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Estudando Dietas Antigas Através de Crostas de Comida

Pesquisas revelam insights sobre dietas antigas ao analisar crostas de alimentos de sítios arqueológicos.

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Dietas Antigas ReveladasDietas Antigas Reveladasantigos.sobre os hábitos de alimentaçãoOs restos de comida dão novas ideias
Índice

A proteômica é um método usado pra estudar proteínas, que pode ajudar a identificar alimentos em restos antigos encontrados em sítios arqueológicos. Isso é especialmente útil pra amostras bem preservadas de ambientes congelados, secos ou encharcados. As proteínas têm informações específicas que podem apontar os tipos de alimentos consumidos e como as refeições eram preparadas. Contudo, encontrar esses restos bem preservados é raro, tornando difícil realizar estudos extensos ou comparar diferentes regiões.

Enquanto analisar proteínas no cálculo dental humano (tártaro) pode dar uma ideia das dietas, não revela sempre como a comida era cozida ou sua conexão com práticas culturais. Cerâmicas usadas pra cozinhar e servir comida são uma opção melhor pra análise proteômica. Infelizmente, extrair proteínas de cerâmicas é complicado devido à forte ligação com o material cerâmico ou à quebra durante o Enterro. Descobriu-se que as proteínas grudam com força nas superfícies cerâmicas, o que ajuda a preservá-las, mas dificulta a extração sem usar produtos químicos agressivos. Alguns estudos sugerem que o conteúdo de proteínas diminui rapidamente após o enterro, mas nem sempre medem os níveis de proteínas antes das amostras serem enterradas.

Análises Biomoleculares de Crostas Alimentares

Dadas as dificuldades em extrair proteínas diretamente das cerâmicas, as crostas alimentares oferecem uma alternativa promissora. Crostas alimentares são resíduos queimados ou carbonizados que grudam nas superfícies dos recipientes de cozimento. A presença de crostas alimentares varia bastante, mas elas são frequentemente encontradas em grandes quantidades em sítios antigos no Norte da Europa e na Eurásia, principalmente dos períodos Mesolítico e Neolítico.

A análise de Lipídios (gordura) de crostas alimentares melhorou muito nossa compreensão das dietas antigas e do uso de recursos marinhos. Esse método foi aplicado em vários sítios arqueológicos pela Europa, Ásia e Américas. Pesquisadores também usaram análise de lipídios pra selecionar amostras que não tinham recursos aquáticos pra datação por carbono.

Geralmente, acredita-se que as crostas alimentares se formam do cozimento de alimentos, mas também podem resultar da queima de combustível ou da criação de selantes, adesivos ou hidratantes. Pode haver uma conexão entre a formação de crostas alimentares e o processamento de recursos aquáticos, ou certas gorduras podem se preservar melhor nas crostas do que nas cerâmicas.

Recentemente, a análise proteômica foi aplicada a crostas alimentares arqueológicas, mostrando a eficácia dessa técnica, mas também levantando questões sobre a sobrevivência das proteínas. Estudos iniciais sugerem uma ligação entre crostas alimentares e o processamento de recursos aquáticos. Por exemplo, certas proteínas de peixe foram encontradas em crostas alimentares de sítios arqueológicos específicos.

Potenciais Viés de Preservação

Uma questão principal nessa área de pesquisa é quão bem as proteínas encontradas em cerâmicas e restos alimentares refletem a comida original processada nesses recipientes. Cozinhar pode mudar proteínas, mas não está claro como essas mudanças afetam a detecção de proteínas nas amostras de cerâmica e crostas alimentares. Em contraste, muitos estudos se concentraram em como os lipídios de diferentes ingredientes respondem a práticas de cozimento e deposição.

Neste estudo, nosso objetivo é analisar os efeitos do cozimento, aprisionamento em crostas alimentares e cerâmicas, e enterro em proteínas de três alimentos antigos comuns: veado-vermelho, salmão atlântico e castanha-do-pará. Vamos avaliar quais proteínas sobrevivem ao cozimento e enterro, coletando dados sobre várias características das proteínas pra entender melhor sua sobrevivência. Essa abordagem é essencial pra interpretar com precisão práticas dietéticas antigas com base em descobertas arqueológicas.

Materiais e Métodos

Criação de Amostras

As amostras experimentais utilizadas incluíram carne de veado, carne de salmão e farinha de castanha. Cada tipo foi cozido em recipientes cerâmicos réplicas pra criar crostas alimentares, e depois metade de cada amostra foi enterrada. As amostras foram inicialmente criadas pra um estudo diferente que explorou análise de lipídios. Após a extração de lipídios, as amostras foram armazenadas em temperatura fresca até que a análise de proteínas fosse realizada.

Extração de Proteínas

A extração de proteínas seguiu um protocolo padrão adaptado para amostras antigas. Esse método é rotineiramente usado em estudos arqueológicos e ajuda a garantir que as proteínas possam ser efetivamente extraídas para análise.

Análise LC-MS/MS

As amostras foram examinadas usando equipamentos avançados de espectrometria de massa em um centro de pesquisa especializado. Controles em branco foram realizados entre injeções de amostras pra minimizar qualquer contaminação.

Análise de Dados

Os dados obtidos da análise foram processados pra identificar proteínas com base em critérios específicos. A busca foi feita em bancos de dados contendo informações sobre proteínas de veado-vermelho, salmão e castanha. Isso ajudou a garantir que os resultados fossem precisos e relevantes.

Resultados e Discussão

Impacto do Cozimento e Enterro na Detecção de Proteínas e Peptídeos

A primeira descoberta é que crostas alimentares retêm proteínas preservadas melhor do que cerâmicas. Em geral, as contagens de peptídeos e proteínas de alimentos cozidos eram altas nas amostras iniciais, mas diminuíram nas crostas alimentares e diminuíram ainda mais quando enterradas. Em contraste, as contagens de proteínas nas amostras de cerâmica permaneceram baixas durante todo o processo. Isso sugere que crostas alimentares, que são criadas durante o cozimento, oferecem uma chance melhor de detectar pequenas quantidades de proteínas em amostras arqueológicas.

Por que tão poucas proteínas são detectadas em cerâmicas?

A análise mostrou que amostras cerâmicas cozidas e suas contrapartes enterradas eram similares, indicando que as proteínas estavam provavelmente muito fortemente ligadas ao material cerâmico pra serem efetivamente extraídas. Isso significa que, mesmo antes do enterro, a identificação de proteínas em amostras cerâmicas já era bem baixa.

Pesquisas publicadas estão alinhadas com essas descobertas, demonstrando que a extração bem-sucedida de proteínas de cerâmicas sem crostas é rara. Mais trabalho precisa se concentrar em encontrar melhores métodos pra extrair proteínas de cerâmicas.

Quais proteínas sobrevivem ao cozimento e enterro?

O estudo buscou identificar quais proteínas permanecem através do cozimento e enterro. As proteínas mais comuns detectadas em crostas alimentares após cozimento e enterro foram relatadas. Foi observado que algumas proteínas identificadas em cerâmicas tendiam a ser contaminantes, enquanto as provenientes de crostas alimentares combinavam mais de perto com os ingredientes originais.

Todas as proteínas têm a mesma chance de sobrevivência?

A investigação buscou determinar se proteínas específicas têm melhores chances de sobreviver aos processos de cozimento e enterro. A análise de agrupamento revelou taxas de preservação variadas entre as proteínas, indicando que nem todas têm o mesmo comportamento durante o cozimento e enterro. Algumas proteínas foram encontradas em maiores quantidades em amostras cozidas do que em ingredientes frescos, o que pode sugerir mudanças durante o processo de cozimento que facilitam a extração.

Em crostas alimentares enterradas, certas proteínas sobreviveram melhor que outras, indicando preservação diferencial. De modo geral, a taxa de sobrevivência das proteínas é variável.

Os resultados de crostas alimentares enterradas refletem a entrada de ingredientes original?

A análise revelou que crostas alimentares enterradas ainda refletem um pouco a composição dos ingredientes originais, embora com alguma redução no número de proteínas detectadas. Embora os conteúdos de proteínas de alguns ingredientes fossem mais baixos nas amostras enterradas, crostas alimentares enterradas tendiam a apresentar evidências Proteômicas ligando de volta a espécies específicas.

Curiosamente, o estudo destacou que proteínas de peixe e veado se preservaram bem nas crostas alimentares, enquanto proteínas vegetais eram mais difíceis de detectar. Observou-se que proteínas de várias plantas foram representadas com menos frequência, o que levanta preocupações sobre a visibilidade de certos ingredientes em descobertas arqueológicas.

Por que proteínas específicas sobrevivem ao cozimento e enterro?

O estudo explorou as razões por trás da sobrevivência de proteínas específicas durante o cozimento e enterro. Constatou-se que nenhuma propriedade única poderia explicar a preservação das proteínas, e vários fatores influenciam como as proteínas se comportam durante esses processos.

Algumas proteínas mostraram tendências interessantes, como aquelas com níveis mais altos de hidrofobicidade ou outras características específicas sendo mais propensas a persistir. Isso indica que as propriedades das proteínas podem desempenhar um papel significativo em sua sobrevivência durante o cozimento e enterro, mas a complexidade torna desafiador tirar conclusões amplas.

Direções Futuras

Este estudo busca estabelecer expectativas para a sobrevivência de proteínas em crostas alimentares e cerâmicas encontradas em sítios arqueológicos. Embora os achados das crostas alimentares enterradas tenham fornecido insights valiosos, elas foram enterradas apenas por alguns meses em um ambiente temperado. Amostras mais antigas ou aquelas em climas mais quentes podem gerar resultados diferentes.

O tipo de ingrediente usado parece influenciar muito como as proteínas sobrevivem. Isso tem implicações significativas para a interpretação de descobertas arqueológicas, especialmente em relação a plantas. Mais pesquisas são necessárias pra explorar como combinações de ingredientes e interações afetam a preservação de proteínas.

Além disso, pesquisas contínuas pra melhorar os métodos de extração de proteínas de cerâmicas são cruciais pra aumentar a recuperação de proteínas. Este estudo enfatiza a importância de abordagens experimentais pra entender o potencial máximo de extração de proteínas de amostras antigas.

Os achados indicam que crostas alimentares oferecem uma fonte mais viável para identificar proteínas de dietas antigas em comparação com cerâmicas. No entanto, é claro que certas proteínas e ingredientes têm mais chances de serem preservados do que outros, levando a potenciais vieses na interpretação arqueológica. Entender quais ingredientes são mais visíveis no registro arqueológico continuará sendo uma prioridade para investigações futuras.

Fonte original

Título: The impact of cooking and burial on proteins: a characterisation of experimental foodcrusts and ceramics

Resumo: Foodcrusts have received relatively little attention in the burgeoning field of proteomic analysis of ancient cuisine. We remain ignorant of how cooking and burial impacts protein survival, and crucially, the extent to which the extractome reflects the composition of input ingredients. Therefore, through experimental analogues we explore the extent of protein survival in unburied and buried foodcrusts and ceramics using typical Mesolithic ingredients (red deer, Atlantic salmon and sweet chestnut). We then explore a number of physiochemical properties theorised to aid protein preservation. The results reveal that proteins were much more likely to be detected in foodcrusts than ceramics using the methodology employed, input ingredient strongly influences protein preservation, and that degradation is not universal nor linear between proteins, indicating that multiple protein physiochemical properties are at play. While certain properties such as hydrophobicity apparently aid protein preservation, none single-handedly explain why particular proteins/peptides survive in buried foodcrusts: this complex interplay requires further investigation. The findings demonstrate that proteins indicative of the input ingredient can be identifiable in foodcrust, but that the full proteome is unlikely to preserve. While this shows promise for the survival of proteins in archaeological foodcrust, further research is needed to accurately interpret foodcrust extractomes.

Autores: Miranda Evans, R. W. Hagan, O. Boyd, M. Bondetti, O. E. Craig, M. J. Collins, J. Hendy

Última atualização: 2024-04-29 00:00:00

Idioma: English

Fonte URL: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.03.587902

Fonte PDF: https://www.biorxiv.org/content/10.1101/2024.04.03.587902.full.pdf

Licença: https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/

Alterações: Este resumo foi elaborado com a assistência da AI e pode conter imprecisões. Para obter informações exactas, consulte os documentos originais ligados aqui.

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