente dentro da célula bacteriana.

Quando um fago infecta uma bactéria, geralmente passa por um processo de tomada de decisão. Ele pode escolher replicar e fazer a bactéria estourar, liberando novos fagos, ou pode se integrar ao genoma bacteriano e ficar dormente. Por muito tempo, acreditou-se que essa decisão era influenciada apenas por sinais de estresse das bactérias. No entanto, pesquisas recentes mostram que alguns fagos podem detectar e responder a sinais bacterianos, ajudando-os a decidir se vão replicar ou ficar dormentes.

O fago VP882 (também conhecido como φVP882) mostrou que consegue sentir os sinais de QS das bactérias. Quando as bactérias estão em alta densidade, o fago detecta isso através de um componente bacteriano chamado VqmA. A ligação ao autoindutor DPO causa mudanças no sinal que promovem a lise, ou a destruição da célula bacteriana.

A Conexão Entre QS e o Comportamento dos Fagos

A interação entre Vibrio parahaemolyticus e o fago VP882 é complexa. Quando as bactérias estão em baixa densidade, elas tendem a estabelecer um estado lisogênico. Isso significa que o fago integra seu material genético ao genoma bacteriano e permanece inativo. Por outro lado, em alta densidade, as bactérias têm mais chances de entrar em um estado lítico, onde o fago se reproduz e a célula bacteriana estoura.

Para entender melhor como o QS afeta essa decisão, os pesquisadores criaram cepas mutantes específicas da Vibrio parahaemolyticus que só podiam existir em baixas ou altas densidades. Estudando esses mutantes, eles conseguiram ver como o sinal de QS influenciava se o fago iria lisogenizar ou causar lise.

Os resultados mostraram que o fago VP882 preferia se integrar ao genoma bacteriano em baixa densidade, uma condição conhecida por altos níveis de fosforilação de LuxO. Foi surpreendente descobrir que, embora LuxO fosse importante para essa decisão, a proteína intermediária OpaR não era necessária para a conversão lisogênica em baixa densidade.

Em bactérias associadas à superfície, o papel de OpaR mudou. Quando as bactérias estavam em superfícies, OpaR impediu a conversão lisogênica suprimindo os sinais necessários. Isso demonstrou que o ambiente onde as bactérias viviam impactava como elas interagiam com os fagos.

A Importância das Condições Ambientais

Os experimentos revelaram que o ambiente físico afeta a resposta das bactérias à infecção por fagos. Em condições planctônicas (flutuando livremente), os Qrr sRNAs eram vitais para impulsionar o processo lisogênico, enquanto em condições associadas à superfície, as bactérias dependiam mais do caminho scrABC e dos níveis de c-di-GMP, que controlam vários comportamentos de superfície.

Notavelmente, na ausência de OpaR, as bactérias de superfície apresentaram taxas mais altas de conversão lisogênica. Isso indicou que os sistemas de QS e fatores ambientais ditam como as bactérias interagem com os vírus, mostrando um mecanismo regulatório complexo em ação.

Quando as bactérias crescem em superfícies sólidas, o sistema scrABC degrada c-di-GMP. Isso ajuda a promover lisogenia, já que as bactérias podem estabelecer uma relação estável com o fago enquanto ainda conseguem transitar para resultados líticos caso as condições mudem.

Conclusão: A Complexa Interação Entre Bactérias e Vírus

Em conclusão, as interações entre Vibrio parahaemolyticus e o fago VP882 ilustram uma relação complexa influenciada pela comunicação bacteriana, fatores ambientais e caminhos de sinalização específicos. As bactérias podem ajustar seus comportamentos com base em sua densidade e se estão em líquido ou em superfícies. Essa adaptabilidade é crucial para a sobrevivência e dá vantagem às bactérias em seu ambiente sempre em mudança.

Compreender essas dinâmicas não só ilumina os comportamentos bacterianos, mas também abre novas avenidas para pesquisa sobre como os fagos podem ser usados para controlar populações bacterianas, seja para fins ambientais ou em aplicações médicas. À medida que continuamos a explorar essas interações, teremos uma apreciação mais profunda pelos papéis de bactérias e vírus nos ecossistemas e suas potenciais utilizações em biotecnologia.

Fonte original

Título: The LuxO-OpaR quorum-sensing cascade differentially controls Vibriophage VP882 lysis-lysogeny decision making in liquid and on surfaces

Resumo: Quorum sensing (QS) is a process of cell-to-cell communication that bacteria use to synchronize collective behaviors. QS relies on the production, release, and group-wide detection of extracellular signaling molecules called autoinducers (AIs). Vibrios use two QS systems: the LuxO-OpaR circuit and the VqmA-VqmR circuit. Both QS circuits control group behaviors including biofilm formation and surface motility. The Vibrio parahaemolyticus temperate phage {varphi}VP882 encodes a VqmA homolog (called VqmA{varphi}). When VqmA{varphi} is produced by {varphi}VP882 lysogens, it binds to the host-produced AI called DPO and launches the {varphi}VP882 lytic cascade. This activity times induction of lysis with high host cell density and presumably promotes maximal phage transmission to new cells. Here, we explore whether, in addition to induction from lysogeny, QS controls the initial establishment of lysogeny by {varphi}VP882 in naive host cells. Using mutagenesis, phage infection assays, and phenotypic analyses, we show that {varphi}VP882 connects its initial lysis-lysogeny decision to both host cell density and whether the host resides in liquid or on a surface. Only host cells in the low-density QS state undergo lysogenic conversion. The QS regulator LuxO[~]P promotes {varphi}VP882 lysogenic conversion of low cell density planktonic host cells. By contrast, the ScrABC surface-sensing system regulates lysogenic conversion of low cell density surface-associated host cells. ScrABC controls the abundance of the second messenger molecule cyclic diguanylate, which in turn, modulates motility. The scrABC operon is only expressed when its QS repressor, OpaR, is absent. Thus, at low cell density, QS-dependent derepression of scrABC drives lysogenic conversion in surface-associated host cells. These results demonstrate that {varphi}VP882 integrates cues from multiple sensory pathways into its lifestyle decision making upon infection of a new host cell. AUTHOR SUMMARYBacteria in nature often exist in surface-associated communities including sessile biofilms and highly motile swarms. Thus, bacteriophages can encounter their hosts in structured communities. Much bacteriophage research is performed in homogenous, planktonic cultures containing cells that neither display the gene expression patterns nor the behaviors that occur in surface communities. The Vibrio parahaemolyticus temperate phage {varphi}VP882, after lysogenizing its host, can monitor the vicinal cell density and time lytic induction with high host cell density. Here, we show that, upon infection of a new host cell, {varphi}VP882 assesses host cell density to make the decision whether to lyse or lysogenize. Only host cells at low density undergo lysogenic conversion, and the components driving the phage decision-making process vary depending on whether the host cell is in liquid or associated with a solid surface. We propose that by tuning its lysis-lysogeny decision making to both host cell density and the physical environment of the host, {varphi}VP882 can maximize transmission to new host cells and dispersal to new environments.

Autores: Bonnie L. Bassler, F. Santoriello

Última atualização: 2024-04-02 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.02.587679

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.02.587679.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

Obrigado ao biorxiv pela utilização da sua interoperabilidade de acesso aberto.

Artigos semelhantes