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Hibridação e Barreiras Reprodutivas em Peixes Espada

Um estudo revela como a hibridização afeta o isolamento reprodutivo em peixes espada.

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Existem muitas formas de vida na Terra, mas todas elas podem ser rastreadas até um ancestral comum. Entender como novas espécies se formam e como as populações se tornam isoladas umas das outras é um dos principais objetivos do estudo da evolução. Esse processo envolve várias barreiras à reprodução, que podem ser agrupadas em dois tipos principais: barreiras que impedem o acasalamento (barreiras pré-zigóticas) e barreiras que afetam a viabilidade da prole após o acasalamento (barreiras pós-zigóticas).

Apesar de existirem mecanismos fortes que limitam a mistura de genes entre diferentes espécies, pesquisadores descobriram que a Hibridização - a mistura de genes entre diferentes espécies - acontece com mais frequência do que se pensava. Essa mistura constante levanta questões sobre como essas barreiras à reprodução funcionam junto com o fato de que as espécies ainda podem compartilhar genes ao longo do tempo.

Os Mecanismos do Isolamento Reprodutivo

Ao longo dos anos, os cientistas aprenderam muito sobre como as barreiras ao fluxo de genes se desenvolvem. Quando duas populações se divergem, mudanças genéticas aparecem, e algumas dessas mudanças podem causar problemas quando os genes de diferentes espécies se misturam na prole híbrida. Esses problemas, chamados de Incompatibilidades Genéticas, muitas vezes levam a híbridos que são fracos ou menos férteis.

Também existem barreiras comportamentais. Por exemplo, alguns indivíduos podem preferir acasalar com sua própria espécie em vez de outra. Essas barreiras independentes podem inicialmente limitar o fluxo de genes, mas podem se fortalecer ao longo do tempo, criando uma separação mais completa entre as espécies.

Apesar de muitas barreiras, a hibridização continua a desempenhar um papel significativo na evolução das espécies. Por exemplo, em algumas populações de moscas da fruta e borboletas, há uma mistura gênica significativa, mesmo com barreiras reprodutivas fortes presentes. Essa contradição levanta questões importantes sobre como as barreiras reprodutivas mudam quando as espécies continuam a trocar genes por meio da hibridização.

Pesquisas sobre Peixes Espada

Pesquisadores focaram nos peixes espada encontrados em rios no leste do México e na América Central para estudar essas barreiras ao fluxo gênico. Estudos anteriores analisaram diferentes mecanismos de isolamento nesse grupo de peixes, como incompatibilidades genéticas e preferências de acasalamento. Essa pesquisa combina dados genômicos com experimentos de laboratório e testes de comportamento para entender como essas barreiras reprodutivas funcionam na natureza.

Em um estudo, os pesquisadores coletaram dados de uma população híbrida recém-identificada de peixes espada. Eles encontraram um padrão claro na ancestralidade genômica entre os indivíduos amostrados. A maioria dos peixes pertencia a uma linhagem quase pura de uma espécie ou a uma linhagem mista entre duas espécies, indicando um forte isolamento reprodutivo. Curiosamente, esse padrão de ancestralidade permaneceu estável ao longo de muitos anos, destacando resultados previsíveis na evolução de populações híbridas.

Os pesquisadores também buscaram testar o Acasalamento Assortativo, onde indivíduos acasalam preferencialmente com outros da mesma ancestralidade. Ao analisar os dados genômicos de fêmeas grávidas e seus Embriões, encontraram fortes evidências de acasalamento assortativo na população híbrida, sugerindo que esses peixes só acasalam com outros do seu próprio grupo de ancestralidade.

Preferências Comportamentais

Além da análise genética, os pesquisadores realizaram testes comportamentais para determinar se as fêmeas mostravam preferências por machos conspecíficos - aqueles da sua própria espécie. Os resultados foram complexos. As fêmeas de uma espécie mostraram clara preferência por machos de sua própria espécie em alguns testes, mas não mostraram preferência em outros. Essa complexidade sugere que as preferências de acasalamento não são o único fator que impulsiona o acasalamento assortativo e que outras barreiras também podem desempenhar papéis importantes.

Em testes de laboratório, quando fêmeas foram apresentadas a machos de ambas as espécies, as fêmeas de uma espécie não mostraram preferência clara por nenhuma. A falta de preferências pode estar influenciada por seus traços ecológicos e comportamento social, que precisam de mais exploração.

Hibridização e Problemas de Desenvolvimento

Para entender melhor as consequências da hibridização, os pesquisadores também analisaram cruzamentos artificiais entre as duas espécies de peixes espada. Em um cenário onde machos de uma espécie acasalaram com fêmeas de outra, a prole resultante apresentou proporções de sexo distorcidas - muitas mais fêmeas do que machos foram produzidas - um padrão que não foi observado em nenhuma das espécies parentais. Isso sugere desafios de desenvolvimento subjacentes.

Além disso, os pesquisadores observaram que em certas combinações de acasalamento, os embriões não se desenvolveram normalmente, mostrando uma barreira significativa à reprodução. Esse tipo de inviabilidade híbrida, onde os embriões morrem cedo no desenvolvimento, enfatiza que mesmo quando o acasalamento ocorre, a prole ainda pode enfrentar dificuldades severas devido a genética incompatível.

Incompatibilidades Genéticas

Uma das descobertas mais significativas envolveu genes específicos que causaram problemas quando misturados entre as espécies. Os pesquisadores descobriram que dois genes importantes associados à função mitocondrial estavam envolvidos na incompatibilidade híbrida. As mitocôndrias são componentes essenciais das células que geram energia, e problemas em sua função podem ter sérias consequências sobre a sobrevivência da prole.

Quando os híbridos apresentavam combinações desses genes que não combinavam com sua linhagem mitocondrial, eles enfrentavam altas taxas de falhas no desenvolvimento. O estudo mostrou que essa questão não era única para uma combinação de espécies de peixe espada, mas poderia refletir um padrão mais amplo entre diferentes híbridos.

Fluxo Gênico Histórico

Complicando a complexidade, os pesquisadores descobriram que eventos antigos de hibridização entre essas espécies de peixes espada e outras influenciaram sua composição genômica atual. Essa mistura antiga afetou como essas espécies interagem e como as barreiras reprodutivas funcionam hoje. Sugere que eventos passados têm um impacto duradouro sobre a forma como as espécies evoluem e desenvolvem isolamento reprodutivo.

A presença de fluxo gênico histórico complica a visão de como as barreiras reprodutivas evoluem na natureza. As descobertas também implicam que a hibridização, em vez de ser apenas um obstáculo, pode contribuir positivamente para o desenvolvimento de novas barreiras reprodutivas ao longo do tempo.

Conclusão

Em conclusão, o estudo dos peixes espada ilustra a relação intrincada entre hibridização, barreiras reprodutivas e processos evolutivos. A troca genética contínua entre espécies intimamente relacionadas destaca que a hibridização é comum e pode levar tanto a desafios quanto a novas oportunidades para a evolução.

É encorajador que os dados apontem para a ideia de que os resultados evolutivos podem ser um tanto previsíveis, mesmo em populações híbridas. Entender essas dinâmicas não só ilumina como as espécies evoluem, mas também enfatiza a necessidade de considerar como as barreiras reprodutivas são moldadas por fatores genéticos e ecológicos.

Essa pesquisa desafia as noções existentes sobre hibridização e isolamento reprodutivo, abrindo caminhos para futuros estudos explorarem a natureza complexa da biologia evolutiva. Entender como esses processos funcionam pode aprofundar nossa apreciação pela diversidade da vida na Terra e pelas conexões que unem todos os organismos vivos.

Fonte original

Título: Pervasive gene flow despite strong and varied reproductive barriers in swordtails

Resumo: One of the mechanisms that can lead to the formation of new species occurs through the evolution of reproductive barriers. However, recent research has demonstrated that hybridization has been pervasive across the tree of life even in the presence of strong barriers. Swordtail fishes (genus Xiphophorus) are an emerging model system for studying the interface between these barriers and hybridization. We document overlapping mechanisms that act as barriers between closely related species, X. birchmanni and X. cortezi, by combining genomic sequencing from natural hybrid populations, artificial crosses, behavioral assays, sperm performance, and developmental studies. We show that strong assortative mating plays a key role in maintaining subpopulations with distinct ancestry in natural hybrid populations. Lab experiments demonstrate that artificial F1 crosses experience dysfunction: crosses with X. birchmanni females were largely inviable and crosses with X. cortezi females had a heavily skewed sex ratio. Using F2 hybrids we identify several genomic regions that strongly impact hybrid viability. Strikingly, two of these regions underlie genetic incompatibilities in hybrids between X. birchmanni and its sister species X. malinche. Our results demonstrate that ancient hybridization has played a role in the origin of this shared genetic incompatibility. Moreover, ancestry mismatch at these incompatible regions has remarkably similar consequences for phenotypes and hybrid survival in X. cortezi O X. birchmanni hybrids as in X. malinche O X. birchmanni hybrids. Our findings identify varied reproductive barriers that shape genetic exchange between naturally hybridizing species and highlight the complex evolutionary outcomes of hybridization. Significance StatementBiologists are fascinated by how the diverse species we see on Earth have arisen and been maintained. One driver of this process is the evolution of reproductive barriers between species. Despite the commonality of these barriers, many species still exchange genes through a process called hybridization. Here, we show that related species can have a striking array of reproductive barriers--from genetic interactions that harm hybrids to mate preferences that reduce hybridization in the first place. However, we also find that genetic exchange between these species is very common, and may itself play an important role in the evolution of reproductive barriers. Together, our work highlights the complex web of interactions that impact the origin and persistence of distinct species.

Autores: Stepfanie M Aguillon, S. K. Haase Cox, Q. K. Langdon, T. R. Gunn, J. J. Baczenas, S. M. Banerjee, A. E. Donny, B. M. Moran, C. Gutierrez-Rodriguez, O. Rios-Cardenas, M. R. Morris, D. L. Powell, M. Schumer

Última atualização: 2024-04-20 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.16.589374

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.16.589374.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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