Genética e COVID-19: Perspectivas do Marrocos
A pesquisa analisa como a genética influencia a gravidade da COVID-19 em pacientes marroquinos.
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Índice
COVID-19 é uma doença causada pelo coronavírus conhecido como SARS-CoV-2. Começou em novembro de 2019 em Wuhan, uma cidade na China, e rapidamente se espalhou pelo mundo. Os efeitos do vírus variam muito entre as pessoas. Alguns não sentem nada, enquanto outros podem ficar bem doentes ou até morrer. Idosos e pessoas com problemas de saúde como doenças cardíacas, diabetes ou problemas respiratórios têm mais chance de enfrentar doenças graves. Mas, esses fatores não explicam totalmente por que algumas pessoas são mais afetadas que outras.
Pesquisas indicam que a genética de cada um pode ter um papel em quão seriamente alguém é afetado pelo COVID-19. Os cientistas estão se esforçando para descobrir quais características genéticas podem ajudar a proteger as pessoas de doenças graves causadas pelo vírus.
Fatores Genéticos Relacionados ao COVID-19
Um estudo focado em pessoas de ascendência europeia descobriu um marcador genético específico que pode aumentar o risco de COVID-19 grave. Isso envolve um conjunto de genes conhecido como OAS1, OAS2 e OAS3. Curiosamente, níveis mais altos do gene OAS1 no sangue parecem estar relacionados a menores chances de ficar doente com COVID-19.
Esse grupo de genes está localizado no cromossomo 12 e contém uma parte que se acredita vir de Neandertais, um grupo antigo de humanos que viveu milhares de anos atrás. Os pesquisadores descobriram uma mudança específica no gene OAS1 que afeta como o vírus é combatido. A versão protetora do gene cria uma proteína mais longa e eficaz que ajuda a lutar contra o vírus.
Interessante, os genes OAS1 não estão apenas ligados ao COVID-19; eles também se conectam à forma como o corpo responde a outros vírus e doenças, incluindo algumas condições autoimunes. Isso sugere que OAS1 desempenha um papel significativo no sistema de defesa do corpo.
Estudo das Variantes Genéticas de Neandertal no Marrocos
Em um estudo recente, pesquisadores analisaram a frequência de variações genéticas no grupo de genes OAS entre 157 indivíduos marocanos. Eles descobriram que uma variante específica do gene OAS1, considerada protetora, estava presente tanto na linhagem genética de Neandertal quanto na de origem africana. Depois, os pesquisadores estudaram 146 pacientes marocanos com COVID-19 para ver se essa variante genética influenciava a gravidade da doença deles.
Recrutamento de Pacientes com COVID-19
Para avaliar a conexão entre variantes genéticas e a gravidade do COVID-19 no Marrocos, os pesquisadores selecionaram cuidadosamente os participantes. Eles incluíram homens e mulheres de 18 a 65 anos que tinham COVID-19 confirmado, mas que não tinham recebido vacinas. O objetivo era minimizar outros fatores de saúde que poderiam impactar os resultados.
Durante um ano, pacientes foram recrutados de vários hospitais, e eles foram categorizados de acordo com seus sintomas, desde assintomáticos até casos graves que precisavam de internação. Amostras de sangue foram coletadas para análise genética.
Método de Análise Genética
O DNA dos pacientes positivos para COVID-19 foi extraído e analisado para focar em regiões específicas do gene OAS1 responsáveis por combater infecções virais. Diferentes marcadores genéticos foram examinados para entender quais variações estavam presentes e como elas se relacionavam com a gravidade do COVID-19.
Os pesquisadores também analisaram um marcador genético específico conhecido como E-M81, que é comum entre os homens berberes, um grupo indígena do Norte da África. Esse marcador ajudou a determinar a linhagem genética dos participantes, oferecendo insights sobre migrações passadas e ancestralidade.
Resultados do Estudo
O estudo encontrou que a frequência da variante protetora OAS1 (o alelo G) na população marroquina era semelhante à das populações europeias, mas maior do que nas populações asiáticas. Notavelmente, ao comparar os diferentes grupos de gravidade dos pacientes com COVID-19, os pesquisadores descobriram que apenas certos marcadores genéticos estavam associados a doenças graves.
Os dados mostraram que indivíduos com o alelo G protetor tinham menor probabilidade de apresentar sintomas graves de COVID-19. Enquanto isso, aqueles com combinações genéticas diferentes enfrentavam um risco maior. Em particular, a presença do alelo G parecia ser protetora, enquanto outros Alelos estavam ligados a desfechos de doença mais graves.
Frequência de Variantes Genéticas
A análise genética revelou Haplótipos específicos - combinações de variações genéticas que são herdadas juntas. Os pesquisadores identificaram três haplótipos principais dentro do grupo estudado. Os haplótipos protetores eram significativamente mais comuns em pacientes com formas menos graves de COVID-19, enquanto o haplótipo de risco era mais prevalente entre aqueles que ficaram gravemente doentes.
Além disso, ao investigar o fundo genético dos homens berberes no estudo, foi observado que o haplótipo GAC era raro entre aqueles identificados como portadores do marcador E-M81, sugerindo uma estrutura genética única.
Insights sobre a Influência Neandertal na África do Norte
Os achados indicam que o haplótipo protetor parece estar presente entre os berberes, que habitam a África do Norte há milhares de anos. Isso levanta questões sobre a história dos Neandertais e suas interações com humanos modernos.
Sugere-se que os traços genéticos protetores possam ter viajado de Neandertais para humanos primitivos. Isso poderia significar que a África do Norte foi um local importante na migração inicial dos humanos para outras partes do mundo, incluindo a Europa.
Além disso, pesquisas mostraram que os norte-africanos compartilham muitas semelhanças genéticas com europeus e asiáticos ocidentais, mas menos com africanos subsaarianos. Isso destaca um padrão complexo de migração que pode ter influenciado a genética atual das populações norte-africanas.
Conclusão
O estudo sobre o COVID-19 em relação ao gene OAS1 destaca o papel vital que a genética desempenha nos resultados de saúde. A presença de genes derivados de Neandertal na população marroquina, especialmente entre indivíduos berberes, lança luz sobre como as interações humanas antigas moldam a saúde moderna.
Enquanto a presença de traços genéticos protetores pode ajudar a mitigar os resultados graves do COVID-19, outros fatores como condições de saúde geral e estilo de vida também contribuem para como os indivíduos experimentam o vírus.
Pesquisas futuras podem desvendar ainda mais a história intrincada da ancestralidade humana e da diversidade genética na África do Norte e como esses fatores continuam a afetar a saúde hoje. Os achados servem como um lembrete dos impactos duradouros de nossos parentes antigos e da complexa interação entre genética e saúde diante de doenças em evolução.
Título: Study of the protective OAS1 rs10774671-G allele against severe COVID-19 in Moroccans suggests a North African origin for Neanderthals
Resumo: BackgroundThe clinical presentation of COVID-19 has shown high variability between individuals, which is partly due to genetic factors. The OAS1/2/3 cluster was found to be strongly associated with COVID-19 severity. We aimed to examine this locus for the occurrence of the critical variant, rs10774671, and its respective haplotype blocks within the Moroccan population. MethodsThe frequency of SNPs at the cluster of OAS immunity genes was assessed from an in-house database in 157 unrelated individuals of Moroccan origin. The OAS1 exon 6 was sequenced by Sangers method in 71 asymptomatic/mild and 74 moderate/severe individuals positive for SARS-CoV-2. Genotypic, allelic, and haplotype frequencies of three SNPs were compared between the two groups. Finally, males in our COVID-19 series were genotyped for the Berber-specific marker E-M81. ResultsThe prevalence of the OAS1 rs10774671-G allele in present-day Moroccans was 40.4%, close to that of Europeans. However, it was found equally on both the Neanderthal GGG haplotype and the African GAC haplotype with a frequency of 20% each. These two haplotypes, and hence the rs10774671-G allele, were significantly associated with the protection against severe COVID-19 (p = 0.034, p = 0.041, and p = 0.008 respectively). Surprisingly, among Berber men, the African haplotype was absent while the prevalence of the Neanderthal haplotype was close to that of Europeans. ConclusionThe protective rs10774671-G allele of OAS1 was found only in the Neanderthal haplotype in Berbers, the indigenous people of North Africa, suggesting that this region may have served as the stepping-stone for the passage of the hominids to the other continents.
Autores: Ahmed Bouhouche, F. Z. El Youssfi, A. E. Haroun, C. Nebhani, J. Belayachi, O. Askander, E. El Fahime, H. Fares, K. Ennibi, R. Abouqal, R. Razine
Última atualização: 2023-08-22 00:00:00
Idioma: English
Fonte URL: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.08.19.23294314
Fonte PDF: https://www.medrxiv.org/content/10.1101/2023.08.19.23294314.full.pdf
Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
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